RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

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Dia D: PSD-Aveiro decide hoje à noite se indica Ângela Almeida ou Catarina Barreto para a AR

Firmino Ferreira, presidente da concelhia do PSD-Aveiro, referiu, esta quinta-feira, 20 de março, à Ria que Catarina Barreto, atual presidente de junta de Aradas e Ângela Almeida, atual presidente de junta de Esgueira e deputada à Assembleia da República (AR), vão a votos, esta noite, para a concelhia decidir quem integra a lista de deputados pelo PSD do círculo de Aveiro nas próximas eleições legislativas.

Dia D: PSD-Aveiro decide hoje à noite se indica Ângela Almeida ou Catarina Barreto para a AR
Isabel Cunha Marques

Isabel Cunha Marques

Jornalista
20 mar 2025, 16:59

A concelhia do PSD-Aveiro reúne esta noite, 20 de março, pelas 21h30, na sede do partido, na Avenida Lourenço Peixinho, para decidir que pessoa vai indicar para integrar a lista de deputados do círculo de Aveiro, nas próximas eleições legislativas. O nome será, posteriormente, analisado e decidido pela Distrital e pela Nacional do partido.

Confrontado com os nomes de Catarina Barreto e Ângela Almeida, Firmino Ferreira, presidente da concelhia do PSD-Aveiro, confirmou à Ria que estas foram, por enquanto, as únicas propostas [de nomes] que recebeu. “Existem mais possibilidades, embora, não propostas. Felizmente, nós temos aqui um conjunto de pessoas que poderiam ser indicadas, mas existiram duas que se disponibilizaram e, portanto, dentro deste quadro pensamos que qualquer uma delas pode perfeitamente desempenhar as funções [de deputada à AR]”, exprimiu. “Por isso, a Comissão Política irá pronunciar-se logo sobre aquela que está em melhores condições de desempenhar o perfil e a função”, completou.

À Ria, o presidente da concelhia do PSD-Aveiro disse ainda que logo serão apenas estes dois nomes sujeitos à votação, “embora as portas não estejam fechadas”. “Sempre referi isto no seio da Comissão Política e digo a todos… Se me aparecesse alguém que se disponibilizasse, conforme as duas candidatas (...), naturalmente que também acolheria o nome para ser discutido”, frisou.

Ao contrário do PS-Aveiro que terá indicado dois nomes para a lista de deputados do círculo de Aveiro, tal como noticiado pela Ria, Firmino Ferreira adiantou que, no caso do PSD, apenas será indicado um desses nomes [Catarina Barreto ou Ângela Almeida]. “Sairá, garantidamente, um desses dois nomes. Só indicaremos uma candidata. Foi pedido por sugestão e recomendação da Nacional e da Distrital que cada concelhia indique um candidato”, explicou. O presidente da concelhia acrescentou ainda que a Nacional não se “oporá” na escolha de qualquer um desses nomes, referindo que “aceitarão aquilo que é a nossa indicação sem qualquer problema”.

A Ria contactou também Ângela Almeida e Catarina Barreto para perceber se confirmavam disponibilidade para serem indicadas na reunião de logo para a lista de deputados do PSD no círculo de Aveiro. Ambas confirmaram a pretensão.

Em conversa com a Ria, Ângela Almeida, deputada à Assembleia da República nesta legislatura que agora terminou, relembrou que o seu ciclo “foi interrompido”, por força das eleições legislativas antecipadas, e que está “obviamente” disponível para continuar com esse cargo. “Obviamente, o ciclo foi interrompido porque a oposição assim o quis. É um trabalho que não está terminado e estamos aqui para continuar este trabalho”, frisou.

Questionada se continua a ter o perfil para ser deputada, a presidente de junta de Esgueira exprimiu que “gosta muito pouco de ser advogada em causa própria”. Contudo, deixa um recado “não cheguei a deputada por autoproposta, cheguei por indicação e é assim que eu vejo a política”. E acrescenta: “Portanto, se há um ano - nem tanto - fui a indicação do partido em Aveiro, é um processo… Nem sequer estou preocupada com isso (…) Há um perfil definido pela Nacional, portanto, o perfil está indicado”, assegurou.

Ângela Almeida disse ainda que acredita que Aveiro manterá “um bom lugar”. “Portanto, aquilo que eu acho é que devemos manter - ou pelo menos tentar manter - o lugar que temos. Fizemos um bom trabalho, acho que temos todos que nos orgulhar do trabalho que está feito pelo nosso Governo, a nível nacional e, por isso, é manter”, reforçou.

Relativamente a outros nomes em equação, a também presidente de junta preferiu não avançar com nenhum. “Todos nós que andamos na política podemos querer ser tudo. Isso é uma questão que tem de falar com essas pessoas. Não sei se há outros nomes…”, considerou.

Por sua vez, Catarina Barreto não vê no nome de Ângela Almeida a solução para o partido. “Como é que uma pessoa que não tinha disponibilidade para assumir a concelhia há três semanas tem disponibilidade para ser candidata a deputada? Questiono isto. Não consigo entender… Como há três semanas está com indisponibilidade pessoal para assumir a concelhia no momento em que a cidade precisou e o PSD precisou. Agora tem disponibilidade... Muito bem”, desabafou.

Para esta, o seu nome tem o “perfil” para ser a escolha da concelhia na reunião de logo. “Acho que tenho todas as características necessárias e tenho o perfil, como é óbvio. Um perfil adequadíssimo. Aliás, pela minha própria natureza da profissão e porque eu já demonstrei do que sou capaz”, sublinhou a advogada aveirense.

Catarina Barreto partilhou à Ria que quer alinhar Aveiro “com a estratégia nacional para beneficiar a cidade”. “Tenho disponibilidade para servir o partido no que for necessário e útil. Entendo que o partido, neste momento, e os nossos representantes devem estar alinhados com a estratégia nacional e com o nosso futuro presidente da Câmara”, defendeu. “Aveiro tem perdido em todos os campos… Nos pórticos [da A25], na ampliação do hospital, etc. Uma série de posições que Aveiro tem perdido junto do Governo”, continuou.

Numa etapa final da conversa e, novamente, sobre o nome de Ângela Almeida, Catarina Barreto recordou ainda os resultados das últimas eleições legislativas. “(…) Basta analisarmos a votação que a freguesia de Esgueira teve nas legislativas e que outras freguesias tiveram”, atirou. Recorde-se que nas últimas eleições legislativas, em 2024, o PSD em Aradas conquistou 38,59% dos votos e em Esgueira 28,99% dos votos, uma diferença significativa que Catarina Barreto quis recordar.

