PS apresenta José Eduardo Leite como candidato à Junta de São Jacinto e reforça críticas à Câmara
O Partido Socialista (PS) de Aveiro apresentou este sábado, 30 de agosto, em São Jacinto, José Eduardo Ferreira Leite como candidato à Junta de Freguesia. Ao longo da sessão, José Leite defendeu a gestão socialista e respondeu às críticas da coligação “Aliança com Aveiro” (PSD/CDS-PP/PPM). O candidato prometeu ainda reforçar os serviços públicos, preservar o património local e melhorar os transportes e a segurança. Por sua vez, Alberto Souto de Miranda, candidato do PS à Câmara de Aveiro, criticou a gestão da autarquia e anunciou medidas para o turismo, desporto e mobilidade na freguesia.
Redação
Foi no Salão Paroquial de São Jacinto que o PS de Aveiro apresentou José Eduardo Ferreira Leite como candidato à presidência da Junta de Freguesia. Tal como noticiado pela Ria, a escolha não constituiu surpresa, já que o socialista tinha liderado a lista do PS nas eleições intercalares de 2022, também em São Jacinto.
No seu discurso de apresentação, José Leite optou por começar a “afastar o elefante presente na sala”, numa referência direta às críticas sobre a gestão socialista no executivo da Junta. Recorde-se que essas críticas foram sublinhadas em julho, na apresentação de Cristina Gonçalves, candidata da coligação ‘Aliança com Aveiro’ (PSD/CDS-PP/PPM). Na altura, Cristina Gonçalves, Arlindo Tavares, atual presidente da Junta, e Luís Souto de Miranda, cabeça de lista à Câmara, responsabilizaram o PS por salários em atraso, penhoras, dívidas superiores a 700 mil euros e pelo que definiram como um verdadeiro “pesadelo” herdado em 2022.
O candidato pelo PS rejeitou essas acusações, defendendo ser preciso “destrinçar a realidade do mito daquelas mentirolas tão próprias destes períodos eleitorais”. “Pequenas, mas não inocentes porque seguem as recomendações de António Aleixo”, frisou. Ao procurar desmistificar essas críticas, José começou por abordar o papel do atual executivo na recuperação financeira da freguesia. Nesse ponto, apontou a falta de reconhecimento por parte da Câmara Municipal: “Fora de épocas eleitorais, de uma testemunha suspeita, Ribau Esteves, em carta dirigida à população de São Jacinto em maio de 2024, não lhe reconhece qualquer papel”. Ainda assim, o socialista admitiu mérito ao executivo local “pelo trabalho de recolha de documentação e contactos com os credores”, embora tenha frisado que esse processo “foi conduzido em audiência escrita com as instituições camarárias”.
Outra “mentirola” identificada pelo candidato foi a alegada extinção da freguesia. “Até podemos aceitar que possa ter surgido em desabafo à mesa do café ou no recato dos gabinetes, mas não é conhecida qualquer iniciativa que, de acordo com os normativos legais, pudesse levar a tal resultado”, afirmou.
José Eduardo Ferreira Leite abordou ainda a gestão de António Aguiar, eleito presidente da Junta pelo PS em 2021 e que renunciou ao cargo em julho do mesmo ano, poucos dias depois de a Câmara Municipal de Aveiro (liderada pela coligação) ter retirado à Junta a gestão do parque de campismo, alegando “graves e reiterados incumprimentos”. Sobre este ponto, o candidato socialista recordou que “o Tribunal de Contas fez uma primeira avaliação e nada comunicou ao Ministério Público, obrigatório em casos de suspeita de crime”.
Apesar disso, reconheceu que “houve alguma má gestão por parte de um autarca do Partido Socialista”. “A população de São Jacinto não gostou e castigou o PS nas eleições intercalares. Mas não temos de nos envergonhar. A gestão socialista marcou São Jacinto”, afirmou. Como exemplos, apontou o edifício da Junta de Freguesia, o complexo desportivo e o parque de campismo. Considerou ainda que o partido está presente nas “ruas e nos passeios, nas redes de água e saneamento”.
Na ocasião, Paula Urbano Antunes, presidente da concelhia do PS Aveiro, aproveitou ainda para recordar o discurso de José Ribau Esteves, presidente da Câmara de Aveiro, em novembro de 2022 [nas eleições intercalares], onde mostrou “disponibilidade para resolver os problemas do parque de campismo e para colaborar no equilíbrio financeira da junta de freguesia. No entanto, segundo a presidente da concelhia, São Jacinto continua a aguardar a “nova vida prometida”. No seguimento, acusou Ribau Esteves de ter “chantageado” a freguesia. “Fê-lo porque o presidente não era José Eduardo Ferreira Leite”, disse. “Este é um homem assertivo e reivindicativo. É de São Jacinto. Está em São Jacinto”, reforçou.
Quanto à gestão do atual executivo, José Leite descreveu-a como “sem tempo, nem disponibilidade para a população, ignorando-a e seguindo de forma subserviente as orientações camarárias”. A título de exemplo, apontou os problemas com os “transportes e os cães vadios”. “Agora, nos últimos meses, está à disposição para apoiar a população”, atirou.
Mobilidade e segurança entre os objetivos da candidatura socialista para São Jacinto
Sobre os princípios que guiarão a sua candidatura, o candidato à junta pelo PS caracterizou-os como “simples” e “básicos”. O primeiro objetivo será “ouvir a população” para perceber como “construir um futuro comum a todos”. “Avaliar os custos financeiros, garantir capacidade para suportar, definir objetivos e estabelecer prazos de concretização”, detalhou, garantindo que estes princípios também se aplicarão à Junta de Freguesia.
Posteriormente, apontou a melhoria dos transportes como prioridade: “A mobilidade é necessária para o trabalho, lazer e acesso a serviços. A falta de transporte público em áreas de baixa densidade contribui para o isolamento e para o despovoamento”, alertou, criticando o fim da “carreira 13” e a inexistência de uma “instalação sanitária” no cais do Forte da Barra. Criticou ainda os danos na estrada nacional e exigiu que a população de São Jacinto volte a usufruir da marginal “na sua plenitude”. “Está degradada (…), a regulamentação contra viaturas existe, mas não é aplicado”, frisou.
