RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

Universidade

Habitação, propinas e o futuro dos jovens marcam debate entre Luís Marques Mendes e estudantes da UA

Luís Marques Mendes, candidato à Presidência da República, esteve esta terça-feira, 22 de julho, na Casa do Estudante da Universidade de Aveiro (UA), onde participou numa mesa-redonda com Joana Regadas, presidente da direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv). Ao longo do encontro, foram discutidos temas como habitação, propinas, economia, o futuro dos jovens em Portugal e a coesão territorial. Embora o debate tenha decorrido num ambiente descontraído, a proposta de “solução de diálogo e equilíbrio” apresentada por Marques Mendes para o “descongelamento das propinas” revelou-se divergente da posição assumida pela AAUAv.

Habitação, propinas e o futuro dos jovens marcam debate entre Luís Marques Mendes e estudantes da UA
Isabel Cunha Marques

Isabel Cunha Marques

Jornalista
23 jul 2025, 08:47

Foi numa conversa aberta com estudantes da UA que Luís Marques Mendes passou a tarde desta terça-feira. Durante cerca de uma hora e meia, o candidato à Presidência da República respondeu a perguntas colocadas por Joana Regadas e por vários estudantes presentes. Entre os temas em destaque estiveram a habitação, o financiamento do ensino superior, a economia e as perspetivas para o futuro dos jovens no país.

A propósito da crise habitacional, em particular no contexto estudantil, o candidato reconheceu que “não há solução rápida (…) porque construir casas é uma coisa que evidentemente leva tempo”. No entanto, defendeu que é preciso “encontrar uma alternativa mais rápida” e apontou como solução imediata o relançamento do mercado de arrendamento.

“A alternativa que vejo de forma realista e pragmática é criar rapidamente condições para fazer funcionar o mercado de arrendamento”, afirmou Luís Marques Mendes. O candidato defendeu que “existem muitas casas desocupadas em cidades como Aveiro, Coimbra, Lisboa e em várias zonas do país, aptas para arrendamento”, mas que não são colocadas no mercado porque “as leis mudam constantemente e os senhorios perderam confiança no sistema”.

Para ultrapassar o impasse no mercado de arrendamento, Marques Mendes defendeu a necessidade de um compromisso político alargado e duradouro entre os principais partidos. “Se houvesse um entendimento entre quem governa e quem está na oposição para garantir que, durante dez anos, as regras do arrendamento se mantêm inalteradas — mesmo que mude o Governo — isso traria estabilidade e confiança ao setor”, afirmou.

Luís Marques Mendes aproveitou ainda para criticar a política do anterior Governo socialista relativamente ao travão das rendas. Recordou que, durante a crise inflacionista de “há três ou quatro anos”, o Executivo impôs um limite de 2% ao aumento das rendas, medida que, segundo o candidato, gerou desconfiança entre os senhorios. “Ficaram aflitos e perderam a confiança”, resumiu. Ao invés de limitar os valores, o candidato às presidenciais defendeu que cabe ao Estado, no cumprimento da sua função social, apoiar diretamente as pessoas carenciadas. “Quando a renda está demasiado alta por causa da inflação, a solução não é impor limites. É o Estado ao abrigo da sua função social que ajuda as pessoas carenciadas com o pagamento da respetiva renda. É isto que se chama subsídio de renda”, relembrou.

Reforçando a urgência de um consenso político, Luís Marques Mendes sublinhou que, na sua perspetiva, “só há uma saída”: “É justamente os principais partidos entenderem-se para dar estabilidade às regras do arrendamento e, no fundo, dizerem aos senhorios coloquem as casas no arrendamento. (…) Se houver mais casas para arrendamento, os preços tendem a baixar”, sustentou.

Caso não se alcance esse entendimento, o candidato garantiu que esta será uma das “primeiras prioridades centrais” do seu mandato como Presidente da República, logo após a tomada de posse. “Isto precisa de um entendimento partidário”, repetiu.

Luís Marques Mendes aponta como “solução de diálogo e equilíbrio” o descongelamento das propinas

Sobre o financiamento do ensino superior, Luís Marques Mendes apresentou dois pontos de vista em confronto: “Há uma teoria que é das universidades e dos politécnicos e das instituições que dizem que as propinas têm de ser descongeladas porque essa é uma receita das universidades e precisam dessa receita para serem competitivos”. Por outro lado, “há uma outra teoria mais dos estudantes e das suas associações que dizem que se houver um aumento de propina isso tem um problema para as dificuldades no ensino superior”.

Perante este dilema, o candidato defendeu que é preciso encontrar um “meio termo porque ambas as teorias fazem sentido”. “Eu espero e desejo que, nas conversas que estão a acontecer convosco (…) que o Governo na sua proposta final, procure uma solução de diálogo e de equilíbrio”.

Face a isto, apontou como possível “solução de diálogo e de equilíbrio” o “descongelamento das propinas na base do que a lei estabelece que é o aumento da própria inflação”. “Mas evidentemente que tem de entrar a função social do Estado. (…) Isto não pode fazer-se nem à custa das instituições, mas também, muito menos, à custa dos estudantes que enfrentam, sobretudo, o problema recorrente da habitação, o qual limita profundamente os seus rendimentos”, rematou Luís Marques Mendes.

Recorde-se que tal como avançado pela Renascença na passada segunda-feira, 21 de julho, Fernando Alexandre, ministro da Educação, em resposta por escrito ao jornal Público, avançou que o descongelamento das propinas não estará concluído este ano letivo [2025/2026] já que a “realização de eleições antecipadas não permitiu desenvolver e implementar o novo regulamento a tempo do início do ano letivo”. A Renascença adianta ainda que o processo “só avançará com a reforma da ação social”.

Marques Mendes defende aposta em cursos tecnológicos e destaca UA como “exemplo”

Outra temática abordada pelo candidato às presidenciais passou pelo futuro dos jovens no país. Segundo Marques Mendes, neste momento, em Portugal “há um emprego muito forte”, justificado pelo crescimento económico. “Qual é o grande problema que hoje em dia existe? É que são empregos com baixos salários”, reconheceu.

Para Luís Marques Mendes, este fator está na origem da crescente emigração de jovens qualificados. “Como os jovens de hoje saem com altas qualificações das universidades, têm evidentemente a expectativa justa e legítima de terem um salário bom. Onde é que encontram esse salário bom? Não está dentro de Portugal. E este é o problema maior”, refletiu.

Apesar da realidade, Marques Mendes destacou que já existem setores onde essa tendência começa a inverter-se, nomeadamente nas áreas tecnológicas. “[Isto] significa que investir em cursos que tenham uma forte componente tecnológica é importante”, afirmou, considerando que a UA é, neste campo, “um belíssimo exemplo”.

