RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

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“Encontro Regional de Clubes Ciência Viva na Escola” debate a educação STEAM em Aveiro

A Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro está a acolher, esta segunda-feira, 24 de fevereiro, até às 17h30, o primeiro “Encontro Regional de Clubes Ciência Viva na Escola”. Sob a temática da Educação STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática), a iniciativa está a contar com a participação de “28" agrupamentos de escolas da região centro.

“Encontro Regional de Clubes Ciência Viva na Escola” debate a educação STEAM em Aveiro
Isabel Cunha Marques

Isabel Cunha Marques

Jornalista
24 fev 2025, 15:09

Em entrevista à Ria, Pedro Pombo, diretor da Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro explicou que este primeiro encontro resulta de uma iniciativa apoiada pelo Programa Impulso Jovens STEAM, do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e que pretende ser um convite aos “66” dos “137" Clubes Ciência Viva na Escola que, atualmente, trabalham com o Centro Ciência Viva de Aveiro. “O programa de Clubes de Ciência Viva na Escola é uma iniciativa nacional. Foi uma ideia da Ciência Viva (…) em parceria com o Ministério da Educação. Nesse âmbito houve um financiamento para se montarem clubes de ciência viva nas escolas. Isto começou em 2020 ou em 2021(…) Nesse âmbito criamos parceria com 137 clubes, de todo o país e começamos a dar apoio, a fazer atividades e a fazer troca de experiências”, explicou. Hoje, “temos aqui 78 pessoas inscritas que representam 60% dos clubes que estamos a fazer o acompanhamento. Isto significa que temos aqui da região centro do país representados 28 agrupamentos de escolas”, completou Pedro Pombo.

O primeiro encontro tem como temática a educação STEAM que pretende, segundo o diretor, ensinar “utilizando ambientes educativos inovadores” como é o caso dos espaços makers. A programação da manhã integrava, entre outras propostas, palestras ligadas à área da química e ao espaço como foi o caso da palestra “Moléculas à Luz das Estrelas” com Paulo Ribeiro Claro, professor associado com agregação no Departamento de Química da Universidade de Aveiro (UA), seguindo-se agora da parte de tarde uma palestra ligada à área da sustentabilidade e da biologia com a temática como “Pode a Aquacultura Alimentar o Mundo?” com Ricardo Calado, investigador Coordenador no Centro de Estudos do Ambiente e Mar (CESAM), pelas 15h15. A programação na íntegra pode ser consultada aqui.

À Ria, Pedro Pombo disse ainda querer dar pistas aos presentes sobre como a educação STEAM pode ser aplicada na parte prática como acontece, neste momento, em Aveiro. “Esta questão da educação STEAM já começa a ser bastante falada em Portugal (…), mas muitas vezes surge apenas através de uma perspetiva teórica e falta a prática (…) O que eu espero deste encontro é dar-lhes pistas para estas perguntas… Porque é que em Aveiro nós conseguimos fazer isso? O que eles vão ver é uma implementação prática de uma estratégia deste tipo (…) Tudo o que vão ver está no terreno, nas escolas do Município de Aveiro, desde 2019 (…) Esta estratégia está nas 30 escolas do primeiro ciclo, nas sete escolas do segundo e terceiro ciclo e nas quatro escolas do ensino secundário”, apontou. “Não há nenhum município com um programa [em educação STEAM] como o nosso. Nós estamos a receber pessoas de outros municípios que ouvem falar ou que conhecem de alguma forma e que vêm aqui conhecer melhor e para se inteirar…. Temos até já alguns municípios a querer implementar um modelo idêntico e a pedir-nos ajuda com este processo. É o caso de Palmela ou de Paços de Ferreira, por exemplo”, continuou o diretor.

O responsável adiantou ainda que está já previsto um segundo encontro regional que decorrerá no dia 16 de junho, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro ou no caso de o espaço ser insuficiente [para o número de presentes] num dos auditórios da UA. O evento será uma “continuação” desta primeira iniciativa. “Neste encontro estamos a promover a educação STEAM e vamos dar uma ênfase grande aos programas da universidade e ao que o Município já faz relativamente ao STEAM. O segundo encontro é para ter mais momentos de apresentações orais dos próprios professores e das escolas para eles apresentarem os programas STEAM que estão a fazer nos vários locais”, revelou.