Apelando também à segurança local, José Leite afirmou que a população de São Jacinto “tem direito a esse bem-estar”. “Nós temos cá (…) quatro forças de segurança com competências em São Jacinto para além da Polícia Municipal e realmente passamos dias sem dar por ela”, atentou. O candidato alertou também para a limpeza de terrenos urbanos, para a ocupação do espaço público, para o reforço do turismo, para a melhoria da marina, para a regulamentação do alojamento local e para a criação de um parque campinho e de caravanas.
José Leite acrescentou ainda que pretende preservar “ao máximo” o património da freguesia, apontando o Parque da Lomba como exemplo, e garantiu apoio às associações locais. O candidato referiu ainda que, até aos dias de hoje, São Jacinto “não tem um espaço comunitário” e quer criar um serviço de apoio ao cidadão em coordenação com a Câmara.
Já na reta final do discurso, o candidato apontou o descontentamento da população, que considera estar “cansada de quatro em quatro anos, ser a única praia do concelho de Aveiro”. “Nos intervalos, o concelho preocupa-se apenas com o fácil acesso dos habitantes à Barra e à Costa Nova”, criticou.
Alberto Souto responde às críticas da Aliança e faz comparação com a Junta de Aradas
Seguiu-se a intervenção de Alberto Souto de Miranda que apelou à necessidade de São Jacinto sair do “marasmo” em que caiu “nos últimos 12 anos”. Em tom crítico, ironizou a inauguração da Piscina Municipal, realizada nesse mesmo sábado, lembrando que o equipamento “já existia há 40 anos”. O espaço foi alvo de uma requalificação profunda, num investimento de 730 mil euros da autarquia. “Toda a gente sabe em São Jacinto que a piscina foi construída no tempo do Dr. Girão. (…) Mas eles estão a tentar reescrever a história e o grande paragone é que vieram hoje inaugurar a piscina”, sublinhou, acusando a autarquia de querer passar um “atestado de burrice à população de São Jacinto”.
Dirigindo-se à coligação, a que chamou de “Aliança Contra Aveiro”, o candidato à Câmara pelo PS reconheceu apenas um mérito: o ferryboat. “Tudo o resto foi esquecido”, atirou. Ainda assim, sublinhou a necessidade de criar uma lancha de passageiros como transporte alternativo, para que, em caso de avaria, a população de São Jacinto não fique “isolada” nem “refém”.
Alberto Souto de Miranda questionou ainda a falta de respostas da autarquia para promessas antigas: “Como é que está o Parque de Campismo? (…) Onde está a tal Marina Atlântica? (…) Onde está o Complexo Desportivo? (…) Onde está a pista de bicicletas até à Torreira? (…) Onde está o parque de caravanas?”.
Em resposta às críticas da coligação sobre a gestão socialista em São Jacinto, voltou ao “elefante da sala” e lembrou: “Houve muito ruído, mas até agora não há nenhum processo-crime”. Para comparação, apontou a Junta de Freguesia de Aradas, liderada por Catarina Barreto, onde, segundo disse, “há muito ruído, muita tentativa de abafar esse ruído e já há vários processos”. Recorde-se que, como noticiado pela Ria no dia 21 de agosto, a Inspeção-Geral de Finanças (IGF) esteve a inspecionar a Junta de Aradas após uma queixa laboral apresentada por uma funcionária. Mais recentemente, a Ria teve ainda acesso a um documento assinado pela presidente da Junta, Catarina Barreto, datado de 11 de novembro de 2024, em que exigia ao líder do movimento independente Sentir Aradas, Gilberto Ferreira, o pagamento de cerca de três mil euros para disponibilizar documentos administrativos à oposição.
Aproveitando o momento para se dirigir diretamente a Luís Souto de Miranda, candidato da 'Aliança Com Aveiro' (PSD/CDS-PP/PPM) à Câmara, o candidato do PS partilhou com os presentes que este começou a semana na “caça ao voto” através da “demagogia fiscal”. “Começou a prometer que baixa impostos. (…) Não diz quanto nem precisa de dizer porque quem não vai ganhar as eleições não precisa de fazer conta nenhuma. Pode prometer baixar os impostos todos, não tem responsabilidade”, atirou. No caso do PS garantiu: “não procuramos baixar nem alterar impostos (…) antes de avaliarmos com rigor qual é a situação financeira da Câmara”. “Não há outra forma”, insistiu.
Já sobre o programa do PS para São Jacinto, Alberto Souto de Miranda destacou medidas como a extensão do Porto de Aveiro, a criação do aeródromo municipal, a construção do parque de caravanas, a requalificação do parque desportivo e de campismo, o reforço do turismo lagunar e da náutica oceânica, a construção da pista ciclável até à Torreira, a dinamização da reserva natural e da casa-abrigo, bem como a disponibilização de BUGA’S [Bicicletas de Utilização Gratuita de Aveiro] na freguesia e a criação de um programa de atração de empresas sustentáveis.
No campo do desporto, o socialista deixou ainda o desafio à Associação Distrital de Futebol de Aveiro para que invista “no complexo desportivo, no campo de futebol, na piscina, no polo desportivo” com o seu “centro de estágio distrital”. “Eu já fiz uma primeira conversa muito preliminar, mas se for eleito presidente esta é uma ideia que vou trabalhar a sério com eles”, confidenciou.
