RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

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Comerciantes descontentes com a construção de monumento na rotunda da Sé de Aveiro

Desde o dia 4 de novembro que parte da Avenida de Santa Joana, em Aveiro, está encerrada ao trânsito para a realização de trabalhos de repavimentação e reabilitação de infraestruturas no quadro da empreitada de qualificação do Adro da Sé de Aveiro e da construção do Monumento Evocativo da Muralha de Aveiro na rotunda da Sé. Entre os comerciantes locais que a Ria procurou ouvir as opiniões são unânimes: entendem a “necessidade” de reabilitar a Avenida, mas não compreendem as razões da construção do monumento.

Comerciantes descontentes com a construção de monumento na rotunda da Sé de Aveiro
Isabel Cunha Marques

Isabel Cunha Marques

Jornalista
28 nov 2024, 17:49

“Para nós está completamente desenquadrado [o monumento à muralha de Aveiro]. Primeiro porque quer representar uma situação histórica que me parece muito pouco a ver com o que está a ser construído. Segundo, pelo local de implantação. Numa rotunda que ainda por cima tira a vista, quer aos seus utilizadores quer às pessoas que estão a entrar na praça. Era a principal praça de Aveiro…. Até dava prazer ver os turistas a tirar foto dali… Tinham um enquadramento total do espaço e agora vai ficar com uma excrescência”, começou por partilhar um dos comerciantes à Ria, insistindo que não percebe o propósito. “Aquilo faz lembrar tudo menos as portas… E este muro que alegadamente pretende ser um revivalismo à muralha não me parece nada a ver com a muralha tradicional”, continuou.

Em jeito de desabafo, mesmo sem a obra estar concluída, exprimiu que tem já a “esperança” de que o próximo autarca de Aveiro “retire” o monumento. “Quando? Não sei. Mas vai acontecer de certeza”, afirmou. Para o comerciante, José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro, quis apenas “deixar uma marca” com a construção do monumento. “Isto já era um projeto antigo que estava na gaveta… Como é o último mandato e já não tem de dar contas a ninguém decidiu retirá-lo (…) e espetar aqui um ferro. Neste caso, não foi ferro, mas sim cimento”, criticou.

Questionado pela Ria sobre como teve conhecimento das obras e do fecho da Avenida, este lojista destacou que “não fomos tidos nem achados” e que “não houve nenhum edital, nem nenhuma informação”. “Soube pela impossibilidade de utilizar o espaço porque tinha cá as grades e não conseguíamos passar”, sublinhou.

Já num outro comércio a mesma observação foi partilhada. “O Município não me avisou de nada no que toca ao corte da estrada. Eu só soube pelo jornal local. Nós não tivemos nenhum aviso… Ninguém nos mandou uma carta ou um email a avisar de nada…”, lamentou o lojista, realçando que o comércio local está a ser “muito penalizado por causa da muralha”.

Para este a Avenida precisava de obras, mas tal como o anterior lojista não consegue entender o propósito da construção da muralha. “Isto não me faz lembrar o Aveiro de antigamente... Sinceramente não sei e todos os vizinhos aqui à volta ninguém está a perceber muito bem a obra”, expressou.

Outros dois lojistas criticaram ainda o tamanho do monumento. “Acho exageradamente grande. Podia ter sido construído um monumento mais pequeno para chamar a atenção…Não um mamarracho como se costuma dizer”, reconheceu um deles.

Aveiro vai ter a “única obra de arte pública” de Siza Vieira

A obra de qualificação do Adro da Sé de Aveiro e de construção do Monumento à Muralha de Aveiro tem um investimento superior a 740 mil euros. A empreitada tem como data de conclusão o dia “1 de dezembro”. A informação foi avançada por Ribau Esteves, na última reunião camarária.

O Monumento da Muralha de Aveiro foi projetado pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira e tem como objetivo, segundo a autarquia, “valorizar a história de Aveiro, com a implantação de um monumento evocativo da muralha da cidade e de um modo particular da Porta do Sol”.

Na sessão de abertura da 18ª edição das Jornadas de História Local e de Património Documental, o presidente do Município de Aveiro avançou que o monumento “está quase pronto” e aconselhou as pessoas a “conhecerem mais a obra do arquiteto Siza Vieira pelo mundo inteiro”. “Vejam o instrumento que vamos passar a ter, porque este arquiteto com 94 anos - e que tem obras pelo mundo inteiro - vai ter a sua única obra de arte pública em Aveiro”, realçou.

Sobre a construção do monumento evocativo da Muralha de Aveiro, Ribau Esteves relembrou que a ideia do mesmo já advém do anterior presidente do Município de Aveiro, Élio Maia [2005-2013], na altura, para assinalar os 250 anos da elevação a cidade. “Depois não houve obviamente capacidade financeira”, justificou.

O autarca aveirense acusou ainda o seu “antecessor”, neste caso, Alberto Souto de Miranda de ter destruído a muralha “com o buraco do túnel da Sé”. “Era lá que estava a muralha e nem sequer tiveram o bom senso de guardar uma pedrinha que fosse…. Foram todas para um sítio ou para vários sítios… Não deixaram uma ao menos na reserva dos nossos museus”, atirou.