Para “estancar” a saída de jovens para o estrangeiro, defendeu ser essencial “fazer crescer ainda mais a economia” e propôs um acordo de concertação social entre Governo, sindicatos e entidades patronais com vista à valorização salarial.

Joana Regadas alerta para crise habitacional e defende incentivos ao arrendamento para estudantes

À margem da conversa, em entrevista à Ria, Joana Regadas, presidente da direção da AAUAv, comentou também a crise da habitação, salientando que a Associação Académica tem defendido a necessidade de existirem “incentivos ao arrendamento das propriedades a estudantes”. Recordou que esta proposta “já foi levada inclusive ao Encontro Nacional de Dirigentes Associativos (ENDA)”, embora ainda não tenha tido avanços concretos. “É, de facto, premente abordarmos esta questão e percebermos como é que o arrendamento privado pode também ajudar a combater a longo prazo”, reforçou.

No seguimento, sublinhou a importância de se refletir sobre o futuro do ensino superior em Portugal. Apesar do esforço feito para promover o crescimento do setor, Joana Regadas alertou que esse avanço não foi acompanhado por uma preparação adequada para enfrentar os desafios que dele decorrem. “Estamos a enfrentar, atualmente, uma realidade em que se prevê um crescimento (…) no ensino superior, no entanto, não houve um esforço para prever quais é que seriam as dificuldades que esse crescimento irá trazer”, constatou.

A presidente da direção da AAUAv referiu que se estima um crescimento de cerca de 10% até 2030 ou 2035, o que poderá levar o país a atingir os 60% de escolaridade ao nível do ensino superior. Sublinhou, no entanto, que a maioria destes novos estudantes continuará a ser composto por alunos internacionais ou deslocados, que necessitam de apoios específicos para garantir não só o acesso, mas também a permanência no sistema. “É preciso pensar a permanência, não só as condições de acesso. Um estudante tem de ser capaz de entrar e de permanecer no ensino superior e, de seguida — também foi o que foi discutido aqui — perceber como é que irá sair”, expôs.

Refletindo sobre o Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES), Joana Regadas manifestou preocupação com a sua fraca execução e os prazos cada vez mais apertados. “Temos um plano nacional de alojamento do ensino superior com uma taxa de execução baixíssima, os fundos do PRR a terminar, o PNAES que acaba em 2026, e ficamos num momento estagnado onde o plano não foi executado”, alertou. Apesar de se falar num possível prolongamento do plano, rejeita a ideia de adiar soluções: “Não queremos prolongar porque o que nós precisamos são de camas já. Não precisamos de camas daqui a dez anos. Precisamos de camas agora”.

A presidente da AAUAv deu como exemplo a situação da Universidade de Aveiro, que se prepara para receber cerca de 2.800 novos estudantes, grande parte dos quais deslocados. “É preciso ter uma noção de que grande parte destes estudantes (…) não estão perto da sua residência, que se quiserem fazer deslocações de transportes públicos, muitas vezes enfrentam transportes de uma hora e meia com atrasos. Isso não é tudo benéfico para aquilo que é a permanência no ensino superior”, reforçou.

Joana Regadas destacou ainda a necessidade de repensar os apoios existentes para estudantes deslocados, como o complemento ao alojamento. Denunciou que, apesar de serem importantes, estes apoios podem estar a ter um efeito contrário: “Temos um mercado atualmente que se tenta igualar àquilo que é o complemento ao alojamento, e o objetivo não é esse. O complemento deve servir não para inflacionar, mas para tentar colmatar aquilo que são as despesas”, vincou.

“Temos muitos estudantes atualmente que encontram uma casa e que, para terem um preço mais acessível, acabam por ficar em condições precárias, onde não têm recibos e ficam claramente em situações ainda mais de desvantagem, porque nem sequer podem ter acesso a estes complementos”, apontou a presidente da direção da AAUAv.

AAUAv opõe-se ao descongelamento das propinas, defendendo uma política de redução progressiva

Ao contrário da “solução de diálogo e equilíbrio” apontada por Luís Marques Mendes, Joana Regadas afirmou que a posição da Associação Académica de Aveiro passa “sempre por uma redução gradual da propina”. “Um descongelamento iria contra tudo aquilo que tem sido feito, ao longo dos últimos anos”, sublinhou. “Estamos a falar que, em 2018, as propinas rodavam os mil euros. (…) Mil euros é um peso muito grande para uma família. Eu percebo o intuito de alargar aquilo que é a ação social (…), mas é necessário primeiro implementar isto”, expôs. Para a dirigente, o aumento “nunca” será uma solução para um ensino superior “mais equitativo”. “Queremos que todos tenham as mesmas oportunidades de frequentar, que o ensino superior seja um elevador social e que não seja um local onde as discrepâncias entre os diferentes ambientes sociais, socioeconómicos promovam esta diferença grave. É completamente o oposto daquilo que é o propósito do ensino superior”, insistiu.

No dia em que decorreu a conversa aberta com o candidato às presidenciais, Joana Regadas adiantou ainda à Ria que AAUAv promoveu um conjunto de formações destinadas aos núcleos. “Foi um dia completo de formações (…) e fico muito feliz de termos tido aqui cerca de 40 dirigentes (…) que (…) assumiram o compromisso e mostraram que os jovens querem saber e fazer mais”, exprimiu. “É muito importante pensarmos que isto não é algo da direção é mesmo da estrutura. Nós aqui falamos por todos os estudantes, e acho que foi isso que hoje conseguimos demonstrar: que estamos aqui pelos estudantes, mas também pelos jovens em geral, num contexto mais amplo, onde também nos inserimos”, continuou.

Já na reta final da entrevista, deixou ainda um apelo para que os estudantes sejam ouvidos de forma contínua e não apenas em momentos eleitorais. “As nossas opiniões não se resumem a campanhas eleitorais. Nós temos opiniões ao longo de todo o ano, ao longo de todo o mandato, ao longo de todas as diferentes fases. Vivemos isto na primeira mão e acredito que muitas coisas seriam muito mais fáceis se nos deixassem a nós ser uma peça-chave naquilo que é a discussão e no pensamento e construção de soluções”, defendeu.