Recomendações
Ribau Esteves lança livro e garante que o seu futuro “já está decidido, mas é segredo”
Foi no Teatro Aveirense que o ainda presidente da Câmara Municipal de Aveiro, José Ribau Esteves, apresentou este sábado, 25 de outubro, o livro “Aveiro, Coragem de Mudar, com Ribau Esteves”. Com a plateia praticamente lotada na parte inferior da sala, o evento contou com a presença de várias figuras ligadas à política, entre elas, vereadores do atual executivo, elementos da oposição como Rui Carneiro (agora independente), presidentes de junta e até o recém-eleito presidente da Câmara, Luís Souto de Miranda, da coligação ‘Aliança com Aveiro’. À entrada do teatro, antes do início da sessão, Ribau Esteves fez questão de cumprimentar pessoalmente cada convidado, distribuindo cumprimentos. Às 18h14, deu-se início à apresentação, que começou com a exibição de um pequeno vídeo, no qual o autarca partilhava reflexões sobre o seu percurso e sobre a obra agora publicada. Mal o vídeo terminou, o público respondeu com uma prolongada salva de palmas. Foi então que Ribau Esteves subiu ao palco, acompanhado por dois jornalistas que fez questão de convidar para conduzirem a conversa de apresentação do livro. A primeira “provocação” do jornalista incidiu sobre a exaustividade do livro, questionando-o se o mesmo era uma “prestação de contas” ou antes um “relatório de contas para a sociedade”. Face à questão, Ribau Esteves respondeu prontamente que era “um testemunho”. “Aliás, escolhemos o dia de hoje para lançar o livro por uma questão muito simples: é o dia mais comprido do ano, tem 25 horas”, observou, arrancando novamente uma salva de palmas da plateia. Sobre a pergunta inicial, acrescentou que “toda a gente pode pegar e ler os relatórios de contas”, mas que o formato do livro é mais “agradável e acessível”. Tal como avançado pela Ria, esta foi uma obra escrita, na íntegra, pelo ainda presidente da Câmara. Durante a sessão, o autarca admitiu que, “numa primeira fase”, contactou uma entidade para escrever o livro, mas depois acabou por decidir que “não fazia sentido”. “Eu queria escrevê-lo pela minha mão.Queria ter a opção de estrutura, de contar histórias, umas mais conhecidas, outras nunca conhecidas, e fazê-lo em exercício de funções”, exprimiu. Na ocasião disse ainda que o escreveu entre março e outubro deste ano. “[Foi escrito] nos domingos, um sábado ou outro mais livre, nos voos para Bruxelas. (…) Deixei de ir às missas todos os domingos, de fazer as minhas corridas. (…) Precisava de tempo para escrever o livro e para juntar tudo e ainda por cima fi-lo em círculo fechado. Eu só tenho três colaboradores que me deram uma ajuda: (…) o meu chefe de gabinete, o Guilherme Carlos, o meu adjunto, Simão Santana, e a minha chefe de divisão de Cultura e Turismo, a Sónia Almeida”, partilhou. Questionado, em seguida, sobre onde encontrou ânimo para os seus 28 anos de vida autárquica, Ribau Esteves destacou que o seu “primeiro recurso é ter vontade”. Sublinhou ainda que, se pudesse escolher o que fazer nos “próximos quatro anos”, voltaria a ser presidente da Câmara de Aveiro. “Mas, felizmente, há limitações de mandatos, eu sou completamente a favor, e, portanto, muito feliz por chegar ao fim destes 12 anos e por passar a pasta, neste caso, ao meu sucessor, Luís Souto de Miranda”, afirmou. Aproveitou ainda o momento para justificar o porquê desta obra contar com prefácios de Luís Montenegro, primeiro-ministro, e de António Costa, presidente do Conselho Europeu, tal como avançado pela Ria. “O António Costa foi o primeiro-ministro com quem mais tempo trabalhei. Um pouco mais de oito anos dos 12. E o Luís Montenegro é o atual”, referiu. O livro conta ainda com uma passagem a que apelidou de “judicialização da política”. Conforme relata na obra, a que Ria já teve acesso, em “fevereiro de 2020”, o autarca escreveu uma “Carta Aberta Contra a Judicialização da Política em Aveiro”, devido à tensão política que se vivia na altura. “A tensão política estava num nível alto e com a utilização que considerei excessiva e despropositada de processos interpostos em Tribunal e queixas formais à Polícia Judiciária, ao Ministério Público e à Inspeção Geral de Finanças”, lê-se. No Tribunal, por exemplo, recorda que os processos eram relativos ao “novo PDM”, à “nova carta educativa” e ao projeto do “Rossio”. Na obra agora publicada, Ribau Esteves fez questão de incluir a transcrição da referida carta. Questionado sobre essa aposta, o autarca sublinhou que nada tem contra quem recorre aos meios judiciais para o que é justo, mas manifestou discordância quando, segundo as suas palavras, “as pessoas não sabem ser democratas”. “É eu ter ido a votos e ter dito que vou fazer a obra do Rossio (…) e quem perdeu não saber respeitar a democracia e a derrota e ir tentar, em tribunal, impedir a Câmara de fazer uma obra democrática”, afirmou. Recorde-se que a obra de requalificação do Rossio e da Praça General Humberto (também conhecida como Ponte-Praça), teve um custo de 20,5 milhões de euros. Um custo de mais 8,1 milhões do que estava adjudicado inicialmente [12,4 milhões de euros]. Em janeiro de 2021, como noticiou o Notícias de Aveiro, o Movimento 'Juntos pelo Rossio' interpôs uma providência cautelar para tentar travar a obra, mas em setembro do mesmo ano receberam a resposta de que a acção tinha sido indeferida. Ainda a título de exemplo, criticou também a providência cautelar interposta por Alberto Souto de Miranda, candidato do PS à Câmara Municipal nestas eleições autárquicas. “Entretanto, um candidato à Câmara discorda que a gente ponha abaixo uma casa velha que não serve para nada, mas pronto, ele discorda. (…) O que é que ele faz? Mete-nos em tribunal. É isto que eu condeno”, atirou. Acrescentou ainda o processo que o PS lhe interpôs por ter afirmado que a Câmara de Aveiro tinha problemas de corrupção. “Os vereadores entenderam que a minha acusação pública de corrupção os afetava como socialistas e a credibilidade dos autarcas do partido socialista. (…) [O processo] foi arquivado”, sublinhou. Já na reta final da conversa, um dos jornalistas “atreveu-se” a voltá-lo a questionar quanto ao seu futuro. Face à questão, o autarca respondeu que, nestas eleições autárquicas, foi convidado pelo “partido” para ser candidato a outras Câmaras. “A única coisa que pedi foi compreensão pelo meu não”, disse. Face à insistência da jornalista por uma resposta concreta, o autarca adiantou que no dia “31 deste mês” já tem jantar marcado e que no “dia 1 [de novembro] já tem esquema montado”. “Um tipo também tem de transitar de forma saudável”, afirmou. “Aquilo que estamos hoje a fazer é a conversar com o líder do partido. O partido entende que os meus recursos e o meu conhecimento devem ser úteis ao país no quadro de serviço público e estamos a falar sobre isso com toda a tranquilidade e seriedade”, avançou, salientando que, por enquanto, não pode dizer mais nada. “A última conversa com o Montenegro até foi por SMS (…) e não há conversa sobre esse assunto, nem se aponta indícios se é empresa pública ou entidade não sei de quê, se é Norte, se é Sul, se é regional… Zero”, referiu. “Já está decidido, mas é segredo. Não posso dizer nada”, rematou. Recorde-se de que, ao longo da campanha eleitoral, Ribau Esteves foi alvo de críticas por parte da oposição, que associou a sua mudança de postura - passando da recusa à participação ativa na campanha ao apoio público a Luís Souto de Miranda - a eventuais negociações para garantir lugares políticos após o fim do seu mandato autárquico. Sem ignorar também as críticas que surgiram após a divulgação da obra, motivadas pelo facto de ter sido integralmente paga pelo Município de Aveiro, e aproveitando o momento em que entregava uma lembrança aos dois convidados, Ribau Esteves afirmou: “Há malta que se incomoda porque o livro custou dinheiro. Graças a deus, já pagamos. Mas como ele é pago pelo dinheiro do povo todos os presentes levam um livro de borla”. A declaração mereceu, de imediato, uma salva de palmas a quem por lá se encontrava.
