RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

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Os bastidores de Medicina: o curso da UA que demorou mais de uma década a conquistar

Mais de dez anos depois, a Universidade de Aveiro (UA) atinge o seu objetivo e tem, pela primeira vez, um curso de medicina inteiramente dirigido por si. Junho de 2024 marca a data em que a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) disse “sim” ao Mestrado Integrado em Medicina na UA. Para alcançar esta resposta foram precisas, pelo menos, três tentativas, por parte da universidade. A Ria foi procurar conhecer os bastidores deste novo curso.

Os bastidores de Medicina: o curso da UA que demorou mais de uma década a conquistar
Isabel Cunha Marques com Ana Patrícia Novo

Isabel Cunha Marques com Ana Patrícia Novo

Jornalistas
26 set 2024, 10:48

A abertura do curso de medicina na UA era já um objetivo de longa data. Quem o assegurou foi Artur Silva, vice-reitor para as matérias relativas à investigação, inovação, formação de terceiro ciclo e acreditação dos ciclos de estudos na UA. Segundo o mesmo, desde o “final do século 20”, que havia essa ambição por parte “dos gestores desta casa [UA]”.

A história mais recente para a criação do curso começou no ano de 2010. A ideia era ter um curso de medicina, dirigido a alunos licenciados, com a duração de 4 anos (em vez dos 6 anos do “modelo tradicional”). O curso resultava de uma parceria com o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS), mas falhou. Apesar de ter decorrido durante dois anos letivos e um semestre, Artur Silva, admitiu que “alguns problemas de organização e entendimento”, bem como a dependência da UA em relação ao ICBAS, acabaram por ditar que o projeto findasse.

A Ordem dos Médicos referia também em comunicado, na altura do encerramento deste primeiro curso – em outubro de 2012 - , que “a decisão de criação do curso de medicina de Aveiro foi precipitada e exclusivamente política”. A organização tecia alguns comentários, afirmando que a criação do referido curso “não obedeceu sequer a uma necessidade ou vantagem de aumentar a formação de recursos humanos a curto, médio ou longo prazo”. Acrescentava ainda que não faria sentido que, na realidade de “crise económica e social” sentida na altura, “o Governo financie, a quem já tem uma licenciatura/mestrado, um curso de medicina de qualidade questionável e totalmente desnecessário ao país”.

Em 2022, uma década depois, o objetivo de lecionar medicina em Aveiro foi retomado, mas, dessa vez, falhou na acreditação. Sendo a Medicina uma área “muito sensível”, Artur Silva considerou que tem de “haver sustentabilidade” para a construir. No caso da UA, as bases foram sendo estabelecidas, ao longo do tempo, “com a criação da nossa escola de saúde [ESSUA] e depois com a nossa Secção Autónoma de Ciências da Saúde [SACS/DCM]”, referiu o vice-reitor. “Na equipa reitoral anterior [a 2018] havia também uma ideia de um determinado curso de medicina” que diferia da atual, garantiu. A estratégia passou então “pela criação e consolidação do Centro Académico Clínico Egas Moniz Health Alliance”, contou.

No âmbito desse projeto foram-se criando pontes que cobriam três centros hospitalares e vários Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) – “desde a sul do Douro a norte do Mondego”, explicou o vice-reitor. A partir daí, com o apoio da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos, e com alguns acordos com a Universidade do Minho, foi submetida uma candidatura “em novembro de 2022” à A3ES. Foi nomeada uma comissão de avaliação externa e “por volta de junho” chegou o resultado. “Estava muito confiante porque eu achava que tínhamos um bom curso, mas infelizmente isso não veio a acontecer”, lamentou Artur Silva.

No parecer do Conselho Nacional de Ensino e Educação Médica, à altura do chumbo do projeto, lê-se que “apesar de ser a mais robusta do conjunto de candidaturas que nos foram apresentadas até à data” a proposta aveirense “continua a manifestar uma grave insuficiência de recursos humanos para garantir um ensino médico de qualidade”. A instituição referia ainda preocupações com a “distância entre as instituições de ensino” e “a falta de clareza sobre como se irá processar a articulação entre as mesmas e a deficiente formação pedagógica de docentes que irão lecionar ativamente no ciclo clínico”.