Recomendações

Partidos políticos condenam vandalismo no Monumento Evocativo da Muralha
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Partidos políticos condenam vandalismo no Monumento Evocativo da Muralha

O deputado municipal Pedro Pires da Rosa, eleito pelo Partido Socialista (PS), reagiu de imediato nas redes sociais. Apesar de recordar que "sempre" foi contra a construção deste monumento, deixou um "abraço de solidariedade democrática" e apelou à autarquia para que “apague o quanto antes os escritos” e divulgue os custos da intervenção. “Tenho esperança de que os meliantes se envergonhem do valor em que prejudicaram a comunidade e que naturalmente possam ser julgados pela prática deste crime público”, escreveu o socialista na sua página de Facebook. Também a Iniciativa Liberal (IL) condenou veementemente o vandalismo “como forma de protesto”. Em publicação nas redes sociais, o partido sublinhou que a “liberdade de expressão é um valor essencial em democracia”, mas que “a destruição ou o insulto não se justificam”. “O vandalismo apenas descredibiliza quem protesta e desvia o foco do verdadeiro problema”, lê-se. Sobre o próprio monumento, a IL considera que se trata de um “desperdício de recursos públicos” e defende que o espaço merecia “mais cuidado, mais integração urbana e menos vaidade”. “O resultado é um elemento dissonante, mal-enquadrado e sem valor acrescentado para os aveirenses. Aveiro precisa de investimento com propósito, não de obras simbólicas sem sentido”, remata o comunicado. João Moniz, dirigente da concelhia do Bloco de Esquerda (BE), também se pronunciou, condenando “este tipo de ações”. Para o bloquista, “a crítica em democracia não só é legítima como necessária e bem-vinda”, mas deve ser feita com “argumentos, debate e participação democrática”. “Em tempos de crescente demagogia e polarização, muitas vezes artificial, Aveiro merece mais”, concluiu. Por sua vez, Luís Souto de Miranda, presidente da Assembleia Municipal de Aveiro e candidato pela Aliança Mais Aveiro à CMA às eleições autárquicas afirmou que “está na moda vandalizar monumentos”, criticando o que classificou como uma tendência de “atitudes verdadeiramente insolentes para com políticos, atirando tintas ou gritando insultos”. Para o autarca, este tipo de ações revela “uma crise de valores e uma ausência da mais elementar educação”. Recorde-se que o monumento em questão integra o projeto de requalificação do Adro da Sé de Aveiro, num investimento global superior a 740 mil euros, e foi concebido para evocar simbolicamente a antiga muralha da cidade. A Ria contactou a CMA, mas até ao momento não obteve qualquer comentário sobre o incidente.

Monumento evocativo da Muralha de Aveiro vandalizado com mensagem de ódio contra Ribau Esteves
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Monumento evocativo da Muralha de Aveiro vandalizado com mensagem de ódio contra Ribau Esteves

Na base do monumento, localizado na rotunda da Sé, pode agora ler-se, em letras pintadas a preto: “Mamarracho Ribau o Idiota”. A autoria do ato permanece desconhecida. Contactada pela Ria, a autarquia não prestou, até ao momento, qualquer comentário sobre o incidente. A obra em questão insere-se no projeto de requalificação do Adro da Sé de Aveiro, que incluiu também a construção do monumento agora vandalizado, num investimento total superior a 740 mil euros. A iniciativa tem gerado controvérsia desde o início. Como noticiado anteriormente pela Ria, embora fosse reconhecida a necessidade de intervenção urbana naquela zona da cidade, muitos munícipes criticaram a pertinência e a estética do monumento erguido. A Ria continuará a acompanhar o desenvolvimento deste caso.

Dois anos depois, a nova Avenida Lourenço Peixinho continua a dividir opiniões
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Dois anos depois, a nova Avenida Lourenço Peixinho continua a dividir opiniões