Vereador do Chega diz ser “tempo de devolver a democracia a Aradas” após impasse no executivo
Diogo Soares Machado afirma que “as maiorias, absolutas ou relativas, nada mais são do que a expressão da vontade dos fregueses” e que “humildade democrática é respeitar a vontade de quem votou”, defendendo que "quando estes [eleitores] decidem retirar à ainda presidente da Junta a possibilidade de actuar como quer sem prestar contas, isso significa que estão cansados do livre arbítrio e do quero, posso e mando permanente". Segundo o vereador eleito pelo Chega para a Câmara Municipal,o executivo deve existir, mas ser “eficazmente escrutinado e fiscalizado”, algo que diz que “a presidente cessante nunca conseguirá compreender”. Criticou ainda a recusa da presidente Catarina Barreto em aceitar uma auditoria externa às contas e aos processos da Junta, considerando que tal decisão abre a porta à continuação de “atos de gestão danosa e utilização indevida de dinheiros públicos”, numa clara alusão o facto da atual presidente de Junta ter beneficiado indevidamente do regime da ADSE ao longo de 5 anos. O vereador elogia ainda Ricardo Nascimento, eleito do Chega na Assembleia de Freguesia de Aradas, afirmando que será uma “voz tranquila, mas inflexível nas questões de princípio, honestidade e rigor na gestão da coisa pública”. Remata dizendo que é “tempo de devolver a democracia a Aradas”. A publicação surge horas depois da suspensão dos trabalhos da Assembleia de Freguesia, na qual o primeiro vogal proposto para o executivo da 'Aliança com Aveiro' foi rejeitado por sete votos contra e seis a favor. A oposição ('Sentir Aradas', PS e Chega) justifica a decisão com a recusa da presidente em aceitar condições essenciais como uma auditoria financeira independente e acesso imediato à documentação determinada pelo Tribunal Administrativo e Fiscal. Até ao momento Diogo Soares Machado é o único líder de um partido político local, ou candidato nas últimas eleições autárquicas, a reagir ao sucedido.
'Aliança com Aveiro' de Aradas acusa oposição de ter alterado e quebrado acordo à última hora
A coligação liderada por Catarina Barreto afirma que, na reunião negocial realizada no dia 22 de outubro, tinha ficado acordado que a oposição aprovaria um executivo da Junta composto exclusivamente por quatro vogais indicados pela Aliança com Aveiro - Sandra Sindão, Sara Ferreira, Vítor Tavares e Júlio Dias - e que a votação seria feita de forma uninominal. A Mesa da Assembleia teria presidência entregue ao Movimento 'Sentir Aradas', com o PS como primeiro secretário e o Chega como segundo. “Os eleitos das candidaturas 'Sentir Aradas', Partido Socialista e Chega informaram que não tencionavam qualquer lugar no Executivo, mas sim na Mesa da Assembleia”, refere o comunicado. Recorde-se de que a oposição não precisa do apoio da 'Aliança com Aveiro' para aprovar uma proposta sua de composição da Mesa, porque dispõe de maioria na Assembleia de Freguesia. Já a presidente de Junta eleita, que lidera a coligação 'Aliança com Aveiro' em minoria na Assembleia, precisa do apoio da oposição para aprovar o seu executivo. A coligação diz ainda que ficou combinado que a oposição redigiria um documento formalizando o acordo, a ser assinado antes da tomada de posse. Porém, a minuta recebida às 17h08 de quinta-feira, 23 de outubro, “não fazia qualquer referência à eleição dos vogais aprovados” e incluía “exigências e imposições inaceitáveis”, entre as quais uma auditoria externa, “quando essa palavra nunca foi sequer aventada na reunião” - e uma “assunção de responsabilidades por assédio” laboral a duas funcionárias da Junta, apesar de a questão estar “a ser analisada pela IGF”. Catarina Barreto afirma ter respondido ao email às 19h24 do mesmo dia, manifestando “desagrado e discordância” face ao documento e reafirmando disponibilidade para acordo, mas garante que não recebeu resposta da oposição. Na sessão de instalação, diz ter cumprido o acordado e submetido à votação o nome de Sandra Sindão - “o primeiro nome acordado por todos” - que acabou rejeitado. A presidente encerrou de seguida a reunião, deixando a Junta em gestão. A 'Aliança' acusa a oposição de protagonizar “um número político pouco conseguido” e de ter agido “sem seriedade, confiança ou responsabilidade”, preferindo “tratar o assunto na comunicação social antes de responder”. A coligação afirma que convocará “nova reunião em breve” para restaurar a normalidade institucional. A posição agora apresentada contrasta com o comunicado divulgado na véspera pela oposição, que acusa Catarina Barreto de ter rejeitado três condições essenciais para viabilizar o executivo: auditoria externa, reintegração de funcionárias e cumprimento imediato da sentença do Tribunal Administrativo e Fiscal de Aveiro. No entendimento da oposição, estas condições são apenas "garantias de transparência", não percebendo porque motivo Catarina Barreto se recusa a aceitar. "Nas eleições para a Assembleia de Freguesia de Aradas, realizadas no passado dia 12 de Outubro, os Aradenses votaram e democraticamente atribuíram os seguintes resultados e mandatos: Aliança com Aveiro – 35,30% que resulta na atribuição de 6 mandatos, Sentir Aradas – 21,82% que resulta na atribuição de 3 mandatos, Partido Socialista – 21,35% que resulta na atribuição de 3 mandatos e Chega – 8,53% que resulta na atribuição de 1 mandato. Em face dos resultados atribuídos e tendo em conta que a Aliança com Aveiro