‘À terceira foi de vez’: Medicina avança na UA

Apesar da resposta negativa, a vontade de criar o Mestrado Integrado em Medicina não esmoreceu. Em novembro de 2023, é submetido, novamente, na A3ES, “o mesmo curso com melhoramentos”, recordou Artur Silva. Segundo o docente, a lista de melhorias era curta e prendia-se com “pequenos detalhes”, como “respostas de como é que os estudantes se vão deslocar daqui [UA] para os centros de saúde e para os hospitais”, exemplificou o vice-reitor. A maior diferença que notou, e faz questão de reforçar, prendeu-se com a comissão de avaliação nomeada. “Eu defendia que a nova comissão de avaliação fosse essencialmente estrangeira e foi mais ou menos o que aconteceu: e o resultado foi completamente diferente”, declarou Artur Silva. Em junho de 2024 é tornado oficial que Aveiro iria voltar a ter medicina, desta vez o curso tradicional de 6 anos e inteiramente dirigido pela UA.

Três meses separam a notícia da aprovação do curso e do arranque do ano letivo corrente. Três meses de trabalho “fora de horas” com “muitas reuniões online para que acontecesse” recordou Artur Silva. O vice-reitor fez questão também de sublinhar a importância de Firmino Machado, atual diretor do Mestrado Integrado em Medicina, que teve como principal função ser a “cola” e a montagem de todo o processo e referiu a relevância da ativação das colaborações “estabelecidas lá atrás” com a Universidade do Minho e com a Universidade de Utrech. Não deixou de fora também todos os profissionais de saúde envolvidos e os “presidentes dos conselhos de administração que libertaram alguns médicos para fazer alguma formação extraordinária”, relembrou.

Construção de um teatro anatómico em curso

O novo ciclo de estudos de Aveiro está já a decorrer e acolheu 40 alunos. É o segundo curso com a média mais alta da UA (18,2), ficando atrás apenas da licenciatura de Engenharia Aeroespacial (18,35). A nível nacional existem dez cursos de Medicina sendo que Aveiro tem a quarta média mais alta de entrada. Fica no pódio o ICBAS (18,55), a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (18,48) e a Universidade do Minho (18,38), mas fica à frente da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

“A ideia é ir crescendo progressivamente com a entrada de dez novos alunos até ser atingido o limite máximo de 100 alunos”, esclareceu o vice-reitor. Relativamente ao futuro, o objetivo é “mantermos a qualidade que nós idealizamos fazer”, garantiu Artur Silva.

O vice-reitor avançou ainda que, nos próximos anos, “temos de ter espaço disponível para a formação e para a investigação”, na área da saúde, e para a “internacionalização do curso”, nomeadamente, através do programa Erasmus. Realçou também que apesar de estar a decorrer a “adaptação de um edifício” para acolher um teatro anatómico a empreitada estará pronta aquando da primeira aula de anatomia - prevista para a segunda semana de novembro. “Está tudo conforme planeado”, afirmou.

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Judo: AAUAv/UA conquista uma medalha de ouro e uma medalha de bronze nos CNU
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Judo: AAUAv/UA conquista uma medalha de ouro e uma medalha de bronze nos CNU

Foram dez os estudantes-atletas da Universidade de Aveiro que, durante o passado domingo, estiveram na disputa dos 14 títulos nacionais universitários que se discutiram em Aveiro. De entre estes, dois alcançaram o pódio: Constança Alves, estudante da licenciatura em Enfermagem, que venceu na categoria -48 kg, e Leonardo Pata, estudante da licenciatura em Marketing, que arrecadou a medalha de bronze em -66 kg. No total, a Caixa UA recebeu 125 desportistas oriundos de 39 clubes diferentes. Do ponto de vista coletivo, foi a Universidade Nova de Lisboa quem acabou por vencer o troféu dos CNU. A organização da competição esteve a cargo da Federação Académica do Desporto Universitário (FADU Portugal), Federação Portuguesa de Judo (FPJ), da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) e da Universidade de Aveiro (UA).  

Estudantes da UA devem “mais de 2,8 milhões de euros” em propinas à instituição
Universidade

