As cavacas no São Gonçalinho: do forno a lenha ao chão do Largo da Capela
As cavacas, doce típico das Festas de São Gonçalinho, continuam a ser lançadas até amanhã, dia 13, da Capela do bairro da Beira-Mar. Se ainda há quem se dedique a fazer este doce conventual de forma artesanal também há, por estes dias, quem se dedique a apanhá-lo. A Ria foi procurar conhecer Fernanda Sousa, uma das senhoras que ainda faz e coze as cavacas em casa, bem como Silvério Ricarte, um aveirense que por esta altura se encontra a manejar uma nassa [artefacto com que apanha as cavacas] para apanhar o doce.
Ana Patrícia Novo
JornalistaA dança é a mesma no Largo da Capela de São Gonçalinho, no bairro da Beira-Mar, desde dia 9 de janeiro. O sino toca e os olhos prendem-se ao cimo da capela: não tarda dezenas de cavacas são lançadas lá do alto. Cá em baixo, no Largo, o povo tenta a sorte. Com guarda-chuvas abertos, a parte que abriga virada para cima, tentam apanhar o máximo de cavacas que conseguem.
A velocidade com que as cavacas são lançadas faz com que algumas ressaltem dos guarda-chuvas e se partam no chão da calçada. Outras saltam para o guarda-chuva do vizinho. Se cair ao chão e não partir, parece ser regra: se for apanhada em três segundos, não há mal que lhe pegue. Afinal, a cavaca é dura de roer.
Quem não trouxe guarda-chuva tenta a sorte também. As que são apanhadas são conforto para o estômago, algumas guardadas em sacas para mais tarde. Quem não veio provido de saco improvisa um regaço com a camisola que traz vestida. Apesar da apanha da cavaca ser um processo normalmente amigável, há por vezes quem apanhe a mesma cavaca em simultâneo e se debata por segundos sobre se a deixa ir ou se luta pelo doce.
Ovos, açúcar e farinha são os ingredientes principais que fazem das cavacas, um doce conventual tipicamente português, um verdadeiro sucesso por estes dias. Como são cobertas de açúcar ficam duras e ao serem arremessadas do alto da Capela, por vezes magoam. Não é raro, aliás, que alguém vá parar ao hospital com a cabeça partida ou com um sobrolho aberto.
Na festa de São Gonçalinho, foram vendidas cerca de seis toneladas e meia de cavacas pela Mordomia. Mas não foram as únicas. Nos arredores da capela de São Gonçalinho estão espalhadas várias barraquinhas que se dedicam, por estes dias, a vender o doce conventual e outros doces típicos de romaria.
“As cavacas são muito chatas de se fazer”
Ainda se encontram pessoas que fazem as cavacas de forma artesanal. É o caso de Fernanda Sousa que se dedica a esta arte “desde os 14 anos”. Natural de Tondela, chegou a Águeda há mais de 50 anos para “servir numa casa de uma senhora”. Aprendeu a fazer cavacas com uma velhota que tentou ensinar a senhora que, na altura, Fernanda servia. “Ela não sabia fazer nada”, explica. “Depois uma senhora foi lá e ensinou-a, mas eu é que abri o olho e comecei a lutar”, recorda Fernanda. Aos 20 anos casou-se e passou a dedicar-se ao negócio da venda de doces em feiras e romarias.
Para a festa de São Gonçalinho cozeu no seu único forno a lenha mais de três mil quilos do doce conventual. Para garantir que os mesmos estariam prontos para a romaria começou a produzi-los há mais de três meses. “Levantava-me sempre às seis da manhã, cinco e meia”, partilha.
A cavaca, explicou Fernanda, “tem de ser polvilhada com farinha, toda numa mesa e depois tem de ser esticada. Vai ao forno: tem de encarquilhar. Depois tem de se virar e tem de ser toda escovada e pintada com açúcar branco”, refere.
“As cavacas são muito chatas de se fazer”, assume. Ainda assim, gosta tanto do trabalho que faz que “gostava de durar até aos 100 anos”. “Nem queria morrer para continuar a fazer”, partilha Fernanda entre risos. São Gonçalinho, confessa, ajudou-a a confecionar as cavacas. “Oh São Gonçalinho, ajude-me que eu tenho de fazer as cavacas. E ia para a frente. Ajudou muito, não é fácil”, contou.