não conseguiu a maioria dos mandatos, a primeira candidata da Aliança com Aveiro e Presidente de Junta eleita, Catarina Barreto, numa atitude de humildade democrática e sentido de responsabilidade, tomou a iniciativa de contactar os lideres das candidaturas do Sentir Aradas, Gilberto Ferreira, do Partido Socialista Sónia Aires e do Chega Ricardo Nascimento, com o intuito de se alcançar um acordo, de forma a instalar os Órgãos Autárquicos da Freguesia de Aradas e a eleição dos vogais que acompanham a Presidente Eleita no Executivo e a Mesa da Assembleia de Freguesia. Foi agendada e realizou-se no dia 22 de Outubro (quarta-feira) uma reunião com a presença de todos os intervenientes acima referidos. Na referida reunião foi manifestada pela Presidente eleita Catarina Barreto a sua intenção de criar uma plataforma de entendimento com regular participação e reuniões com as demais forças politicas eleitas para a Assembleia de Freguesia. Discutiram-se e foram prestados todos os esclarecimentos relativamente ao programa eleitoral e projetos da Aliança com Aveiro, para se encontrarem pontos comuns, uma vez que isso seria o mais importante para a Freguesia. Foram ainda abordadas e prestados todos os esclarecimentos em relação a duas funcionárias da Junta e sobre as funções que desempenham, e ainda sobre o interesse de manter aberto em horário laboral o Armazém da Junta, com a afetação de um recurso humano. Foi também abordada a necessidade da Câmara rever o contrato da Veolia, por forma a existir um varredor na freguesia de Aradas, bem como de uma melhor prestação de serviço da empresa. Terminadas as considerações e esclarecimentos, quando eram 19:00 horas, os eleitos das candidaturas Sentir Aradas, Partido Socialista e Chega, informaram que não tencionavam qualquer lugar no Executivo, mas sim na Mesa da Assembleia. Seguidamente, foi solicitado que a Presidente de Junta eleita indicasse quem pretendia integrar no Órgão Executivo. A oposição opôs-se à integração de dois candidatos. E foram aceites e ficou acordado por unanimidade que os quatro vogais a integrar o Executivo da Aliança com Aveiro fossem os candidatos Sandra Sindão, Sara Ferreira, Vitor Tavares e Júlio Dias, ficando também acordado que a forma de votação seria uninominal. Seguidamente, foi discutida a composição da Mesa da Assembleia, tendo ficado acordado por todos a seguinte composição: Presidência – para o Movimento Sentir Aradas, como segunda lista mais votada, sendo o cargo atribuído a Sílvia Neves ou Nélson Silva, após indicação do Movimento; 1.º Secretário – para o Partido Socialista, sendo o cargo atribuído a Beatriz Claro; 2.º Secretário – para o Partido Chega, sendo o cargo atribuído a Ricardo Nascimento Nessa senda ficou ainda acordado a redação de um documento a cargo dos elementos das listas opositoras para ser assinado por todos, antes da tomada de posse, comprometendo-se os mesmos a enviá-lo no dia seguinte (quinta feira – dia 23.10.2025) até à hora de almoço. A reunião foi terminada cerca das 19:35. No dia 23.10.2025, por email, para a Junta de Freguesia, às 17h08 foi rececionado uma minuta de acordo, em claro desrespeito pelos termos acordados por todos e em confronto com a verdade dos fatos ocorridos na reunião, a saber: 1. Desde logo, a minuta do acordo apresentada, estranhamente, não faz qualquer referência à eleição dos vogais aprovados para a constituição do Executivo e da composição da Mesa, conforme foi aprovado por todos; 2. Depois elenca exigências e imposições inaceitáveis relacionadas com a realização de uma auditoria quando essa palavra nunca foi sequer aventada na reunião, muito menos discutida ou acordada; 3. Depois fazem uma exigência incompreensível e inaceitável de uma assunção de responsabilidades por assédio, quando não foi acordado nada quanto às trabalhadoras, muito menos quanto à questão do Assédio, que atualmente está a ser analisada pelo IGF e deverá aguardar os ulteriores termos e a decisão a ser proferida pela entidade competente. Em resposta ao acordo proposto, a Presidente de Junta eleita, Catarina Barreto, nesse mesmo dia (23.10.2025 – quinta-feira), às 19h24, enviou um email de resposta a todos os eleitos intervenientes na reunião, manifestando o seu desagrado e a discordância do teor do documento face ao acordado na reunião no que toca aos temas acima expostos. Nesse mesmo email, manifestou uma vez mais a sua intenção e disponibilidade em se alcançar acordo, colocando como principal e único interesse a Freguesia de Aradas. O email foi rececionado por todos os eleitos, que não ousaram sequer dar qualquer resposta. No dia de onten, sexta-feira, dia da agendada Tomada de Posse, de forma pública e em vários órgãos da comunicação social foi dada a notícia das exigências constantes da proposta de acordo apresentada pelos eleitos opositores à Aliança com Aveiro. Quando esses eleitos não responderam ao email da Presidente de Junta eleita. Por coerência e sensatez politica hoje após a Ato de Instalação e na reunião de eleição dos Órgãos Autárquicos, a Presidente eleita, cumpriu religiosamente o que fora acordado por todos na reunião do dia 23.10.2025. Colocou à votação da Assembleia de Freguesia o primeiro nome acordado por todos para vogal do Executivo, o de Sandra Sindão. Tendo o mesmo sido rejeitado pelos eleitos das candidaturas opositoras à Aliança com Aveiro. Tendo de seguida encerrado a reunião. Este ato, provocado pela oposição, deixará o Executivo