Estudantes da UA devem “mais de 2,8 milhões de euros” em propinas à instituição

Ao longo da última semana, o Jornal de Notícias (JN) noticiou que os estudantes de 14 instituições de Ensino Superior (entre as quais não constava a UA) acumularam, ao longo dos últimos três anos, uma dívida de “24 milhões de euros” em propinas. Entre os estabelecimentos analisados, era na Universidade do Minho, onde os estudantes devem cerca devem “cerca de sete milhões de euros”, que a dívida era maior. A fechar o pódio aparecem o Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE) com “5,5 milhões” e a Universidade do Porto com “4,6 milhões”. Segundo informação solicitada pela Ria à UA, no caso de Aveiro são “mais de 2,8 milhões de euros” que os estudantes têm em dívida para com a instituição. Deste valor, que é relativo ao último triénio, apenas “61 mil euros” (cerca de 2% da dívida total) dizem respeito a “estudantes com uma bolsa de ação social”. A Universidade dá nota ainda que, no que diz respeito ao último ano letivo, “não houve ainda lugar à remessa das certidões de dívida ao cuidado da Autoridade Tributária para efeitos da instauração dos correspondentes processos de execução fiscal” – no âmbito desses processos, notam, que a UA já conseguiu reaver “cerca de meio milhão de euros”. Em reação a estes números, Joana Regadas diz à Ria que, “para além do valor, é preciso perceber as condições que contribuíram para essa dívida”. Como fatores que, acredita, podem justificar o fenómeno, a presidente da direção da AAUAv aponta uma possível desinformação dos estudantes que “ao final de um ano desistiram da licenciatura e que não sabem que ainda assim têm de pagar a propina”, mas também as “condições socioeconómicas adversas” de quem não tem condições para pagar. “Acho que estes valores não permitem tirar ilações muito precisas. Era necessário perceber em que espetro é que este montante se insere para conseguirmos tirar conclusões”, afirma a estudante. Fernando Alexandre, ministro da Educação, Ciência e Inovação, na passada segunda-feira, em declarações aos jornalistas, desmentiu os presidentes das federações académicas que, ao JN, disseram que o valor da dívida às instituições se devia ao atraso do pagamento das bolsas de ação social. Independentemente de não existirem dados que comprovem essa relação, Joana Regadas afirma que está em causa “um conjunto de estudantes que se encontram atualmente no limiar da atribuição de uma bolsa e que, por dez euros, não conseguem ter acesso”. De acordo com a presidente, trata-se de um facto já bastante “reforçado e discutido” que, aponta, inclusivamente já foi comprovado por estudos feitos pelo Governo. Numa altura em que o movimento associativo nacional se prepara para sair à rua em Lisboa contra o aumento das propinas – uma manifestação que acontece esta terça-feira, dia 28, e que a AAUAv também vai integrar -, Joana Regadas aproveitou para responder ao ministro da Educação que, também na última semana, disse “não conseguir perceber” que o foco dos estudantes esteja nas propinas. A dirigente refere que “ao dar ênfase àquilo que é uma posição tomada face às propinas, [o movimento estudantil] não está, de todo, a esquecer-se daquilo que é a problemática da ação social”. Joana Regadas afirma que os estudantes estão “bem cientes” de que as propinas não são “a maior fatia do bolo orçamental que permite a frequência e o acesso ao ensino superior”, mas lembra que, por isso, não deixa de ser uma “fatia” e que “contribui”. Não obstante, a presidente da direção da AAUAv sublinha que o foco não deve ser apenas a subida do valor das propinas do primeiro ciclo de estudos, mas também o fim do teto das propinas de mestrado. Conforme afirma, “qualquer universidade está livre, desde que seja aprovado em Conselho Geral, de colocar a propina de um mestrado a dez mil euros. Nenhum de nós se sente confortável com esta liberdade de posição porque estamos a fazer com que um ciclo de estudos, aí sim, fique só acessível a certas classes socioeconómicas”. Recorde-se que, conforme noticiado pela Ria no passado mês de setembro, o governo inscreveu na proposta de Orçamento de Estado o aumento das propinas de primeiro ciclo de estudos em 13 euros, passando dos atuais 697 euros anuais para 710. Já as propinas de mestrado vão ser descongeladas que, de acordo com Fernando Alexandre, vão passar a ser definidas pelas próprias instituições. Em declarações aos jornalistas durante a última semana, segundo a Agência Lusa, o governante disse que as propinas eram um “assunto encerrado”. A Ria procurou falar também com a reitoria da Universidade de Aveiro, mas, até ao momento de publicação da notícia, não obteve resposta.