Enquanto Fernanda falava connosco algumas das cavacas que tanto trabalho lhe deram a confecionar continuam a ser arremessadas. Nas laterais da capela vemos homens a habilidosamente apanhar os doces que precipitam com umas redes compridas a que chamam de nassas.
“Gosto de estar aqui, é uma carolice”
Silvério falou connosco enquanto apanhava cavacas. Apesar de ser aveirense, mora atualmente em Águeda e começou a vir à festa de São Gonçalinho de forma mais frequente desde que se reformou.
Fez a sua nassa [artefacto com que apanha as cavacas] há cerca de três anos. “Gosto de estar aqui, é uma carolice”, conta bem-humorado. Ao seu lado está Amélia, a sua esposa. “É o meu braço direito”, repara Silvério. Juntos, já chegaram a apanhar cavacas suficientes para encher mais de oito sacos de compras.
Conta que “de há uns anos para cá tínhamos o recinto todo para andar com isto que, segundo reza a tradição, era proibido já há muitos anos”. Desde que começou a apanhar cavacas com a sua nassa, sabe que está restrito a permanecer nas laterais da capela. “As pessoas têm tanto terreno daqui para acolá, para apanhar à mão e com chapéus, e nós estamos daqui deste lado e somos insultados pelas pessoas”, repara Silvério. Com os colegas de engenho, as coisas correm sempre bem.
As cavacas que apanha, diz, são demasiadas para consumir e então Silvério oferece o excedente. “Há malta que vem aqui e apanha as cavacas para dar ao gado”, conta. Como Silvério só tem patos e galinhas e as cavacas são duras, opta por oferecer os doces conventuais que apanha com o seu engenho.
Oferece a quem lhe for pedir e as que sobram distribui pelos amigos e familiares. Alguns, conta, comem as cavacas ao pequeno-almoço com uma meia de leite, outros preferem guardar para o fim das refeições e juntam-lhes vinho do porto ou o tradicional licor de alguidar.
Recomendações
Hospital de Aveiro consta como uma meta para a legislatura no Programa do XXV Governo
O reconhecimento político da obra como prioridade governativa num documento oficial do Governo representa um novo passo num processo longo e complexo, mas está ainda longe de garantir a sua concretização. Até ao momento, apenas foi anunciado publicamente o financiamento de 30 milhões de euros, ao abrigo do programa Portugal 2030 — verba anunciada pelo então ministro da Saúde, Manuel Pizarro, em julho de 2023, durante a inauguração da remodelação da Unidade de Saúde de Eixo. Contudo, o montante está muito aquém dos mais de 150 milhões de euros estimados para a ampliação e requalificação do Hospital Infante D. Pedro, em Aveiro. O projeto atravessa atualmente uma fase determinante: o segundo concurso para a elaboração do projeto de ampliação, com um valor base de 2,23 milhões de euros, encontra-se na fase final, depois de o primeiro concurso ter sido anulado devido a problemas legais. Prevê-se que a elaboração do projeto dure, pelo menos, um ano - o que, na melhor das hipóteses, colocaria o início das obras no arranque de 2027. Para que isso aconteça, será fundamental que o Governo inclua no Orçamento do Estado para 2027 a verba necessária para financiar a obra na sua totalidade. A continuidade do projeto dependerá, assim, da vontade política de dar corpo a este compromisso inscrito no programa de legislatura, traduzindo-o em investimento efetivo.