da Junta de Freguesia em gestão, com os graves prejuízos e limitações na execução de projetos e obras para Aradas e para os Aradenses. Além disso, revela uma conduta política pouco séria, confiável e responsável, por parte da oposição, quando formaliza um acordo, depois o tenta unilateralmente alterar contrariando o acordado, e depois não o cumpre. Lamentavelmente foi um número político pouco conseguido, por parte de toda a oposição, que demonstrou bem que não pretendia celebrar qualquer acordo, ainda mais quando preferiu tratar um assunto privado na comunicação social, sem responder à Aliança com Aveiro. Hoje, com esta posição em bloco e unida de toda a oposição, deu-se mais um mau exemplo de como estar e fazer politica. Foi mais um ataque à credibilidade dos políticos ao princípio da confiança e ao respeito pela democracia e pela vontade do povo. Lamentavelmente quem perde é Aradas e os Aradenses. A Presidente eleita, Catarina Barreto e a sua equipa da Aliança com Aveiro, pautará a sua atuação escrupulosamente pela defesa da verdade, pelo respeito democrático e pela palavra dada a ARADAS e aos seus concidadãos. Tal como determina a lei, será convocada nova reunião em breve para tentar promover e normalizar o funcionamento dos Órgãos Autárquicos da Junta e Assembleia de Freguesia, democraticamente eleitos pelos Aradenses e trazer a tranquilidade institucional que hoje a oposição (Movimento Sentir Aradas, Partido socialista e Chega) em bloco e concertadamente, não quis permitir que acontecesse. As pessoas de Aradas não mereciam o momento político, que vivemos! Mas, cada um terá de assumir as responsabilidades dos seus atos. Apesar de lamentável e triste, o momento, exige-nos que continuemos a defender o bom nome de Aradas e dos Aradenses. A Candidatura Aliança com Aveiro - Aradas"
Acordo entre ‘Aliança com Aveiro’ e Chega viabiliza executivo em Eixo e Eirol
Em contrapartida por viabilizar o executivo, o Chega elegeu um elemento para a Mesa da Assembleia de Freguesia, integrando a lista proposta pela 'Aliança com Aveiro'. O Partido Socialista, segunda força política mais votada nesta freguesia, optou por votar em branco. Numa publicação nas redes sociais, o candidato do Chega descreveu a tomada de posse como um momento de “respeito democrático e espírito de cooperação”, sublinhando que o entendimento estabelecido com a ‘Aliança com Aveiro’ se baseia na “defesa dos interesses da freguesia” e na “estabilidade governativa local”. O partido afirmou congratular-se “pela abertura ao diálogo e pela concretização deste acordo que coloca Eixo e Eirol acima de qualquer diferença partidária”. Com este entendimento, fica assegurada a instalação do novo Executivo e da Mesa da Assembleia, permitindo à União de Freguesias iniciar o seu mandato autárquico com maioria funcional.
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Ribau Esteves lança livro e garante que o seu futuro “já está decidido, mas é segredo”
Foi no Teatro Aveirense que o ainda presidente da Câmara Municipal de Aveiro, José Ribau Esteves, apresentou este sábado, 25 de outubro, o livro “Aveiro, Coragem de Mudar, com Ribau Esteves”. Com a plateia praticamente lotada na parte inferior da sala, o evento contou com a presença de várias figuras ligadas à política, entre elas, vereadores do atual executivo, elementos da oposição como Rui Carneiro (agora independente), presidentes de junta e até o recém-eleito presidente da Câmara, Luís Souto de Miranda, da coligação ‘Aliança com Aveiro’. À entrada do teatro, antes do início da sessão, Ribau Esteves fez questão de cumprimentar pessoalmente cada convidado, distribuindo cumprimentos. Às 18h14, deu-se início à apresentação, que começou com a exibição de um pequeno vídeo, no qual o autarca partilhava reflexões sobre o seu percurso e sobre a obra agora publicada. Mal o vídeo terminou, o público respondeu com uma prolongada salva de palmas. Foi então que Ribau Esteves subiu ao palco, acompanhado por dois jornalistas que fez questão de convidar para conduzirem a conversa de apresentação do livro. A primeira “provocação” do jornalista incidiu sobre a exaustividade do livro, questionando-o se o mesmo era uma “prestação de contas” ou antes um “relatório de contas para a sociedade”. Face à questão, Ribau Esteves respondeu prontamente que era “um testemunho”. “Aliás, escolhemos o dia de hoje para lançar o livro por uma questão muito simples: é o dia mais comprido do ano, tem 25 horas”, observou, arrancando novamente uma salva de palmas da plateia. Sobre a pergunta inicial, acrescentou que “toda a gente pode pegar e ler os relatórios de contas”, mas que o formato do livro é mais “agradável e acessível”. Tal como avançado pela Ria, esta foi uma obra escrita, na íntegra, pelo ainda presidente da Câmara. Durante a sessão, o autarca admitiu que, “numa primeira fase”, contactou uma entidade para escrever o livro, mas depois acabou por decidir que “não fazia sentido”. “Eu queria escrevê-lo pela minha mão.Queria ter a opção de estrutura, de contar histórias, umas mais conhecidas, outras nunca conhecidas, e fazê-lo em exercício de funções”, exprimiu. Na ocasião disse ainda que o escreveu entre março e outubro deste ano. “[Foi escrito] nos domingos, um sábado ou outro mais livre, nos voos para Bruxelas. (…) Deixei de ir às missas todos os domingos, de fazer as minhas corridas. (…) Precisava de tempo para escrever o livro e para juntar tudo e ainda por cima fi-lo em círculo