RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

Universidade

Miguel Casal é o novo Sócio Honorário da AAAUA

A Associação de Antigos Alunos da Universidade de Aveiro (AAAUA) aprovou por unanimidade na Assembleia-geral de 20 de março, atribuir o título de Sócio Honorário ao empresário Miguel Casal.

Miguel Casal é o novo Sócio Honorário da AAAUA
Redação

Redação

20 abr 2025, 15:24

Pedro Oliveira, presidente da AAAUA definiu a proposta da direção como “um reconhecimento ao nosso antigo aluno de Engenharia de Materiais, Cerâmica e do Vidro, num percurso académico desenvolvido em 1987 e 1992” considerando  Miguel Casal como um “nome incontornável quando se pensa em empresários da região”. O representante dos antigos estudantes sublinhou ainda a visão “cosmopolita, inovadora e com forte preocupação sustentável" com que Miguel "concebe a indústria cerâmica, que está fortemente enraizada na nossa região, dirigindo unidades de produção em Vagos e Ílhavo”. Assim, a atribuição do título de Sócio Honorário é considerada por Pedro Oliveira como algo que “valoriza a galeria de sócios honorários da AAAUA”. A atribuição do título decorreu nas instalações da Grestel e além de Pedro Oliveira, marcaram presença Rita Carvalho, tesoureira da AAAUA e os Vogais, Miguel Castro Silva e Nuno Oliveira.

Miguel Casal foi diretor-geral da ICER - Indústria de Cerâmicas Lda. em Luanda, Angola entre 1997 e 2000. Em novembro de 1999 torna-se Presidente do Conselho de Administração da Grestel -Produtos Cerâmicos, S.A. sediada em Vagos e desde 2018 faz parte da Administração do CTCV (Centro Tecnológico de Cerâmica e do Vidro). Em 2006 criou a marca Costa Nova, reconhecida por criar coleções de mesa em grés fino. Miguel Casal criou ainda recentemente a empresa Ecogres, sediada no concelho de Ílhavo e que "desenvolve um processo de reciclagem de resíduos de outras indústrias", aponta a AAAUA. 

Miguel Casal, que recebeu a direção da Associação na sede das Grestel, manifestou “enorme satisfação pelo reconhecimento atribuído". "Pertencer a esta família é uma honra, a colaboração estreita que a minha empresa mantem com a Universidade de Aveiro é realizada através de uma comunidade de grande qualidade humana e profissional que em grande parte é constituída por ex-alunos e em muitos casos ex-colegas”, frisou o empresário. 

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Paulo Jorge Ferreira: “Uma universidade do futuro não pode ficar prisioneira dos modelos do passado”
Universidade

