RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

Universidade

45 anos de GrETUA: da ideia num boletim à realização de um documentário

‘Antes de mais, parabéns atrasados’ é o projeto que o Grupo Experimental de Teatro da Universidade de Aveiro (GrETUA) vai apresentar esta quinta-feira, dia 20, no Edifício Central e da Reitoria da Universidade de Aveiro (UA). O documentário reúne o testemunho de mais de 30 pessoas e conta os 45 anos do grupo através da história e das memórias partilhadas de quem por lá já passou.

45 anos de GrETUA: da ideia num boletim à realização de um documentário
Ana Patrícia Novo

Ana Patrícia Novo

Jornalista
19 mar 2025, 18:30

Rui Sérgio, conhecido ator e encenador, é talvez o maior responsável pelo pontapé de partida que deu início ao GrETUA. Em entrevista à Ria, curiosamente Rui redirige ao GrETUA a afirmação. “Eu hoje em dia sou o que sou, estou no mundo da cultura, (…) no teatro, nas artes performativas, devo-o ao GrETUA: no fim de contas, eu saio do GrETUA para ir para o teatro profissional”, aponta.

Ingressou no Ensino Superior no curso de Matemática e Desenho da Universidade de Aveiro. “Penso que esse curso já não existe agora”, conta. Nesse primeiro ano, viu “um boletim que dizia que nos anos anteriores tinha havido uma tentativa de construir um grupo de teatro que não avançou”, recorda Rui. Sem saber, esse boletim foi o nascer do GrETUA.

A ideia do boletim foi tomando lugar na mente de Rui que sabia de antemão que António Sampaio da Nóvoa [primeiro encenador] estava por Aveiro a ensinar na Escola do Magistério Primário. Entrou em contacto. Depois disso só se lembra que “de um momento para o outro surgiu um grupo de malta e começámos a brincar”.

No seu percurso profissional desempenhou cargos como o de diretor artístico do Teatro Aveirense e do Teatro da Trindade, em Lisboa. Conta ainda no currículo com inúmeras peças de teatro, mas a sua ligação às artes performativas é mais antiga.

Recorda “A Gota de Mel, do Léon Chancerel” como a primeira de peça de teatro que fez, ainda nos tempos da escola primária. Relembra também a forma como passava os domingos à tarde, nos tempos da juventude, e a influência que isso teve no seu percurso.

Juntava-se com amigos em casa de quem, na altura, tivesse televisão. “Nos intervalos dos filmes, fazíamos nós os nossos filmes”, conta Rui Sérgio. “Haviam umas pastilhas elásticas que tinham umas bandas desenhadas, nós (…) cortávamos e, depois nos carrinhos de linha, fazíamos a colagem e um filme com aquilo. Fazíamos uma máquina de projeção com peças da Lego e com um focozinho projetávamos, ampliávamos contra uma parede branca, e havia sempre (…) digamos que era o projecionista e eu fazia as várias vozes”, lembra Rui Sérgio. “Nós entretínhamo-nos assim e cobrávamos a quem estava a ver que era para termos dinheiro para comprar chicletes para a semana seguinte”, revela entre risos.

António Sampaio da Nóvoa: “Isto não é uma coisa complementar (…) é qualquer coisa que está no coração do que deve ser a formação de um estudante universitário”

Do contacto com António Sampaio da Nóvoa e das brincadeiras, nasceu ‘Uma Corda Para Cada Dedo’ - a primeira encenação do GrETUA. Corria o ano de 1979 quando António Sampaio da Nóvoa, hoje professor catedrático no Instituto de Educação da Universidade de Lisboa e ex-membro do Conselho de Estado de Portugal, deu vida àquele que viria a ser o primeiro momento de um grupo que hoje continua a dar cartas no Teatro - e não só.

À semelhança da história que Rui conta – até porque é a mesma - Sampaio da Nóvoa dá nota que a peça, que aborda “desde os temas da droga, aos temas da violência, aos temas do suicídio (…) e da prostituição”, nasce e é resultado dos tais encontros, discussões e improvisações que o grupo inicial do GrETUA ia fazendo “numa cave (…) no centro da cidade”, recorda o primeiro encenador do GrETUA.