Na passada quarta-feira, 7 de maio, a Câmara Municipal de Aveiro lançou o livro “Avenida Uma História com Futuro”. Uma edição do Município que, segundo uma nota da autarquia, conta “a história da Avenida Dr. Lourenço Peixinho”. A Avenida nasceu com a missão de servir a Estação de Comboios e a mais recente requalificação foi, segundo o livro, feita “no sentido de uma maior humanização do espaço público”. O lançamento decorreu na nova livraria Bertrand e contou com a presença de José Ribau Esteves, atual presidente da CMA, que destacou a transformação da Avenida durante o seu último mandato, sublinhando a abertura de novos espaços comerciais e unidades de alojamento local. Na sua intervenção, Ribau Esteves afirmou ainda que o livro procura “deixar contada a história” da Avenida, enaltecendo não só “o momento em que a nossa responsabilidade existiu”, como também aquele em que foi tomada a decisão de “mexer na herança”, com o objetivo de “melhorar, qualificar e dar uma injeção de energia e de vida”. Da história mais recente, o presidente do Município de Aveiro frisou o aumento verificado no número de licenças de construção, utilização e de novas unidades comerciais instaladas. Segundo o autarca, entre 2010 e 2014 foram emitidas nove licenças de construção, número que subiu para 19 entre 2015 e 2019, antes de cair para 12 entre 2020 e 2024. Também o alojamento local registou um aumento de dez novos estabelecimentos, entre 2010 e 2024. O número de novas unidades comerciais instaladas foi o que registou um maior crescimento, tendo passado de zero novas unidades entre 2010 e 2014 para 23 entre 2020 e 2024. “Estes são os números da estatística e a estatística é o que é. Os números são formais, são oficiais. Depois há os outros números ou as outras coisas que mais interessam: são as vivências. E de facto, todos nós temos consciência que a Avenida ganhou vida, ganhou conforto próprio”, frisou Ribau Esteves. Sobre as licenças de utilização, o autarca aponta também um crescimento, ainda que lembre que o mesmo “em termos de estatísticas tem que ser percebido com alguma delicadeza”. Contudo, quem trabalha diariamente na Avenida vê a requalificação com outros olhos. A Ria falou com vários comerciantes da zona e nem todos olham para a intervenção com agrado. Apesar da nova imagem dividir opiniões, o consenso é claro quanto à funcionalidade: “em termos estéticos ficou melhor, em termos de funcionalidade, nem por isso”, afirma um dos lojistas. Mais acima na Avenida há quem defenda ainda que, antes da requalificação, o espaço era “mais verde e mais acolhedor”. “Tinha mais estacionamento, tinha mais árvores, tinha banquinhos para as pessoas se sentarem e não havia tanta confusão, porque, como tinha duas faixas de rodagem para cada lado, o trânsito escoava melhor”, aponta um outro comerciante. Além disso, aponta problemas na calçada portuguesa, referindo que os buracos têm causado dificuldades, especialmente a pessoas com mobilidade reduzida. “Nós para termos a esplanada pagamos a licença e temos a obrigatoriedade de manter limpo, mas a Câmara não cumpre com a obrigação de pelo menos arranjar o passeio”, atenta. “A Avenida está bonita, está airosa, está cinco estrelas… para quem vem de fora e para o turismo, (…) mas não ficou funcional para nós trabalharmos”, começa por reparar uma outra comerciante. Uma das principais críticas é a limitação de espaço para esplanadas, mesmo com passeios mais largos em alguns trechos. “Temos esta filinha encostada à nossa fachada. Para nós não valeu de nada, porque nós julgávamos que podíamos estender mais um bocadinho [a esplanada], e não, [a nova Avenida] é apenas um corredor para direcionar o turismo todo para o mesmo sítio”, lamenta um dos comerciantes, que também critica a falta de diálogo com a autarquia. Outro ponto recorrente nas críticas é a escassez de estacionamento e a ausência de zonas adequadas para cargas e descargas. “O camião para do outro lado e os fornecedores passam a estrada para nos entregar a mercadoria”, dá nota um outro comerciante. “Foi pensado para o turismo”, garantem. Os comerciantes apontam ainda que a empreitada, por ter demorado mais do que o previsto, não ajudou o negócio. “Apanhamos a pandemia, depois as obras… Não tem sido fácil”, apontam. Além disso, há quem considere que a requalificação “a nível de urbanismo e de circulação, não tem tido o melhor impacto. O trânsito de viaturas não é o melhor”, alertam. “Se a ideia era fazer com que as pessoas caminhassem mais, fechavam a avenida, porque agora não está bom nem para as pessoas nem para o trânsito”, frisam. Também quem espera pelos autocarros nas paragens tem uma palavra a dizer. “Funciona bem, tirando o engarrafamento”, brinca um dos passageiros. As pessoas que utilizam os transportes públicos diariamente apontam sentir mais movimento na Avenida: o que consideram positivo, mas entendem que nem todos possam pensar o mesmo. “Para mim é ótimo, mas eu não tenho carro. Quem anda de carro deve pensar diferente”, repara uma passageira assídua nos autocarros. Alberto Souto de Miranda, antigo presidente da CMA e candidato pelo Partido Socialista (PS) à presidência da autarquia, tem sido uma das vozes mais críticas da governação de Ribau Esteves. A Avenida Lourenço Peixinho é um dos temas em que o socialista e o social-democrata entram em desacordo, com Alberto Souto a defender a recolocação de árvores “na placa central da Av. Lourenço Peixinho”, bem como o desvio do trânsito da Avenida. A este propósito, o candidato tem defendido mesmo “a retirada do trânsito e estacionamento, «permitindo apenas cargas e descargas a moradores e veículos de emergência», de forma a «recuperar a avenida para as pessoas»”. Sobre o trânsito e o arvoredo José Ribau Esteves defendeu, na passada quarta-feira, que a autarquia quis “mudar”. “Quisemos que a avenida deixasse de ser uma rodovia por onde se passa e quisemos que ela passasse a ser uma via urbana onde se vive”, considerando ter sido feita “uma mudança radical de paradigma”. O autarca destaca ainda que “já não se pode fazer aquilo que tantos de nós fazíamos, quando tínhamos pressa para apanhar o comboio, que era percorrer a avenida entre os 140 e os 145 km/h”. Sobre o valor ambiental da requalificação da Avenida, Ribau Esteves sublinhou que “quisemos que a performance ambiental da nossa avenida (…) tivesse também aqui um contribuinte especial”, destacando a plantação de Ginkgo Bilobas, uma árvore “considerada pela ciência” como “uma das árvores que mais fixa carbono”. “Uma avenida que é um centro urbano, onde também há circulação automóvel, esse fator [ambiental] é um fator importante colocando a árvore no sítio certo, e o sítio certo não é no meio da avenida a servir os carros, é junto aos passeios, junto às fachadas urbanas onde estão os passeios onde os peões circulam”, considerou o autarca.

Rui Tavares quer eleger Filipe Honório por Aveiro e propõe fundos para o Ensino Superior
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Rui Tavares quer eleger Filipe Honório por Aveiro e propõe fundos para o Ensino Superior