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Foi no espaço SALT (Espaço de Aprendizagem e Ensino Ativos), no Departamento de Educação e Psicologia (DEP) da Universidade de Aveiro, que, ao longo de meia hora, Paulo Jorge Ferreira e Sandra Soares, vice-reitora para o ensino e formação, refletiram sobre inovação pedagógica, numa conversa aberta com a Ria. A escolha deste espaço não passou despercebida para ambos. Sentados num sofá, em pleno centro daquela sala, Paulo Jorge Ferreira começou por confidenciar à Ria que o SALT representa um “excelente exemplo” daquilo que a UA deve fazer no futuro. “Uma universidade que se quer do futuro não pode ficar prisioneira, refém, dos modelos do passado”, comentou. Por sua vez, Sandra Soares exprimiu o “orgulho” que sentia em ali estar. “Foi um caminho longo no caso concreto desta sala. O que aqui podem ver é o resultado da contribuição de estudantes, de docentes, de várias áreas científicas. Até o nome foi pensado em conjunto. Na altura, tínhamos uma equipa de apoio à inovação curricular e pedagógica com esta composição diversa. Foi sempre um espaço de co-construção”, partilhou. No seguimento, a vice-reitora deu ainda nota de que, ao abrigo do financiamento do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), “no contexto do Impulso UA”, já existem vários espaços “desta natureza” em diferentes unidades orgânicas. Nas que ainda não os possuem, Sandra Soares garantiu que a UA irá investir até “junho” (data em que terminam os projetos PRR) na criação de novos espaços, incluindo a reformulação do Complexo Pedagógico. “Vamos lançar um concurso público muito em breve para reforçar estes espaços nas unidades orgânicas e a mesma coisa, relativamente, ao Complexo Pedagógico. Precisamos de ter tudo isto finalizado até 30 de junho de 2026 que é quando terminam os projetos”, frisou. Questionada sobre o Programa de Formação e Atualização Pedagógica que a UA tem, atualmente, em curso, cujo objetivo é transitar para um processo de ensino mais centrado no estudante, Sandra Soares realçou à Ria o quão “especial” lhe era falar sobre o tema. Naquele dia - em que conversamos - a iniciativa completava “seis anos”. “Lançamos o programa em novembro de 2019 e até à data temos 477 ações de formação. (…) Em média, desde o início deste último mandato, temos cerca de 22% da comunidade docente envolvida em alguma destas ações, sendo que temos várias outras para além do programa”, reforçou. No âmbito do aniversário e do podcast relembrou ainda à Ria que, naquela manhã, tinha anunciado o lançamento de uma nova ação de formação: “Academia IA”. “Sabemos que a inteligência artificial veio para ficar e para se expandir. É fundamental que a nossa comunidade compreenda e tenha apoio relativamente à melhor forma de uso no contexto de ensino e aprendizagem. Vamos fazer esse caminho nesta academia”, justificou Sandra Soares. Entre os objetivos desta formação estão, entre outros, o “uso ético e responsável” da inteligência artificial ou a utilização desta ferramenta “enquanto instrumento de apoio” na avaliação e inovação curricular. A vice-reitora adiantou ainda que a “Academia IA” já está disponível na página da “Inovação Pedagógica”. Já num outro ponto da conversa, a Ria questionou ainda Paulo Jorge Ferreira