“Fomos ganhando com esses momentos de encontro uma forma de expressão que a certa altura sentimos necessidade de partilhar com o público”, conta o professor. A apresentação, recorda, “foi um momento muito curioso e muito marcante para todos nós”.

Contrariamente à história de Rui Sérgio, o teatro surgiu na vida do ex-membro do Conselho de Estado de Portugal precisamente nos tempos da Universidade. “Eu comecei os meus estudos universitários em Coimbra e (…) quando eu era muito jovem pertenci ao Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC)”, conta. Do TEUC recebeu uma bolsa da Fundação Gulbenkian que lhe abriu caminho até Lisboa. Da capital, seguiu para professor na Escola do Magistério Primário de Aveiro.

António Sampaio da Nóvoa admite que a sua formação não foi muito comum e vê no teatro uma forma de expressão e criação “muito importante, sobretudo no espaço universitário”. “Eu julgo que é muito importante que os estudantes, hoje até mais do que na altura, se possam dedicar a um conjunto de outras atividades, (…) porque isso faz parte da formação de um estudante universitário. Isto não é uma coisa complementar (…) é qualquer coisa que está no coração do que deve ser a formação de um estudante universitário”, frisa António Sampaio da Nóvoa.

Entende, no entanto, que “muitas das reformas universitárias (…) que reduziram a duração dos cursos (…) transformou a vida universitária numa vida hiper-ocupada”, em prejuízo de um menor tempo disponível “à formação ampla, humanística, à formação global que devia ser uma universidade”. Vê assim no teatro “um dos elementos mais fortes que pode contribuir para essa formação de cariz criativo, artístico, humanista”.

Aponta mesmo que foi junção da sua formação na área da Educação com o teatro e com as “inclinações” que sente pela literatura, pela leitura e pela filosofia que fizeram e contribuíram para o caminho que Sampaio da Nóvoa acabou por percorrer. Mantém-se no ensino, agora como professor catedrático no Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. “Foi a minha vida, é com essa vida que eu vivo e que eu faço também a minha intervenção pública e a minha intervenção cidadã”, aponta.

Sampaio da Nóvoa revela surpresa pela continuação temporal que o GrETUA consegue manter. “Tem conseguido uma continuidade que é rara no teatro universitário e estão de parabéns todos aqueles que mantiveram o GrETUA em funcionamento (…) e está de parabéns também a Universidade de Aveiro que soube, nos momentos certos, apoiar e criar as condições para que o GrETUA se desenvolvesse e continuasse até hoje”, frisou.

Também Rui Sérgio revela que o grupo inicial não tem a noção do impacto que o GrETUA acabou por ter, desde o início, na comunidade e em Aveiro. “Tínhamos a noção que tínhamos gente a assistir aos nossos espetáculos (…) mas não tínhamos muito a noção do impacto”, conta Rui que, há alguns anos foi surpreendido por Romeu Costa, ator aveirense que confessou ter seguido a profissão por influência do GrETUA.

“Foi muito engraçado ele dizer: «eu comecei a interessar-me pelo teatro por ver o GrETUA e por te ver a ti em palco»”, completa o fundador do grupo de teatro. “Obviamente quando se fundou o GrETUA, não nos passaria pela cabeça que passado 45 anos eu estava a falar consigo sobre o GrETUA”, completou Rui Sérgio.

João Garcia Neto: “ele deu-nos o GrETUA que nós não vimos porque estávamos lá dentro, e nós agora queremos-lhe devolver mais algumas memórias”

Certo é que 45 anos passados, ainda se fala sobre GrETUA. Hoje, João Garcia Neto é o diretor artístico e amanhã [dia 20 de março] assistiremos à antestreia do documentário que pretende dar os parabéns – ainda que atrasados – ao GrETUA e a todas as pessoas que por lá passaram.

A promessa é a de um documentário que foi construído numa “espécie de efeito dominó” a partir de dois dos fundadores. Deslindado o ponto de partida, João aponta que o documentário contará com o testemunho de cerca de três dezenas de pessoas diferentes. “Houve essa preocupação, que é uma coisa difícil, de fazer aparecer o máximo de pessoas possível, para que as pessoas se sintam representadas”, nota.