Acompanhado por Filipe Honório, cabeça de lista pelo círculo de Aveiro, e por Joana Filipe, número dois da candidatura -ambos escolhidos através das primárias internas do partido, junto ao Departamento de Educação da UA, o co-porta-voz do partido aproveitou para conversar com os estudantes. A dois deles comentava que: “Aveiro é bastante imbatível”. Sobre o porquê da ação de campanha em Aveiro e na UA, Rui Tavares assegurou que o objetivo é “eleger Filipe Honório, pelo menos por Aveiro”. “Nós achamos que é muito importante poder representar um distrito que tem um dinamismo económico muito grande”, afirmou. Segundo o co-porta-voz do LIVRE, Aveiro possui “uma cultura muito própria na área industrial” e um eleitorado marcado por valores sólidos. “É um eleitorado que tem muito arraigados os valores da independência, da autonomia, de conquistar uma certa prosperidade para a sua família”, disse, destacando que esses valores se inserem numa “espécie de cultura de produtivismo que nós temos em Portugal, mas que não é um produtivismo egoísta”. Rui Tavares acredita que esse espírito de dinamismo está ao serviço de um projeto coletivo. “Pelo contrário, as pessoas sabem que esse dinamismo pode estar ao serviço de dar dignidade para todos”. Neste seguimento, Rui Tavares lembrou também a tradição progressista da região. “Aveiro é um distrito que pode ser muito fértil para causas e valores de esquerda, que já o foi no passado, tanto no início do liberalismo em Portugal como no 25 de Abril. Foi nesta cidade que se fez o Congresso de Oposição Democrática em 1973, que nos legou os três D’s do 25 de Abril: Democratizar, Desenvolver e Descolonizar”. A estes três D’s, o LIVRE quer acrescentar mais dois: “Queremos acrescentar precisamente o D de Dinamismo e de Dignidade”. Em tom descontraído, Rui Tavares referiu ainda que a meta é retirar o mandato atualmente ocupado pela Iniciativa Liberal no distrito. “A quem é que queremos roubar esse deputado? Não é por mal, é uma competição saudável e eles terão de entender, uma vez que também gostam da concorrência”, atirou. Segundo o co-porta-voz, a eleição de Filipe Honório é viável sem grandes alterações com base nos resultados das últimas legislativas de 2024. “A Iniciativa Liberal elegeu por pouco em Aveiro. Aqui, não é preciso sequer aumentar tanto a votação como na última eleição para podermos eleger o Filipe Honório por Aveiro”, assegurou. “Temos a Joana Filipe, a Salomé, o Rubén Vieira, muitos candidatos e candidatas que darão uma representação a este distrito, que já conquistámos noutros”, completou Rui Tavares. Recorde-se que nas eleições legislativas de 2024, no distrito de Aveiro, o Livre alcançou “2.24%” dos votos e a Iniciativa Liberal “5.11%” dos votos. Questionado sobre se esta rápida passagem por Aveiro seria suficiente para captar os votos necessários, Rui Tavares respondeu: “Esta não é a primeira passagem por Aveiro, e não só pelo distrito. Nós tivemos em São João da Madeira. (…) [Aqui estivemos] no lançamento da candidatura e temos estado aqui desde sempre. A nossa mandatária, Aurora Cerqueira, é alguém que já fez uma candidatura desde 2015. O LIVRE cresceu sempre em todas as eleições em Aveiro”. Neste sentido, Rui Tavares destacou o aumento do apoio neste território. “Cada vez vamos tendo mais membros e apoiantes no nosso núcleo e, como vocês tiveram a oportunidade de testemunhar, muita gente espontaneamente vem dizer que quer ter uma eleição do LIVRE em Aveiro”. Em jeito de conclusão, o co-porta-voz do LIVRE reiterou a visão nacional do partido referindo que “não acreditamos em distritos de direita ou distritos de esquerda. Todos são distritos do nosso país”. No que toca ao partido, a nível nacional, Rui Tavares sublinhou ainda que “muita gente quer ter um partido que é europeísta, ecologista, das liberdades e dos direitos humanos, mas que sabe defender o Estado Social, não quer recuar em nenhum direito, nem revisitar direitos ou retirá-los da Constituição. É um partido equilibrado para construir em cima daquilo que já conquistámos, e isso acreditamos que aqui pode funcionar”. Questionado pela Ria, Rui Tavares aproveitou ainda a ocasião para apresentar propostas concretas do LIVRE para o ensino superior, sublinhando a necessidade de garantir estabilidade e investimento estratégico nas universidades e politécnicos. “A Universidade precisa de estabilidade, precisa de poder fazer investimentos estratégicos”, afirmou, propondo a criação de um fundo estratégico de investimento no ensino superior, “que possa ser financiado através de uma consignação de uma parte do IRC, a exemplo do que acontece noutras universidades estrangeiras”. Neste sentido apontou como exemplo a Universidade de São Paulo, no Brasil. “Uma das universidades mais avançadas de língua portuguesa é a Universidade de São Paulo, ela é financiada por uma consignação de um imposto sobre a atividade económica. O que é que isso dá? Dá aos reitores e reitoras e também diretores e presidentes de Politécnicos a liberdade de poderem fazer escolhas que são cinco, dez, 15 anos para os novos laboratórios, as bibliotecas do futuro, através de um fundo estratégico que assegura cofinanciamento de fundos europeus”, explicou o co-porta-voz do LIVRE. Além disso, defendeu a criação de um fundo de apoio ao estudante do ensino superior, destinado a reforçar bolsas, refeitórios e residências. Esse fundo, sugeriu, poderia ser financiado por consignação de IRS. “Aquele IRS que nós próprios consignamos a causas que nós decidimos entregar. Eu sei que muita gente que beneficiou do ensino superior público português e com isso encontrou o seu rumo na vida e se autorrealizou teria todo o gosto em poder apoiar a próxima geração de estudantes. Eu, certamente, seria dos primeiros a fazê-lo”, assegurou. Para Rui Tavares é essencial garantir a inclusão no ensino superior. “É muito importante que ninguém fique de fora da universidade por razões financeiras, que ninguém tenha que fazer uma escolha entre prosseguir ou não os seus sonhos pelo facto de vir de uma família mais pobre”, exprimiu. Com esses dois fundos – “fundo estratégico de investimento no ensino superior” e “fundo de apoio ao estudante do ensino superior” - o co-porta-voz do partido vincou que o país teria “uma universidade muito mais forte e muito competitiva”. Neste seguimento, sugeriu ainda a criação de um “plano de atração dos cientistas estrangeiros, nomeadamente os que vêm agora dos Estados Unidos”. “Muitos deles portugueses que querem voltar, e pode até ter um plano de acolhimento para instituições universitárias estrangeiras, desde que trabalhem em protocolo com universidades e politécnicos portugueses que já existem”, realçou Rui Tavares.