sobre os “Prémios UA” que, ano após ano, têm vindo a distinguir aqueles que se destacaram em quatro categorias [Cooperação; Boas Práticas Pedagógicas; Investigação e TAG] na Universidade de Aveiro. Para o reitor da UA estes prémios são “uma componente de várias componentes”: “Transformar os espaços, apoiar e incentivar os professores a adaptarem os currículos, métodos e a inovarem do ponto de vista pedagógico e curricular”. “Eu diria que apoiar o mérito é sempre útil, mas nesta área da inovação pedagógica senti sempre, nunca tendo duvidado dela, uma adesão tão grande, por parte da comunidade, que me parece que quase que parecia desnecessário [estes incentivos]”, exprimiu. “Uma das grandes surpresas que tive foi a expectativa que tinha quanto ao ritmo de transformação dos métodos e da inovação pedagógica [na UA] e a adesão superlativa que houve depois”, continuou Paulo Jorge Ferreira. Face a isto, o reitor da UA não deixa margem para dúvidas: “A Universidade de Aveiro é uma universidade que se quer transformar. (…) Sentir a academia a correr nessa direção do futuro parece-me extraordinariamente apaixonante e motiva-me muito”. Sandra Soares não deixou de concordar: “Está no ADN da nossa instituição esta vontade e esse ímpeto para fazer melhor, correr atrás, e penso que esta adesão também está intimamente relacionada com o facto de nós ouvirmos sempre quem precisa de colocar estas mudanças em prática ou quer ir atrás das inovações”. Neste contexto, Sandra Soares destacou também um outro projeto responsável por “transformar” a instituição: o “Impulso UA – Aveiro Education and Social Alliance”, iniciado entre 2020 e 2022 e composto por duas submedidas - Impulso Jovens STEAM e Impulso Adultos. “Criamos mais de 200 microcredenciais e vamos seguramente atingir os 100% em termos de indicadores previstos na formação de adultos da região. Temos já dezenas de acordos de parceria firmados. Muitas empresas recorrem a nós porque já conhecem este tipo de ofertas para co-desenharem connosco e qualificarem ou requalificarem os seus quadros”, reforçou. Prestes a entrar na reta final da entrevista houve ainda tempo para questionar Paulo Jorge Ferreira sobre o Mestrado Integrado em Medicina, o curso da UA que demorou mais de uma década a conquistar. Apesar de partilhar o mesmo nome dos cursos existentes noutras universidades, o reitor sublinha que, em termos de organização curricular, o curso da UA é “bastante diferente”. “Não se trata de fazer igual aos outros. Acho que ninguém projetaria um curso de Medicina, hoje, guiando-se por modelos do passado”, exprimiu, insistindo que “este curso é nosso”. Questionado ainda sobre que novas ofertas formativas poderão ser esperadas, nos próximos anos, na UA, Paulo Jorge Ferreira preferiu não avançar com nenhuma área em concreto, deixando essa decisão para o futuro reitor. Vincou, porém, que “há um sentimento de satisfação”. “As novas propostas que fizemos estão a ser bem aceites e as necessidades vão evoluindo. Acho que vai haver mais necessidade de resposta na área da requalificação e nas formações de ciclo curto e profissionais do que propriamente nas licenciaturas”, comentou. “Creio que do ponto de vista dessas formações [tradicionais] estaremos mais próximos da estabilidade”, completou.