Recomendações

António Filipe reflete sobre problemas do Ensino Superior em encontro com a AAUAv
Universidade

António Filipe reflete sobre problemas do Ensino Superior em encontro com a AAUAv

Tal como noticiado pela Ria, António Filipe esteve esta quinta-feira de visita à Universidade de Aveiro e à AAUAv. O encontro estava inicialmente agendado para as 12h00, mas acabou por realizar-se cerca de duas horas mais tarde, já que o candidato presidencial aproveitou para almoçar com os estudantes universitários na cantina do Crasto. Já na sede da AAUAv, o candidato presidencial, ao longo de cerca de meia hora, ouviu algumas das reflexões partilhadas pela associação e transmitidas por Joana Regadas, presidente da direção da AAUAv. Depois de uma “breve, mas extensa reflexão”, a presidente começou por questionar António Filipe sobre a necessidade de se rever o sistema de Ensino Superior como um todo e o seu papel na formação das próximas gerações, que “terão imensas dificuldades para enfrentar”. Face à questão, António Filipe não tem dúvidas de que “há desafios”, admitindo que houve “muitos erros” no Processo de Bolonha. “Não foi um processo positivo. Abriu diferenças entre instituições e contribuiu para aumentar a seletividade no acesso aos órgãos derivados do ensino, designadamente, no acesso daquilo que era a licenciatura pré-bolonha passou a corresponder, basicamente, o mestrado bolonha. Isto não foi positivo. Criou dificuldades”, expôs. O mesmo disse sobre o RJIES: “O RJIES também não”, declarou. O candidato presidencial defendeu a necessidade de “recuar”. “Nós tivemos uma geração que lutou pela autonomia universitária, que garantia a autonomia das instituições do Ensino Superior, nos anos 80, não só com a eleição dos órgãos próprios da universidade e também, nesse aspeto, até chegarmos ao RJIES foi uma degradação da democracia das instituições que temos hoje”, opinou. “Onde existiam órgãos eleitos com a participação e gestão, nos vários níveis de participação da escola, passamos a ter um poder muito mais concentrado nas equipas reitorais”, continuou insistindo que “esta espécie de empresarialização, na gestão das universidades, não tem sido positiva”. No seguimento, António Filipe acrescentou: “Vale a pena refletir sobre o funcionamento da democraticidade e das instituições”. Recorde-se que, tal como avançado pela Ria, o Conselho de Ministros aprovou, no passado dia 4 de setembro, um pacote legislativo que marca uma reforma profunda no sistema de Ensino Superior e na política científica e de inovação em Portugal. Entre as medidas, destacou-se a tão anunciada proposta de lei que altera o RJIES. De acordo com o documento a que a Ria teve acesso, o Conselho Geral mantém-se como o órgão máximo de governo das Instituições de Ensino Superior (IES), mas passa a ter novas regras de composição que representam uma alteração estrutural.  Ainda no encontro, António Filipe atentou para a realidade da “ação social escolar”. Insistiu que a mesma “tem de ser levada muito a sério”, nomeadamente, com a questão do alojamento. Da sua experiência pelo Politécnico de Santarém contou que: “Todos os anos (…) a falta de alojamento levava que houvesse dezenas de estudantes que, por ano, abandonavam a escola”. Face à partilha, a presidente da direção da AAUAv destacou que esta é uma realidade que tem também bem “presente”. “Nós temos muitos estudantes que entram no ensino, que se matriculam, e ao final de dois meses estão a desistir porque não conseguem ter condições de permanência”, atentou. “Não é suficiente garantir o acesso. É necessário garantir a permanência dos estudantes e uma permanência com qualidade”, continuou Joana Regadas. Sem esquecer o associativismo, a presidente da AAUAv expôs também ao candidato presidencial a dificuldade em envolver os estudantes “em atividades”. “Nós somos uma estrutura muito grande. Somos cerca de 600 dirigentes na estrutura. (…) Notamos que é cada vez mais difícil pedir aos estudantes para se envolverem nestas estruturas porque requer tempo, às vezes deixar um ano para trás, colocar isto em prioridade, e sentimos que há, cada vez mais, algo de impeditivo a este envolvimento dos estudantes”, sublinhou Joana. Na opinião da presidente, os estudantes enfrentam, cada vez mais, uma pressão “socioeconómica” em terminar o curso, que se junta à “pressa de arranjar um emprego e se emanciparem dos pais”. “Uma saída que não valoriza os cidadãos, mas que valoriza as capacidades do profissional acaba por fazer com que estes estudantes tenham menos interesse em envolver-se porque quando se põe na balança tende a cair mais para o negativo”, expôs, alertando para a necessidade de se discutir “soluções concretas”. Atento à reflexão, António Filipe reconheceu que a fraca participação dos estudantes na associação constitui um “problema complicado”. Voltando a partilhar a sua experiência académica, desta vez no âmbito do “Conselho Diretivo”, e tendo por base aquilo que observava nos seus colegas, referiu: “É um custo pessoal que se tem e para as famílias pode ser um pouco penoso (…), mas é uma experiência que se leva para a vida e que nos enriquece muito”. “Eu tenho o maior apreço por vocês”, confessou. Como último tema do encontro, Joana Regadas questionou ainda o candidato presidencial sobre: “O que será de Portugal pós PRR?”. António Filipe não tem dúvidas de que será “um risco” já que o país vive “muito de financiamentos comunitários”. “A primeira geração de financiamentos foi o PRODEP”, recordou, reconhecendo que “muitas infraestruturas” do Ensino Superior “cresceram imenso” por causa deste apoio. António Filipe caraterizou ainda o investimento do país, sem fundos comunitários, como “muito exíguo”. Como causa atribuiu as “contas certas”. “Há muito pouco investimento público e os que existem são uma contrapartida nacional para financiamentos comunitários”, analisou. “Acho que devemos utilizar as possibilidades todas de financiamento, mas não podemos perder de vista o investimento público próprio nosso”, rematou o candidato presidencial. A sessão terminou com a entrega, por parte da AAUAv, de um kit de caloiro a António Filipe. Entre os vários elementos que o saco continha, destacou-se uma ‘bola anti-stress’, que acabou por chamar a atenção do próprio. Questionado à margem da sessão pela Ria sobre o significado deste encontro, o candidato presidencial sublinhou que o “contacto com a juventude é fundamental” para o futuro. “São as pessoas que estão no Ensino Superior, esta geração, que vai ter de tomar conta do país e que vai ter de encontrar as soluções para levar por diante as políticas públicas que viabilizem o desenvolvimento nacional e que o defendam”, partilhou. “Estes tipos de iniciativas são muito importantes para uma campanha eleitoral que se pretende próxima das pessoas”, insistiu. Como “mensagem fundamental”, António Filipe referiu ainda: “Estamos a falar que tivemos uma reunião com pessoas que conciliam os seus estudos, com uma participação ativa na vida da escola e da associação, e que têm consciência de como isso é enriquecedor para a sua própria vida”. “Um grande pensador português, Bento de Jesus Caraça, considerava a formação integral do indivíduo como algo fundamental no sistema educativo. Eu acho que isto é um exemplo disso mesmo. A formação integral do indivíduo passa, não apenas por estudar, mas também por saber mais da vida para além do que se estuda nos livros e nos manuais”, comparou. Pela segunda vez a acolher um candidato presidencial na Casa do Estudante, Joana Regadas referiu à Ria a importância destes encontros para uma “auscultação contínua” dos estudantes. “O mais importante é valorizarem e perceberem que de facto nós continuamos aqui não só nestes momentos, mas também durante todo o resto do ano. As nossas posições mantêm-se e é importante uma auscultação contínua. Não só momentânea”, afirmou. Tanto com António Filipe, como com Luís Marques Mendes, que passou pela AAUAv em julho, as preocupações foram transversais. “Tenho feito questão que as perguntas que levo a um sejam as mesmas que levo a outro. A lógica é perceber quais é que são as posições, onde há divergências, e qual é a visão nestes tópicos que consideramos que são mais importantes: o futuro das universidades, o futuro do país pós PRR, aquilo que são os apoios e o futuro do ensino superior”, expôs. Além destes dois candidatos presidenciais, a presidente da direção da AAUAv adiantou que já teve também a oportunidade de conversar com Gouveia e Melo e António José Seguro, num outro contexto, com todo o movimento associativo. “Algo que posso partilhar dos quatro candidatos (…) é que há uma motivação comum entre todos: há um reconhecimento de que o país não pode estar pendente de fundos como é o caso do PRR e que é necessária uma estratégia conjunta para alavancar o país como um todo no seu futuro”, frisou. Joana Regadas acrescentou ainda que todos eles têm também consciência do papel do Ensino Superior “na construção de uma sociedade do futuro”. “Estas duas grandes preocupações que partilhamos garantimos que estão também na agenda deles e que enquanto figura do Presidente da República farão pressão para que esteja incluída numa agenda de futuros governos”, rematou.