Autárquicas: Isabel Tavares e Nuno Teixeira são os candidatos da CDU à Câmara e Assembleia de Aveiro
Depois de ter sido cabeça de lista da CDU nas eleições legislativas de 18 de maio deste ano pelo círculo eleitoral de Aveiro, Isabel Cristina Tavares volta a ser aposta do coletivo, desta vez, como candidata à Câmara Municipal de Aveiro nas próximas eleições autárquicas. Isabel Cristina Tavares tem 54 anos e é membro do Comité Central do PCP, da Comissão Executiva do Conselho Nacional da CGTP-IN e da Comissão Executiva da Direção da União de Sindicatos de Aveiro. A candidata desempenha ainda funções de coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Têxtil, Vestuário, Calçado e Curtumes – Aveiro, Viseu e Guarda e da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores Têxteis, Lanifícios, Calçado e Peles de Portugal. Em declarações à Ria, Isabel Tavares afirmou que é necessário dar voz aos aveirenses e defendeu uma mudança de políticas em várias áreas-chave da governação local. “Acho que os aveirenses têm de ter uma voz na Assembleia Municipal e na Câmara Municipal. Considero que a CDU tem propostas interessantes para o concelho e que, neste momento, precisam mesmo de ter quem os represente e quem defenda aquilo que são as necessidades objetivas para o concelho”, expôs. Entre os principais eixos da candidatura está a habitação. A candidata acusa a atual governação liderada por José Ribau Esteves de promover um modelo que não responde às reais necessidades da população. “A construção é elitista, não é vocacionada para os trabalhadores e para a resposta necessária à procura que existe. O arrendamento, neste momento, também está condicionado porque as apostas são no alojamento local em zonas que deviam ser residenciais”, apontou. “É necessário mudar aqui o paradigma nestas coisas e fazer com que a população aveirense tenha resposta às suas necessidades”, continuou. No setor dos transportes, Isabel Tavares criticou fortemente a privatização do serviço, que considera ter prejudicado gravemente a população. “A privatização dos transportes tem sido caótica para os aveirenses: menos resposta, menos horários e menos itinerários. É preciso inverter esse caminho pela autarquia no sentido de dar a resposta necessária aquilo que são os anseios da população aveirense”, atentou. Outra das prioridades da CDU passa pelo fim do pagamento das portagens nas autoestradas A17, A19 e A25. “A questão das portagens é uma situação que é bandeira e que precisamos de resolver. Aveiro está rodeada de vias pagas e precisamos de responder (…) em particular a zona de Cacia que é bastante fustigada pelos automobilistas. (…) Há aqui soluções que se podem encontrar e que podem resolver não só a questão dos acessos como também a questão do ambiente”, assegurou. A candidata defendeu ainda o reforço da oferta ferroviária como solução para a mobilidade entre o centro de Aveiro e as freguesias periféricas. “É um meio de transporte amigo do ambiente e que podia resolver o acesso à cidade com maior fluidez, ajustando os apeadeiros, o material circulante, os custos do transporte e dando resposta às necessidades de quem está na periferia de Aveiro e se precisa de deslocar para o seu trabalho, para as suas escolas e que, neste momento, está limitado nesse ponto de vista”, partilhou. Nas eleições autárquicas de 2021, a CDU obteve 3,34% dos votos, contra os 51,26% alcançados pela coligação PSD/CDS/PPM, que conquistou a liderança da Câmara. Questionada sobre o objetivo de melhorar estes resultados, Isabel Tavares respondeu que “é para isso que vamos trabalhar”. “Passando a nossa mensagem aos aveirenses e esperando que eles percebam aquilo que são as nossas propostas e aquilo que queremos para a cidade de Aveiro”, esperançou. Além de Isabel Tavares, foi também apresentado Nuno Teixeira como cabeça de lista à Assembleia Municipal. Com 48 anos, é coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Pesca do Norte e integrou a lista candidata à Assembleia Municipal em 2021. Sobre a sua escolha para liderar agora essa lista, Nuno Teixeira explicou: “Nunca fui cabeça de lista. Integrava uma lista onde participava na Assembleia Municipal numa perspetiva de rotatividade, como a CDU sempre praticou. Desta vez, o coletivo decidiu que seria eu o primeiro”. Neste seguimento, o candidato à Assembleia Municipal de Aveiro sublinhou à Ria o início de uma nova etapa de trabalho no concelho. “Vamos começar a apresentar os candidatos às juntas de freguesia, o que contribuirá para o reforço do nosso resultado. Iremos, sem dúvida, apresentar o nosso programa eleitoral à população, como sempre fazemos, e desenvolver uma campanha que mostre o nosso trabalho e a importância da CDU”, resumiu. “Quanta mais força a CDU tiver na Assembleia Municipal mais questões importantes serão lá colocadas e denunciadas”, relembrou. Recorde-se que, no podcast Eleições Autárquicas 2025,promovido pela Ria, o próprio Nuno Teixeira não tinha excluído a possibilidade de ser o escolhido para candidato, sublinhando que, caso o PCP ou o coletivo optassem pelo seu nome, assumiria essa responsabilidade como uma “tarefa”. Com um longo caminho pela frente, Nuno Teixeira refletiu ainda sobre a necessidade de adaptar o projeto eleitoral à realidade atual da cidade. “Aveiro cresceu e alterou-se e nós temos de adaptar o nosso projeto às linhas mestras (…) com melhores condições para as populações, democracia, participação, direitos, expressão da cultura. (…) Todas estas questões são centrais no nosso programa e visões que temos para a cidade”, salientou. “Vamos também construir um conjunto de propostas numa perspetiva de auscultação da população de Aveiro”, continuou. Relembre-se que a CDU elegeu nas últimas autárquicas um deputado municipal, possuindo ainda um vogal na Assembleia de Freguesia de São Jacinto. Além de Isabel Tavares, também já foram anunciadas as candidaturas à Câmara de Aveiro de Miguel Gomes (Iniciativa Liberal), Alberto Souto de Miranda (PS), Luís Souto de Miranda (Coligação 'Aliança Mais Aveiro' - PSD/CDS/PPM) e João Moniz (Bloco de Esquerda).