As entrevistas integram a parte estrutural mais “convencional” do documentário que “depois também se desdobra numa camada um bocadinho mais teatral”, desvenda João Garcia Neto. “Nós criamos um aniversário dentro deste [o do GrETUA], que é o aniversário do Pedrinho”, revela João Garcia Neto.

Pedrinho, conta-nos o diretor artístico, “é a pessoa que tem o maior arquivo do GrETUA: ele tem milhares de fotografias”. “É mesmo uma figura super importante porque é o guardião de uma percentagem muito significativa do arquivo”.

Acaba por ser o gancho do filme que conta a história do GrETUA. As memórias de quem por lá passou vão ser materializadas em fotografias que o Pedrinho não captou, mas que também fazem parte daquilo que é o GrETUA. “Ele deu-nos o GrETUA que nós não vimos porque estávamos lá dentro, e nós agora queremos-lhe devolver mais algumas memórias”, conta João Garcia Neto. São estas fotografias e memórias que amanhã vão poder ser vistas.

A antestreia do documentário arranca às 21h00 no Auditório Renato Araújo, no edifício da Reitoria da UA. Apesar da sessão ser aberta “à comunidade académica no seu todo e à cidade”, as inscrições já estão esgotadas estando prevista uma segunda rodagem. Esta segunda rodagem seria realizada no âmbito do Dia Mundial do Teatro, que se assinala a 27 de março, nas instalações do GrETUA. A expectativa é que o filme, “um trabalho feito a muitas mãos, (…) toque no coração, para quem é ou foi GrETUA; e para quem não é, que fiquem com essa perspetiva histórica e com uma noção clara da importância do grupo”, sublinha João Garcia.

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Ria promove debate entre docentes e investigadores para o Conselho Geral da UA
Universidade

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O debate terá lugar às 16h00 no Auditório Renato Araújo, localizado no Edifício Central e da Reitoria da UA, e contará com a participação de quatro candidatos, representando todas as circunscrições e ambas as listas que concorrem ao ato eleitoral. O Conselho Geral é o principal órgão de governo da universidade, sendo responsável por funções estruturantes como a eleição do reitor, a aprovação e alteração dos estatutos, a aprovação do plano estratégico e dos documentos anuais de atividades e contas. Nesta eleição, foram admitidas duas listas: a lista “UA 2030 – Uma Universidade Inovadora, Sustentável e Plural” e a lista “UA50 – 50 anos de história, 50 anos de ambição” O debate será moderado por Isabel Cunha Marques, diretora de informação da Ria, e transmitido em direto na página de Facebook da Rádio Universitária. A sessão é aberta à comunidade académica, que poderá assistir presencialmente ou acompanhar a transmissão online. Durante o debate, serão discutidos temas diretamente relacionados com as competências do Conselho Geral e a visão estratégica para o futuro da Universidade de Aveiro. Está também prevista uma ronda de perguntas enviadas pela comunidade académica e dirigidas às duas listas. As perguntas podem ser submetidas até às 23h59 de quarta-feira, 28 de maio, através do preenchimento deste formulário. A redação da Ria selecionará as mais relevantes para serem colocadas durante o evento.

GrETUA apresenta programação trimestral “em torno da palavra desejo”
Universidade

GrETUA apresenta programação trimestral “em torno da palavra desejo”