Ranking internacional coloca três investigadores entre os mais influentes do mundo
Universidade

Ranking internacional coloca três investigadores entre os mais influentes do mundo

Entre as instituições portuguesas, a Universidade de Aveiro é aquela que vê mais investigadores serem reconhecidos pelo ranking. Dos sete cientistas listados a trabalhar em Portugal, três trabalham na UA: Armando da Costa Duarte, Teresa Rocha Santos e João Pinto da Costa, todos investigadores no do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM). Os dois primeiros já são repetentes na lista – ao passo que Armando Duarte já é mencionado há cinco anos consecutivos, Teresa Santos soma agora a sua quarta presença no ranking. No total, a lista conta com 6.868 investigadores de 60 países diferentes. Conforme explica a nota, o objetivo é “reconhecer os cientistas mais influentes em todo o mundo, com contributos relevantes nas suas áreas científicas e para o futuro da ciência, da tecnologia e da academia a nível mundial, divulgar o impacto da investigação mundial e promover a inovação em colaboração, assim como fornecer insights sobre as tendências globais de investigação e inovação”.

Estudantes da UA elegem Lista A, única candidata, para o Conselho Pedagógico
Universidade

Estudantes da UA elegem Lista A, única candidata, para o Conselho Pedagógico

De acordo com os dados divulgados na página do Conselho Pedagógico, no caso da primeira circunscrição, que contempla os Departamentos de Ambiente e Ordenamento, de Eletrónica, Telecomunicações e Informática, de Engenharia de Materiais e Cerâmica, de Engenharia Civil e de Engenharia Mecânica e as Escolas Superiores de Design, Gestão e Tecnologias da Produção de Aveiro-Norte e de Tecnologia e Gestão de Águeda, votaram “427 estudantes”, tendo sido validados “399 votos” e registados “13” votos em branco e “15” nulos. Tal como anteriormente divulgado, a primeira circunscrição tinha como mandatário e efetivo Guilherme Carola da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, seguindo-se também como membros efetivos: Catarina Martins do Departamento de Engenharia Civil; Flávio Correia da Escola Superior de Aveiro Norte; Matilde Antunes do Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica; Diogo Pires do Departamento de Engenharia Mecânica; Gabriel Silva do Departamento de Eletrónica e Telecomunicações e Ana Cunha do Departamento de Ambiente e Ordenamento. No que toca à segunda circunscrição, referente aos Departamentos de Biologia, de Física, de Geociências, de Matemática, de Química e de Ciências Médicas e a Escola Superior de Saúde, votaram “484” estudantes, tendo sido validados “450 votos”, registados “19” votos em branco e “15” votos nulos. A segunda circunscrição apresentava como mandatário e efetivo Bárbara Costa do Departamento de Física, seguindo-se também como membros efetivos: Samuel da Cruz da Escola Superior de Saúde; Renato Rodrigues do Departamento de Ciências Médicas; Juliana Castanheira do Departamento de Matemática; Mariana Nunes do Departamento de Geociências; Bernardo Afonso do Departamento de Biologia e Bernardo Ferreira do Departamento de Química. Por fim, a terceira circunscrição, relativa aos departamentos de Educação e Psicologia, de Comunicação e Arte, de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo, de Línguas e Culturas e de Ciências Sociais, Políticas e do Território e o Instituto Superior de Contabilidade e Administração, registou “270 votantes”. Desses, “264” votos foram considerados válidos e "três" em branco e nulos. A última circunscrição tinha como mandatário e efetivo Gonçalo Lourenço do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território, seguindo-se também como efetivos: Maria Pereira do Instituto Superior de Contabilidade e Administração; Matilde Picado do Departamento de Educação e Psicologia; André Martins do Departamento de Comunicação e Arte; Pedro Magalhães do Departamento de Economia, Festão, Engenharia Industrial e Turismo e Marisa Rodrigues do Departamento de Línguas e Culturas. Segundo o regulamento para a eleição, o Conselho Pedagógico é o “órgão de gestão pedagógica” da UA, sendo constituído por 40 membros: 20 representantes dos docentes e 20 representantes dos estudantes. No caso dos docentes, a duração do mandato é de “três anos” e no caso dos estudantes é de “dois anos”, “não podendo em qualquer caso ser exercidos mais do que dois mandatos consecutivos”. Cabe a este órgão, segundo o site da UA, entre outros objetivos, “pronunciar-se sobre as orientações pedagógicas e os métodos de ensino e de avaliação” e “apreciar as queixas relativas a falhas pedagógicas e propor as providências necessárias”.

