Alberto Souto critica "apoio cínico” e responde a "aprendizes de cobardes" e "traidorzecos"
Numa publicação nas redes sociais, o candidato do Partido Socialista (PS) à Câmara Municipal de Aveiro (CMA), fala em "apoios cínicos", “traidorzercos”, “cobardes” e “desleais”, num texto em que aparenta ser uma resposta às recentes declarações de Ribau Esteves – onde recomenda o voto em Luís Souto, depois de ter criticado a sua escolha como candidato à autarquia - e à indefinição de Rui Soares Carneiro, atual vereador socialista, que não se compromete no apoio a Alberto Souto.
Redação
Alberto Souto de Miranda, candidato do PS à CMA, reagiu esta quinta-feira, numa publicação no Facebook, à tensão política que se tem sentido nas últimas horas em Aveiro. Sem nomear diretamente os visados, o candidato socialista deixou críticas duras aos que considera serem “apoiantes cínicos” que "dão o dito por não dito" e aos "traidorzercos", numa mensagem que aparenta surgir na sequência da reafirmação pública do apoio de Ribau Esteves a Luís Souto e da hesitação de Rui Soares Carneiro em apoiar a sua candidatura.
“De vez em quando a pequena política entra na campanha. Anda para aí algum ruído. Uns, por um prato de lentilhas, dão o dito por não dito e protestam apoio cínico a quem espetaram a faca. Que vergonha. Eu não dormiria descansado com tal apoiante”, escreveu o candidato socialista, numa aparente alusão à mudança de posição de Ribau Esteves, que, depois de ter afirmado que Luís Souto não tinha “nenhuma experiência de gestão” nem “perfil” para liderar a autarquia, marcou presença na apresentação pública da sua candidatura e recomendou, esta semana, o voto nele durante uma entrevista à SIC Notícias.
A publicação prossegue com críticas indiretas aparentemente dirigidas a Rui Soares Carneiro, atual vereador socialista, que, tal como a Ria noticiou, evitou assumir apoio direto a Alberto Souto e não afastou por completo uma eventual candidatura independente à Junta de Freguesia de Cacia no futuro. “Outros, aprendizes de cobardes e em estágio para desleais, que a vaidade assim o chama, ameaçam com uma navalha de plástico. Que vergonha”, escreveu Alberto Souto.
Sem rodeios, o candidato do PS reforçou o seu desinteresse por apoios de figuras que considera incoerentes: “O povo desconfia de juras de amor compradas na mira de prebendas e nunca gostou de traidorzecos de ocasião. Eu durmo descansado por não ter tal apoiante”.
Recomendações
Tribunal de Aveiro manteve condenação de ex-administrador judicial acusado de peculato
O coletivo de juízes decidiu manter a pena única do cúmulo jurídico que tinha sido fixada no primeiro julgamento, realizado em outubro de 2023, e que foi mandado repetir por ordem do Tribunal da Relação do Porto. Apesar de o arguido ter visto reduzida a pena parcelar de um dos dois crimes de peculato de que estava acusado, o tribunal decidiu condená-lo por um novo crime de abuso de confiança qualificado, tendo em conta que alguns dos levantamentos em numerário terão sido feitos depois de este já não estar a exercer as funções de administrador. O arguido foi assim condenado por dois crimes de peculato, nas penas parcelares de um ano de prisão e dois anos e nove meses, e um ano e três meses de prisão, por um crime de abuso de confiança qualificado. Tal como na primeira sentença, a suspensão da pena ficou condicionada à obrigação de o arguido pagar 30 mil euros às duas massas insolventes que ficaram lesadas. O Tribunal declarou ainda perdido a favor do Estado cerca de 174 mil euros. No primeiro julgamento, o ex-administrador judicial tinha sido condenado por dois crimes de peculato nas penas parcelares de três anos e três meses de prisão e dois anos e nove meses de prisão, tendo-lhe sido aplicado um cúmulo jurídico de quatro anos e meio de prisão. No entanto, o arguido recorreu da decisão para a Relação do Porto que mandou repetir o julgamento, por entender que a decisão recorrida evidenciava a omissão de factos que podiam e deviam ter sido averiguados. Em causa estão dois processos relativos a duas massas insolventes, que correram termos nos Juízos de Comércio de Coimbra e de Lisboa, entre 2015 e 2017, e em que o arguido interveio como administrador de insolvência. De acordo com a investigação, o arguido teria transferido para a sua conta e efetuado vários levantamentos em dinheiro sem documentos que o justificassem, sem autorização ou conhecimento da comissão de credores, apropriando-se de cerca de 495 mil euros. Embora tenha considerado irregular esta conduta, o Tribunal deu como provado que o arguido se apropriou apenas de cerca de 175 mil euros.