Também presente no primeiro encontro regional, Artur Silva, vice-reitor da UA aproveitou o momento para recordar a importância dos Clubes de Ciência Viva na Escola ao levarem “a ciência e a investigação” às escolas. José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro foi de encontro a esta ideia salientando os “resultados positivos” da parceria “muito feliz” entre a autarquia e a Fábrica de Ciência Viva. “(…) Somos o único Centro de Ciência Viva do país que pertence a uma universidade o que nos dá um conjunto de vantagens adicionais muito relevantes…. Obviamente tem havido um exercício de trabalho nesta área da formação para a ciência começando pela malta mais nova sempre cuidando da capacitação dos docentes (…) e a experiência que depois vamos dando aqui mesmo na nossa fábrica (…) tem um efeito duplo de formar, sensibilizar e criar motivação adicional (…) “, expôs.

A Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro, aberta ao público desde o dia 1 de julho de 2004, está instalada no edifício da antiga Companhia Aveirense de Moagens. Resulta de uma parceria entre a UA e a Ciência Viva –Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, e integra a Rede Nacional de Centros Ciência Viva. A Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro tem como missão primordial a promoção da cultura científica e tecnológica, utilizando para isso diferentes formas de comunicação, de que são exemplos as exposições interativas, os espaços laboratoriais, o makerspace e os shows de ciência, que fazem parte da oferta permanente do centro.

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Investigadores da UA desenvolvem sensor colorimétrico para deteção de L-asparagina
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O trabalho foi desenvolvido por Ana Paula Tavares, Mara Freire, Márcia Neves e João C.F. Nunes, investigadores do CICECO - Instituto de Materiais de Aveiro e do Departamento de Química. De acordo com a nota, o sensor representa uma “alternativa prática às técnicas convencionais, que são habitualmente complexas, demoradas e dispendiosas”. “O aminoácido L-asparagina está presente no organismo humano e em alimentos de origem vegetal, especialmente os ricos em amido. No setor da saúde, a sua monitorização está associada ao acompanhamento de doentes com leucemia linfoblástica aguda. Na indústria alimentar, o controlo da sua presença é relevante para prevenir a formação de acrilamida, uma substância potencialmente cancerígena que se forma durante a confeção de certos alimentos a temperaturas superiores a 100 °C”, explica. A tecnologia desenvolvida consiste num sensor cujo material muda de cor conforme a quantidade de L-asparagina presente na solução. “A leitura da concentração é feita de forma imediata, através da observação da tonalidade adquirida pelo sensor, sem a necessidade de equipamentos de laboratório. Por ser simples, portátil e acessível, esta inovação abre portas à sua aplicação em diversos ambientes, desde laboratórios de investigação até fábricas e unidades hospitalares”, continua a nota. Este desenvolvimento surgiu no âmbito do projeto “NanoPurAsp – Development of sustainable nanomaterials for the purification of antileukemic drugs”, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pelo programa POCI. A tecnologia também contou com o apoio do projeto UI-TRANSFER, que visa promover a valorização do conhecimento científico e a sua transferência. “Este último apoio permitiu à equipa realizar testes de prova de conceito e preparar a tecnologia para futuras aplicações no mercado. O potencial da invenção foi reconhecido internacionalmente, tendo o Instituto Europeu de Patentes emitido a intenção de concessão da patente. A UA garantiu já a validação no âmbito da patente unitária europeia, assegurando proteção da tecnologia em vários países da União Europeia”, esclarece. A L-asparagina é um aminoácido presente tanto no organismo humano como em alimentos de origem vegetal, em especial aqueles ricos em amido, como as batatas e os cereais. Em contextos laboratoriais e clínicos, a sua quantificação é essencial.