Depois de estrear em maio com “recorder” - o espectáculo que resultou do Curso de Formação Teatral de 2024/2025 - o GrETUA quer que a restante programação do trimestre orbite “em torno da palavra desejo”. “Numa altura em que as distopias de ontem continuam a transformar-se na paisagem que nos envolve, acreditamos que a sustentabilidade do futuro depende cada vez mais da nossa capacidade de continuar a desejar: imaginar o que não vemos, mas que é preciso encenar”, atenta o editorial enviado à Ria. Para tal, o GrETUA pretende, em cena e fora de cena, “inventar novas maneiras de sermos muitos” e “fazer do encontro um gesto radical”. “Na pista de dança suar até nos fundirmos com a batida, no ecrã do cinema iluminar o pluralismo das experiências, multiplicar as possibilidades do prazer. E em todos os instantes, abrir espaço para o toque e a escuta. Trabalhar na construção de uma intimidade comum”, explica. O grupo adianta ainda que, ao longo deste trimestre, vai recuperar uma das descobertas que fez ao digitalizar o arquivo do GrETUA para o documentário que estreou este ano, “Antes de Mais, Parabéns Atrasados”. “Falo do mantra que o encenador Rui Sérgio, e um dos fundadores do GrETUA, gritava aos atores em 1994, momentos antes da estreia do espetáculo “Cabaret Cibernético”: «Tesão, tesão, tesão! Para além da concentração!»”, esclarece. A programação trimestral prossegue assim esta sexta-feira, 23 de maio, com o concerto de emmy Curl, pelas 22h00. Já na próxima segunda-feira, 26 de maio, pelas 21h00, o GrETUA inicia a “Anatomia da Transgressão”. Um ciclo de cinema que pretende investigar “o corpo como espaço político, ficcional, íntimo e indisciplinado”. Dividido em três momentos, o primeiro iniciará com uma “sessão de curtas queer portuguesas, que são quatro contra ficções visuais capazes de pôr em questão os modos dominantes de ver e fantasiar sobre outras possibilidades de toque e cuidado”. Segue-se no dia 9 de junho o embate frontal com “Crash” (1996) de David Cronenberg, “um clássico da pulsão, do corpo-máquina, do prazer entre o aço e a carne”. A terceira sessão acontece no dia 23 de junho com o delírio poético e sensual de “O Lado Obscuro do Coração” (1992), “onde o amor e a morte dançam em espiral para lá dos limites do real”. Antes e depois das sessões, estará em exibição a peça de videoarte "The Kiss" (2020), de Miguel De. “Numa espécie de subversão da moral do obsceno e do sexo explícito, Miguel De constrói o seu filme a partir de fragmentos de cinema pornográfico hardcore, escolhendo apenas os planos de beijos. A obra pisca o olho a The Kiss (1896), de William Heise — um dos primeiros filmes comerciais da história do cinema, escandaloso na altura por mostrar um beijo explícito”, realça a nota. A “Anatomia da Transgressão” tem um custo de dois euros para estudante e de três euros para o público em geral. No dia 30 de maio, a caixa negra recebe, pelas 22h00, uma “noite de viagens musicais sem passaporte”, desta vez, com Mohammad Syfkhan, músico curdo-sírio radicado na Irlanda, e com Tangolo Mangos, diretamente da Bahia. A fechar a noite segue-se Graça, cidadão do mundo e navegador de sonoridades, que levará o público em rota livre entre géneros e geografias, com o corpo em constante rotação. O espectáculo tem um custo de seis euros para estudante e de não estudante de oito euros com reserva. À porta, o bilhete passa a ter um custo de oito euros para estudante e de não estudante de dez euros. De 30 de maio até 28 de junho estará ainda em exibição na nova galeria suspensa – “nas caixas de luz que pairam no foyer” - a exposição “até que tudo fique claro” de Isabel Medeiros”. A mostra foi batizada com as “palavras bonitas que o David Calão escreveu para ‘recorder’, já que os dois trabalharam sobre a memória e o desejo de ver para lá da superfície dos registos”. “Os fungos que cresceram no arquivo físico da erupção do Vulcão dos Capelinhos (1957, Ilha do Faial) deterioraram as imagens, transformando-as, tal como o tempo alterou a memória de quem a viveu. O arquivo surge não como prova, mas como evidência do esquecimento, manifestado na sua própria deterioração. As imagens contaminadas revelam um outro tipo de verdade: a da memória simultaneamente em ruína e em construção”, lê-se na sinopse. Este primeiro ciclo – com uma exposição por trimestre- encerrará com uma conversa, pelas 19h00, entre Isabel Medeiros e David Calão. A entrada é livre. No dia 10 de junho, das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 17h30, segue-se ainda uma oficina gratuita de VJing com Resolume Arena, com Ricardo Jorge. “Toda a gente quer servir o seu untz untz, mas será que sabem o que é preciso para o ecrã dançar a par da pista? Querem dar show, nós queremos um bocadinho mais de charme. Mas como não somos maus de todo, damos uma ajuda para subir a fasquia”, sintetiza a nota. Assim, nesta oficina, Ricardo Jorge, conhecido por outros como Moho, irá “ensinar a levantar o padrão”. “Propomos um primeiro contacto com o Resolume Arena, ferramenta de eleição para performance visual ao vivo. Exploraremos as bases: linguagem do software, lógica da interface e a viagem do sinal, do ecrã do computador ao projetor, ao LED, ao espaço”, completa. Logo após quatro dias, pelas 22h00, segue-se um novo espectáculo musical com “The Journey to Pleasure Drone”, uma criação de Gil Mac e Henrik Ferrara. “Um mergulho sonoro e musical, entre música eletrónica, performance e dança”, resume. Também “Moho” regressará nessa noite. “Musicalmente, inspira-se em espécies ameaçadas e extintas para criar viagens sonoras profundas e hipnóticas. Fundo do oceano, cume da montanha ou outras descrições vagas que nunca desiludem”, avança a nota. O evento resulta de uma parceria entre o GrETUA e o Núcleo de Estudantes de Engenharia de Computadores e Telemática (NEECT) e tem um custo com reserva de seis euros para estudante e de não estudante de oito euros. À porta, o bilhete tem um custo de oito euros para estudante e para o público em geral de dez euros. No dia 21 de junho, pelas 23h50, a programação prossegue com os “Sleep Stages: concertos para dormir, com Coldest Winter e usof”. ​​O GrETUA, em parceria com a Universidade de Aveiro e o 23 Milhas, volta a abrir espaço para o sono e para tudo o que nele acontece. “Trocamos o ruído pelo murmúrio, a pressa pelo embalo e deixamos que a música nos guie ao longo de oito horas ininterruptas, desta vez com Coldest Winter e usof ao comando. Quem vem, traz a almofada e a disposição para dormir ou não. Quem recebe, garante o colchão e o pequeno-almoço, para que acordemos juntos, a partilhar o que ficou na cabeça e o que se dissolveu no sonho. O resto? Está por vir. É fechar os olhos e deixar-se levar”, realça. Na nota, o GrETUA recorda ainda que o público deverá ocupar os colchões disponibilizados pela organização e que fica ao encargo dos participantes “trazer saco-cama ou outros elementos para pernoitar no espaço”. A reserva tem um custo de 14 euros. A encerrar este trimestre estará a residência artística “Bright Horses” de Carminda Soares e Maria R. Soares. De 3 a 7 de julho, “Bright Horses” é uma peça para seis intérpretes — três duplas de irmãos gémeos — que faz uso de dinâmicas internas e familiares para refletir criticamente sobre a competição na sociedade capitalista atual. “Trazendo a experiência real para palco através do seu elenco, desenvolvem-se três diálogos coreográficos entre irmãos que se posicionam em territórios que evocam disputa, agressão, luto, despedida, afeto e ilustram a complexidade das relações familiares como microcosmos de dinâmicas sociais mais ampla”, finaliza. Todos os bilhetes e reservas podem ser efetuados em gretua.pt.