Colaboração entre UA e PHBP tenta desenvolver armários outdoor mais eficientes e sustentáveis
Universidade

Colaboração entre UA e PHBP tenta desenvolver armários outdoor mais eficientes e sustentáveis

O objetivo principal, escrevem os responsáveis, é “desenvolver armários outdoor com capacidade superior de dissipar calor, reduzir ganhos térmicos e diminuir o nível de ruído, superando as limitações dos sistemas tradicionais”. Para que seja possível “otimizar o desempenho térmico e acústico dos armários outdoor”, o projeto deve recorrer a soluções “inovadoras”, como materiais de mudança de fase (PCM), fluídos térmicos e otimização do sistema de free cooling. A colaboração entre a UA e a PHBP junta, de acordo com a nota de imprensa, a experiência industrial com o conhecimento académico, potenciando o desenvolvimento de soluções tecnológicas de ponta. A equipa de investigadores na UA tem Artur Ferreira, professor da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA), como líder e é coorientada por Augusto Lopes, professor do Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica. Vão estar ainda envolvidos investigadores do CICECO-Instituto de Materiais de Aveiro e do Centro de Tecnologia Mecânica e Automação (TEMA). Do lado da PHBP, vai estar envolvida uma equipa multidisciplinar com formação avançada em engenharia mecânica, eletrotécnica e energia renovável.

UA: Greve da função pública obriga a fechar cantinas e bares dos SAS, exceto o bar do Edifício 3
Universidade

UA: Greve da função pública obriga a fechar cantinas e bares dos SAS, exceto o bar do Edifício 3

Pelas 12h30, quando a Ria conseguiu contactar a administração da Universidade de Aveiro, confirmava-se o fecho de todas as cantinas e bares dos SAS da instituição, à exceção do bar do Edifício 3 – correspondente à antiga reitoria. De resto, disse o responsável da instituição, todos os serviços continuam em funcionamento. À mesma hora, a UA já tinha apurado que 103 trabalhadores tinham aderido à greve, dos quais 81 pertencem aos Serviços de Ação Social (SAS). Não obstante, o responsável da Universidade ressalva que ainda não estão apurados os números definitivo e que ainda aguarda que alguns dirigentes façam chegar a informação de quantos trabalhadores aderiram. Na passada terça-feira, em conferência de imprensa, Sebastião Santana, coordenador da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública – organização que convocou a greve de hoje – diz que a greve “vai obrigar o Governo, se tiver bom senso, a perceber que está a comprar conflito social e que não vai parar porque os trabalhadores exigem políticas diferentes”. O dirigente afirmava também que os trabalhadores não podem aceitar um Orçamento de Estado que prevê a degradação das condições de trabalho e desinvestimento nos serviços públicos.

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Livro Ribau Esteves: Desde a relação “difícil” com o reitor até à “excelente” relação com a AAUAv
Cidade

Livro Ribau Esteves: Desde a relação “difícil” com o reitor até à “excelente” relação com a AAUAv