Engenharia e Gestão Industrial (EGI) vence vigésima edição da Taça UA
Universidade

Engenharia e Gestão Industrial (EGI) vence vigésima edição da Taça UA

A noite da passada quinta-feira, 5 de junho, apurou o vencedor da Taça UA, numa noite que ficou marcada pelas finais de andebol misto, disputadas entre os cursos de Engenharia Mecânica e Engenharia e Gestão Industrial (EGI), e de futsal masculino, entre Engenharia Eletrónica e Telecomunicações (EET) e Finanças, partidas pautadas pela intensidade dos jogos disputados até aos últimos minutos e pelas bancadas vibrantes, com bombos e cânticos a fazerem-se ouvir o tempo todo. EGI acabou por vencer o jogo de andebol e conquistou mesmo a Taça UA. A festa, que já tinha começado nas bancadas, foi levada até à rotunda do ISCA-UA. À Ria, Joana Andrade, vice-presidente para as atividades académicas, culturais e desportivas da Associação de Engenharia e Gestão Industrial de Aveiro (AEGIA) e responsável desportiva na Taça UA, apontou no meio das celebrações que “é a décima” taça que os estudantes de EGI conquistam. “Sabe bem depois de um ano de trabalho trazê-la de volta a casa”, afirma com entusiasmo apontado que foi o objetivo do curso desde o início. “Está onde devia estar”, assegura. O ano passado a Taça tinha sido conquistada a EGI por Engenharia de Eletrónica e Telecomunicações. Este ano, o pódio final conta com 144 pontos de diferença entre o primeiro e o segundo lugar, sendo que o segundo lugar pertence a EET e o terceiro a Engenharia Mecânica. A pontuação da Taça UA segue um modelo de pontuação semelhante ao utilizado pela Federação Académica do Desporto Universitário (FADU) no Troféu Universitário de Clubes (TUC). Para o ano, Joana garante que o curso se vai voltar a empenhar para se tornar bicampeão daquela que é a maior competição intercursos do país. Aponta, ainda, como “fundamental” a necessidade de “continuar a motivar a claque, os treinadores e os jogadores” para vencer e aproveita a oportunidade para agradecer “aos atletas que representaram o nosso curso”. À Ria, Joana Regadas, presidente da direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv), aponta que a iniciativa se destaca no panorama do desporto nas universidades a nível nacional. “Temos uma competição inigualável, imensas modalidades individuais e coletivas que foram medalhadas ao longo dos últimos dias e isso mostra a pluralidade da nossa academia, mostra o quão investidos os estudantes estão em fazer e querer mais - além de estarem sentados numa sala de aula”, aponta Joana. A competição contou com a participação de cerca de sete mil estudantes, inscritos em cerca de 20 modalidades diferentes. Os últimos três dias foram marcados pela disputa das finais de basquetebol, voleibol, futebol 7, futsal, nas vertentes femininas e masculinas, e andebol misto. A iniciativa atraiu, segunda a representante dos estudantes da universidade aveirense, “imensas pessoas de outras academias para verem aquilo que é o desporto informal no seu auge”. A presidente da direção da AAUAv aponta que para o futuro a utilização da nave “seria, de facto, algo que iria marcar a diferença”. “Temos um pavilhão multiusos [Caixa UA] à espera e os estudantes estão muito ansiosos para que possa ser utilizado, principalmente nestas alturas que acabam por ter um aglomerado de pessoas maior”, frisa. O pavilhão Aristides, repara, “já não dá resposta às necessidades”, o que se comprova pelas “bancadas repletas, com pessoas sentadas no chão”. Além disso a segurança e a acessibilidade ficam comprometidas. “A nave é uma necessidade e esperamos que para o ano isto não seja uma questão e que se possa celebrar o desporto informal num espaço digno de ser celebrado e que consiga acolher todos aqueles que querem participar”, enfatiza Joana Regadas. Artur Silva, vice-reitor para a investigação, inovação e formação de terceiro ciclo e acreditação dos ciclos de estudos, marcou presença e assistiu à final de futsal masculino. À Ria, sublinhou que a competição “é uma ótima forma dos estudantes estarem envolvidos uns com os outros”. Quanto à disponibilidade de espaços para se disputar os jogos da Taça UA, Artur Silva aponta que as duas infraestruturas têm de ser utilizadas de forma “a servir a comunidade académica toda”. O vice-reitor deixou ainda uma ressalva quanto ao número de estudantes envolvidos, tendo garantido que “é um movimento que nós queremos que venha a aumentar cada vez mais”. “É espetacular para a nossa academia e eu acho que é algo que nós queremos acarinhar, estamos a acarinhar e vamos acarinhar no futuro”, assegura.