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Legislativas-Aveiro: Cabeças de lista debateram futuro dos jovens e problemas regionais
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Legislativas-Aveiro: Cabeças de lista debateram futuro dos jovens e problemas regionais

Os oito partidos que se apresentam às próximas eleições legislativas, que se realizam já este domingo, dia 18 de maio, estiveram presentes na passada quarta-feira no debate organizado pela Ria e pela AAUAv na Universidade de Aveiro (UA). As quase três horas de debate ficaram marcadas pelas intervenções de Emídio Sousa (AD – PSD/CDS), Hugo Oliveira (PS), Pedro Frazão (CHEGA), Mário Amorim Lopes (IL), Luís Fazenda (BE), Filipe Honório (LIVRE), Isabel Tavares (CDU) e Ana Gonçalves (PAN). A primeira ronda de perguntas, dedicada às políticas de juventude, abordou temas como a habitação, emprego, educação e transportes e a sua relação com a emigração, em especial nas camadas mais jovens da população. Em 2024, aponta o Observatório da Emigração, cerca de 1,8 milhões de portugueses residiam no estrangeiro, 70% com idades entre os 15 e os 39 anos. Também o abandono estudantil, face às despesas com habitação e a propina, foi outro dos temas abordados. Os representantes foram consensuais no reconhecimento das problemáticas, mas as medidas vistas como prioritárias para inverter a situação foram diferentes. Os partidos mais à esquerda (Livre, BE e CDU) sublinharam a necessidade de aumentar salários e de investir em políticas públicas, nomeadamente na habitação, enquanto à direita (IL e Chega) centraram-se mais nas medidas de incentivo às empresas, de forma a atrair investimento e a criar emprego. Emidio Sousa (AD), deu nota de que é necessário “deixar de exportar jovens”, considerando que “as nossas políticas de emprego e de educação estavam a provocar um êxodo de portugueses para o estrangeiro e a sua substituição completamente desregrada por uma imigração descontrolada”. A afirmação foi repetida na ronda que abordou as perguntas do público e mereceu críticas por parte dos partidos à esquerda, nomeadamente PS, BE, CDU e Livre por se aproximar do discurso anti-imigração do Chega. Como solução para a saída de jovens de Portugal, Emídio apontou o “desenvolvimento económico e o investimento” e a necessidade de “inverter este êxodo dos portugueses”, reparando que o governo tem vindo a tomar medidas, embora reconheça que “é impossível fazer coisas em 11 meses”. Os candidatos mais à direita, nomeadamente Iniciativa Liberal e Chega, apontaram também a necessidade de voltar a captar os jovens que têm saído do país. O Chega propõe para tal “isentar os jovens de IRS até aos 100 mil euros”, bem como isentar de IRC as empresas “que tenham nos seus corpos gerentes empreendedores até aos 35 anos”. No mesmo sentido a IL acredita que é necessário “criar oportunidades (…) para que os jovens fiquem cá” e “criar riqueza”. “A carga fiscal é muito importante (…), mas para além disso temos de criar aqui uma condição positiva no país para que as empresas queiram crescer cá, para que pessoas como vocês [estudantes] queiram criar as vossas próprias empresas e postos de trabalho e para que consigamos atrair empresas para Portugal para criar postos de trabalho altamente qualificados”. A oposição (PS) destacou, por sua vez, que os jovens emigram “para onde os salários são mais altos”, considerando que a forma de manter os jovens no país passa por “qualificar e diversificar a economia” e “aumentar os salários”. Também o BE apontou que há problemas estruturais relacionados com a “regulação do mercado de trabalho, baixos salários e precariedade laboral”, salientando ainda “problemas de habitação e de acesso à habitação, que exigem a regulação do mercado de arrendamento”. “Há um défice de política económica, de capacidade de intervir sob os vários mercados com políticas integradas que possam realmente respeitar à solidariedade e à justiça”, terminou Luís Fazenda. A CDU contrapôs esta perspetiva, sublinhando que é “a ausência de políticas que respondam às necessidades dos jovens do nosso país” a principal causa da emigração jovem. Defendeu, ainda, que a valorização dos salários é essencial para permitir que os jovens consigam suportar o custo de vida e construir o seu futuro em Portugal. “A inversão das políticas que têm sido praticadas é uma necessidade, não é com a redução do IRS que se vai resolver o problema dos jovens, é sim com respostas objetivas do ponto de vista do emprego estável e justos, que permitam aos jovens viver dignamente”, sublinhou Isabel Tavares. A ideia foi também reforçada pelo Livre, que utilizou o salário espanhol como referência de atratividade em comparação ao salário português. “O Livre defende a subida do salário mínimo nacional para 1250 euros até ao final da legislatura”, apontou Filipe Honório, que defendeu ainda a necessidade de “crescer salários médios” e de “garantir serviços públicos”. “É com políticas sociais (…) que nós conseguimos reter pessoas”, frisou. O PAN entende “o bem-estar e a garantia autónoma da juventude” como “essencial para construir uma sociedade justa, (…) inclusiva e sustentável”. Para tal, defende “a criação de um programa de combate ao emprego precário” e o “incentivo de contratação estável para jovens qualificados na economia verde e na transição energética”. Ana Gonçalves reconheceu também a dificuldade no acesso à habitação como um obstáculo à fixação dos jovens no país defendendo por essa razão “um programa nacional de arrendamento acessível exclusivo para jovens até aos 35 anos”. Quanto ao abandono escolar, os partidos tenderam a concordar com a solução apontada pelo PAN, que prevê “a conversão dos edifícios públicos [devolutos] (…) para dar resposta à habitação estudantil”. A medida teve a concordância da generalidade dos partidos. Já a redução – ou mesmo a eliminação da propina, no caso da CDU - foi colocada em cima da mesa, mas não reuniu consenso. A