Alberto Souto promove encontro temático dedicado aos territórios inteligentes este sábado
Numa nota enviada à Ria, a concelhia do PS Aveiro destaca que a cidade reúne “todas as condições para se afirmar como um território mais inteligente”. Reconhece que já foram dados “passos importantes” nesse sentido, mas sublinha que “ainda há muito por fazer”. “Territórios Inteligentes são mais do que espaços com tecnologia. São lugares pensados para as pessoas onde a inovação serve o bem-estar de quem cá vive, trabalha e visita. São territórios que usam os dados, a tecnologia e o conhecimento para melhorar o dia a dia: nos transportes, no ambiente, na saúde, na educação ou na participação cívica”, justifica. Este sétimo encontro terá como oradores Rui Castilho Dias, responsável pelo negócio de Administração Pública e Territórios na Indra Portugal; Susana Sargento, professora catedrática na Universidade de Aveiro; Pedro Roseiro, gestor de projetos na Inova-Ria; Jorge Saraiva, vice-presidente europeu da Prozeal e Mário Campolargo, professor convidado na Universidade de Aveiro. O encontro é aberto à participação de todos os aveirenses.
Autárquicas: CDU apresenta esta sexta-feira o candidato à Câmara e à Assembleia Municipal de Aveiro
A informação foi confirmada à Ria por Nuno Teixeira, atual membro da Comissão Concelhia do PCP em Aveiro. Questionado sobre quem será o cabeça de lista à Câmara, Nuno Teixeira preferiu manter a decisão em reserva, adiantando apenas que o nome será divulgado durante a apresentação de amanhã. Recorde-se que, no podcast Eleições Autárquicas 2025, promovido pela Ria, o próprio Nuno Teixeira não excluiu a possibilidade de ser o escolhido, sublinhando que, caso o PCP ou o coletivo optem pelo seu nome, assumirá essa responsabilidade como uma “tarefa” que está disponível para cumprir. Quanto à escolha de candidatos às juntas de freguesia, Nuno Teixeira garantiu que o processo está em curso e que os nomes serão anunciados em breve. Afirmou ainda que a CDU terá candidatos em todas as freguesias do concelho de Aveiro.
PS-Aveiro enfrenta divisões em Cacia: Rui Carneiro não assume apoio a Alberto Souto
A Ria sabe que, desde que a Comissão Política Concelhia do Partido Socialista (PS) de Aveiro aprovou, em reunião interna realizada no passado dia 26 de maio, os nomes dos cabeças de lista às dez juntas de freguesia do município para as eleições autárquicas de 2025, a escolha de João Matos Silva como candidato à Junta de Freguesia de Cacia tem sido contestada por alguns dos militantes socialistas desta freguesia. Fontes próximas do processo adiantam que está a ser equacionada uma candidatura independente em resposta a esta decisão, sendo Rui Soares Carneiro, atual vereador da oposição, um dos nomes mais falados como possível cabeça de lista. Interpelado pela Ria sobre esta possibilidade, Rui Carneiro descartou essa opção, afirmando que “de momento, não está nas minhas cogitações”. “Se me perguntam muitas vezes se eu devia ser candidato [em Cacia]? Essas perguntas já me fazem há largos meses… Nem é bem uma pergunta, é mais uma afirmação ou uma vontade das pessoas. Agora não mais do que isso”, afirmou. Rui Carneiro confirmou ainda estar a par do descontentamento em torno da escolha do candidato do PS para Cacia, mas fez questão de sublinhar que isso não implica qualquer decisão da sua parte. “Automaticamente não se assume que a partir daí eu diga que sim ao que quer que seja, nem que esteja a planear o que quer que seja”, sintetizou. O