fechado. Eu só tenho três colaboradores que me deram uma ajuda: (…) o meu chefe de gabinete, o Guilherme Carlos, o meu adjunto, Simão Santana, e a minha chefe de divisão de Cultura e Turismo, a Sónia Almeida”, partilhou. Questionado, em seguida, sobre onde encontrou ânimo para os seus 28 anos de vida autárquica, Ribau Esteves destacou que o seu “primeiro recurso é ter vontade”. Sublinhou ainda que, se pudesse escolher o que fazer nos “próximos quatro anos”, voltaria a ser presidente da Câmara de Aveiro. “Mas, felizmente, há limitações de mandatos, eu sou completamente a favor, e, portanto, muito feliz por chegar ao fim destes 12 anos e por passar a pasta, neste caso, ao meu sucessor, Luís Souto de Miranda”, afirmou. Aproveitou ainda o momento para justificar o porquê desta obra contar com prefácios de Luís Montenegro, primeiro-ministro, e de António Costa, presidente do Conselho Europeu, tal como avançado pela Ria. “O António Costa foi o primeiro-ministro com quem mais tempo trabalhei. Um pouco mais de oito anos dos 12. E o Luís Montenegro é o atual”, referiu. O livro conta ainda com uma passagem a que apelidou de “judicialização da política”. Conforme relata na obra, a que Ria já teve acesso, em “fevereiro de 2020”, o autarca escreveu uma “Carta Aberta Contra a Judicialização da Política em Aveiro”, devido à tensão política que se vivia na altura. “A tensão política estava num nível alto e com a utilização que considerei excessiva e despropositada de processos interpostos em Tribunal e queixas formais à Polícia Judiciária, ao Ministério Público e à Inspeção Geral de Finanças”, lê-se. No Tribunal, por exemplo, recorda que os processos eram relativos ao “novo PDM”, à “nova carta educativa” e ao projeto do “Rossio”. Na obra agora publicada, Ribau Esteves fez questão de incluir a transcrição da referida carta. Questionado sobre essa aposta, o autarca sublinhou que nada tem contra quem recorre aos meios judiciais para o que é justo, mas manifestou discordância quando, segundo as suas palavras, “as pessoas não sabem ser democratas”. “É eu ter ido a votos e ter dito que vou fazer a obra do Rossio (…) e quem perdeu não saber respeitar a democracia e a derrota e ir tentar, em tribunal, impedir a Câmara de fazer uma obra democrática”, afirmou. Recorde-se que a obra de requalificação do Rossio e da Praça General Humberto (também conhecida como Ponte-Praça), teve um custo de 20,5 milhões de euros. Um custo de mais 8,1 milhões do que estava adjudicado inicialmente [12,4 milhões de euros]. Em janeiro de 2021, como noticiou o Notícias de Aveiro, o Movimento 'Juntos pelo Rossio' interpôs uma providência cautelar para tentar travar a obra, mas em setembro do mesmo ano receberam a resposta de que a acção tinha sido indeferida. Ainda a título de exemplo, criticou também a providência cautelar interposta por Alberto Souto de Miranda, candidato do PS à Câmara Municipal nestas eleições autárquicas. “Entretanto, um candidato à Câmara discorda que a gente ponha abaixo uma casa velha que não serve para nada, mas pronto, ele discorda. (…) O que é que ele faz? Mete-nos em tribunal. É isto que eu condeno”, atirou. Acrescentou ainda o processo que o PS lhe interpôs por ter afirmado que a Câmara de Aveiro tinha problemas de corrupção. “Os vereadores entenderam que a minha acusação pública de corrupção os afetava como socialistas e a credibilidade dos autarcas do partido socialista. (…) [O processo] foi arquivado”, sublinhou. Já na reta final da conversa, um dos jornalistas “atreveu-se” a voltá-lo a questionar quanto ao seu futuro. Face à questão, o autarca respondeu que, nestas eleições autárquicas, foi convidado pelo “partido” para ser candidato a outras Câmaras. “A única coisa que pedi foi compreensão pelo meu não”, disse. Face à insistência da jornalista por uma resposta concreta, o autarca adiantou que no dia “31 deste mês” já tem jantar marcado e que no “dia 1 [de novembro] já tem esquema montado”. “Um tipo também tem de transitar de forma saudável”, afirmou. “Aquilo que estamos hoje a fazer é a conversar com o líder do partido. O partido entende que os meus recursos e o meu conhecimento devem ser úteis ao país no quadro de serviço público e estamos a falar sobre isso com toda a tranquilidade e seriedade”, avançou, salientando que, por enquanto, não pode dizer mais nada. “A última conversa com o Montenegro até foi por SMS (…) e não há conversa sobre esse assunto, nem se aponta indícios se é empresa pública ou entidade não sei de quê, se é Norte, se é Sul, se é regional… Zero”, referiu. “Já está decidido, mas é segredo. Não posso dizer nada”, rematou. Recorde-se de que, ao longo da campanha eleitoral, Ribau Esteves foi alvo de críticas por parte da oposição, que associou a sua mudança de postura - passando da recusa à participação ativa na campanha ao apoio público a Luís Souto de Miranda - a eventuais negociações para garantir lugares políticos após o fim do seu mandato autárquico. Sem ignorar também as críticas que surgiram após a divulgação da obra, motivadas pelo facto de ter sido integralmente paga pelo Município de Aveiro, e aproveitando o momento em que entregava uma lembrança aos dois convidados, Ribau Esteves afirmou: “Há malta que se incomoda porque o livro custou dinheiro. Graças a deus, já pagamos. Mas como ele é pago pelo dinheiro do povo todos os presentes levam um livro de borla”. A declaração mereceu, de imediato, uma salva de palmas a quem por lá se encontrava.