A Ria sabe que esta situação está a gerar muito nervosismo e tensão no seio da concelhia do PSD-Aveiro e há receio que este processo resulte em novas divisões num momento em que tudo parecia acalmar. Alguns militantes que a Ria quis ouvir falam mesmo numa situação complexa. Segundo os mesmos, se Ângela Almeida não for indicada, isso pode resultar numa nova demissão na Comissão Política e, se Catarina Barreto não for a escolhida, há receio que isso tenha impacto na freguesia de Aradas, onde o partido tem somado vitórias importantes.

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Começando por se referir às críticas diretas que Luís Souto de Miranda tem vindo a fazer a si próprio nas diferentes apresentações, Alberto Souto de Miranda escreveu que tem “pena” que o candidato da Aliança não resista a um “ataque pessoal”. Seguiu dizendo que, “aos poucos”, o candidato da ‘Aliança’ “dá-se a conhecer”. “Os aveirenses começavam a pensar que não tinha nenhuma ideia. Afinal tem. Só que as ideias boas não são suas e as suas ou são muito vagas ou são mesmo péssimas”, atira. Recorde-se que, esta quarta-feira, durante a apresentação de Glória Leite, Luís Souto de Miranda apresentou “seis áreas” do seu programa eleitoral. Entre as propostas que considerou positivas, mas não originais, o candidato do PS destacou o Parque das Barrocas, o Parque Central, a recuperação dos passeios e a criação de um Museu de Arte Contemporânea, referindo: "É certo que ficou calado, em silêncio conivente, doze anos, mas ainda bem que como vereador votará a favor”, atira.  Já sobre as propostas que classificou como “vagas”, apontou a recuperação do Bairro da Beira-Mar, a melhoria dos transportes, a melhoria da fluidez na Avenida Lourenço Peixinho e a oferta de habitação, afirmando que se trata apenas de “intenções” e que "de concreto nada”. “Todos somos a favor. Mas até agora só eu concretizei como o fazer”, escreve.  Quanto às ideias que considera mesmo “muito más”, Alberto Souto de Miranda referiu quatro casos: a defesa da construção de um edifício de 12 andares junto à rotunda do Marnoto, nos terrenos da “antiga Bóia & Irmão”, que descreveu como um "aleijão urbanístico" e comparou ao “prédio Coutinho”; a massificação dos terrenos da antiga Lota com construção, contrapondo que prefere "pouca construção e mais árvores"; a proposta de construção da nova Escola Homem Cristo "a todo o vapor", criticando a ausência de localização concreta e questionando se o objetivo é "meter o Rossio na Betesga"; e a ideia de recuperar o sal de Aveiro como "ouro branco", considerando-a ilusória e desrespeitosa para com os poucos marnotos ainda em atividade. O candidato socialista reagiu ainda às críticas relacionadas com a sua residência, escrevendo: "Estou surpreendido por ele continuar a atacar os seus: não havia necessidade de lembrar que o Eng. Ribau Esteves sempre viveu na Gafanha… Não havia necessidade de chamar a atenção para o facto de a Drª Glória Leite viver em Mataduços e não na freguesia a que é candidata”. E respondeu: “Sim, sou de Aveiro, há seis anos mais do que ele. E sempre vivi lá, com muita intensidade, mesmo quando lá não resido”. Terminou o texto apelando ao candidato da ‘Aliança’ para que eleve “o debate para lá do código postal”. “Tudo farei para manter um Código de Ética”, afirmou.

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Segundo uma nota camarária, a empreitada de reabilitação do Edifício Centro Cultural da Taipa, tem um valor base de 423.519,05 euros e um prazo de execução de 180 dias. A autarquia justifica esta intervenção com a necessidade de corrigir patologias identificadas no edifício, melhorando as condições de segurança, conforto e funcionalidade para os utilizadores deste equipamento cultural. “Reconhecendo a relevância deste espaço para a dinâmica social e artística local, a Câmara avança agora com a requalificação do edifício, com o objetivo de o dotar de condições adequadas para acolher ensaios, apresentações e processos de criação artística, ao serviço da comunidade e do reforço da oferta cultural do município”, refere a mesma nota. A autarquia assumiu em maio a gestão do Centro Cultural da Taipa, destinado ao desenvolvimento de atividades culturais, na sequência de um contrato de comodato celebrado com a Junta da União de Freguesias de Requeixo, Nossa Senhora de Fátima e Nariz.

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Em comunicado, a autarquia refere que a proposta de adjudicação foi aprovada na reunião privada do executivo municipal, que se realizou esta manhã. A empreitada de reabilitação dos guarda-corpos metálicos do Estádio Municipal de Aveiro – Mário Duartefoi adjudicada por 540.188,50euros, abaixo do valor base fixado em 625.400 euros, e um prazo de execução de 180 dias. Segundo a autarquia, a intervenção tem caráter preventivo, mas inclui também zonas de reabilitação profunda, com o objetivo de recuperar as estruturas metálicas de proteção e vedação, que desde a inauguração do Estádio, em 2003, nunca tinham sido alvo de uma intervenção global de manutenção. "Trata-se de uma das primeiras ações inseridas no plano de investimento progressivo e estruturado de qualificação do Estádio Municipal, com intervenções por tipologia, assegurando as condições de segurança e longevidade da infraestrutura desportiva de maior dimensão do município", conclui a nota.