UA: Nos 50 anos do DMat, João Vieira pede evolução “com toda a liberdade e sempre em qualidade”
Universidade

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Com o anfiteatro completamente lotado, o DMat celebrou o legado de João David Vieira. Ao longo da tarde, familiares, antigos estudantes, professores e diretores aplaudiram-no repetidamente. Entre discursos, memórias e fotografias, multiplicaram-se também os abraços. O momento teve ainda direito a reencontros improváveis, como o de um antigo estudante que viajou do Algarve apenas para reencontrar o “professor João”, contou-nos o homenageado antes de conversarmos com ele. Já sentados num sofá, numa sala que nos descreveu como “difícil” de conquistar, no terceiro piso, começamos por lhe questionar como se sentia ao ser homenageado. João David Vieira disse estar feliz, embora tenha admitido que, quando recebeu o convite, sentiu-se “constrangido”. “Defendi sempre que quando houvesse alguma coisa a comemorar o fizessem com as pessoas em vida a menos que falecessem sem contar. Quando me contactaram fiquei constrangido, mas fiquei contente”, confidencia-nos. Perguntamos-lhe como era antes o anfiteatro que agora passa a ter o seu nome, responde-nos com uma gargalhada espontânea: “Era onde dava muitas das aulas, nos últimos anos, a partir de 1996. (…) Era um anfiteatro com 120 cadeiras de madeira. Tudo cheinho, cheinho”, descreve. Quanto à tecnologia de que o espaço atualmente dispõe, como o projetor, entre outros equipamentos, João David Vieira não se mostrou surpreendido. Revelou até já conhecer todos os pormenores, já que acompanhou, de perto, a fase de “pré-montagem”. “Eu estive na montagem deste edifício. Estava tudo a ser preparado para instalar a tecnologia que fosse necessária, nessa altura. A cablagem estava toda por baixo para projetores e até pedi uma coisa, só que eram 50 mil contos, e disseram nem pensar, que era estar numa sala e haver ligação para mais dois ou três anfiteatros, onde pudessem ouvir a mesma aula e interagir. Mas era muito caro. Não consegui. Mas toda a infraestrutura ficou montada nessa altura”, recorda. Aos 84 anos, e naquela sexta-feira, estar no DMat não foi propriamente uma novidade. Conta que ainda mantém ali um gabinete e que costuma passar por lá “de vez em quando” “Depois de aposentado estive sete anos em colaboração, em nome da Reitoria, com Cabo Verde para ajudar a montar a universidade de lá, em Moçambique, em São Tomé, a dar formação a professores”. Quando lhe perguntamos como gostaria que o departamento evoluísse, João David responde sem hesitar: “Com toda a liberdade sempre em qualidade e, como digo, algo que seja inclusivo”. “Nunca me lembro de ter havido aqui alguém que foi escolhido, segregado, movido por uma ideia política, religiosa… Vinha pela qualidade que tinha e a capacidade humana para desenvolver com impacto”, relembra. Aos atuais docentes deixa ainda uma mensagem curta: “Estão na excelência. Falta-vos ainda escrever um verso”. Em entrevista à Ria, José Alexandre Almeida, atual diretor do DMat, mostrou-se satisfeito com a homenagem. “O departamento está prestes a completar 50 anos, mas, na verdade, deu-se início ao primeiro curso de matemática com Ciências da Educação, na altura, muito dirigido para a formação de professores. A propósito deste momento decidimos homenagear um dos pilares do Departamento de Matemática, um dos seus fundadores e a quem muito o departamento deve tal como o conhecemos hoje”, partilha. José Alexandre foi também aluno de João David Vieira, entre os anos de 1994 e 1996. Na licenciatura em Ensino de Matemática, descreve-o como “exigente”. “Éramos imensos no quarto ano de seminário e todos tínhamos de fazer uma monografia. [O professor João] era bastante exigente na aprovação do plano curricular e obrigava todos a fazer os testes que chamava minibásicos, que muitos consideravam quase ofensivos. Além disso, todos tínhamos de realizar provas orais. Era um momento que exigia muito a todos os alunos, na altura, e havia momentos de grande tensão”, relembra. Sobre o anfiteatro que passa agora a chamar-se “Auditório David Vieira”, o diretor do DMat descreve o momento como “marcante”. “Ele não precisava desta homenagem para deixar o seu legado, mas é uma forma de reconhecimento e gratidão. Ele bem merece. Não estamos a fazer favor nenhum. Desta forma, ficará para sempre gravado aquele espaço que é um local, como ele referiu, de referência pelas muitas aulas que ele ali lecionou e com um anfiteatro, tal como hoje, sobrelotado”, explica. Relativamente ao futuro do DMat, José Alexandre revelou à Ria que o departamento está, “neste momento”, a consolidar a sua oferta formativa e que “em breve” irá fazer uma nova aposta na “oferta do primeiro ciclo”. Sem adiantar qual será o curso, acrescentou ainda que gostava que o departamento se potenciasse “ainda mais” ao nível da investigação e da excelência “que o nosso centro de investigação que está integrado atingiu muito recentemente”. “Não nos queremos acomodar de todo. Queremos perspetivar e projetar esse futuro da melhor forma”, vincou. A sessão de homenagem contou ainda com a intervenção de Paulo Jorge Ferreira, reitor da UA, de Júlio Pedrosa, antigo reitor, bem como dos docentes Mário Rosa, Eduardo Marques de Sá, Domingos Cardoso e Liliana Costa. A tarde terminou no terceiro piso com direito a brinde e bolo.

“62” trabalhadores em greve na UA: Cantinas de Santiago, do Crasto e Snack-Bar/Restaurantes fecharam
Universidade

“62” trabalhadores em greve na UA: Cantinas de Santiago, do Crasto e Snack-Bar/Restaurantes fecharam

A greve da função pública organizada para esta sexta-feira, onde os trabalhadores protestam contra o “Pacote Laboral” do governo, também impactou a Universidade de Aveiro. Contactada pela Ria, a administração da UA deu conta de que houve “62” trabalhadores a fazer greve, “58” dos quais pertencentes aos SASUA. Para além da paralisação das cantinas de Santiago, do Crasto e do Snack-Bar/Restaurantes, também o bar da reitoria, o do Centro Integrado de Formação de Professores (CIFOP) e o do Ambiente foram obrigados a encerrar portas.