vereador admitiu ter sido “sondado” pelo PS para assumir a candidatura à Junta de Cacia. “Sei que houve muitas pessoas sondadas durantes os últimos meses para esse processo e eu terei sido mais uma delas”, admitiu, não querendo adiantar mais detalhes do processo. “Sinceramente não quero estar a falar de processos internos (…) e não quero estar neste momento a ter uma discussão pública sobre isso. Para mim, tranquilo da vida, fui sondado - tal como outras pessoas foram – e, no fim, o partido considerou que devia fazer a opção que fez - e tudo muito bem. Agora não quero mesmo estar a contribuir para estar a desviar atenções para um debate que acho que não se justifica”, justificou. Recorde-se que Rui Carneiro foi o candidato socialista à Junta de Freguesia de Cacia nas eleições autárquicas de 2017, tendo então perdido com 35,66% dos votos, face à coligação PSD/CDS-PP/PPM, que obteve 46,31%. Apesar de, neste momento, afastar uma eventual candidatura independente, Rui Carneiro não fechou a porta a essa possibilidade no futuro. “Muito menos na política dizemos que nem não, nem nunca, porque de um momento para o outro há coisas que podem surgir e que podem mudar. (…) Não quer dizer que essa possibilidade ou outras possibilidades (…) não possam voltar atrás e possam acontecer. Isto na política é tudo muito mutável de um momento para o outro. Portanto, nunca direi nunca que não. Agora não estou a trabalhar nesse sentido. Continuo simplesmente a trabalhar como vereador, até ao momento em que eu deixarei de ser e é neste momento a única atividade que tenho, política, além da minha profissional”, recordou. Tal como noticiado pela Ria, Alberto Souto de Miranda, candidato do PS à Câmara Municipal de Aveiro, já anunciou que apresentará “novos nomes para a vereação”, o que implica que Rui Carneiro, assim como Rosa Venâncio e Fernando Nogueira, não integrarão a nova equipa. A Ria sabe que Rui Carneiro mantinha a expectativa de ser convidado para manter as suas funções de vereador, depois de se mostrar muito ativo, ao longo dos últimos anos, na oposição ao Executivo. Questionado sobre se apoiará Alberto Souto de Miranda, Rui Carneiro preferiu não assumir ainda uma posição, alegando que está “neste momento” a aguardar pelas “listas à Câmara e à Assembleia Municipal, bem como os programas eleitorais” para tomar a sua decisão. “Portanto continuo com a mente aberta para ver qual a melhor opção. Acho que é assim que os aveirenses também devem partir para esta campanha eleitoral, com a mente aberta para conseguirem perceber qual o melhor candidato no fim deste ciclo de 12 anos que termina”, opinou. Embora reconheça que Alberto Souto está “mais adiantado nessa discussão” do que Luís Souto, candidato da coligação ‘Aliança Mais Aveiro’, Rui Carneiro sublinhou que, apesar das ideias já divulgadas pelo socialista — em livro e nas redes sociais —, não sabe se estas integrarão o programa eleitoral. “Já fui publicamente contra uma ou outra ideia que vi lá esplanada, e concordei com muitas outras. Portanto, se no fim o programa final merecer a minha confiança, tudo muito bem”, declarou. Sobre se a sua escolha de voto poderá recair sobre um outro candidato, Rui Carneiro respondeu que “muito dificilmente”, ainda que não tenha completamente excluído a hipótese. “Sempre fui muito contra a ideia de que nós por termos o cartão de militante, temos que votar de forma cega no partido, independentemente de quem lá esteja e das propostas que apresentemos”, vincou.