Eleições para o Conselho Científico UA: Reitor decide segunda circunscrição; terceira vai a votos
Universidade

Eleições para o Conselho Científico UA: Reitor decide segunda circunscrição; terceira vai a votos

Tal como noticiado pela Ria, ontem a Universidade de Aveiro foi a votos para o Conselho Científico. Em disputa estiveram dois movimentos de docentes e investigadores: A lista ‘Construir o Futuro, Cuidar a UA’, mais próxima da atual equipa reitoral, e a ‘futUrA: Ciência, Comunidade e Inovação’, associada à oposição à atual liderança da Universidade. No caso concreto destas eleições, as mesmas decorreram em três circunscrições eleitorais, subdividas nos subgrupos ‘A’ (relativo a professores e investigadores de carreira) e ‘B’ (relativo a restantes docentes e investigadores em regime de tempo integral, com contrato de duração não inferior a um ano, que sejam titulares do grau de doutor, qualquer que seja a natureza do seu vínculo à instituição). Na primeira circunscrição, que contemplou os departamentos de Ambiente e Ordenamento, de Eletrónica, Telecomunicações e Informática, de Engenharia de Materiais e Cerâmica, de Engenharia Civil e de Engenharia Mecânica, segundo dados obtidos junto da Comissão Eleitoral esta quarta-feira, 12 de novembro, a eleição de ontem determinou, no subgrupo A, três mandatos para a lista ‘Construir’ e um mandato para a lista ‘futUrA'. Já no subgrupo B, a votação determinou dois mandatos para a lista ‘Construir’ e um mandato para a lista ‘futUrA’. Neste caso, o processo eleitoral decorreu normalmente. No entanto, o caso muda de figura quando analisamos os resultados da segunda circunscrição. De acordo com a Comissão Eleitoral, no subgrupo A, a lista ‘Construir’ obteve três mandatos e a lista ‘futUrA’ um mandato. No subgrupo B, a lista ‘futUrA’ conseguiu dois mandatos e a lista ‘Construir’ um mandato. Porém, conforme confirmado pela Comissão Eleitoral, nem todos os mandatos foram efetivamente atribuídos, uma vez que não foi possível completar a distribuição pelas diferentes unidades orgânicas que integram esta circunscrição. Neste caso, e consultando o mapa de apuramento dos resultados já disponível, online, ficou por atribuir um quarto mandato à lista ‘Construir’ e um terceiro mandato à lista ‘futUrA’. Esta limitação decorre do que está previsto no artigo 10.º do “Regulamento para a Eleição e Designação dos Membros do Conselho Científico da Universidade de Aveiro”, disponível também online, que determina que não pode haver mais do que um representante da mesma unidade orgânica dentro da mesma circunscrição. Em termos práticos, isto significa que, depois de uma unidade orgânica eleger um representante, os restantes candidatos dessa mesma unidade deixam de poder ocupar lugares, mesmo que tenham obtido votos suficientes. O objetivo desta regra é garantir uma representatividade equilibrada. Contudo, esta regra pode criar dificuldades na atribuição de todos os mandatos, sobretudo quando as listas concorrentes não apresentam candidatos suficientes de unidades diferentes. Foi precisamente isso que aconteceu nesta segunda circunscrição: no processo de atribuição dos mandatos, não foi possível garantir a representação de todas as unidades orgânicas, e, por isso, ficaram mandatos por preencher. Perante esta situação, o regulamento prevê, no artigo 24.º, que, quando não seja possível completar a composição de uma circunscrição, pode haver uma nova eleição “parcial” apenas para preencher os mandatos em falta. Além disso, o mesmo artigo estabelece que a decisão sobre esse procedimento cabe ao reitor, que deve avaliar se o nível de representatividade atingido é suficiente ou se é necessário repetir parte do processo eleitoral. Na última circunscrição, segundo os dados divulgados pela Comissão, no subgrupo A, a atribuição de mandatos determinou dois mandatos para a lista ‘Construir’ e um mandato para a lista ‘futUrA’. No entanto, no subgrupo B, face a um “empate técnico” não foi possível atribuir qualquer mandato. De acordo com o artigo 22.º, na alínea 6 do regulamento, sempre que não se possa determinar a quem cabem os mandatos, a votação deve ser repetida. O regulamento especifica ainda que essa repetição deve ocorrer “no mesmo dia da semana seguinte” e apenas no âmbito da circunscrição ou subgrupo afetado. Isto significa que, no caso deste empate no subgrupo B, o ato eleitoral será repetido exclusivamente para esse subgrupo, mantendo-se válidos os resultados já apurados no subgrupo A. Neste caso, as eleições acontecerão na próxima terça-feira, 18 de novembro. O Conselho Científico é o órgão responsável pela definição e coordenação da política científica da Universidade de Aveiro, competindo-lhe, entre outras funções, apreciar o plano e as atividades científicas da instituição, pronunciar-se sobre a criação de novas áreas e unidades científicas, deliberar sobre a distribuição do serviço docente, aprovar planos de estudos, propor prémios e distinções honoríficas, ou definir júris e participar nos processos de recrutamento de docentes e investigadores. Tem ainda competência para se pronunciar sobre a nomeação do diretor da Escola Doutoral e sobre acordos ou parcerias internacionais, exercendo todas as demais funções previstas nos Estatutos e na Lei. De acordo com os Estatutos da UA, recentemente alterados, o Conselho Científico é composto por 20 representantes eleitos entre docentes e investigadores e 5 representantes das unidades de investigação. Os resultados destas eleições podem ser consultados, na íntegra, na página do Conselho Científico. Particularizando nos candidatos, na primeira circunscrição, no subgrupo A foram eleitos: Armando Pinho (DETI) da lista 'Construir'; João Dias (ESTGA) da lista 'futUrA'; Maria Alexandra Monteiro (DAO) da lista 'Construir' e Soraia Ala (ESAN) da lista 'Construir'. No que toca ao subgrupo B foram eleitos Idalina Gonçalves (DEMaC) da lista 'Construir', Eloísa Macedo (DEM) da'futUrA' e Guilherme Ascensão (DECivil) da 'Construir'. Na segunda circunscrição, no subgrupo A, foram eleitos António Nogueira (DBio) da lista 'Construir', Marco Alves (DCM) da 'futUrA', Manuel Martins (DMat) da 'Construir', faltando eleger um representante da lista 'Constuir'. No subgrupo B foram eleitos: João Rodrigues (DQ) da lista 'futUrA', Lara Carramate (DFIS) da lista 'Construir', restante eleger também um representante da lista 'futUrA'. Já na terceira circunscrição foram eleitos, no subgrupo A, Jorge Abreu (DeCA) da lista 'Construir', restando ainda atribuir dois mandatos: um à lista 'futUrA' e outro à lista 'Construir'. No subgrupo B, as eleições da próxima semana ditarão os candidatos eleitos. *Texto alterado no dia 13 de novembro, pelas 13h21, no 6º parágrafo, onde se lia: "Foi precisamente isso que aconteceu nesta segunda circunscrição: as listas não tinham candidatos elegíveis de todas as unidades orgânicas, e, por isso, ficaram mandatos por preencher", para: "Foi precisamente isso que aconteceu nesta segunda circunscrição: no processo de atribuição dos mandatos, não foi possível garantir a representação de todas as unidades orgânicas, e, por isso, ficaram mandatos por preencher".