Última Jam Session do ano letivo celebra mês do orgulho com a presença de Sincera Mente
Universidade

Última Jam Session do ano letivo celebra mês do orgulho com a presença de Sincera Mente

Sincera Mente tem vindo a ganhar notoriedade nas redes sociais e marcou presença na última Jam Session do ano letivo da UA. À Ria, sublinhou que a receção foi “muito calorosa”, com pessoas a pedirem vídeos, fotografias e até autógrafos. Foi, inclusive, na UA que deu o primeiro autógrafo desde que começou com o projeto da Sincera. “Tem sido uma experiência muito boa, muito enriquecedora, porque as pessoas partilham comigo as experiências que têm a ver os meus vídeos, faz-me muito feliz e dá-me vontade de continuar”, conta. De vestido azul a fazer lembrar a arte azulejar típica da região, Sincera Mente conta que demorou “três horas” a preparar o figurino. “Hoje eu decidi vir super bem produzida”, observa. Por trás da personagem está um professor de teatro e de dança que partilha a mesma personalidade da Sincera. “Se eu estivesse desmontada seria exatamente igual, só que sem saltos, para não sofrer tanto”, brinca. O projeto pretende “trazer a arte drag para a rua”. “A arte drag é feita para o palco e eu acho que a arte drag, que agrupatantas outras artes, pode ser trazida para a rua para mostrar que realmente nós existimos, nós estamos aqui. Não há mal nenhum,nós não queremos fazer mal a ninguém, queremos apenasentreter-vos”, repara. A Universidade é, para Sincera, “um palco mais privilegiadopara trazer esta mensagem”. “Partimos do princípio de que sãopessoas que estão informadas, que são de uma geraçãoque está apta a receberpessoas diferentes eperceber que quanto mais diferenças virmos, mais humanos somos, com mais característicasnos identificamos”, afirma, enquanto lembra que “há pessoas que ainda não sabem quem são e que estão a descobrir quem são:tanto na sua identidade comosexualmente etoda a gente passa por esse processo”. À Ria, Joana Regadas, presidente da direção da AAUAv, faz um balanço positivo das Jam Sessions em conjunto o NEMU. “As pessoas têm aderido” à iniciativa que proporciona momentos de lazer, mesmo numa altura que é marcada pela época de exames. “[Os estudantes presentes] são a prova de que são precisas estas pausas para conseguir o equilíbrio perfeitoentre aquilo que é o estudo, a vida académicae todas estas partes que fazem este percurso tão singular”, diz a representante dos estudantes. Também Matilde Cardoso, coordenadora do NEMU, aponta o sucesso da iniciativa que incentiva os estudantes – de Música ou não – a partilhar momentos de lazer e cultura. “A malta costuma estar a assistir, traz um instrumento e entra para tocar: acredito quenestes eventos a malta se conheçae que depois até se junte e forme grupos”, conta Matilde. A estudante repara ainda que a diversidade cultural e a abordagem da temática da comunidade LGBTQIA+ como “importante” por ser algo que continua a “ter de ser falado”. Joana atenta ainda que a iniciativa dá o pontapé de saída para um mês com um especial foco precisamente na comunidade LGBTQIA+, de forma a celebrar e chamar a atenção para a temática. “Temos acima de tudo que ser uma academia inclusivae aberta a todos eque conseguimos mostrar aquilo que é o espírito de acolhimento(…)e é isso que nós queremos trazer para cima da mesa:mostrar aquilo que somos, que a UA é abertaa todos e que acima de tudo sabe receber”, afirma.

Nova secretária do Ensino Superior critica propinas “baixíssimas” e propõe sistema de empréstimos
Universidade

Nova secretária do Ensino Superior critica propinas “baixíssimas” e propõe sistema de empréstimos