emmy Curl leva “Pastoral” à caixa-negra do GrETUA esta sexta-feira
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emmy Curl leva “Pastoral” à caixa-negra do GrETUA esta sexta-feira

Após cerca de um mês e meio dedicados à produção teatral, os concertos regressam ao GrETUA pela mão de uma artista cuja passagem pela cidade de Aveiro foi determinante, já que foi nesta cidade que se lhe viram dar os primeiros passos enquanto música. emmy Curl é um heterónimo de Catarina Miranda Trindade, uma das primeiras produtoras musicais femininas portuguesas. Multi-instrumentista, compositora, produtora, artística plástica e 3D, realizadora de vídeos e canta-autora. Esta sexta-feira traz no reportório o álbum com que ganhou o Prémio José Afonso 2025, “Pastoral”, uma homenagem ao folclore português e “uma celebração de coragem e amor em tempos difíceis”. As portas abrem às 21h30 e o concerto começa às 22h00. Os bilhetes podem ser adquiridos aqui. A programação trimestral do GrETUA prossegue no dia 30 de maio numa noite tripartida entre os brasileiros Tangolo Mango, o sírio Mohammad Syfkhan e as músicas de todo o mundo do DJ Set do Graça, que encerrará o mês de maio na caixa-negra do GrETUA.