Últimas
Calle Mambo e Vitor Kley na Albergaria Convida 2025
Organizado pela autarquia, o Albergaria Convida - Feira Regional de Artesanato e Gastronomia de Albergaria-a-Velha conta com nove tasquinhas de gastronomia local, sete bares e mais de três dezenas de espaços de artesanato e stands institucionais. Na música, o público pode contar com espetáculos de Calle Mambo, Augusto Canário, Vitor Kley, Buba Espinho e Mizzy Miles, além dos já habituais “After Hours” com DJ sets. O programa começa no dia 3 de julho, com as atuações dos Calle Mambo, num concerto que faz parte do Festim – Festival Intermunicipal de Músicas do Mundo, e de Augusto Canário, o “cantador ao desafio”, que tem sido um dos principais embaixadores deste género musical de raiz popular. No dia 4, é a vez do brasileiro Vitor Kley subir ao palco situado na Quinta da Boa Vista/ Torreão, num concerto inserido na tournée “As Pequenas Grandes Coisas”, que serve para apresentar o seu novo álbum. Buba Espinho, o cantor natural de Beja, é a proposta para o dia 5, estando o concerto de encerramento, no dia 6, a cargo de Mizzy Miles, um dos grandes nomes nacionais do mundo do hip-hop e música urbana, somando, em poucos anos de atividade, sete temas de platina e sete de ouro. Os concertos de 3 e 6 de julho são de acesso gratuito, com as entradas a 1 euro para Vitor Kley e Buba Espinho. No domingo, dia 6, será possível fazer uma visita livre ao Castelo e Palacete da Boa Vista. Nas tardes do fim de semana haverá animação musical itinerante no recinto. Em permanência estarão as exposições “As Invasões Napoleónicas em Albergaria-a-Velha” e “Caminhos de Santiago – Coleção Privada de Paulo Sá Machado”.
Sítio arqueológico de São Julião com candidatura a imóvel de interesse público
A candidatura à classificação do Sítio Arqueológico de São Julião como Imóvel de Interesse Público foi aprovada na última reunião do executivo municipal e, após ser votada pela Assembleia Municipal, deverá ser submetida ao Ministério da Cultura, tutelado por Margarida Balseiro Lopes. Segunda-feira teve início a “12.ª campanha de escavações arqueológicas no Monte de São Julião”, sob coordenação do Centro de Arqueologia de Arouca, que tem uma equipa de profissionais deslocada para aquele local da Freguesia da Branca, a qual concentra a atividade na mamoa ali descoberta. Numa fase posterior, com início a 07 de julho, os trabalhos alargam-se a outras áreas do sítio arqueológico, com a participação de estagiários da Universidade do Minho e de voluntários. As escavações do Monte de São Julião foram retomadas em 2014, o que permitiu identificar “vestígios significativos de ocupação com cerca de três mil anos, remontando ao final da Idade do Bronze” e pôr a descoberto os restos da estrutura que delimitava o antigo povoado, bem como um monumento funerário megalítico, a mamoa que está a ser alvo das atenções dos arqueólogos presentes. Os trabalhos arqueológicos das sucessivas campanhas permitiram já recolher “cerca de 52 mil fragmentos de cerâmica, entre outros materiais que documentam a ocupação contínua do local desde a Pré-História”. A classificação, cuja candidatura foi agora aprovada pela autarquia, visa proteger o sítio, tendo como objetivo a musealização e a recuperação das estruturas arqueológicas, estando a Câmara de Albergaria-a-Velha empenhada em promover a requalificação da floresta e adquirir terrenos na área, para a qual está a ser desenvolvido o projeto de “Regeneração Integral e Valorização do Sítio Arqueológico do Monte de São Julião”, com o apoio do Turismo de Portugal.