‘Aliança Mais Aveiro’ apresenta candidatura em Glória e Vera Cruz com ausência de Fernando Marques
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A apresentação da candidata Glória Leite à Junta da União de Freguesias de Glória e Vera Cruz, pela coligação ‘Aliança Mais Aveiro’ (PSD/CDS-PP/PPM), decorreu esta quarta-feira, em pleno centro da cidade, na Praça Melo Freitas. Ainda antes do início do evento, já se fazia notar uma considerável moldura humana. O ambiente foi animado por um músico ao vivo, acompanhado de um violino, num palco improvisado pela coligação, que atraiu dezenas de apoiantes e curiosos — muitos dos quais aproveitaram para registar o momento em vídeo. Curiosamente, esta mesma praça já foi, em tempos, um espaço de referência para os artistas de rua em Aveiro. Nos últimos anos, porém, vários artistas têm denunciado dificuldades impostas pela autarquia, tal como avançado pela Ria, particularmente no que diz respeito à obtenção de licenças para ali poderem atuar livremente. Questionado pela Ria sobre se a escolha de um número musical para abrir o evento simbolizava maior apoio aos artistas de rua e à cultura local, Luís Souto de Miranda, candidato da ‘Aliança’ à Câmara Municipal de Aveiro, garantiu que a sua proposta passa pelo diálogo: “Vamos ouvir todos”, afirmou. “Eu tenho por norma sentar as pessoas à mesa e ouvir os argumentos de uns e de outros. É evidente que também não podemos deixar isto virar uma selva urbana”, sublinhou, mostrando-se disponível para construir consensos. O candidato reforçou ainda a importância da animação cultural contínua na cidade: “Precisamos de muita animação nas nossas ruas. Como disse no meu discurso, temos uma grande manifestação cultural de rua, que é o Festival dos Canais, mas é preciso mais. Eu quero animação o ano todo”, afirmou. Luís Souto de Miranda adiantou ainda que não descarta a criação de um regulamento municipal específico para os artistas de rua, de forma a garantir “regras claras” para todos. Além deste pormenor, houve um outro detalhe que não passou despercebido a quem marcou presença na Praça Melo Freitas: a ausência de Fernando Marques, atual presidente da Junta de Freguesia de Glória e Vera Cruz. Ao contrário do que tem sucedido nas restantes apresentações da coligação, o autarca não esteve presente no evento, nem o seu nome foi referido nos discursos de Luís Souto de Miranda ou de Glória Leite. Recorde-se que Fernando Marques é uma figura histórica do Município de Aveiro, tendo liderado a União de Freguesias de Glória e Vera Cruz ao longo dos últimos 12 anos. Não poderá recandidatar-se nestas eleições por ter atingido o limite legal de mandatos consecutivos. Confrontado com a ausência do autarca, Luís Souto de Miranda referiu que “este é um momento de apontar para o futuro”. “Nós temos todo o respeito pelo trabalho. Haverá um momento obviamente em que será feita a despedida do atual presidente, mas este era o momento da professora Glória e daí não ter havido especiais referências porque as pessoas queriam saber o que ‘Aliança’ pensa para o futuro. Não é muito o dia hoje das homenagens”, justificou. Questionado sobre o facto de Fernando Marques ter sido, até ao momento, o único presidente de Junta da coligação a faltar às apresentações, o candidato respondeu: “Terá de perguntar ao senhor presidente de Junta”, sublinhando que não foram feitos convites individuais para o evento. “Nós convidamos toda a população a estar presente. Isto é um espaço aberto. (…) Eu pessoalmente não fiz convites a ninguém, apenas convites gerais, através das redes sociais e outros meios”. Apesar da ausência, o candidato sublinhou o valor do autarca: “É um histórico autarca que nós prezamos pelo trabalho que fez ao longo de muitos anos. É um servidor público a quem Aveiro está muito grato. Isso não há dúvida nenhuma. Será reconhecido na altura certa. (…) Não esteve aqui presente se calhar também por razões pessoais optou por não estar presente”, insistiu. Sobre se essa ausência poderia ser um sinal de descontentamento com a escolha da candidata, Luís Souto reafirmou que “isso terá de lhe perguntar a ele”. “Não há assim razão nenhuma. Todos os presidentes atuais foram previamente auscultados. Isso é que é importante as pessoas saberem. Depois dessa auscultação escolhemos as soluções que achamos que eram melhores para o futuro da nossa cidade, do nosso Município”, relembrou. Por sua vez, Glória Leite, em entrevista à Ria, mostrou-se consciente de uma certa discordância, ao afirmar que gostaria que o autarca estivesse “ao nosso lado”, mas que “tal não é possível, pois todos temos as nossas idiossincrasias e são opções pessoais”. “Eu não sou de criar barreiras, sou de criar pontes. Ao longo do caminho, tentei isso, mas não tem sido possível. Pode ser que até ao fim ainda consigamos”, exprimiu, realçando que é uma mulher de “esperança e otimista”. Ainda assim, a candidata realçou o valor do trabalho realizado por Fernando Marques: “O senhor Fernando tem um trabalho exemplar na União de Freguesias que deve ser muito respeitado e preservado. É isso que nós devemos fazer. Tanto é que dei ênfase à parte que está feita e que deve ser consolidada”, reforçou. Já durante a sessão de apresentação, o primeiro a tomar a palavra foi Luís Souto de Miranda. Ao longo do seu discurso, fez questão de sublinhar a “emoção particular” que sentiu por estar a apresentar a candidatura de Glória Leite naquele espaço central da cidade. “É um local cheio de história. Nós temos aqui este obelisco que representa uma homenagem que foi feita à liberdade”, referiu, numa alusão à figura de José Estêvão. No seguimento, fez ainda questão de reforçar que é um “filho desta freguesia”. “Nasci aqui, tenho de dizer aqui que de facto eu sou ceboleiro, não sou cagaréu, mas (…) posso dizer que sou um filho desta União de Freguesias”, disse. “Portanto, nasci aqui, sou residente aqui”, continuou. À semelhança do que tem feito noutras apresentações, o candidato da ‘Aliança Mais Aveiro’ aproveitou o momento para criticar Alberto Souto de Miranda, candidato do Partido Socialista (PS) à Câmara de Aveiro, realçando que o mesmo não reside em Aveiro. “Acho que também já é altura de termos alguém que vive aqui, que vive os nossos problemas, também paga as taxas que vai decretar”, atirou. Virando o discurso para o futuro de Aveiro e da União de Freguesias de Glória e Vera Cruz, Luís Souto de Miranda afirmou querer construí-lo com uma “renovada energia, determinação e vontade de fazer mais por Aveiro”. “A professora Glória personifica este querer fazer mais.Não lhe faltam qualidades”, comparou. Falando diretamente sobre a candidata, acrescentou: “É um exemplo de força, de vontade, de persistência e de que na vida nada se alcança sem esforço, disciplina, rigor e vontade de vencer os desafios”. Respondendo indiretamente às críticas que apontavam um eventual conflito de interesses pelo facto de Glória Leite ser, atualmente, diretora do Agrupamento de Escolas José Estêvão, Luís Souto de Miranda assegurou que: “A professora Glória, que estamos hoje aqui a apresentar, não precisa de mais um cargo para se evidenciar, não precisa de resolver a sua vida pessoal com o cargo de junta de freguesia”. “A Glória está aqui por uma razão, porque ama a sua freguesia