Num artigo de opinião publicado no Observador a 20 de dezembro de 2022, Sarrico defendeu que “os alunos devem pagar uma contribuição [propina] para fazer os seus estudos no Ensino Superior através de empréstimos cujo pagamento corresponde a uma percentagem do seu rendimento futuro e pago através de uma dedução no seu salário, tal como o IRS e as contribuições para a segurança social”. Para a nova governante, esta seria a “única solução que permite financiamento suficiente do sistema de forma sustentável e com qualidade”. Nesse mesmo texto, Cláudia S. Sarrico classificou o valor atual das propinas como "baixíssimo", afirmando que “as propinas de licenciatura são baixíssimas – muito menos do que se paga pelo infantário dos miúdos, o que também contribui para a baixíssima taxa de fertilidade em Portugal”. Defende ainda que o modelo de Ensino Superior gratuito tem um efeito regressivo, argumentando que “significa antes dar vantagem financeira a pessoas que na sua maioria já são privilegiadas e que se tornarão ainda mais por se diplomarem à custa de muitos que pagam impostos e que nunca tiveram esse privilégio". A ideia de empréstimos reembolsados pelos rendimentos futuros dos diplomados surge como uma proposta de maior equidade e sustentabilidade para Cláudia Sarrico. “Eliminam a aversão aos empréstimos bancários”, refere a nova secretária de Estado, sublinhando que quem ganha menos “paga menos” e que “os pagamentos podem ser geridos pela autoridade tributária que funciona eficazmente em Portugal.” No início de 2023, Cláudia S. Sarrico participou no evento 'Ideias +23', organizado pelo Instituto +Liberdade, onde apresentou um conjunto de propostas sob o título “Alargar a autonomia das Instituições de Ensino Superior”. Entre essas propostas, defendeu a criação de fundações de direito privado, constituídas por tempo indeterminado, dotadas de personalidade jurídica e reconhecidas como de utilidade pública. Propôs também o fim dos estatutos de carreira nacionais para docentes universitários, docentes do politécnico e investigadores, passando todo o pessoal docente, investigador, técnico, administrativo e de gestão a ser empregados da instituição. Durante a sua intervenção, Cláudia Sarrico defendeu ainda a abolição dos numerus clausus na generalidade dos cursos e reforçou a ideia de financiamento dos alunos através de empréstimos reembolsáveis em função dos rendimentos futuros, sublinhando que este modelo “mostra-se que aumenta a equidade”. Apontou a autonomia como um fator potenciador da diversificação das fontes de rendimento, incluindo cursos de formação e educação contínua, contratos com o setor comercial, setor público, setor social e filantropia. Acrescentou que essa mesma autonomia favorece uma melhor utilização dos recursos e um posicionamento estratégico das instituições, conduzindo a uma maior diversificação do sistema de Ensino Superior. Por fim, destacou a importância da responsabilização, com foco na avaliação e gestão da qualidade. Num segundo artigo publicado em 15 de junho de 2023, também no Observador, a nova secretária de Estado do Ensino Superior questionou a utilidade dos doutoramentos em Portugal no atual modelo e criticou o modelo de acesso e financiamento. Cláudia S. Sarrico afirmou: “Arrisco dizer que em muitos doutoramentos praticamente entra quem quer desde que pague as propinas.” Apesar do aumento do número de doutorados no país, alertou para a baixa eficiência formativa, o excesso de precariedade na academia e a fraca inserção dos doutorados fora do setor universitário. Perante este cenário, a nova secretária de Estado do Ensino Superior deixou uma pergunta no ar: “Face a este cenário pergunto-me porque é que as pessoas querem fazer um doutoramento em Portugal.” E acrescentou: “Parece-me, pelo menos em algumas áreas, que será uma forma de credencialismo, em que as pessoas procuram no doutoramento uma melhoria do seu estatuto social e profissional, mais do que competências exigidas pelo mercado de trabalho.” A nova governante defende uma maior exigência à entrada nos programas doutorais, bem como melhores condições para atrair talento, considerando que “seria melhor ter menos doutorandos e mais apoiados com contratos de trabalho, atraindo o melhor talento para estudos doutorais. Seriam reconhecidos como membros juniores do corpo docente, como é normal noutros países europeus.” Cláudia Sarrico chega assim ao Governo com ideias claras sobre o futuro do Ensino Superior, que tem vindo a defender publicamente ao longo dos últimos anos. Recorde-se que o atual ministro com a tutela do Ensino Superior, Fernando Alexandre, já tinha admitido a hipótese de descongelar as propinas. Ainda em março deste ano, no final de uma reunião com dirigentes de federações e associações académicas e em declarações aos jornalistas, o ministro disse que esperava convencer os estudantes que "com um bom sistema de ação social, o foco nas propinas perde-se”.