medida não tem o apoio da Iniciativa Liberal que apontou a discordância por considerar que “a propina é uma pequena fração” dos custos associados ao ensino superior. “Quando olhamos para a universidade em Portugal, a universidade é frequentada por classe média alta. Devia de ser [mais] democrática do que o que é. As propinas são subsídios aos ricos e é curioso estar a ver a esquerda a querer subsidiar quem mais tem para colocar na universidade”, frisou Miguel Lopes. Emidio Sousa, da AD, partilhou a perspetiva. Note-se, ainda, que o governo de Luís Montenegro voltou esta legislatura a falar na possibilidade de descongelar as propinas, algo que esteve presente nas manifestações realizadas no Dia Nacional do Estudante. O Chega também não defendeu a extinção nem a redução da propina, apontando como solução a adoção de “algo parecido com o modelo inglês” onde “existe um valor de propina (…) que não é cobrado enquanto o aluno está na universidade, [mas] começa a ser cobrado quando o aluno entra no mercado de trabalho”. A mobilidade foi também uma das preocupações, não só por representar um custo para os estudantes, como também pela oferta pública ser considerada insuficiente, especialmente em Aveiro. A CDU criticou, inclusive, as filas que se formam em frente à estação de Aveiro, apontando que a adjudicação da empresa de autocarros aos privados “piora” a oferta. No debate foram ainda abordadas temáticas regionais, nomeadamente a ampliação e requalificação do Hospital de Aveiro, a abolição da totalidade das portagens da A25 e a ferrovia – com especial foco na renovação da Linha do Vouga e na passagem da Linha de Alta Velocidade em Aveiro, com a ligação Aveiro-Salamanca. A ampliação e requalificação do Hospital de Aveiro foi uma questão onde existiu alguma unanimidade, com todos os representantes a assumir a necessidade do avanço da empreitada. Emídio Sousa apontou as várias etapas do processo, assumindo que “quatro anos é perfeitamente confortável” para que o Hospital de Aveiro possa avançar. Por sua vez, Hugo Oliveira lembrou que o primeiro-ministro foi desmentido por José Ribau Esteves relativamente ao Hospital de Aveiro, considerando “revelador” que Luís Montenegro desconheça “o estado em que se encontra” o processo do hospital. Note-se, no entanto, que o programa eleitoral do PS também não faz referência à referida unidade de saúde. Também Luís Fazenda considerou que a intervenção de Emídio “desmentiu” o primeiro-ministro. “Lamento, mas na verdade, neste momento, as palavras do primeiro-ministro são vazias, não tem ainda qualquer tipo de concretização”, apontou. O Chega criticou as posições do PS e do PSD, garantindo que os três deputados do Chega por Aveiro têm defendido a necessidade da empreitada. A IL apontou a importância do Hospital de Aveiro “para assegurar um hospital universitário para a UA para manter aquela que foi a grande conquista da universidade: a criação do curso de medicina”. À esquerda (BE, CDU e Livre) defendem a aposta e o reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS), considerando a ampliação e requalificação do Hospital de Aveiro como uma necessidade e mais-valia para a região. Quanto às portagens, o Partido Socialista apontou que as mesmas “têm sido reduzidas” tendo lembrado que o partido “se comprometeu a eliminar as portagens” e apontando que é um objetivo para o futuro. Também neste ponto houve unanimidade, com a Iniciativa Liberar a ser o único partido a defender o princípio do utilizador-pagador. “Não nos parece minimamente justo (…) financiar algo que não é utilizado por todos”, apontou Mário Amorim Lopes. Ainda assim, o deputado referiu que “por uma questão de igualdade” se devem eliminar “todos” os pórticos da A25. A ferrovia foi outro dos temas que gerou divisão. A vontade é que a Linha do Vouga, com trabalhos a decorrer neste momento, seja não só requalificada como também prolongada para outas zonas da região. Em simultâneo, a ligação ferroviária de alta velocidade entre Aveiro e Salamanca é também uma reivindicação da região, de forma a reforçar a posição de Aveiro não só a ligação internacional como também no Corredor Atlântico. Nesta matéria, a AD apontou que a prioridade relativamente à alta velocidade é a ligação Porto-Lisboa, tendo considerado que “tudo o resto neste momento é prematuro”. Quanto à Linha do Vouga, o representante do candidato da AD nota que “a aposta na requalificação da Linha do Vouga é uma certeza” e que “o que se pretende fazer no futuro é a eletrificação da linha [do Vouga] com comboios em bitola ibérica e a sua ligação em Espinho diretamente ao Porto”. Avisa, no entanto, que a reivindicação da região “vai levar o seu tempo”. Visão bem diferente é a dada por Hugo Oliveira. O representante socialista indicou que “a Linha do Vouga pode funcionar para esta região como metro de superfície”, assumindo que o “objetivo mesmo é trazer a linha do Vouga à Universidade e a Ílhavo e fazer a sua reparação na totalidade”. Hugo Oliveira expôs ainda que levar a Linha do Vouga até Espinho “como uma plataforma intermodal” é o que pode tornar a oferta mais competitiva. “Acham que o importante é nós entrarmos no comboio e sairmos diretos no Porto, não percebendo que a competitividade de um transporte público tem a ver com o custo, mas principalmente com o seu tempo”, apontou. O Chega considerou ser necessário “executar estas grandes obras para poder dar às populações alternativas de mobilidade”. A IL propôs que haja “uma junção em todas as capitais de distrito” relativamente à ferrovia, por considerar que a mesma “é um instrumento importante”. Sobre a Linha do Vouga o representante da IL considerou “fundamental trabalhar e melhorar o Vouginha porque de facto há uma grande assimetria aqui no distrito: no Norte do distrito os concelhos têm o apoio e estão próximos da Linha do Norte (…) mas de facto quem está mais para dentro (…) está dependente da Linha de Baixo Vouga e, portanto, é necessário reforçá-la”, afirmou. À