Últimas

Câmara de Aveiro vai discutir revogação do Plano de Pormenor do Cais do Paraíso até ao fim do ano
Cidade

Câmara de Aveiro vai discutir revogação do Plano de Pormenor do Cais do Paraíso até ao fim do ano

Após ter sido tema grande durante a campanha eleitoral autárquica dos passados meses de setembro e outubro, o PS quis ontem discutir, em sede de reunião da Câmara Municipal, a revogação do Plano de Pormenor do Cais do Paraíso – uma medida que foi considerada prioritária tanto pelo PS como pelo Chega, que, juntos, têm maioria no órgão. Paula Urbano começou por dizer que o PS tinha solicitado a adesão do ponto à ordem de trabalhos dentro do prazo legal, mas que acabou por não o ver inserido quando, “tardiamente”, recebeu o planeamento da discussão. A vereadora atacou o presidente Luís Souto, que disse “começar mal” o mandato, e, apesar de reconhecer que a discussão não se tratava de uma “urgência”, invocou o ponto dois do Artigo 50º da Lei 75/2013 -“Tratando-se de sessão ordinária do órgão deliberativo, e no caso de urgência reconhecida por dois terços dos seus membros, pode o mesmo deliberar sobre assuntos não incluídos na ordem do dia” – para solicitar a votação da adesão do ponto à ordem de trabalhos. A proposta não foi bem recebida por Luís Souto, que explicou não ter agendado o ponto para discussão por “não ter considerado oportuno”. Segundo aponta, o tema “carece de ampla informação” para que todos “estejam bem cientes das consequências dos seus atos”. À margem da reunião, a Ria questionou o autarca sobre que possíveis consequências poderia ter uma revogação, dado que, recorde-se, o ex-presidente José Ribau Esteves garantiu, em Assembleia Municipal (AM), não colocar entraves a que um futuro executivo assim decidisse, deixando “claro e cristalino” que isso não obrigaria ao pagamento de indemnizações por parte da autarquia. Na resposta, Luís Souto argumenta que “há sempre consequências, quanto mais não seja de ordem económica” e que é preciso fazer uma previsão dos impactos da revogação. Quanto há possibilidade de o processo implicar indemnizações à CMA, Luís Souto – que votou a favor do Plano de Pormenor em AM – preferiu não se pronunciar. Durante a discussão em sede de executivo, Luís Souto insistiu para que o PS desse um “estado de graça” ou um “estadinho de graça” para que os novos governantes pudessem começar a trabalhar. “Disse [a vereadora Paula Urbano] que comecei mal, mas eu acho é que o PS é que começou mal. Diz-se que estamos aqui de forma construtiva e atiram logo aqui uma bomba ou uma granada para cima da mesa para começar logo a explodir […] Foi uma semana. Será que vocês não nos conseguem dar pelo menos um mês para a gente respirar e analisar as coisas?”, atirou o presidente. A completar as palavras de Luís Souto apareceu Rui Santos, vice-presidente da CMA, que notou que o assunto é “importante e delicado” e que terá de ser abordado. No entanto, observa que precisa ainda de se inteirar do processo e que “não conhece as implicações” que a votação pode ter. Refugiando-se na questão legal, o advogado nota ainda que a própria vereadora Paula Urbano reconheceu que o assunto não era “urgente” – algo que tem de ser reconhecido por dois terços dos membros do executivo para que a proposta pudesse ser adicionada à ordem de trabalhos -, pelo que “não há nenhuma razão para não termos o sentido de responsabilidade de haver um prazo curto” para que todos se informem. Da parte do Chega, o vereador Diogo Soares Machado lembrou que a posição do Chega é conhecida e que o partido “foi o primeiro” a anunciar publicamente a intenção de revogar o Plano, mas diz que também “foi o primeiro a duvidar” de Ribau Esteves quando garantiu que essa revogação não teria consequências. Nesse sentido, apontou estar disponível para não acompanhar o Partido Socialista caso tivesse a garantia do presidente de que o assunto voltaria à Câmara na próxima reunião pública de executivo – marcada para a terceira quinta-feira de dezembro. Depois de Luís Souto dar a sua palavra em como o assunto voltaria a ser discutido em dezembro, quer fosse nessa reunião pública ou numa reunião extraordinária marcada ainda em dezembro para o efeito, também o PS recuou e os vereadores chegaram a um consenso. Conforme também já tinha afirmado Alberto Souto, que foi candidato à Câmara Municipal de Aveiro nas passadas eleições autárquicas, através das redes sociais, Paula Urbano referiu durante a discussão que o Ministério Público terá pedido elementos sobre o Plano de Pormenor do Cais do Paraíso ao longo do passado mês de setembro: “O senhor presidente deve ter conhecimento que o Ministério Público em setembro solicitou elementos relativamente ao Plano de Pormenor, com a leitura que podemos fazer acerca desse pedido de elementos pelo Ministério Público sobre um Plano de Pormenor”. Luís Souto não desmentiu e disse que essa consideração “até apelava mais ao sentido de responsabilidade de todos” para que a revogação não fosse discutida logo nas primeiras reuniões do executivo. À Ria, o autarca não garantiu estar a par deste pedido do Ministério Público e afirmou que “havendo um pedido de informações ao presidente [na altura, Ribau Esteves], tinha de ser entre ele e o Ministério”, garantindo que no caso de ser solicitada “qualquer informação, a Câmara só tem de responder”. Questionado se o assunto não foi falado na reunião de passagem de pasta com o ex-presidente, Luís Souto disse que a conversa “foi privada” e preferiu “não comentar”.

António Filipe reflete sobre problemas do Ensino Superior em encontro com a AAUAv
Universidade

António Filipe reflete sobre problemas do Ensino Superior em encontro com a AAUAv