Estudante de Bioquímica vence Concurso de Previsão Eleitoral promovido pelo DCSPT, Ria e AAUAv
Universidade

Estudante de Bioquímica vence Concurso de Previsão Eleitoral promovido pelo DCSPT, Ria e AAUAv

O grande vencedor foi Bruno Tiago, estudante do 2.º ano da Licenciatura em Bioquímica da UA, cuja previsão obteve o menor erro global face aos resultados oficiais, de acordo com o Índice LSq (Least Squares) - o modelo estatístico utilizado para avaliar a precisão das respostas. Bruno Tiago estimou que a AD – Coligação PSD/CDS alcançaria 31,1% dos votos (32,7% oficiais), o PS 25,5% (23,4% oficiais) e o Chega 23,7% (22,6% oficiais). Para a Iniciativa Liberal previu 7,1%, mais 1,6% do que o resultado final, e para o Livre 5,0%, também acima dos 4,2% obtidos nas urnas. Já o PAN foi estimado em 1,5% (1,4%) oficiais, enquanto o Bloco de Esquerda e a CDU foram previstos com 3,0% e 2,0%, respetivamente (valores próximos dos 2,0% e 3,0% oficiais). O seu índice LSq foi de apenas 2,59, o mais baixo do concurso e explica-se em boa parte por ter sido um dos participantes que submeteu uma previsão do resultado eleitoral do Chega mais próxima do resultado oficial. No segundo lugar ficou João Abreu, cuja previsão indicava 33% para a AD, 25,4% para o PS e 20,2% para o Chega. A IL foi estimada em 7,3% e o Livre em 4,1%. Já o BE, CDU e PAN foram previstos com 2,1%, 3,6% e 1,2%, respetivamente. Com um índice LSq de 2,60 ficou a escassos centésimos do primeiro lugar. Luís Simões completou o pódio, com uma previsão de 33,1% para a AD, 25,4% para o PS e 19,7% para o Chega. A sua estimativa para a IL foi de 6,3%, para o Livre 5,1%, para o BE 2,9%, para a CDU 2,8% e para o PAN 0,9%. O seu índice LSq finalizou nos 2,75. Destaca-se ainda a menção honrosa para Miguel Viegas, docente e investigador do Departamento de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo da Universidade de Aveiro (DEGEIT-UA), que foi o grande vencedor da previsão para os resultados eleitorais do círculo de Aveiro. Para a organização “este concurso foi uma excelente forma de envolver a comunidade UA num exercício de literacia democrática, estatística e política. O número e a qualidade das participações superaram largamente as expectativas". Os três primeiros classificados receberão vales FNAC no valor de 100€, 50€ e 20€, respetivamente. A classificação geral do Concurso de Previsão Eleitoral pode ser consultada aqui. Bruno Tiago, estudante do 2.º ano do curso de Bioquímica da UA foi o grande vencedor do concurso de previsão eleitoral das Legislativas 2025. Apesar de não ter formação na área das ciências sociais ou políticas, Bruno Tiago destacou-se pela precisão das suas previsões. “Eu não tive propriamente pontaria. Aquilo que eu lá coloquei nas minhas previsões foi aquilo que eu realmente achava que era”, afirmou, explicando que se guiou por uma análise pessoal da tendência de subida ou descida dos partidos com base nos últimos resultados das eleições legislativas de 2024. “Comecei a fazer e guiei-me pela subida ou descida dos partidos”, acrescentou. Neste seguimento, admite que não esperava vencer: “Não, claro que não”, assegurou. Em entrevista à Ria admitiu ainda que a participação no concurso ocorreu por mero acaso motivado pelos colegas na biblioteca. “Eu já tinha visto o email e achei interessante. Entretanto passou e não cheguei a participar. Um dia estava na biblioteca com os meus amigos e eles estavam a preencher o formulário e decidi fazer com eles”, contou. Numa análise crítica aos resultados das eleições, Bruno destacou a subida do partido Chega como um ponto negativo. “Eu destaco a subida do Chega como um ponto negativo. No entanto, existem jovens que gostaram que o Chega tivesse aumentado o número de deputados no Parlamento”, afirmou, acrescentando que, por outro lado, viu com bons olhos o desempenho do Livre. “Como um ponto positivo, acho que posso dar como exemplo a subida de deputados do Livre. Acho que é um partido íntegro e que mereceu ter aumentado o número de deputados”, opinou. No final, questionado também sobre o alegado desinteresse dos jovens pela política, o estudante defendeu uma visão mais complexa. “Eu acho que existem as duas versões. (…) Eu sinceramente creio que o desinteresse que muitos dos jovens têm é por não se sentirem representados na política. Na representatividade daquilo que os jovens querem para os seus futuros”, exprimiu.