e ama Aveiro.A Glória está aqui porque quer mesmo fazer coisas boas pela comunidade”, reforçou. Também em entrevista à Ria, Glória Leite reconheceu que têm existido “algumas tentativas” de levantar dúvidas sobre a compatibilidade entre os dois cargos, mas garantiu que só aceitou o convite porque a lei o permite. “Se não fosse compatível, eu não teria aceitado”, afirmou. “A lei prevê que um diretor possa exercer o cargo de presidente de junta em regime de não permanência, sem auferir qualquer vencimento — mantém-se o vencimento de origem na escola — mas assumindo integralmente a responsabilidade executiva”, explicou. Para que essa conciliação funcione, destacou a importância de ter equipas sólidas em ambas as frentes: "Tenho de ter uma equipa forte na União de Freguesias e uma equipa forte na escola e é isso que pretendo”. Lembrou ainda que não se trata de uma situação inédita, apontando o exemplo de Filinto Lima, atual presidente da Junta de Freguesia de Oliveira do Douro e, simultaneamente, diretor do Agrupamento de Escolas Dr. Costa Matos. “O que temos de ter sempre na vida? Bom senso, equilíbrio e discernimento para saber quando estamos num papel e quando estamos no outro”, rematou. Ainda na apresentação, Luís Souto de Miranda revelou também que muitos se questionaram por Glória Leite ser candidata independente pela ‘Aliança’. Aproveitou o momento para citar o Luís Montenegro, primeiro-ministro, sublinhando que “temos de trazer os bons para a política, sem exigir cartão de partido”. Aproveitando o perfil da candidata, Luís Souto de Miranda destacou o seu “rigor” — qualidade que, segundo o próprio, é fundamental também na gestão autárquica — e lançou nova crítica ao PS: “Precisamos de rigor para não voltarmos ao tempo do descrédito. Os aveirenses já tiveram a sua troika, já pagaram os seus impostos, os desvarios do passado da governação socialista da Câmara Municipal”, apontou. Para reforçar a diferença entre a gestão atual e a anterior, deu como exemplo o prazo médio de pagamento a fornecedores por parte da Câmara de Aveiro, afirmando que atualmente é de apenas “quatro dias”. “Sabem qual era o prazo de pagamento aos fornecedores no tempo da governação socialista? Não havia prazo.Era a perder de vista”, respondeu, classificando essa realidade como uma falta de respeito para com os pequenos empresários, associações, clubes e até juntas de freguesia. “Nós não estamos para esse peditório. (…) O dinheiro público é de todos nós e exige rigor na sua aplicação”, reforçou. Já sobre os projetos para o futuro da cidade, o candidato da ‘Aliança Mais Aveiro’ destacou a antiga lota como uma “oportunidade única” e lamentou a postura dos partidos da oposição, que se têm mostrado críticos face à proposta do executivo para aquele espaço que prevê, entre outros aspetos, a criação de habitação e de um hotel. “Chega de conversa fiada e de intelectuais de pacotilha que estão sistematicamente a atrasar o desenvolvimento da nossa terra”, criticou. “O presidente Ribau Esteves conseguiu, após uma luta de anos, (…) que esta área da antiga lota viesse para a esfera municipal.Já foi feito o concurso de ideias.Certamente haverá ajustes, mas não é tempo de andar a repensar tudo”, continuou. Recorde-se que, na passada segunda-feira, 21 de julho, a Iniciativa Liberal (IL) propôs uma alternativa ao plano em curso, sugerindo a criação de um “novo centro de vida urbana” na antiga lota e rejeitando “mais luxo à beira-ria”. Em resposta às críticas e sugestões apresentadas pela oposição, Luís Souto respondeu: “É muito bonito propor ideias muito lindas e o dinheiro senão sair das receitas previstas acreditem que a fatura é de cada um de vocês que está aqui a assistir”. Para o candidato aquele espaço será a “futura joia da coroa de Aveiro”. “Será um espaço nobre para andarmos lá a passear, para as atividades náuticas.Aveiro tem uma tradição náutica que não pode perder, pelo contrário, temos de expandir”, sublinhou. Já sobre a Zona do Cais do Paraíso — alvo de críticas recentes da oposição, nomeadamente do Bloco de Esquerda (BE), que classificou o projeto de hotel previsto como um “mamarracho” - Luís Souto de Miranda voltou a criticar o posicionamento dos partidos da oposição. “Agora que se arranjou uma solução para um problema de décadas, uma vergonha às portas da cidade, lá vem novamente o coro dos ‘velhos do Restelo’”, ironizou. “Nós queremos que aquela área seja valorizada, que se torne um local de excelência [e] preservar aquele moinho que ali está”, sintetizou. Abordando, desta vez, a zona da Beira-Mar e da Praça do Peixe — precisamente o local onde decorreu a sessão —, o candidato da ‘Aliança’ sublinhou a necessidade de reforçar a segurança na freguesia, tanto ao nível da circulação rodoviária como nos espaços públicos. “A prevista videovigilância vai mesmo avançar. Haverá zonas específicas que o justificam. Eu estou farto, mas mesmo farto de ver atos de vandalismo na minha terra”, exprimiu. Referindo-se ao seu programa eleitoral, Luís Souto de Miranda apresentou “seis áreas”, sublinhando que se trata de compromissos “mesmo para cumprir”. “Mais vale prometer pouco e fazer do que anunciar muitos sonhos que se podem traduzir em pesadelos para os contribuintes aveirenses”, atirou. A primeira dessas áreas prende-se com a melhoria do espaço urbano e das vias de comunicação na cidade. Entre os exemplos referidos, destacou a necessidade de eliminar os buracos nos passeios e de melhorar as condições das ruas, sobretudo para pessoas com deficiência. Ainda neste ponto, anunciou que está previsto um concurso público, “em breve”, para uma intervenção profunda no bairro da Beira-Mar. “Será já no nosso mandato que essa recuperação irá avançar e ser concluída”, garantiu. O candidato da ‘Aliança’ frisou ainda a urgência de melhorar a acessibilidade pedonal e a fluidez do trânsito automóvel na Avenida, apontando como solução o reforço das condições de segurança e a expansão das vias cicláveis. Quanto aos transportes públicos, admitiu que, embora tenham sido feitas melhorias, ainda há trabalho por fazer. “Não há dúvida de que é preciso repensar a oferta de transportes públicos”, disse, defendendo também o incentivo à utilização dos parques periféricos em articulação com os transportes coletivos. Como segundo eixo do seu programa, Luís Souto de Miranda propôs tornar a cidade — e particularmente a freguesia — “mais verde e mais amiga do desporto informal”. “Quero que cada bairro tenha um apontamento paisagístico que torne a cidade mais bonita, mais agradável”, explicou. “Em cada bairro um recinto, pode ser muito simples, mas que permita que os miúdos, ou mais graúdos, brinquem e joguem, que é algo que nos faz muita falta. Não podemos ter só locais para estarem sentados a fazer scrolling no telemóvel”, acrescentou. No âmbito das requalificações de espaços públicos, manifestou ainda o desejo de intervir no Parque Infante D. Pedro, de avançar com o Parque das Barrocas e de concretizar, por fases, o que chamou de “futuro grande parque da cidade”, previsto para a zona do pavilhão do Galitos, em função dos meios disponíveis. Como terceiro grande objetivo, o candidato da ‘Aliança’ propôs aumentar a atratividade de Aveiro, tanto para visitantes como para residentes. “É ótimo fazer um passeio