Tal como noticiado pela Ria, António Filipe esteve esta quinta-feira de visita à Universidade de Aveiro e à AAUAv. O encontro estava inicialmente agendado para as 12h00, mas acabou por realizar-se cerca de duas horas mais tarde, já que o candidato presidencial aproveitou para almoçar com os estudantes universitários na cantina do Crasto. Já na sede da AAUAv, o candidato presidencial, ao longo de cerca de meia hora, ouviu algumas das reflexões partilhadas pela associação e transmitidas por Joana Regadas, presidente da direção da AAUAv. Depois de uma “breve, mas extensa reflexão”, a presidente começou por questionar António Filipe sobre a necessidade de se rever o sistema de Ensino Superior como um todo e o seu papel na formação das próximas gerações, que “terão imensas dificuldades para enfrentar”. Face à questão, António Filipe não tem dúvidas de que “há desafios”, admitindo que houve “muitos erros” no Processo de Bolonha. “Não foi um processo positivo. Abriu diferenças entre instituições e contribuiu para aumentar a seletividade no acesso aos órgãos derivados do ensino, designadamente, no acesso daquilo que era a licenciatura pré-bolonha passou a corresponder, basicamente, o mestrado bolonha. Isto não foi positivo. Criou dificuldades”, expôs. O mesmo disse sobre o RJIES: “O RJIES também não”, declarou. O candidato presidencial defendeu a necessidade de “recuar”. “Nós tivemos uma geração que lutou pela autonomia universitária, que garantia a autonomia das instituições do Ensino Superior, nos anos 80, não só com a eleição dos órgãos próprios da universidade e também, nesse aspeto, até chegarmos ao RJIES foi uma degradação da democracia das instituições que temos hoje”, opinou. “Onde existiam órgãos eleitos com a participação e gestão, nos vários níveis de participação da escola, passamos a ter um poder muito mais concentrado nas equipas reitorais”, continuou insistindo que “esta espécie de empresarialização, na gestão das universidades, não tem sido positiva”. No seguimento, António Filipe acrescentou: “Vale a pena refletir sobre o funcionamento da democraticidade e das instituições”. Recorde-se que, tal como avançado pela Ria, o Conselho de Ministros aprovou, no passado dia 4 de setembro, um pacote legislativo que marca uma reforma profunda no sistema de Ensino Superior e na política científica e de inovação em Portugal. Entre as medidas, destacou-se a tão anunciada proposta de lei que altera o RJIES. De acordo com o documento a que a Ria teve acesso, o Conselho Geral mantém-se como o órgão máximo de governo das Instituições de Ensino Superior (IES), mas passa a ter novas regras de composição que representam uma alteração estrutural.  Ainda no encontro, António Filipe atentou para a realidade da “ação social escolar”. Insistiu que a mesma “tem de ser levada muito a sério”, nomeadamente, com a questão do alojamento. Da sua experiência pelo Politécnico de Santarém contou que: “Todos os anos (…) a falta de alojamento levava que houvesse dezenas de estudantes que, por ano, abandonavam a escola”. Face à partilha, a presidente da direção da AAUAv destacou que esta é uma realidade que tem também bem “presente”. “Nós temos muitos estudantes que entram no ensino, que se matriculam, e ao final de dois meses estão a desistir porque não conseguem ter condições de permanência”, atentou. “Não é suficiente garantir o acesso. É necessário garantir a permanência dos estudantes e uma permanência com qualidade”, continuou Joana Regadas. Sem esquecer o associativismo, a presidente da AAUAv expôs também ao candidato presidencial a dificuldade em envolver os estudantes “em atividades”. “Nós somos uma estrutura muito grande. Somos cerca de 600 dirigentes na estrutura. (…) Notamos que é cada vez mais difícil pedir aos estudantes para se envolverem nestas estruturas porque requer tempo, às vezes deixar um ano para trás, colocar isto em prioridade, e sentimos que há, cada vez mais, algo de impeditivo a este envolvimento dos estudantes”, sublinhou Joana. Na opinião da presidente, os estudantes enfrentam, cada vez mais, uma pressão “socioeconómica” em terminar o curso, que se junta à “pressa de arranjar um emprego e se emanciparem dos pais”. “Uma saída que não valoriza os cidadãos, mas que valoriza as capacidades do profissional acaba por fazer com que estes estudantes tenham menos interesse em envolver-se porque quando se põe na balança tende a cair mais para o negativo”, expôs, alertando para a necessidade de se discutir “soluções concretas”. Atento à reflexão, António Filipe reconheceu que a fraca participação dos estudantes na associação constitui um “problema complicado”. Voltando a partilhar a sua experiência académica, desta vez no âmbito do “Conselho Diretivo”, e tendo por base aquilo que observava nos seus colegas, referiu: “É um custo pessoal que se tem e para as famílias pode ser um pouco penoso (…), mas é uma experiência que se leva para a vida e que nos enriquece muito”. “Eu tenho o maior apreço por vocês”, confessou. Como último tema do encontro, Joana Regadas questionou ainda o candidato presidencial sobre: “O que será de Portugal pós PRR?”. António Filipe não tem dúvidas de que será “um risco” já que o país vive “muito de financiamentos comunitários”. “A primeira geração de financiamentos foi o PRODEP”, recordou, reconhecendo que “muitas infraestruturas” do Ensino Superior “cresceram imenso” por causa deste apoio. António Filipe caraterizou ainda o investimento do país, sem fundos comunitários, como “muito exíguo”. Como causa atribuiu as “contas certas”. “Há muito pouco investimento público e os que existem são uma contrapartida nacional para financiamentos comunitários”, analisou. “Acho que devemos utilizar as possibilidades todas de financiamento, mas não podemos perder de vista o investimento público próprio nosso”, rematou o candidato presidencial. A sessão terminou com a entrega, por parte da AAUAv, de um kit de caloiro a António Filipe. Entre os vários elementos que o saco continha, destacou-se uma ‘bola anti-stress’, que acabou por chamar a atenção do próprio. Questionado à margem da sessão pela Ria sobre o significado deste encontro, o candidato presidencial sublinhou que o “contacto com a juventude é fundamental” para o futuro. “São as pessoas que estão no Ensino Superior, esta geração, que vai ter de tomar conta do país e que vai ter de encontrar as soluções para levar por diante as políticas públicas que viabilizem o desenvolvimento nacional e que o defendam”, partilhou. “Estes tipos de iniciativas são muito importantes para uma campanha eleitoral que se pretende próxima das pessoas”, insistiu. Como “mensagem fundamental”, António Filipe referiu ainda: “Estamos a falar que tivemos uma reunião com pessoas que conciliam os seus estudos, com uma participação ativa na vida da escola e da associação, e que têm consciência de como isso é enriquecedor para a sua própria vida”. “Um grande pensador português, Bento de Jesus Caraça, considerava a formação integral do indivíduo como algo fundamental no sistema educativo. Eu acho que isto é um exemplo disso mesmo. A formação integral do indivíduo passa, não apenas por estudar, mas também por saber mais da vida para além do que se estuda nos livros e nos manuais”, comparou. Pela segunda vez a acolher um candidato presidencial na Casa do Estudante, Joana Regadas referiu à Ria a importância destes encontros para uma “auscultação contínua” dos estudantes. “O mais importante é valorizarem e perceberem que de facto nós continuamos aqui não só nestes momentos, mas também durante todo o resto do ano. As nossas posições mantêm-se e é importante uma auscultação contínua. Não só momentânea”, afirmou. Tanto com António Filipe, como com Luís Marques Mendes, que passou pela AAUAv em julho, as preocupações foram transversais. “Tenho feito questão que as perguntas que levo a um sejam as mesmas que levo a outro. A lógica é perceber quais é que são as posições, onde há divergências, e qual é a visão nestes tópicos que consideramos que são mais importantes: o futuro das universidades, o futuro do país pós PRR, aquilo que são os apoios e o futuro do ensino superior”, expôs. Além destes dois candidatos presidenciais, a presidente da direção da AAUAv adiantou que já teve também a oportunidade de conversar com Gouveia e Melo e António José Seguro, num outro contexto, com todo o movimento associativo. “Algo que posso partilhar dos quatro candidatos (…) é que há uma motivação comum entre todos: há um reconhecimento de que o país não pode estar pendente de fundos como é o caso do PRR e que é necessária uma estratégia conjunta para alavancar o país como um todo no seu futuro”, frisou. Joana Regadas acrescentou ainda que todos eles têm também consciência do papel do Ensino Superior “na construção de uma sociedade do futuro”. “Estas duas grandes preocupações que partilhamos garantimos que estão também na agenda deles e que enquanto figura do Presidente da República farão pressão para que esteja incluída numa agenda de futuros governos”, rematou.