Crimes contra idosos subiram 26,4% em quatro anos
As estatísticas da justiça sobre os crimes contra pessoas com 65 ou mais anos registados pelas autoridades policiais avançam que os crimes contra os idosos aumentaram de 33.469 em 2020 para 42.313 em 2024, o que corresponde a um crescimento percentual de 26,4%. Os dados divulgados esta sexta-feira, 24 de outubro, mostram que em 2020 e 2021 o número de crimes é idêntico (33.469), aumentando para 38.721 em 2022, voltando aumentar para 43.640 em 2023, mas baixou para 42.313 no ano passado. A DGPJ destaca que o aumento de crimes foi ligeiramente superior ao longo dos últimos quatro anos contra os idosos, apesar da maioria dos crimes ser contra a população com menos de 65 anos. As estatísticas indicam também que as pessoas com 65 anos ou mais são principalmente afetadas por crimes contra o património, que constituem 67,5% das ocorrências neste grupo, seguidos por crimes contra as pessoas, com 28,6%. Entre os crimes contra as pessoas, a DGPJ destaca que no ano passado 3.071 idosos foram vítimas de ofensa à integridade física voluntária simples, surgindo a violência doméstica contra cônjuge ou análogo como a segunda categoria de crime mais numerosa, contabilizando 2.434 pessoas com 65 anos ou mais. Outros dos crimes de que esta população foi vítima em 2024 estão a ameaça e coação (951), outros tipos de violência doméstica (812), ofensa à integridade física voluntária grave (80) e, “com menor expressão quantitativa, mas elevada gravidade”, homicídio voluntário consumado (16). Em relação aos crimes contra o património, as estatísticas da justiça sublinham que no ano passado 2.645 pessoas idosas foram vítimas de furto em residência com arrombamento, escalamento ou chaves falsas, seguido de 2.409 situações de burla informática ou comunicações. Outros tipos de crimes de que esta população é alvo incluem o furto em veículo motorizado (1.774), o furto em residência sem arrombamento (1.564), o furto de oportunidade de objetos não guardados (1.495), o furto por carteirista (1.441), o furto de veículo motorizado (1.247), o abuso de cartão de garantia ou de cartão, dispositivo ou dados de pagamento (1.104). A DGPJ avança ainda que os distritos do interior norte e centro do país registam as maiores proporções de crimes contra pessoas idosas, sendo Bragança o que apresenta o valor mais elevado com 25,18%, seguido Vila Real (22,99%), Guarda (22,72%), Castelo Branco (21,83%), Viana do Castelo (20,57%), Santarém (19,98%), Portalegre (18,47%), Viseu (18,40%), Coimbra (18,36%). “Este fenómeno contrasta com os valores observados nos grandes centros urbanos e regiões litorais, onde Lisboa apresenta a menor proporção (11,47%), seguida pelo Porto (13,36%) e Setúbal (13,93%). Apesar de, em termos absolutos, distritos como Lisboa (8.189), Porto (5.911), Setúbal (3.916) e Faro (3.016) registarem mais casos, a sua expressão proporcional é menor devido ao elevado número total de vítimas nestas regiões mais populosas”, refere o documento. A DGPJ explica ainda que para uma "compreensão mais alargada do fenómeno, foi realizada uma análise que considera a população com mais de 65 anos ou mais em cada distrito, para calcular a permilagem das pessoas idosas lesadas/ofendidas/vítimas em cada distrito e assim averiguar o risco para a população idosa de cada área geográfica". Segundo a nota, os distritos de Aveiro, Braga, Coimbra, Lisboa, Porto, Viseu e a Região Autónoma da Madeira são os que apresentam "a menor taxa com 3 lesados/ofendidos por cada 1.000 pessoas com 65 anos ou mais".
Pescador resgatado ao largo de Espinho após embarcação virar com golpe do mar
Em declarações à Lusa, o comandante da Zona Marítima do Norte da Marinha Portuguesa, Rui Lampreia, explicou que o alerta foi dado esta sexta-feira, 24 de outubro, por volta das 16h30, de que uma embarcação de pesca tinha virado ao largo de Espinho. A Polícia Marítima conseguiu resgatar com vida o único tripulante da embarcação, um homem com cerca de 70 anos. O tripulante foi assistido pelos Bombeiros Voluntários de Espinho numa ambulância. A embarcação de recreio terá sido “surpreendida pelo golpe do mar”, mas arrojou na praia a norte do Hotel Sol Verde, acrescentou a mesma fonte.
Vereador do Chega diz ser “tempo de devolver a democracia a Aradas” após impasse no executivo
Diogo Soares Machado afirma que “as maiorias, absolutas ou relativas, nada mais são do que a expressão da vontade dos fregueses” e que “humildade democrática é respeitar a vontade de quem votou”, defendendo que "quando estes [eleitores] decidem retirar à ainda presidente da Junta a possibilidade de actuar como quer sem prestar contas, isso significa que estão cansados do livre arbítrio e do quero, posso e mando permanente". Segundo o vereador eleito pelo Chega para a Câmara Municipal,o executivo deve existir, mas ser “eficazmente escrutinado e fiscalizado”, algo que diz que “a presidente cessante nunca conseguirá compreender”. Criticou ainda a recusa da presidente Catarina Barreto em aceitar uma auditoria externa às contas e aos processos da Junta, considerando que tal decisão abre a porta à continuação de “atos de gestão danosa e utilização indevida de dinheiros públicos”, numa clara alusão o facto da atual presidente de Junta ter beneficiado indevidamente do regime da ADSE ao longo de 5 anos. O vereador elogia ainda Ricardo Nascimento, eleito do Chega na Assembleia de Freguesia de Aradas, afirmando que será uma “voz tranquila, mas inflexível nas questões de princípio, honestidade e rigor na gestão da coisa pública”. Remata dizendo que é “tempo de devolver a democracia a Aradas”. A publicação surge horas depois da suspensão dos trabalhos da Assembleia de Freguesia, na qual o primeiro vogal proposto para o executivo da 'Aliança com Aveiro' foi rejeitado por sete votos contra e seis a favor. A oposição ('Sentir Aradas', PS e Chega) justifica a decisão com a recusa da presidente em aceitar condições essenciais como uma auditoria financeira independente e acesso imediato à documentação determinada pelo Tribunal Administrativo e Fiscal. Até ao momento Diogo Soares Machado é o único líder de um partido político local, ou candidato nas últimas eleições autárquicas, a reagir ao sucedido.