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Autárquicas: CDU apresenta esta sexta-feira o candidato à Câmara e à Assembleia Municipal de Aveiro
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A informação foi confirmada à Ria por Nuno Teixeira, atual membro da Comissão Concelhia do PCP em Aveiro. Questionado sobre quem será o cabeça de lista à Câmara, Nuno Teixeira preferiu manter a decisão em reserva, adiantando apenas que o nome será divulgado durante a apresentação de amanhã. Recorde-se que, no podcast Eleições Autárquicas 2025, promovido pela Ria, o próprio Nuno Teixeira não excluiu a possibilidade de ser o escolhido, sublinhando que, caso o PCP ou o coletivo optem pelo seu nome, assumirá essa responsabilidade como uma “tarefa” que está disponível para cumprir. Quanto à escolha de candidatos às juntas de freguesia, Nuno Teixeira garantiu que o processo está em curso e que os nomes serão anunciados em breve. Afirmou ainda que a CDU terá candidatos em todas as freguesias do concelho de Aveiro.

Mulheres com cancros diagnosticados em 2018 sobreviveram mais do que homens
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Mulheres com cancros diagnosticados em 2018 sobreviveram mais do que homens

“Para a maior parte dos tumores malignos, as mulheres apresentaram sobrevivências superiores em relação aos homens”, lê-se nas conclusões do relatório “Sobrevivência Global – Doentes diagnosticados em 2018”, a primeira publicação do género feita em Portugal. Salvaguardando que a partir das conclusões retiradas agora não é possível obter justificações precisas, pois os dados carecem de uma “análise mais fina”, a coordenadora do RON, Maria José Bento, apontou que além de “eventualmente” poderem existir fatores biológicos associados “é um facto que as mulheres procuram ajuda mais rapidamente, logo são mais rapidamente referenciadas”. “E todos sabemos que a deteção precoce influencia positivamente a sobrevivência”, disse a epidemiologista, em declarações à agência Lusa. Especificando por tipos de cancro, a especialista, que trabalha no Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, exemplificou com o tumor da mama, que é o tumor mais frequente nas mulheres e que, detetado precocemente, “tem muito bom prognóstico”. “A sobrevivência aos cinco anos [após detetado] é superior a 90% (…). No cancro do pulmão, que é um cancro de mau prognóstico e de baixa sobrevivência, e tem maior incidência nos homens do que nas mulheres, 21% dos homens vivem cinco ou mais anos. Enquanto nas mulheres, ao fim de cinco anos, 36% das mulheres está viva. Este é um dos exemplos típicos em que as mulheres têm melhor sobrevivência que os homens”, acrescentou. Em análise neste relatório estão dados sobre a sobrevivência global dos doentes oncológicos, diagnosticados em 2018, com 15 ou mais anos, residentes em Portugal à data do diagnóstico. O relatório analisa apenas os cancros primários. Foram excluídos os cancros da pele não-melanoma, bem como metástases ou recidivas. A sobrevivência ao cancro é sempre contabilizada a cinco anos porque a maior parte dos eventos ocorre nos primeiros cinco anos. A análise abrangeu 51.704 doentes e 52.953 tumores malignos invasivos, sendo a sobrevivência global a um e cinco anos de 81% e 65%, respetivamente. Cerca de 77% dos homens sobreviveu à doença pelo menos um ano, um número que baixa para 60% na sobrevivência aos cinco anos. A sobrevivência das mulheres foi superior, com 85% a sobreviver por um ano. Mais de 71% sobreviveram pelo menos cinco anos.   