Tribunal de Aveiro manteve condenação de ex-administrador judicial acusado de peculato
O coletivo de juízes decidiu manter a pena única do cúmulo jurídico que tinha sido fixada no primeiro julgamento, realizado em outubro de 2023, e que foi mandado repetir por ordem do Tribunal da Relação do Porto. Apesar de o arguido ter visto reduzida a pena parcelar de um dos dois crimes de peculato de que estava acusado, o tribunal decidiu condená-lo por um novo crime de abuso de confiança qualificado, tendo em conta que alguns dos levantamentos em numerário terão sido feitos depois de este já não estar a exercer as funções de administrador. O arguido foi assim condenado por dois crimes de peculato, nas penas parcelares de um ano de prisão e dois anos e nove meses, e um ano e três meses de prisão, por um crime de abuso de confiança qualificado. Tal como na primeira sentença, a suspensão da pena ficou condicionada à obrigação de o arguido pagar 30 mil euros às duas massas insolventes que ficaram lesadas. O Tribunal declarou ainda perdido a favor do Estado cerca de 174 mil euros. No primeiro julgamento, o ex-administrador judicial tinha sido condenado por dois crimes de peculato nas penas parcelares de três anos e três meses de prisão e dois anos e nove meses de prisão, tendo-lhe sido aplicado um cúmulo jurídico de quatro anos e meio de prisão. No entanto, o arguido recorreu da decisão para a Relação do Porto que mandou repetir o julgamento, por entender que a decisão recorrida evidenciava a omissão de factos que podiam e deviam ter sido averiguados. Em causa estão dois processos relativos a duas massas insolventes, que correram termos nos Juízos de Comércio de Coimbra e de Lisboa, entre 2015 e 2017, e em que o arguido interveio como administrador de insolvência. De acordo com a investigação, o arguido teria transferido para a sua conta e efetuado vários levantamentos em dinheiro sem documentos que o justificassem, sem autorização ou conhecimento da comissão de credores, apropriando-se de cerca de 495 mil euros. Embora tenha considerado irregular esta conduta, o Tribunal deu como provado que o arguido se apropriou apenas de cerca de 175 mil euros.
Alberto Souto critica "apoio cínico” e responde a "aprendizes de cobardes" e "traidorzecos"
Alberto Souto de Miranda, candidato do PS à CMA, reagiu esta quinta-feira, numa publicação no Facebook, à tensão política que se tem sentido nas últimas horas em Aveiro. Sem nomear diretamente os visados, o candidato socialista deixou críticas duras aos que considera serem “apoiantes cínicos” que "dão o dito por não dito" e aos "traidorzercos", numa mensagem que aparenta surgir na sequência da reafirmação pública do apoio de Ribau Esteves a Luís Souto e da hesitação de Rui Soares Carneiro em apoiar a sua candidatura. “De vez em quando a pequena política entra na campanha. Anda para aí algum ruído. Uns, por um prato de lentilhas, dão o dito por não dito e protestam apoio cínico a quem espetaram a faca. Que vergonha. Eu não dormiria descansado com tal apoiante”, escreveu o candidato socialista, numa aparente alusão à mudança de posição de Ribau Esteves, que, depois de ter afirmado que Luís Souto não tinha “nenhuma experiência de gestão” nem “perfil” para liderar a autarquia, marcou presença na apresentação pública da sua candidatura e recomendou, esta semana, o voto nele durante uma entrevista à SIC Notícias. A publicação prossegue com críticas indiretas aparentemente dirigidas a Rui Soares Carneiro, atual vereador socialista, que, tal como a Ria noticiou, evitou assumir apoio direto a Alberto Souto e não afastou por completo uma eventual candidatura independente à Junta de Freguesia de Cacia no futuro. “Outros, aprendizes de cobardes e em estágio para desleais, que a vaidade assim o chama, ameaçam com uma navalha de plástico. Que vergonha”, escreveu Alberto Souto. Sem rodeios, o candidato do PS reforçou o seu desinteresse por apoios de figuras que considera incoerentes: “O povo desconfia de juras de amor compradas na mira de prebendas e nunca gostou de traidorzecos de ocasião. Eu durmo descansado por não ter tal apoiante”.