No texto, Ribau Esteves começa por referir que a cooperação da Câmara de Aveiro com a Universidade de Aveiro (UA) “é um ativo de grande importância para a cidade, o município e a região de Aveiro”. Como presidente recorda que trabalhou com “dois reitores”: Manuel Assunção, “de outubro de 2013 a maio de 2018”, e Paulo Jorge Ferreira, “de maio de 2018 a outubro de 2025”. No caso de Manuel Assunção, ex-reitor da UA, entre 2010 e 2018, José Ribau Esteves descreve a relação como “excelente e produtiva”. Na obra destaca alguns dos projetos desenvolvidos com o ex-reitor, nomeadamente, “o Parque de Ciência e Inovação”; a “cooperação com a Fábrica de Ciência Viva”; a “decisão de ampliação do Hospital Infante D.Pedro com o Centro Académico Clínico integrado”; a “criação do curso de medicina”; a “qualificação da Rua do Castro”; o “desenvolvimento dos Planos Estratégicos de Desenvolvimento e dos Pacotes de Investimentos a candidatar a Fundos Comunitários no âmbito da CIRA”; a “decisão de construir a rotunda do ISCA-UA na Avenida da Universidade” e o “acordo formalizado para partilha e regularização de património de imóveis”. No seguimento, destaca também que a “nova imagem institucional da Câmara de Aveiro” partiu de uma “ação de cooperação institucional da UA com a Câmara de Aveiro, com a ativa e direta participação da equipa de design da UA”. No que toca a Paulo Jorge Ferreira, Ribau Esteves diz que a relação foi “cordial, mas difícil”. Justifica a afirmação pelo “distanciamento no tratamento pessoal e nos assuntos institucionais”. “O reitor esteve quase sempre ausente da representação da UA em eventos relevantes organizados pela Câmara de Aveiro”, afirma. Na fase final de mandato, o autarca relembra que a relação ficou “mais perturbada pelo processo de construção ilegal da UA, e pela legalização feita pela Câmara de Aveiro, do edifício da ‘Nave Caixa UA’”. A este contexto, acusa ainda a Rádio Universitária de Aveiro (Rádio Ria) de “ação política ostensiva (…) contra o PSD, a Aliança com Aveiro, a Câmara e o seu presidente”. “Trata-se de um órgão pago e alojado pela UA, sistematicamente favorável ao PS, situação que cheguei a denunciar de forma clara a jornalistas da própria Rádio Ria e a responsáveis da Reitoria”, insiste. Recorde-se que a Ria lançou um comunicado, no passado dia 22 de setembro, onde denunciava que um jornalista tinha sido alvo de intimidações e declarações falsas sobre o seu projeto, o seu financiamento e a sua independência. Ao contrário de Manuel Assunção, que destacou um conjunto de projetos desenvolvidos com o Município, no caso de Paulo Jorge Ferreira opta por elencar aqueles que “não foi possível concretizar”. Entre eles, enumera: “O acordo sobre a partilha e a regularização do património de imóveis, com perdas relevantes para o interesse público, nomeadamente o que respeita à área do parque de estacionamento da nova residência universitária em obra junto ao Seminário (que fica com uma configuração limitada pela não cedência de uma pequena área triangular de terreno na UA)” e a “ocupação degradante do terreno da UA ao lado do edifício do IPDJ por não cedência do uso à Câmara”. “O que lamento, mas de facto não tive essa disponibilidade do reitor Paulo Jorge Ferreira”, exprimiu. Ainda assim, José Ribau Esteves refere que o balanço de cooperação entre a Câmara e a UA é “muito positivo, incluindo o que executámos no quadro da CIRA que tem um carácter exemplar a nível nacional e europeu, estando muitos processos e projetos em desenvolvimento para que essa relação tenha bom futuro”. Sobre esse futuro, o autarca sugere que o novo reitor “invista de novo, de forma intensa, na cooperação com a comunidade e com o poder local da região de Aveiro, em verdadeiro espírito de equipa, com um pró-reitor ou um vice-reitor com poderes específicos para desenvolver trabalho nessa área muito importante para os municípios, para os cidadãos e para a própria UA”. Saliente-se que Artur Silva, atual vice-reitor, em declarações à Ria, mostrou-se “disponível” para ocupar o lugar de reitor. No texto, Ribau Esteves faz referência a Artur Silva enfatizando a “intervenção muito ativa” em projetos como a “Fábrica Ciência Viva- os Tech Labs e a Escola de Ciência Viva para a educação STEAM” ou na “luta pela retoma do curso de Medicina na UA”. No subcapítulo, Ribau Esteves dedica os últimos parágrafos a falar sobre a relação com a AAUAv que descreve como “estreita e intensa (…), apenas com um período de exceção”. “Com os presidentes André Reis, Henrique Cruz, Xavier Vieira e António Alves, a relação foi boa e de cooperação profícua. (…) Com o presidente Wilson Carmo (2023/2024) as relações foram difíceis, com alguns momentos de total afastamento e conflitualidade com exposição pública, com origem nas opções desse presidente, muito estranhas e difíceis de entender”, refere. No que toca à relação com Joana Regadas, o autarca diz que a mesma foi “excelente” e de “boa cooperação, enquadrada na assinatura e na execução de um acordo formal de cooperação entre a AAUAv e a Câmara de Aveiro”.  Recorde-se que, este sábado, Ribau Esteves apresentou o livro “Aveiro, Coragem de Mudar, com Ribau Esteves”, no Teatro Aveirense, encerrando os 12 anos à frente desta autarquia.

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Universidade

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Ílhavo dá posse aos novos órgãos autárquicos este domingo
Região

Ílhavo dá posse aos novos órgãos autárquicos este domingo

Segundo uma nota enviada às redações, esta segunda-feira, 27 de outubro, Paulo Pinto Santos, presidente cessante da Assembleia Municipal de Ílhavo, dará posse aos membros da Assembleia Municipal e ao novo executivo da Câmara Municipal de Ílhavo. Quatro anos depois de ter perdido a autarquia para o movimento independente “Unir para Fazer”, o PSD, em coligação com o CDS, venceu a Câmara Municipal, sem maioria absoluta, com “6.580 votos” (35.74%), seguindo-se o “Unir para Fazer” com “6.405 votos” (34,79%), o PS com “2.458 votos” (13.35%), o Chega com “1.957 votos” (10.63%) e a CDU com “337 votos” (1.83%).