esquerda, o BE perspetiva “o investimento na modernização e eletrificação da Linha do Vouga” como “um investimento absolutamente estruturante da região”. O bloquista repara ainda como necessário verificar “a interoperabilidade do passe ferroviário com os passes rodoviários das várias articulações existentes ao nível intermunicipal”. Na mesma linha, também a CDU aponta como necessária a requalificação da Linha do Vouga que deverá dar resposta a quem encontra habitação na periferia. “Durante anos fomos os únicos que defendemos que houvesse a requalificação da Linha [do Vouga] e que houvesse resposta às populações por onde ela passa que estão desprovidas de meios de transporte público”, atirou Isabel Tavares que olha ainda para a aposta na ferrovia como uma solução a nível ambiental e como uma forma de resposta à população. Também o Livre assegurou que quer “um futuro onde as pessoas (…) possam voltar a utilizar um meio de transporte que já aqui foi bastante defendido” para melhorar a “qualidade de vida das pessoas”. “Não é só a questão do meio de transporte, o Vouguinha foi essencial para o desenvolvimento não só industrial, como social e cultural daqueles territórios”, reparou. Filipe Honório defendeu ainda que a população está “agarrada” ao automóvel e que o investimento na mobilidade significa também “tempo e lazer” para muitas famílias. “É isso que nós quemos recuperar”, assegurou. Ana Gonçalves concordou com a perspetiva da esquerda (LIVRE, BE e CDU), trazendo para cima da mesa as preocupações da população e das empresas dos locais por onde vai passar a Linha de Alta Velocidade. “Não nos podemos esquecer do impacto que [a Linha de Alta Velocidade] vai ter nas populações que têm as suas casas e as suas empresas, que já estão muito preocupadas por onde é que vai passar a linha (…) tem de ser tudo muito bem pensado, muito bem refletido”, atentou a representante do PAN. Das perguntas enviadas pelo público, foi dado destaque à temática da imigração, nomeadamente no que diz respeito às medidas de combate à imigração ilegal e a medidas de integração das comunidades. De forma geral, PS, BE, CDU, Livre e PAN apontaram o seu rumo de ação para as medidas de integração das comunidades, enquanto a direita, PSD, IL e Chega, focaram-se nas medidas de combate à imigração ilegal. Do lado do PAN, LIVRE, CDU e BE o argumento utilizado é que é necessário acolher os imigrantes da mesma forma que os portugueses têm sido acolhidos em outros países. Além do mais, relembraram a atual contribuição dada pelos imigrantes na economia portuguesa. À direita, o PSD, como anteriormente referido, voltou a aludir à teoria da substituição considerando ainda que “precisamos de imigrantes, (…) mas [que estes] devem vir de uma forma ordenada e devidamente enquadrada no país”. A IL, por sua vez, reconhece que a imigração é “muito importante para Portugal”, mas considera que “não há sistema que aguente tanta gente ao mesmo tempo” e que “isto deu origem a situações que são indignas e desumanas”. Já o Chega aponta que o assunto “está na génese do nascimento do Chega” e que a solução do partido se prende com o “acabar com a imigração ilegal e criar um sistema de quotas em Portugal”. O último tema abordado – o da reforma eleitoral – mostrou que todos os partidos concordam com a ideia de ser uma ação necessária, mas o PS e o PSD assumem que não é um tema para “a próxima legislatura”. Da direita à esquerda, ainda que de formas diferentes, os partidos com menor representação parlamentar acusam os partidos do centrão de falta de vontade política em levar a reforma para a frente. Em Portugal, a eleição de mandatos faz-se através do método de Hondt, um método matemático que distribui os mandatos proporcionalmente ao número de votos, mas criticado por “tendencialmente favorecer os partidos maiores”, lê-se no site oficial da Comissão Nacional de Eleições (CNE).As críticas que têm vindo a ser feitas ao sistema eleitoral prendem-se com os “votos perdidos”, tendencialmente em partidos mais pequenos, que poderiam aumentar a representação parlamentar dos partidos e até fazer com que existissem mais partidos com representação parlamentar. Nas eleições legislativas de 2024, avança o Expresso, “mais de 10% dos votos válidos não foram convertidos em mandatos”, algo que se traduz no “desperdício” de “um em cada nove votos”. O artigo avança ainda que Portalegre é o distrito onde mais votos são desperdiçados e que o BE é o partido mais afetado. No debate, de forma unanime, foi reconhecida a necessidade de se proceder a uma reforma eleitoral, com o representante da AD a frisar que para tal, é “obrigatório” que haja “um amplo consenso político partidário”, algo que acredita existir. Também o representante socialista concordou, reparando que “o país fala muito pouco daquilo que é a regionalização”. “É difícil de o podermos fazer, mas é algo que está previsto na constituição”, reparou ainda o socialista. A IL discordou da perspetiva do PSD, por não acreditar “que os dois maiores partidos (…) do parlamento queiram verdadeiramente reformar o sistema eleitoral e sobretudo incluir um círculo de compensação que permita ir buscar estes 1.2 milhões de votos”. Também BE, Livre e PAN concordam com a perspetiva apontada pelos liberais, defendendo a tese de criar um círculo de compensação nacional. A CDU, por sua vez, reparou que “pode haver algum afastamento e desinteresse” da política por parte do eleitorado, mas considera que o mesmo é “fruto das políticas praticadas e não tanto do sistema eleitoral”. Já o Chega apontou a reforma eleitoral como uma “questão central” do seu programa, defendendo não só a criação do círculo de compensação nacional como também “a criação de círculos uninominais”. Defendem, no entanto, “uma diminuição do número de deputados na Assembleia da Republica”. O debate pode ser visto na íntegra através da página de Facebook da Ria. As eleições legislativas decorrem já este domingo, dia 18.