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Concessionários do Norte defendem segurança nas praias durante todo o ano
Em declarações à Lusa, Luís Carvalho defendeu que se justifica um maior “investimento em segurança fora da época balnear”, como já acontece em algumas autarquias, “não só pelas condições climatéricas, como pela fruição das praias e pela prática de desportos no mar durante todo o ano”. “Com a lei de transferência de competências, as autarquias têm uma responsabilidade cada vez maior na parte de assistência balnear. E já várias autarquias se adaptaram, com equipas permanentes de salvamento balnear. Se calhar é um caminho que todas as autarquias terão de fazer”, observou, a propósito da abertura, hoje, da época balnear em 127 praias do Norte. Para Luís Carvalho, “com as alterações climáticas, é que acontecem fenómenos extremos dentro e fora da época balnear”. “É nesse sentido que as autarquias têm de se adaptar”, disse. O responsável aponta o caso de Matosinhos, que “já há vários anos tem um corpo de nadadores salvadores a funcionar todo o ano que acorre rapidamente a situações de vagas de calor fora de época e conseguem garantir a segurança das pessoas nas praias mais frequentadas”. Também no caso de Espinho, “existe uma estrutura de salvamento balnear a funcionar todo o ano, pela proteção civil, que acorre a situações de afluência às praias fora de época”. “Cada vez há mais necessidade de haver algum patrulhamento e presença para garantir segurança nas praias durante todo o ano”, frisou. Isto não invalida que durante o período de férias, que é quando efetivamente há uma afluência permanente de pessoas às praias, haja outra abordagem em termos de segurança das praias. Quanto ao modelo de segurança balnear vigente, Luís Carvalho alerta que “a grande percentagem dos jovens que executam estas tarefas são estudantes e estão em aulas e exames”. “Têm sempre uma disponibilidade parcial, não é total. O vínculo principal deles é com a universidade. Se algum estiver com dificuldades nos exames, vai preterir a atividade de nadador-salvador”, observa. De acordo com o responsável dos concessionários de praia a Norte, “o paradigma vai ter de mudar em muitos capítulos” e a Federação Portuguesa de Concessionários “tem proposto algumas alterações à lei no sentido de não estar só assente nos estudantes o grande fornecimento de efetivos para assistência balnear”. A recetividade relativamente a estas propostas “esbarrou um bocadinho com uma distribuição de competências muito grande em termos de tutela”. “Esperamos, com o novo Governo, atingir nível de conversação maior e alguém que possa coordenar este assunto, porque o atual modelo está desajustado com a realidade”, sublinhou. Por agora, o Norte opta por ter uma época balnear mais reduzida do que a Sul, abrindo mais tarde e encerrando mais cedo, “porque há pouca presença de pessoas nas praias e porque haveria uma dificuldade maior na contratação de nadadores salvadores”. Quanto a expectativas de negócio para a época balnear, os concessionários do Norte estão dependentes da meteorologia. “No ano passado tivemos um verão relativamente fraco devido a uma instabilidade climatérica bastante grande. O negócio nas praias tem muito a ver com o clima. Estamos sempre na expectativa que venha bom tempo, que é isso que realmente faz a diferença em termos de negócio”, disse.
O que diz o Programa do XXV Governo sobre o Ensino Superior e a Ciência?