de moliceiro (…), mas as pessoas vão dizendo: falta aqui qualquer coisa. O Festival dos Canais é excelente, mas há quem defenda que precisamos de mais atratividade”, observou. Nesse sentido, defendeu a criação de uma programação cultural consistente “ao longo do ano”, com iniciativas que reforcem os motivos para visitar a cidade — e, sobretudo, para nela permanecer. Como exemplo prático, destacou o Ecomuseu do Sal, iniciativa que considerou “excelente”, propondo o alargamento do conceito com a criação de um novo polo dedicado ao sal, nas suas diversas vertentes. “O sal pode voltar a ser o nosso ouro branco”, afirmou, sublinhando a importância de uma estreita colaboração com a Universidade de Aveiro para concretizar este desígnio. Valorizando também a preservação das tradições locais, Luís Souto de Miranda assegurou que “tudo o que seja reavivar, preservar e divulgar as nossas tradições contem connosco”. Neste âmbito, propôs o regresso da Feira de Artesanato de Aveiro (FARAV), evento que, recordou, “tanto êxito teve há uns anos atrás com a participação de várias entidades”. Por fim, apontou ainda a criação de um centro de arte contemporânea como um dos projetos emblemáticos para a cidade: “Uma referência a nível nacional e, porque não, a par com o que melhor se faz por essa Europa fora”. Como quarta grande prioridade, o candidato da ‘Aliança’ assinalou a habitação, classificando-a como “o problema número um — em Aveiro, em Portugal e em toda a Europa”. Defendeu a necessidade de “dar força aos projetos de habitação a custos controlados” já previstos para o concelho. Apesar de pertencer ao partido que lidera o Governo, garantiu que isso não condicionará a sua atuação. “Eu sou do partido do Governo, mas que ninguém pense que estarei de braços estendidos a pedir favores. Eu vou fazer uma cooperação estratégica com o Governo, para garantir que este assume as suas responsabilidades. E nesta área da habitação, é o Governo que tem a primeira palavra”, vincou. Luís Souto de Miranda acrescentou que há margem para “ser mais ambicioso” e explorar oportunidades para habitação acessível mesmo no centro da cidade. No entanto, advertiu que esse processo exige “uma concertação ótima entre a Câmara Municipal e o Governo”. E concluiu: “Os aveirenses decidirão, mas, de forma muito racional, penso que será mesmo melhor para Aveiro termos dois Luíses à frente: um na Câmara e outro no Governo”. Como quinto eixo abordou a questão da educação, garantindo que irão avançar “a todo o vapor” com a construção da nova Escola Secundária Homem Cristo. Por fim, falou sobre a saúde, insistindo que “Aveiro não pode esperar mais pela expansão do hospital”. “É inadmissível o que têm feito a Aveiro. São anos após anos. Parece que estão a gozar connosco”, confessou. Reforçando a crítica ao PS, questionou a pertinência de “voltar à discussão de há 20 anos” sobre a localização do hospital, perguntando diretamente: “Vocês acham que isso é bom para Aveiro nesta altura?” Na sua intervenção, Glória Leite confessou ter-se inspirado em José Estêvão, citando-o ao longo do discurso: “Os títulos em que fundo a minha candidatura são a inocência da minha vida política e a minha constante dedicação pelas coisas da nossa terra”. “Estar em Aveiro implica disponibilidade, exigência, visão, planeamento, proatividade e inovação”, acrescentou a candidata. Além das linhas apresentadas por Luís Souto de Miranda, Glória Leite sublinhou ainda a intenção de melhorar a comunicação com os fregueses, propondo a ampliação do horário de funcionamento, a aposta em canais online e a criação de uma linha de apoio para o relato de questões e problemas. Garantiu a manutenção dos “cabazes de Natal” e do “passeio sénior anual”, mas destacou que “queremos uma freguesia sem solidão, com um programa intergeracional com valência múltiplas”. Apostando no voluntariado, tanto jovem como sénior, a candidata explicou: “Temos pensado num programa que envolva as várias faixas etárias, com mais ou menos experiência de vida, mas com benefícios para todos”. Nesse sentido, anunciou que será implementado o serviço gratuito de “cuidador de proximidade”, destinado a apoiar em pequenas tarefas domésticas e no acompanhamento daqueles que mais precisam. Glória Leite reforçou o compromisso com a cultura e o desporto, explicando que pretendem “fazer acontecer mais Aveiro com ação, visão e compromisso, dando particular relevância à ligação entre a cultura, incluindo todas as vertentes culturais, e o desporto, com as associações e clubes que têm demonstrado toda a disponibilidade para participar num programa social de dinamização cultural anual da União de Freguesias, em diferentes locais”. A candidata destacou ainda a importância de “unir gerações, fomentar a captação de talentos para as nossas associações e clubes e fazer dos eventos uma normalidade, respeitando quem cá mora e aqueles que escolheram a cidade como sua”. Sobre o desporto, apontou que “os espaços que estão à nossa volta necessitam de intervenção urgente para que possam ser fruídos por todos, para que sejam fator de promoção da atividade física na nossa cidade”. Entre as prioridades estão a dinamização do Parque Infante D. Pedro, a requalificação dos bairros de Santiago e do Liceu, e a intervenção nos campos de basquetebol, futebol e ténis, para “colocar os vizinhos a conviver, travar as solidões e promover a saúde mental”. Glória Leite apontou ainda a necessidade de reordenar o turismo, propondo que a União de Freguesias promova a mobilidade entre a estação e o centro da cidade, “feita com equilíbrio para existirem turistas em ambos os lados da freguesia”. Sugeriu também disponibilizar “informação consolidada, atualizada e de fácil acesso” com todos os pontos de interesse “cultural, etnográfico, material e imaterial”, assim como articular com o comércio e artesãos para a organização de eventos ao longo do ano. “Queremos ser uma União de Freguesias sustentável e amiga do ambiente. Queremos os parques verdes para as gerações, promotores de atividades para todas as idades, multiculturais, multifunções e inclusivos”, destacou. “Queremos as hortas no centro da cidade e também as queremos em Vilar, e teremos estas como uma prioridade”, continuou. Sobre este último, disse que “a Ribeira de Vilar está no nosso programa como prioritária” e que acolhem “o projeto da Universidade do Minho, colaborando com a Câmara e com as outras freguesias da cidade”. Envolvendo as escolas, Glória Leite enfatizou que “os nossos fregueses mais novos têm de ser parte da solução. (…) Também com eles levaremos a cabo ações de limpeza comunitária nas margens e canais, em parceria com associações náuticas, ambientais e outras da freguesia”. Prometeu ainda melhorar a limpeza e manutenção dos cemitérios. Destacou a prioridade em “rebaixar os passeios e melhorar as acessibilidades em toda a cidade”, comprometendo-se a resolver, em cooperação com a Câmara e com Luís Souto, “a falta de estacionamento, a habitação e a melhoria da iluminação pública”. No final, assegurou que será sempre uma voz “exigente, ativa, independente, junto do nosso futuro presidente da Câmara”. “Seremos sempre uma voz firme,construtiva na defesa dos interessesda nossa União de Freguesias,com humildade e com muita alegria”, rematou.