A equipa do RON concluiu que “a diferença de sobrevivência verificada entre os sexos, para todos os tipos de cancro combinados, ocorre em parte porque a sobrevivência para a maioria dos tipos de cancro é ligeiramente maior para as mulheres do que para os homens”. “E também porque os tipos de cancros mais comuns em mulheres apresentam maior sobrevivência do que os cancros mais comuns nos homens”, lê-se no resumo do relatório. Em relação à idade, as piores sobrevivências encontram-se nas idades mais avançadas, ou seja no grupo etário dos 75 anos ou mais, com pouco mais de metade dos doentes (54,1%) a sobreviverem cinco anos ou mais. A sobrevivência aos cinco anos entre os residentes nas sete regiões de Portugal (segundo a NUTS II – 2013) revelou a existência de desigualdades nos resultados obtidos. Os residentes nas regiões Centro, Norte e Área Metropolitana de Lisboa obtiveram as melhores sobrevivências aos cinco anos (66%), enquanto a Madeira apresentou globalmente pior resultado (60%). Considerando as taxas de sobrevivência tendo em conta a diferente distribuição etária das regiões, é na região Centro que se encontra a sobrevivência aos cinco anos mais elevada (67%), e nos Açores a mais baixa (57%). Sobre este aspeto, Maria José Bento salvaguardou que os números devem ser lidos tendo em conta a dimensão das regiões: “Estes dados são reais, mas têm que ser lidos com cuidado, nomeadamente quando há poucos casos por patologia, que é o que acontece nas regiões autónomas. Quando eu digo que a pior sobrevivência foi nos Açores, é referente àquele pequeno conjunto de dados de doentes. Em 2018 ocorreu assim, eventualmente, nos outros anos isto pode não se verificar”, disse. A especialista alertou ainda, em jeito de recomendação aos decisores políticos e responsáveis de organizações e associações ligadas ao tratamento oncológico, que “mesmo em cancros que têm já rastreio quase com cobertura nacional, como mama, colo do útero e colo retal, verificou-se que há diferenças por região que devem ser alvo de análise”. Nos homens, as melhores sobrevivências foram as do cancro da próstata, lábio e testículo. Já com uma sobrevivência aos cinco anos inferior a 15%, surgem os cancros do esófago, pâncreas, mesotelioma e os cancros de origem desconhecida. Nas mulheres, os tumores com melhor prognóstico foram os da glândula tiroideia, lábio, os associados às doenças mieloproliferativas crónicas e os da mama. Por outro lado, os menos favoráveis foram o mesotelioma e os tumores do fígado, do pâncreas e de origem primária desconhecida. Esta foi a primeira vez que o RON fez uma análise sobre sobrevivência. À Lusa, Maria José Bento explicou que a equipa vê como importante que daqui em diante se faça o seguimento dos doentes oncológicos para que se tirem conclusões, nomeadamente ao nível da acessibilidade a tratamentos, idades, referenciação, entre outros aspetos. “Não devemos apenas contar os doentes, devemos também ver qual é o seguimento desta população (…). Seria uma pena se este relatório agora ficasse na gaveta. Esta é a base que temos. Agora é olhar com atenção e perceber o que é que está bem, o que é que está menos bem”, sublinhou.