Entre os principais objetivos, destaca-se a intenção de aumentar para mais de 50% a percentagem de adultos entre os 25-34 anos com diploma de Ensino Superior até ao final da década. Para isso, o Governo compromete-se a “generalizar o acesso às formações superiores diversificando a base de captação de candidatos e a abrangência social do ensino superior”, além de “preservar e aprofundar uma sólida oferta de Ensino Superior de cobertura nacional”, incluindo instituições públicas, privadas e cooperativas. O reforço da ação social estudantil surge também como prioridade: o Executivo pretende “ajustar o valor da bolsa de ação social aos custos de frequência do Ensino Superior” e “aumentar a progressividade das bolsas de ação social”, assegurando que “nenhum estudante seja excluído por razões económicas”. Está igualmente prevista a duplicação da oferta de camas em residências estudantis, através de investimento público, parcerias com autarquias e setor social, bem como requalificação de edifícios devolutos do Estado. No plano legislativo, o Governo compromete-se a concluir a revisão da Lei de Bases do Sistema Educativo, do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) e dos Estatutos das carreiras docente universitária e politécnica (ECDU e ECDESP). A proposta de revisão do RJIES, já iniciada na legislatura anterior, pretende “reforçar a autonomia das IES para a definição das suas estratégias” e permitir “maior flexibilidade na colaboração entre instituições através da formação de consórcios”. No campo da inovação pedagógica, o Executivo sublinha a importância de continuar a apoiar o Conselho Nacional para a Inovação Pedagógica no Ensino Superior e de “estimular a atratividade dos curricula e das práticas pedagógicas nas áreas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática)”. A ciência e a inovação são apontadas como “instrumento de desenvolvimento” e a meta traçada é clara: aproximar até 2030 o investimento público e privado em I&D dos 3% do PIB. Para isso, o Governo prevê a revisão da Lei da Ciência, a reorganização da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e a criação de incentivos para cooperação entre o sistema científico, empresas e autarquias. Também a internacionalização surge como vetor estratégico. O Executivo quer “reforçar a participação ativa no Espaço Europeu de Ensino Superior”, apoiar Alianças Europeias e continuar a atrair estudantes e investigadores estrangeiros. Está ainda prevista a criação de “programas especiais de vistos e autorizações de residência para professores, investigadores e estudantes”, num modelo inspirado em regimes de migração qualificada. Finalmente, o Governo reafirma a intenção de promover a empregabilidade e a mobilidade dos investigadores, criar cátedras empresariais e dinamizar o registo de patentes, reforçando a ligação entre as instituições de ensino superior e o tecido económico nacional.
Hospital de Aveiro consta como uma meta para a legislatura no Programa do XXV Governo
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Operação "Verão Seguro 2025" da GNR na estrada até 15 de setembro
Em comunicado, a GNR dá conta de que a operação teve início na quinta-feira e lembra ser expectável uma crescente afluência de pessoas nas zonas turísticas da área da sua responsabilidade territorial, registando-se assim um aumento substancial de população flutuante, nacional e estrangeira. Desta forma, é necessário “um esforço acrescido” para garantir a segurança da população e dos seus bens, bem como a tranquilidade pública. De acordo com a GNR, a época estival caracteriza-se ainda “por uma diminuição da população nas áreas de residência habitual, o que faz com que algumas habitações fiquem desabitadas durante períodos de tempo prolongados”, daí a necessidade em prevenir a “ocorrência da criminalidade associada”. A operação vai empenhar várias valências de reforço, “de forma flexível, em ações coordenadas de sensibilização, patrulhamento e de fiscalização” na vigilância da orla costeira e no patrulhamento junto aos estabelecimentos de diversão noturna e de maior aglomerado de pessoas. Segundo a GNR, irá ser também promovido o policiamento de proximidade junto das zonas residenciais e serão reforçadas as ações de apoio, regularização e fiscalização da circulação rodoviária, com particular ênfase junto dos principais eixos rodoviários, nas vias de comunicação com maior sinistralidade e volume de tráfego mais intenso. No policiamento de proximidade, no que se refere aos turistas estrangeiros, e no âmbito da cooperação internacional, a GNR irá realizar diversas ações de patrulhamento misto e conjunto, em vários pontos do país, com a Guardia Civil de Espanha, a Gendarmerie Nationale de França e a Arma dei Carabinieri de Itália. Para além do patrulhamento misto, a GNR irá ainda garantir o atendimento, acolhimento e encaminhamento diferenciado, para estes cidadãos em específico. De acordo com a nota, a Guarda vai também fiscalizar a permanência de cidadãos estrangeiros, “em estabelecimentos ou operadores económicos suscetíveis de manterem práticas irregulares, com especial incidência nas zonas críticas de afluência laboral de veraneio, de modo a contribuir para as condições de trabalho adequadas”. A força militar vai também durante a operação garantir a prevenção, vigilância e deteção de incêndios rurais para assegurar a proteção da natureza e do ambiente.