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Alberto Souto critica propostas da ‘Aliança’ e apela a um debate “para lá do código postal”

Começando por se referir às críticas diretas que Luís Souto de Miranda tem vindo a fazer a si próprio nas diferentes apresentações, Alberto Souto de Miranda escreveu que tem “pena” que o candidato da Aliança não resista a um “ataque pessoal”. Seguiu dizendo que, “aos poucos”, o candidato da ‘Aliança’ “dá-se a conhecer”. “Os aveirenses começavam a pensar que não tinha nenhuma ideia. Afinal tem. Só que as ideias boas não são suas e as suas ou são muito vagas ou são mesmo péssimas”, atira. Recorde-se que, esta quarta-feira, durante a apresentação de Glória Leite, Luís Souto de Miranda apresentou “seis áreas” do seu programa eleitoral. Entre as propostas que considerou positivas, mas não originais, o candidato do PS destacou o Parque das Barrocas, o Parque Central, a recuperação dos passeios e a criação de um Museu de Arte Contemporânea, referindo: "É certo que ficou calado, em silêncio conivente, doze anos, mas ainda bem que como vereador votará a favor”, atira.  Já sobre as propostas que classificou como “vagas”, apontou a recuperação do Bairro da Beira-Mar, a melhoria dos transportes, a melhoria da fluidez na Avenida Lourenço Peixinho e a oferta de habitação, afirmando que se trata apenas de “intenções” e que "de concreto nada”. “Todos somos a favor. Mas até agora só eu concretizei como o fazer”, escreve.  Quanto às ideias que considera mesmo “muito más”, Alberto Souto de Miranda referiu quatro casos: a defesa da construção de um edifício de 12 andares junto à rotunda do Marnoto, nos terrenos da “antiga Bóia & Irmão”, que descreveu como um "aleijão urbanístico" e comparou ao “prédio Coutinho”; a massificação dos terrenos da antiga Lota com construção, contrapondo que prefere "pouca construção e mais árvores"; a proposta de construção da nova Escola Homem Cristo "a todo o vapor", criticando a ausência de localização concreta e questionando se o objetivo é "meter o Rossio na Betesga"; e a ideia de recuperar o sal de Aveiro como "ouro branco", considerando-a ilusória e desrespeitosa para com os poucos marnotos ainda em atividade. O candidato socialista reagiu ainda às críticas relacionadas com a sua residência, escrevendo: "Estou surpreendido por ele continuar a atacar os seus: não havia necessidade de lembrar que o Eng. Ribau Esteves sempre viveu na Gafanha… Não havia necessidade de chamar a atenção para o facto de a Drª Glória Leite viver em Mataduços e não na freguesia a que é candidata”. E respondeu: “Sim, sou de Aveiro, há seis anos mais do que ele. E sempre vivi lá, com muita intensidade, mesmo quando lá não resido”. Terminou o texto apelando ao candidato da ‘Aliança’ para que eleve “o debate para lá do código postal”. “Tudo farei para manter um Código de Ética”, afirmou.