Sérgio Magueta é o candidato do PS à Gafanha da Encarnação e defende uma freguesia “mais próxima”
De acordo com uma nota enviada à Ria, a concelhia do PS Ílhavo refere que Sérgio Magueta reúne “todas as condições para liderar uma mudança necessária e urgente na Gafanha da Encarnação, atualmente marcada pela ausência de ação e proximidade por parte da Junta de Freguesia, sob gestão PSD”. “Com um profundo conhecimento da realidade local, ligação direta à comunidade e um percurso profissional alicerçado no serviço público e na inovação, Sérgio Magueta apresenta-se como o candidato certo para devolver à freguesia uma gestão presente, participada e orientada para as pessoas”, lê-se. Na candidatura, Sérgio Magueta defende uma Junta de Freguesia “mais próxima, mais ativa e mais justa”. “Tenho um compromisso com a terra onde nasci e onde crio a minha família. (…) É tempo de construir uma nova etapa, com diálogo, competência e visão”, afirma na nota. Sérgio Magueta tem 51 anos, é casado e é pai de dois filhos. É natural e residente na Gafanha da Encarnação e licenciado em Eletrónica e Informática pela Universidade de Aveiro e mestre em Tecnologias de Informação e Comunicação, com especialização em Comunicação Multimédia. É ainda professor de Informática do ensino básico e secundário no Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré. É, desde 2017, líder da bancada do Partido Socialista na Assembleia de Freguesia da Gafanha da Encarnação, após ter sido cabeça de lista nessa mesma eleição
Investigadores portugueses descobrem que bilirrubina protege contra a malária
Segundo uma investigação divulgada, publicada na revista científica Science, a equipa liderada por Miguel Soares, investigador principal no GIMM, descobriu que a acumulação do pigmento amarelo bilirrubina é, na verdade, uma resposta adaptativa do corpo que confere proteção contra a malária. É comum os doentes com malária grave desenvolverem icterícia, uma condição que se manifesta pelo amarelecimento da pele e dos olhos, devido exatamente à acumulação do pigmento amarelo bilirrubina. Segundo comunicado da GIMM, esta descoberta inovadora revela um mecanismo inesperado de defesa do hospedeiro que pode ser explorado como estratégia terapêutica em futuros tratamentos para a malária. “Para nosso espanto, descobrimos que talvez a função mais importante da bilirrubina é de nos proteger contra a malária através de um mecanismo que não antecipávamos: mata o parasita”, explica Miguel Soares, coordenador do estudo. Para a investigadora Ana Figueiredo, primeira autora do estudo, que finaliza o seu doutoramento com Miguel Soares no GIMM, “descobrir que uma molécula produzida pelo próprio organismo durante a infeção pode proteger contra a malária dá-nos uma nova perspetiva sobre os mecanismos de defesa do corpo e abre possibilidades entusiasmantes para o futuro". Segundo o comunicado da GIMM, os parasitas do género Plasmodium, que causam a malária, infetam e multiplicam-se no interior dos glóbulos vermelhos que circulam no sangue. Nessas células, alimentam-se de hemoglobina — a proteína que utiliza o ferro, contido dentro de uma estrutura molecular chamada hemo, para transportar oxigénio. No final do seu ciclo de expansão, provocam a lise (rutura) dos glóbulos vermelhos, libertando o restante da hemoglobina que não ingeriram, na corrente sanguínea. De acordo com o comunicado, o laboratório liderado por Miguel Soares tem demonstrado, ao longo dos anos, que, quando a hemoglobina é libertada na corrente sanguínea, larga o hemo que é altamente tóxico para o hospedeiro e é a causa do desenvolvimento de formas graves de malária. Para evitar a acumulação do hemo na circulação, o hospedeiro induz uma série de reações bioquímicas complexas que culminam na produção de bilirrubina, um pigmento amarelo que se pensava não ser mais que um “produto residual” tóxico. Segundo a explicação científica, divulgada pela GIMM, "a conjugação da bilirrubina no fígado permite a sua excreção no intestino e limita a acumulação de bilirrubina na circulação. Quando há acumulação de bilirrubina na circulação, o mesmo é considerado como sendo revelador de uma disfunção do fígado". Esta associação, de acordo com o centro de investigação, contribuiu, ao longo de séculos, para a ideia de que a icterícia não é mais do que uma resposta patológica (causadora de doença). Contudo, um número crescente de descobertas tem vindo a demonstrar que a bilirrubina tem várias funções biológicas importantes, o que levou a equipa a explorar esta hipótese no contexto da malária. “Através de várias experiências complementares, tanto in vivo como in vitro, demonstrámos que a bilirrubina bloqueia a proliferação e virulência (capacidade de induzir doença) dos parasitas Plasmodium dentro dos glóbulos vermelhos, impedindo-os de se alimentarem e de produzirem energia, o que conduz à sua morte”, explica Ana Figueiredo. A malária continua a ser uma doença com elevada mortalidade a nível global, especialmente entre crianças com menos de cinco anos. Só em 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou cerca de 560.000 mortes por malária em todo o mundo. “Esta descoberta abre portas para explorar até que ponto esta estratégia natural de defesa do organismo pode ser usada terapeuticamente, de forma a aliviar o enorme impacto da malária nas populações humanas”, conclui Miguel Soares.