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Candidatos do PS da Murtosa reuniram com a SEMA para discutir comércio e desenvolvimento local
Região

Candidatos do PS da Murtosa reuniram com a SEMA para discutir comércio e desenvolvimento local

Em nota enviada às redações, a Comissão Política da Concelhia da Murtosa dá nota de que o encontro teve como principal objetivo debater medidas de apoio ao comércio local e ao tecido empresarial da Murtosa. Na reunião foram abordadas questões vistas pelos socialistas como “prioritárias”, tais como “o apoio logístico e formativo aos comerciantes”, “a sustentabilidade e desenvolvimento” dos negócios locais e a “necessidade de criação de ‘imagens de marca’ identitárias” da região. Os representantes do PS reconheceram ainda o esforço dos comerciantes e defendem “que o Município deve ser um “aliado” de referência, em parceria e reciprocidade com esta [SEMA] e outras associações”. Para Augusto Vidal Leite, candidato à presidência da Câmara, “o comércio local é um pilar essencial da economia e da vida dos nossos munícipes”. “Vamos construir uma política municipal que incentive o consumo local, as nossas “imagens de marca” e crie condições para que os nossos comerciantes se possam afirmar e fixar os seus negócios na Murtosa”, defendeu o candidato socialista. A candidatura socialista continuará nas próximas semanas a promover encontros com associações e representantes da sociedade civil.