Câmara de Aveiro lança concurso de 423 mil euros para requalificar Centro Cultural
Cidade

Câmara de Aveiro lança concurso de 423 mil euros para requalificar Centro Cultural

Segundo uma nota camarária, a empreitada de reabilitação do Edifício Centro Cultural da Taipa, tem um valor base de 423.519,05 euros e um prazo de execução de 180 dias. A autarquia justifica esta intervenção com a necessidade de corrigir patologias identificadas no edifício, melhorando as condições de segurança, conforto e funcionalidade para os utilizadores deste equipamento cultural. “Reconhecendo a relevância deste espaço para a dinâmica social e artística local, a Câmara avança agora com a requalificação do edifício, com o objetivo de o dotar de condições adequadas para acolher ensaios, apresentações e processos de criação artística, ao serviço da comunidade e do reforço da oferta cultural do município”, refere a mesma nota. A autarquia assumiu em maio a gestão do Centro Cultural da Taipa, destinado ao desenvolvimento de atividades culturais, na sequência de um contrato de comodato celebrado com a Junta da União de Freguesias de Requeixo, Nossa Senhora de Fátima e Nariz.

Educação sexual fora das escolas: docente da UA alerta para “silenciamento curricular e pedagógico”
Universidade

Educação sexual fora das escolas: docente da UA alerta para “silenciamento curricular e pedagógico”