UA destaca-se no “The Interdisciplinary Science Rankings 2026” com o 102º lugar mundial
Universidade

UA destaca-se no “The Interdisciplinary Science Rankings 2026” com o 102º lugar mundial

O ranking foi promovido pela Times Higher Education (THE), consultora do Reino Unido no setor do ensino superior, e os resultados foram conhecidos esta quinta-feira, 20 de novembro. Nessa avaliação, a UA surge em 102º lugar mundial- uma subida de 40 lugares face a 2025- e 1º nacional, entre as sete IES portuguesas avaliadas, “voltando a destacar-se no conjunto dos cinco indicadores que integram o pilar output, isto é, no número de publicações científicas, qualidade da investigação e reputação institucional, tendo obtido a pontuação de 67.2”, explica uma nota de imprensa enviada às redações. Além do mais, a UA destacou-se ainda no pilar “Process”, tendo melhorado a sua pontuação (66.7) face à edição anterior (45.8). “Este pilar avalia a monitorização e suporte em diferentes áreas estruturais através de quatro indicadores: medidas de apoio, instalações físicas, apoio administrativo e processo de reconhecimento da investigação interdisciplinar”, realça. No que toca à classificação das sete IES portuguesas avaliadas, após a UA, seguiu-se a Universidade do Minho na 123º posição, a Universidade do Algarve entre a 351 e a 400º posição, o Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE) entre a 501 e a 600º posição e o Instituto Politécnico de Viana do Castelo entre a 601 e a 800º posição. Os resultados podem consultados na íntegra aqui.  No total, o “The Interdisciplinary Science Rankings 2026” analisou o desempenho de 911 IES, pertencentes a 94 países, tendo o ranking sido suportado com 11 indicadores, distribuídos por três pilares: financiamento (inputs); monitorização e suporte em diferentes áreas estruturais (process) e número de publicações científicas, qualidade da investigação e reputação institucional (output). A 2ª edição deste ranking evidencia ainda a liderança das IES dos Estados Unidos da América e Singapura, sendo de novo liderado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). O 1º lugar europeu é mais uma vez ocupado pela Wageningen University & Research, dos Países Baixos.

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Aradas: Luís Souto regista “posição construtiva” do Chega e não afasta acordo na CMA
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Na primeira ocasião em que falou aos jornalistas após ter ficado resolvido o impasse em Aradas – recorde-se que o novo executivo autárquico só conseguiu ser eleito após três reuniões de instalação, resultado de um acordo firmado com o Chega – Luís Souto revelou estar “contente”. “Obviamente que não era de interesse nenhum para ninguém que se prolongasse mais tempo […] Acho que é muito importante que se deem sinais de que haja forças políticas que estão numa atitude construtiva. Registamos esses sinais”, sublinha. O autarca não perdeu a oportunidade de deixar uma farpa ao Partido Socialista (PS), uma das forças eleitas para a Assembleia de Freguesia de Aradas que estava a bloquear a aprovação do executivo, por ter mostrado uma postura “pouco construtiva”. Na opinião de Luís Souto, trata-se “quase de uma provocação política”, assim como o foi a “granada” largada pelos vereadores socialistas na primeira reunião pública de Câmara Municipal: a proposta de revogação do Plano de Pormenor do Cais do Paraíso. Questionado em duas ocasiões sobre se o acordo estabelecido em Aradas entre ‘Aliança’ e Chega pode dar aso a um acordo mais amplo de âmbito municipal que passe por atribuir pelouros a Diogo Soares Machado, Luís Souto nunca respondeu, frisando apenas a “postura construtiva [do Chega] manifestada por gestos concretos”. Recorde-se que, em entrevista à Ria, Diogo Soares Machado não descartou a hipótese, embora a considerasse extemporânea. Ao ‘Notícias de Aveiro’, Firmino Ferreira, presidente da concelhia do PSD, disse, na última quarta-feira, que “o acordo alcançado para a Assembleia de Freguesia de Aradas não garante por si só um acordo de âmbito municipal, mas reconhecemos que são contributos importantes para o desenvolvimento de uma parceria desejável que permita levar a cabo o programa eleitoral sufragado pelos aveirenses”.