"Os Traidores", opinião de Samuel Dias Xavier
Opinião

"Os Traidores", opinião de Samuel Dias Xavier

Dizem que aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo. Se fizermos um pequeno exercício de memória, seja ela mais curta ou mais longínqua, temos na nossa memória, enquanto indivíduos, enquanto parte de um grupo ou família, parte de um povo ou de uma nação, a resposta para quase todos os nossos problemas. A natureza humana, por mais solavancos a que possa ser sujeita, está condenada a repetir-se, a criar rotina e a gerar ciclos. O resultado das eleições do passado domingo são surpreendentes, chocantes, mas que em certa parte não são uma novidade. Desta vez, teremos um partido ultrarradical de extrema-direita como líder da oposição. Não é a primeira vez que outros partidos, além do PSD e PS, têm elevadas representações parlamentares. PCP e CDS já tiveram quase 50 deputados cada um e, em finais dos anos 80, PPD, CDS e PRD tinham cerca de 70% da representação parlamentar, o mesmo que hoje AD, IL e Chega representam. O que há aqui de diferente é que o PRD desapareceu, entalado entre PS e PSD, condenado à sua dimensão unipessoal de Eanes, facto este que dificilmente acontecerá com o Chega. A minha reflexão não tem como objetivo discutir e analisar as flutuações percentuais e de representação parlamentar que o povo português sabiamente vai confiando aos partidos. Portugal tem sido condenado a ciclos governativos muito curtos no passado recente, sempre incentivados por dissoluções da Assembleia da República. Estes miniciclos não permitem que se mude rigorosamente nada, além da composição parlamentar. Esta circunstância, a somar à complexidade da geopolítica atual gera frustração e resignação. O país não cresce de acordo com as expectativas, a economia não consegue subir de patamar e a esperança vai caindo. Na Grécia antiga, Platão apontava para o declínio das democracias através dos populismos – gerado através das frustrações pessoais dos cidadãos, da exploração das paixões do povo em contraste com as ideias e a razão. Os ingleses, com uma cultura democrática largamente maior que a nossa não têm embaraços destes. Felizmente para eles, uma maioria parlamentar consegue manter-se e seguir um programa de ideias, independentemente do primeiro-ministro, do governo e dos MP’s (veja-se que a maioria absoluta dos conservadores em 2019 teve 3 primeiros-ministros: Boris, Truss e Sunak). Também na Alemanha há compromissos entre os partidos para garantir uma legislatura completa. Enfim, poderia dar variadíssimos exemplos europeus que se distanciam da nossa circunstância. A situação atual é complexa, muito complexa. Como nos sugeriu Mencken: “para cada problema complexo, há uma resposta simples, clara e errada”. Podemos ver então que nada disto é novo. O ser humano, quando é confrontado com problemas, tem instintivamente uma inclinação para responsabilizar alguém ou uma circunstância e de procurar uma certa ideia messiânica que responda facilmente ao problema. Não existe mais espaço para a razão e para as ideias. Esse espaço é agora ocupado pela purga, pelo simplismo e por modas. Não interessa a governação, a estabilidade, a previsibilidade, nem a discussão. Também os romanos nos advertiam por sermos “um povo que não se governa nem se deixa governar”. É sempre mais simples responsabilizar um grupo (normalmente excluído e em minoria) por um problema mais complexo e antigo. A retórica é sempre a mesma: subsídio-dependentes, ciganos, imigrantes, palestinianos, judeus… As minorias são sempre a válvula de escape para os maiores disparates. A ironia disto tudo é sermos também um povo que tem milhões de emigrantes pelos vários continentes - e que também eles próprios foram responsabilizados por problemas aos quais eram alheios – encontramos as responsabilidades para os nossos problemas nesse grupo tão heterogéneo que são os imigrantes. Nos anos 60, muitos milhares de portugueses emigraram para Paris, ilegalmente, para encontrarem refúgio nos bidonville (bairros de lata), vivendo na lama, em barracas de tijolo e chapa, muitas vezes sem luz ou água canalizada, para fugir a um regime totalitário, à miséria e à guerra. Trabalhando de sol a sol, amealharam o pouco que conseguiam para trazer de volta à sua pátria amada, com um sonho de criar família e de dar um futuro melhor aos seus filhos. Hoje, muitos dos netos destes emigrantes votam no Chega para dar “um abanão” ao país. Porque não querem imigração ilegal, não querem estrangeiros na sua terra. Quando desligamos da nossa identidade o ‘botão do humanismo’, não há esclarecimentos nem pedagogia que nos possam salvar. O mundo pós-1945 permitiu construir sociedades modernas e capazes de criar equilíbrios e consensos. Foi uma época em que imperou a razão, a ideia e o compromisso. Daí triunfaram os catch-all parties. Foi possível estimular a economia, criar estados de direito, equilíbrio de poderes, distribuição de riqueza e consolidação dos welfare state. Em Portugal, com várias crises sucessivas, permitiu-se um certo desgaste das ideias, dos partidos e destes grandes progressos que foram possíveis. Que não haja ilusões, os partidos e o parlamento são o reflexo da sociedade, são o primeiro indício de um certo declínio das ideias. Responsabilizar líderes, partidos ou o parlamento é desonesto e é antidemocrático. Não há democracia sem partidos, ponto. A História tem essa prova, tudo o resto são ilusões e fantasias platónicas de uma sociedade de independentes com ideias simples e luminosas como uma manhã de primavera. Este é um regime de Homens, e portanto, de erros. Se ignorarmos esse facto, estaremos a cavar uma trincheira de ignorância, para ali permanecer, imóveis, e resguardarmo-nos de qualquer bala de responsabilidade. Shakespeare revelou-nos em ‘Júlio César’ a natureza traiçoeira do ser humano. Somos capazes da maior das traições – contra os nossos, contra as nossas ideias, contra nós próprios. Permitir que nos deixemos enganar por soluções simples, para causar “abanões”, para realçar o ódio contra o que é diferente, é trair a nossa História e a nossa experiência coletiva. Seremos os nossos próprios traidores.

Livro "A Sagres em Aveiro 2024" apresentado na Expo 2025 em Osaka
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Livro "A Sagres em Aveiro 2024" apresentado na Expo 2025 em Osaka

A obra documenta a passagem do navio-escola Sagres pela cidade de Aveiro, durante as comemorações do Dia da Marinha em 2024, no âmbito do programa “Aveiro – Capital Portuguesa da Cultura”. Atracada junto à antiga lota, a Sagres foi, durante vários dias, ponto de encontro entre tradição marítima, cultura e comunidade. A apresentação do livro foi um dos momentos da visita oficial de José Ribau Esteves ao Japão