A disciplina de Educação para a Cidadania foi lançada no ano letivo de 2017/2018 como projeto-piloto, tendo sido alargada, no ano seguinte, a todas as escolas e níveis de ensino básico. O programa inicial previa 17 domínios temáticos, incluindo direitos humanos, igualdade de género e educação para a saúde — esta última com conteúdos explícitos sobre sexualidade e prevenção de riscos. “A aplicação da disciplina era transversal, envolvendo diversas áreas curriculares e parcerias externas, como centros de saúde”, conforme recorda Patrícia Sá em entrevista à Ria. Até agora, estes conteúdos relacionados com a sexualidade eram de abordagem obrigatória em “pelo menos dois ciclos do ensino básico”. Contudo, como relembra a docente, a disciplina foi desde cedo envolvida em várias polémicas. Um dos episódios mais mediáticos ocorreu quando os pais de dois alunos recusaram que os filhos frequentassem as aulas de Cidadania, alegando que os conteúdos ensinados colidiam com os seus valores cristãos. Este caso acabou por desencadear um debate público mais alargado sobre o papel da disciplina no currículo escolar e sobre os temas que nela devem ser abordados. Em outubro do ano passado, Luís Montenegro, primeiro-ministro, anunciou, durante o congresso do PSD, tal como noticia a Renascença, a intenção do Governo rever o currículo da disciplina, afirmando que pretendia “reforçar o cultivo dos valores constitucionais e libertar esta disciplina das amarras a projetos ideológicos ou de fação”. Quatro dias depois, conforme avança o jornal Público, Fernando Alexandre garantia aos jornalistas que o Governo “não faz alterações em função de ideologia”, sublinhando que qualquer modificação ao guião da disciplina teria por base o parecer de um grupo de investigadores. Questionado sobre se os conteúdos como igualdade de género e sexualidade deveriam continuar [ou não] a serem lecionados na disciplina de Cidadania, o ministro respondeu que “podem ser” incluídos, mas que a questão passava por definir “como é que isso deve ser feito na sala de aula”. Há cerca de duas semanas, durante uma conferência de imprensa, o ministro da Educação, acompanhado pelo secretário de Estado, apresentou as linhas gerais da revisão da disciplina, conforme noticiado pelo Expresso. Na ocasião, afirmou que os temas relacionados com a sexualidade passariam a estar integrados no “domínio da saúde”. No entanto, ao consultar o documento que se encontra atualmente em consulta pública, não é possível encontrar qualquer referência explícita aos termos “sexualidade” ou “saúde sexual e reprodutiva” — ambos incluídos na versão de 2017 da Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania. Analisando em detalhe a dimensão da saúde no novo guião da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, verifica-se que, no primeiro ciclo do ensino básico, entre os conhecimentos previstos incluem-se metas como “expressar afetos através de uma comunicação positiva, respeitadora e assertiva” e “reconhecer que as pessoas são diferentes, física e mentalmente”. Já no segundo e terceiro ciclos, surgem objetivos como “respeitar questões relacionadas com a intimidade e a privacidade de cada pessoa” e “estabelecer relações interpessoais saudáveis, baseadas no respeito, na comunicação, na confiança e no consentimento”. No ensino secundário, as aprendizagens destacam-se pela ênfase no bem-estar e na convivência inclusiva, como “interagir com base no respeito e na confiança, sem discriminação” e “reconhecer a responsabilidade de cada indivíduo na saúde mental e no equilíbrio emocional, em prol do bem-estar individual e coletivo”. O termo “sexual” surge, por sua vez, na nova proposta apresentada na dimensão dos “direitos humanos”, aplicada ao terceiro ciclo do ensino básico, onde se lê: “Analisar casos históricos e atuais de violação dos direitos humanos (incluindo, entre outros, tráfico de seres humanos, abusos sexuais, violência de género, bem como violência contra pessoas com orientação sexual e identidade e expressão de género não normativas)”. Em conversa com a Ria, Patrícia Sá alerta que o novo documento pretende alterar “alguns pontos essenciais”. Segundo explica, “em primeiro lugar, reduz os 17 domínios temáticos, dos quais a Educação para a Sexualidade fazia parte de forma explícita, para apenas oito dimensões obrigatórias — sendo quatro transversais e quatro flexíveis”. “De facto, a Educação Sexual já não consta nas aprendizagens essenciais e apenas surge, de forma pontual, no contexto dos direitos humanos, e apenas no terceiro ciclo, nomeadamente no sétimo ano”, analisa. A docente sublinha ainda que a proposta “retira explicitamente os temas da sexualidade e da identidade de género e dá maior ênfase a áreas como o empreendedorismo, a literacia financeira e a segurança”. Além disso, destaca que a participação das famílias passa a ter um papel mais ativo na definição dos planos da disciplina, ao mesmo tempo que é criado um currículo nacional “mais padronizado” e com “menor autonomia” para as escolas. Apesar de reconhecer a importância de garantir igualdade de acesso, a docente alerta que esta mudança exige “cautela”. “A educação pública é regida pelo princípio da igualdade de acesso, e, portanto, o currículo comum pretende garantir que todos os alunos tenham a mesma oportunidade, independentemente da sua origem familiar ou da sua ideologia. Esta personalização curricular, quando é motivada por convicções — sejam religiosas, morais ou políticas — pode criar desigualdades educativas e excluir alunos de aprendizagens que são fundamentais”, reflete. No que diz respeito aos argumentos invocados para justificar a retirada explícita dos temas ligados à sexualidade, a docente alerta para aquilo que considera um grave retrocesso em matéria de direitos humanos e de educação sexual em Portugal. “Desde 1984 que existe educação sexual no sistema educativo português. Ao longo do tempo, o conceito evoluiu — inicialmente designava-se ‘Educação Sexual’, mais tarde passou a ser ‘Educação para a Sexualidade’, refletindo uma abordagem mais ampla e contextualizada”, conta. Segundo Patrícia Sá, este percurso tem sido de reforço e consolidação, culminando com a aprovação da Lei de 2009, que consagrou a obrigatoriedade da educação sexual nas escolas públicas. “Em 2010, o Ministério da Educação publicou inclusivamente um documento de orientações para a educação sexual em meio escolar, e em 2017 a Estratégia Nacional para a Cidadania passou a integrar a Educação para a Sexualidade”, recorda. Nesse sentido, a docente considera que o novo guião representa “um recuo de quatro décadas em avanços e de consenso político relativamente à presença da educação para a sexualidade no currículo”. Adverte ainda para o que descreve como um “silenciamento pedagógico e curricular”. “Há uma clara e intencional diluição de conteúdos fundamentais, construídos ao longo de décadas, que dizem respeito à igualdade de género, à sexualidade, à cidadania inclusiva e aos direitos humanos”, atenta. Para Patrícia Sá, esta mudança representa uma rutura com compromissos assumidos a nível nacional e internacional em matéria de igualdade e não discriminação. “Basta olhar para documentos como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, a Convenção sobre os Direitos da Criança ou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no âmbito da Agenda 2030. Todos eles sublinham a importância de uma educação orientada, de forma explícita, para a promoção da igualdade, da diversidade, da tolerância e da não discriminação — princípios que têm sido considerados nos desenvolvimentos curriculares em vários países, incluindo Portugal”, especifica. Caso se confirme a exclusão destes conteúdos do currículo escolar, a docente alerta para as consequências “absolutamente diretas” para os jovens. “Aliás, há dados. Existem estudos, inclusive realizados em Portugal, que comprovam estes impactos”, afirma. “Num contexto em que assistimos à normalização e até à proliferação de discursos de ódio, de mensagens homofóbicas entre jovens, e em que a violência no namoro continua a ser uma realidade alarmante, inclusive entre estudantes universitários, os relatos são chocantes: muitos jovens normalizam o controlo e a violência nas relações”. Patrícia Sá cita ainda os estudos do Observatório Nacional da Violência Escolar e da ILGA Portugal [Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo], que demonstram como os alunos LGBT+ são desproporcionalmente vítimas de bullying, exclusão e, em muitos casos, de abandono escolar. “A escola tem de ser um espaço seguro, onde conteúdos explícitos sobre identidade de género, orientação sexual, empatia e diversidade estejam presentes. Sabemos que esta presença reduz a violência e melhora o ambiente escolar”, reforça. Relembra ainda que a educação para a sexualidade, quando integrada de forma transversal desde os primeiros anos de escolaridade, é um instrumento fundamental de prevenção e de proteção. “Sem qualquer dúvida, é uma ferramenta essencial para proteger os mais vulneráveis — aqueles que são mais frequentemente alvo de discriminação e de violência, nomeadamente a violência de género”. Ao longo da conversa, a docente sublinha também que “educação para a sexualidade não é educação para o sexo”. “Muito pelo contrário”, frisa. “Uma educação para a sexualidade é uma educação que pretende promover exatamente conhecimento e dar ferramentas às crianças, aos jovens, para que ao longo da sua vida de forma adequada vão conseguindo construir conhecimento sobre a dimensão da sexualidade e em que vão aprender a estabelecer barreiras, a criar empatia, a identificar violência, a identificar bullying, a intervir de forma responsável, consciente e adequada”, continua. Insiste ainda que se trata de um “contexto livre de ideologia”. “A escola deve respeitar a diversidade, mas não se deve submeter à censura ou a um veto ideológico de grupos sociais, políticos e de grupos religiosos”, relembra. Esta terça-feira, 23 de julho, tal como noticiado pela RTP, Fernando Alexandre garantiu que a educação sexual na disciplina de Cidadania é para “manter”. Para o ministro da Educação foi feita uma “má interpretação da proposta que foi apresentada”. “Seria um retrocesso enorme se a educação para a sexualidade saísse das escolas e da formação dos alunos”, afirmou, garantindo ainda que “nenhum tema vai ser retirado do programa”. Em declarações aos jornalistas, o ministro sublinhou que as aprendizagens essenciais correspondem a uma “descrição muito sintética daquilo que vai ser trabalhado na disciplina (…) e, por isso, os conteúdos que têm vindo a ser discutidos que foram excluídos como, por exemplo, a educação sexual não é verdade”. Acrescentou ainda: “Primeiro, não é verdade na disciplina. Continua presente e pode ter mais densidade ou menos consoante a forma como for adotada no currículo. Aquilo que foi apresentado são as aprendizagens essenciais e depois a educação para a sexualidade está prevista na Lei n.º60/2009. (…) É uma matéria que é desenvolvida em várias disciplinas de uma forma interdisciplinar. Há projetos específicos nas escolas”. Durante a mesma intervenção, Fernando Alexandre deixou ainda um alerta para um tema que considera essencial e que, segundo o próprio, “ainda não viu discutido”: a formação dos professores. “No fundo, quem vai estar na sala de aula a dar seja a educação para a sexualidade, seja a literacia financeira”, resumiu. O ministro da Educação admitiu ainda que o prazo da consulta pública poderá ser alargado já que “desde terça-feira vários sites do Ministério da Educação registaram constrangimentos, chegando a ficar em baixo, incluindo a página da Direção-Geral da Educação, onde decorre a consulta pública”. Perante estas declarações, Patrícia Sá considera que se trata de uma tentativa de “suavizar a discussão”. “Quando nós olhamos para a nova proposta que é pública (…) de facto as questões da sexualidade são realmente retiradas. Elas estão remetidas a um ponto relacionado com os direitos humanos e com a saúde. (…) Penso que isso é uma tentativa de diluir e de suavizar, digamos assim, este silenciamento, que é um silenciamento curricular e pedagógico. Não está previsto. É uma lacuna. Há uma amputação, digamos assim, do documento orientador”, explica. Relativamente à formação dos professores considerou ser “absolutamente essencial”, ainda assim, recordou que as questões da educação para a sexualidade “estão previstas na formação inicial” de docentes. “A formação inicial dos professores e depois a nível do segundo ciclo, portanto, a nível do mestrado, têm unidades curriculares que abordam diferentes questões da estratégia nacional da educação para a cidadania (…) e, por exemplo, esta questão da educação para a sexualidade (…) é abrangida em diferentes unidades curriculares”, partilha. Uma das principais novidades da nova proposta apresentada é a introdução da dimensão da “literacia financeira e empreendedorismo” já no primeiro ciclo do ensino básico, passando a ser obrigatória em todos os anos de escolaridade. Na versão anterior, de 2017, a literacia financeira surgia integrada no segundo grupo, que era obrigatório apenas em “pelo menos dois ciclos do ensino básico”. Já o empreendedorismo aparecia de forma isolada, no terceiro grupo, com carácter opcional e aplicável a qualquer ano de escolaridade. Questionada sobre esta reformulação, Patrícia Sá é clara: “Eu acho que não é incompatível. Acho que podemos promover literacia financeira e empreendedorismo sem deixar cair a educação para a sexualidade”. “Receio, e isto é uma opinião pessoal, que isto tenha mais a ver com opções e discursos políticos, que depois se traduzem naquilo que se consegue perceber o que é e como funciona a escola, e até a própria educação e a sua finalidade”, remata.

Recuperação de estruturas metálicas do Estádio de Aveiro custa meio milhão de euros
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Recuperação de estruturas metálicas do Estádio de Aveiro custa meio milhão de euros

Em comunicado, a autarquia refere que a proposta de adjudicação foi aprovada na reunião privada do executivo municipal, que se realizou esta manhã. A empreitada de reabilitação dos guarda-corpos metálicos do Estádio Municipal de Aveiro – Mário Duartefoi adjudicada por 540.188,50euros, abaixo do valor base fixado em 625.400 euros, e um prazo de execução de 180 dias. Segundo a autarquia, a intervenção tem caráter preventivo, mas inclui também zonas de reabilitação profunda, com o objetivo de recuperar as estruturas metálicas de proteção e vedação, que desde a inauguração do Estádio, em 2003, nunca tinham sido alvo de uma intervenção global de manutenção. "Trata-se de uma das primeiras ações inseridas no plano de investimento progressivo e estruturado de qualificação do Estádio Municipal, com intervenções por tipologia, assegurando as condições de segurança e longevidade da infraestrutura desportiva de maior dimensão do município", conclui a nota.