Ílhavo: Travessia da Ria a Nado com inscrições abertas até 13 de junho
Região

Ílhavo: Travessia da Ria a Nado com inscrições abertas até 13 de junho

A prova realiza-se no dia 6 de julho e prevê a participação de 160 atletas, num percurso de 750 metros, ligando as margens da Gafanha da Encarnação à Costa Nova do Prado. A concentração dos participantes está marcada entre as 11h20 e as 12h35, no Largo da Bruxa, na Gafanha da Encarnação e a partida está prevista para as 13h06. As inscrições estão abertas até dia 13 de junho, ou até ser atingido o limite de vagas disponíveis, e devem ser efetuadas através da plataforma Lap2Go.

ASAE desmantelou casino ilegal em São João da Madeira
Região

ASAE desmantelou casino ilegal em São João da Madeira

Em comunicado, a ASAE esclareceu que realizou uma operação de prevenção criminal, no âmbito do combate ao jogo ilícito num estabelecimento de restauração e bebidas, onde se procedia de forma ilícita e camuflada à prática reiterada de jogos de fortuna ou azar, no concelho de São João da Madeira. Durante a ação, segundo a ASAE, foi possível verificar que nessas instalações existia uma secção oculta, de acesso restrito e condicionado, onde, durante o período noturno, se praticava de forma reiterada o jogo de póquer, bem como diversos jogos do tipo ‘slot machines’, envolvendo elevadas quantias monetárias. “Como resultado da operação, foi desmantelado este casino clandestino e aberto um processo-crime pela prática dos crimes de exploração de jogos de fortuna ou azar fora dos locais legalmente autorizados”, refere a mesma nota. De acordo com a ASAE, foram também apreendidas quatro máquinas de jogo de fortuna ou azar, concebidas para se assemelharem esteticamente às utilizadas em casinos legalmente constituídos, 305 euros em dinheiro, bem como diversa documentação indiciária e probatória da prática organizada dos ilícitos em investigação. Segundo a nota de imprensa, o valor total da apreensão ascendeu a 17.000 euros. A ASAE refere ainda que foram constituídos arguidos dois indivíduos e sujeitos a Termo de Identidade e Residência (TIR).

Partidos políticos condenam vandalismo no Monumento Evocativo da Muralha
Cidade

Partidos políticos condenam vandalismo no Monumento Evocativo da Muralha

O deputado municipal Pedro Pires da Rosa, eleito pelo Partido Socialista (PS), reagiu de imediato nas redes sociais. Apesar de recordar que "sempre" foi contra a construção deste monumento, deixou um "abraço de solidariedade democrática" e apelou à autarquia para que “apague o quanto antes os escritos” e divulgue os custos da intervenção. “Tenho esperança de que os meliantes se envergonhem do valor em que prejudicaram a comunidade e que naturalmente possam ser julgados pela prática deste crime público”, escreveu o socialista na sua página de Facebook. Também a Iniciativa Liberal (IL) condenou veementemente o vandalismo “como forma de protesto”. Em publicação nas redes sociais, o partido sublinhou que a “liberdade de expressão é um valor essencial em democracia”, mas que “a destruição ou o insulto não se justificam”. “O vandalismo apenas descredibiliza quem protesta e desvia o foco do verdadeiro problema”, lê-se. Sobre o próprio monumento, a IL considera que se trata de um “desperdício de recursos públicos” e defende que o espaço merecia “mais cuidado, mais integração urbana e menos vaidade”. “O resultado é um elemento dissonante, mal-enquadrado e sem valor acrescentado para os aveirenses. Aveiro precisa de investimento com propósito, não de obras simbólicas sem sentido”, remata o comunicado. João Moniz, dirigente da concelhia do Bloco de Esquerda (BE), também se pronunciou, condenando “este tipo de ações”. Para o bloquista, “a crítica em democracia não só é legítima como necessária e bem-vinda”, mas deve ser feita com “argumentos, debate e participação democrática”. “Em tempos de crescente demagogia e polarização, muitas vezes artificial, Aveiro merece mais”, concluiu. Por sua vez, Luís Souto de Miranda, presidente da Assembleia Municipal de Aveiro e candidato pela Aliança Mais Aveiro à CMA às eleições autárquicas afirmou que “está na moda vandalizar monumentos”, criticando o que classificou como uma tendência de “atitudes verdadeiramente insolentes para com políticos, atirando tintas ou gritando insultos”. Para o autarca, este tipo de ações revela “uma crise de valores e uma ausência da mais elementar educação”. Recorde-se que o monumento em questão integra o projeto de requalificação do Adro da Sé de Aveiro, num investimento global superior a 740 mil euros, e foi concebido para evocar simbolicamente a antiga muralha da cidade. A Ria contactou a CMA, mas até ao momento não obteve qualquer comentário sobre o incidente.