PS-Aveiro enfrenta divisões em Cacia: Rui Carneiro não assume apoio a Alberto Souto
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PS-Aveiro enfrenta divisões em Cacia: Rui Carneiro não assume apoio a Alberto Souto

A Ria sabe que, desde que a Comissão Política Concelhia do Partido Socialista (PS) de Aveiro aprovou, em reunião interna realizada no passado dia 26 de maio, os nomes dos cabeças de lista às dez juntas de freguesia do município para as eleições autárquicas de 2025, a escolha de João Matos Silva como candidato à Junta de Freguesia de Cacia tem sido contestada por alguns dos militantes socialistas desta freguesia. Fontes próximas do processo adiantam que está a ser equacionada uma candidatura independente em resposta a esta decisão, sendo Rui Soares Carneiro, atual vereador da oposição, um dos nomes mais falados como possível cabeça de lista. Interpelado pela Ria sobre esta possibilidade, Rui Carneiro descartou essa opção, afirmando que “de momento, não está nas minhas cogitações”. “Se me perguntam muitas vezes se eu devia ser candidato [em Cacia]? Essas perguntas já me fazem há largos meses… Nem é bem uma pergunta, é mais uma afirmação ou uma vontade das pessoas. Agora não mais do que isso”, afirmou. Rui Carneiro confirmou ainda estar a par do descontentamento em torno da escolha do candidato do PS para Cacia, mas fez questão de sublinhar que isso não implica qualquer decisão da sua parte. “Automaticamente não se assume que a partir daí eu diga que sim ao que quer que seja, nem que esteja a planear o que quer que seja”, sintetizou. O vereador admitiu ter sido “sondado” pelo PS para assumir a candidatura à Junta de Cacia. “Sei que houve muitas pessoas sondadas durantes os últimos meses para esse processo e eu terei sido mais uma delas”, admitiu, não querendo adiantar mais detalhes do processo. “Sinceramente não quero estar a falar de processos internos (…) e não quero estar neste momento a ter uma discussão pública sobre isso. Para mim, tranquilo da vida, fui sondado - tal como outras pessoas foram – e, no fim, o partido considerou que devia fazer a opção que fez - e tudo muito bem. Agora não quero mesmo estar a contribuir para estar a desviar atenções para um debate que acho que não se justifica”, justificou. Recorde-se que Rui Carneiro foi o candidato socialista à Junta de Freguesia de Cacia nas eleições autárquicas de 2017, tendo então perdido com 35,66% dos votos, face à coligação PSD/CDS-PP/PPM, que obteve 46,31%. Apesar de, neste momento, afastar uma eventual candidatura independente, Rui Carneiro não fechou a porta a essa possibilidade no futuro. “Muito menos na política dizemos que nem não, nem nunca, porque de um momento para o outro há coisas que podem surgir e que podem mudar. (…) Não quer dizer que essa possibilidade ou outras possibilidades (…) não possam voltar atrás e possam acontecer. Isto na política é tudo muito mutável de um momento para o outro. Portanto, nunca direi nunca que não. Agora não estou a trabalhar nesse sentido. Continuo simplesmente a trabalhar como vereador, até ao momento em que eu deixarei de ser e é neste momento a única atividade que tenho, política, além da minha profissional”, recordou. Tal como noticiado pela Ria, Alberto Souto de Miranda, candidato do PS à Câmara Municipal de Aveiro, já anunciou que apresentará “novos nomes para a vereação”, o que implica que Rui Carneiro, assim como Rosa Venâncio e Fernando Nogueira, não integrarão a nova equipa. A Ria sabe que Rui Carneiro mantinha a expectativa de ser convidado para manter as suas funções de vereador, depois de se mostrar muito ativo, ao longo dos últimos anos, na oposição ao Executivo. Questionado sobre se apoiará Alberto Souto de Miranda, Rui Carneiro preferiu não assumir ainda uma posição, alegando que está “neste momento” a aguardar pelas “listas à Câmara e à Assembleia Municipal, bem como os programas eleitorais” para tomar a sua decisão. “Portanto continuo com a mente aberta para ver qual a melhor opção. Acho que é assim que os aveirenses também devem partir para esta campanha eleitoral, com a mente aberta para conseguirem perceber qual o melhor candidato no fim deste ciclo de 12 anos que termina”, opinou. Embora reconheça que Alberto Souto está “mais adiantado nessa discussão” do que Luís Souto, candidato da coligação ‘Aliança Mais Aveiro’, Rui Carneiro sublinhou que, apesar das ideias já divulgadas pelo socialista — em livro e nas redes sociais —, não sabe se estas integrarão o programa eleitoral. “Já fui publicamente contra uma ou outra ideia que vi lá esplanada, e concordei com muitas outras. Portanto, se no fim o programa final merecer a minha confiança, tudo muito bem”, declarou. Sobre se a sua escolha de voto poderá recair sobre um outro candidato, Rui Carneiro respondeu que “muito dificilmente”, ainda que não tenha completamente excluído a hipótese. “Sempre fui muito contra a ideia de que nós por termos o cartão de militante, temos que votar de forma cega no partido, independentemente de quem lá esteja e das propostas que apresentemos”, vincou.

 Distrito de Aveiro regista uma morte durante a campanha “Viajar sem pressa”
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Distrito de Aveiro regista uma morte durante a campanha “Viajar sem pressa”

Num balanço da campanha, que envolveu a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), a GNR e a Polícia de Segurança Pública (PSP), as autoridades indicam também que 909 pessoas sofreram ferimentos ligeiros. Relativamente ao período homólogo de 2024, verificaram-se menos 197 acidentes, mais seis vítimas mortais, mais 17 feridos graves e menos 37 feridos ligeiros. Os 11 acidentes com vítimas mortais ocorreram nos distritos de Aveiro (um), Beja (um), Braga (um), Coimbra (um), Faro (um), Leiria (duas), Lisboa (duas), Santarém (um) e Setúbal (um). No âmbito da operação, as forças de segurança fiscalizaram, presencialmente, 58.839 veículos e condutores. No total foram fiscalizados, quer através de meios automáticos, quer presencialmente, 6.798.391 veículos, tendo-se registado 30.718 infrações, 21.511 das quais relativas a excesso de velocidade. Com esta campanha, pretendeu-se alertar os condutores para os riscos da condução em excesso de velocidade, dado que esta é uma das principais causas dos acidentes nas estradas.