Portagens na A25 devem acabar em 2026: PS e Chega preparam-se para aprovar alteração ao OE
Cidade

Portagens na A25 devem acabar em 2026: PS e Chega preparam-se para aprovar alteração ao OE

A proposta socialista - entregue na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública no dia 7 de novembro - prevê alterar o Orçamento do Estado para 2026, permitindo abolir os pórticos da Concessão “Costa de Prata” da A25, ou seja, os pórticos Esgueira-Aveiro Nascente, Estádio-Angeja e Angeja-Albergaria. Estas três portagens ficaram de fora da lei, aprovada em 2024 e apresentada pelo Grupo Parlamentar do PS, que apenas eliminava cobranças em parte da A25. Recorde-se que em abril deste ano, na apresentação pública da candidatura de Luís Souto à Câmara Municipal de Aveiro (CMA), o primeiro-ministro Luís Montenegro garantiu que a situação “não estava esquecida”. “Já assumi que aquilo não faz sentido, mas também assumi que não ia resolver um caso único, que queria resolver todos os casos que têm, enfim, alguma semelhança no país”, apontou na altura o líder do Governo. Apesar dessas declarações do atual primeiro-ministro, a ideia parece não ser acompanhada pelo ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, que reafirmou recentemente a sua discordância quanto ao fim das portagens. “É conhecido aquilo que eu penso relativamente às portagens. Creio que o princípio do utilizador-pagador é um princípio que deveria ser seguido em todas estas infraestruturas”, afirmou. O governante lembrou ainda que “esses contratos têm encargos associados ainda hoje muito significativos” e que as vias “têm custos de operação e manutenção relativamente grandes”. Por isso, conclui, “estas infraestruturas prestam um serviço aos seus utilizadores que deve ser pago pelos mesmos e, portanto, oponho-me a qualquer eliminação de portagens”. Hugo Oliveira, deputado socialista e atual presidente da Federação Distrital do PS-Aveiro, relembra que o partido já tinha apresentado um projeto de lei em junho para corrigir a situação, mas que a votação nunca chegou a ser agendada. O mesmo aconteceu com propostas do Bloco de Esquerda (BE) e do Partido Comunista Português (PCP). “A medida constava do programa eleitoral”, recorda, sublinhando que a via encontrada agora pelos socialistas - uma proposta de alteração ao OE2026 - é a mais eficaz para garantir o fim das portagens já em janeiro de 2026. Não obstante, Hugo Oliveira é cauteloso quando antevê a votação. Mesmo que os deputados do PS e do Chega sejam suficientes para resolver definitivamente uma das maiores lutas da região de Aveiro, o deputado socialista recorda que o Chega não só é a favor da eliminação dessas portagens como de todas as outras no país inteiro, pelo que acusa o partido de não apresentar medidas “muito realistas”. Em relação ao PSD, o socialista nota que existem dirigentes com posições contraditórias em relação ao tema e sublinha que “se formos procurar perceber, no PSD há declarações antes e depois das eleições que não são condizentes no que toca a essas portagens”. Embora não dê a “certeza” do sentido de voto do partido, Maria José Aguiar, deputada eleita pelo Chega no círculo eleitoral de Aveiro, afirma que a “predisposição é acompanhar”. A responsável afirma que o fim destas portagens é uma “prioridade” e recorda: “Já aconteceu na legislatura passada. Foi pelo voto do Chega que foram abolidas as portagens até ali - e que se julgava que iam mesmo até ao final da A25, mas depois houve ali uma maneira de distorcer um bocadinho a situação”. Maria José Aguiar garante que a luta pelo fim destes pórticos é um compromisso do “partido como um todo” e lembra que existem outras situações no país pelas quais o Chega também se vai debater. Apesar de não ser uma meta para este Orçamento de Estado, a deputada frisa aquilo que também o deputado do PS já tinha afirmado: no longo prazo, o Chega ambiciona a abolição de todas as portagens do país. Também contactado pela Ria, Firmino Ferreira, deputado do PSD eleito pelo círculo de Aveiro e presidente da secção local do partido, disse ser “prematuro” adiantar o sentido de voto do partido relativamente à eliminação das portagens. “Não faço a mínima ideia de quanto é que isso custará ao Estado, não sei como é que isso vai ser feito. (...) É preciso ter noção de que não vivemos numa bolha e, por isso, é preciso equacionar todas as possibilidades”, sublinha. O responsável, que considera que estas portagens “não fazem muito sentido”, aponta ainda que a situação da A25 não é única no país e que, portanto, os problemas têm que ser resolvidos “na generalidade”. Na sua opinião, o país “deve ser solidário” e não pode ser apresentada uma solução para Aveiro apenas porque “o primeiro-ministro é do nosso distrito”. O grupo parlamentar do PSD, de acordo com Firmino Ferreira, terá sempre disciplina de voto na forma como decidir sobre a proposta. Apesar de haver algumas propostas que não sejam unânimes no seio do partido, Firmino explica que, através do diálogo, os deputados decidem como votar, não sendo um “assunto de carácter individual”. A Ria tentou contactar ainda o deputado Mário Amorim Lopes, também eleito no círculo de Aveiro pela Iniciativa Liberal, mas até ao momento não foi possível obter resposta. Aguarda-se agora o dia decisivo de votação da proposta que deverá acontecer nas próximas semanas.

Ranking internacional coloca três investigadores entre os mais influentes do mundo
Universidade

Ranking internacional coloca três investigadores entre os mais influentes do mundo

Entre as instituições portuguesas, a Universidade de Aveiro é aquela que vê mais investigadores serem reconhecidos pelo ranking. Dos sete cientistas listados a trabalhar em Portugal, três trabalham na UA: Armando da Costa Duarte, Teresa Rocha Santos e João Pinto da Costa, todos investigadores no do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM). Os dois primeiros já são repetentes na lista – ao passo que Armando Duarte já é mencionado há cinco anos consecutivos, Teresa Santos soma agora a sua quarta presença no ranking. No total, a lista conta com 6.868 investigadores de 60 países diferentes. Conforme explica a nota, o objetivo é “reconhecer os cientistas mais influentes em todo o mundo, com contributos relevantes nas suas áreas científicas e para o futuro da ciência, da tecnologia e da academia a nível mundial, divulgar o impacto da investigação mundial e promover a inovação em colaboração, assim como fornecer insights sobre as tendências globais de investigação e inovação”.