Paulo Jorge Ferreira: “Uma universidade do futuro não pode ficar prisioneira dos modelos do passado”
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Vamos fazer esse caminho nesta academia”, justificou Sandra Soares. Entre os objetivos desta formação estão, entre outros, o “uso ético e responsável” da inteligência artificial ou a utilização desta ferramenta “enquanto instrumento de apoio” na avaliação e inovação curricular. A vice-reitora adiantou ainda que a “Academia IA” já está disponível na página da “Inovação Pedagógica”. Já num outro ponto da conversa, a Ria questionou ainda Paulo Jorge Ferreira sobre os “Prémios UA” que, ano após ano, têm vindo a distinguir aqueles que se destacaram em quatro categorias [Cooperação; Boas Práticas Pedagógicas; Investigação e TAG] na Universidade de Aveiro. 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Sandra Soares não deixou de concordar: “Está no ADN da nossa instituição esta vontade e esse ímpeto para fazer melhor, correr atrás, e penso que esta adesão também está intimamente relacionada com o facto de nós ouvirmos sempre quem precisa de colocar estas mudanças em prática ou quer ir atrás das inovações”. Neste contexto, Sandra Soares destacou também um outro projeto responsável por “transformar” a instituição: o “Impulso UA – Aveiro Education and Social Alliance”, iniciado entre 2020 e 2022 e composto por duas submedidas - Impulso Jovens STEAM e Impulso Adultos. “Criamos mais de 200 microcredenciais e vamos seguramente atingir os 100% em termos de indicadores previstos na formação de adultos da região. Temos já dezenas de acordos de parceria firmados. Muitas empresas recorrem a nós porque já conhecem este tipo de ofertas para co-desenharem connosco e qualificarem ou requalificarem os seus quadros”, reforçou. Prestes a entrar na reta final da entrevista houve ainda tempo para questionar Paulo Jorge Ferreira sobre o Mestrado Integrado em Medicina, o curso da UA que demorou mais de uma década a conquistar. Apesar de partilhar o mesmo nome dos cursos existentes noutras universidades, o reitor sublinha que, em termos de organização curricular, o curso da UA é “bastante diferente”. “Não se trata de fazer igual aos outros. Acho que ninguém projetaria um curso de Medicina, hoje, guiando-se por modelos do passado”, exprimiu, insistindo que “este curso é nosso”. Questionado ainda sobre que novas ofertas formativas poderão ser esperadas, nos próximos anos, na UA, Paulo Jorge Ferreira preferiu não avançar com nenhuma área em concreto, deixando essa decisão para o futuro reitor. Vincou, porém, que “há um sentimento de satisfação”. “As novas propostas que fizemos estão a ser bem aceites e as necessidades vão evoluindo. Acho que vai haver mais necessidade de resposta na área da requalificação e nas formações de ciclo curto e profissionais do que propriamente nas licenciaturas”, comentou. “Creio que do ponto de vista dessas formações [tradicionais] estaremos mais próximos da estabilidade”, completou.

Incêndios: Situação da agricultura familiar em Aveiro agravada por atrasos nos apoios
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Incêndios: Situação da agricultura familiar em Aveiro agravada por atrasos nos apoios

A presença já habitual de agricultores em protesto à porta da feira agropecuária teve, este ano, uma nova preocupação a juntar às recorrentes dos produtores de leite e carne com os custos dos fatores e baixo preço à produção: os efeitos dos incêndios do verão. “Agora que estamos no inverno, ninguém fala nos incêndios, mas nós estamos aqui mais uma vez para insistir e alertar para a situação vivida no distrito” de Aveiro, disse à Lusa Carlos Alves, dirigente daquela organização. Num documento para entregar aos representantes do Governo e da Assembleia da República presentes no ato inaugural do certame, a UABDA alerta para atrasos na atribuição de apoios e compensações prometidas aos produtores florestais e agricultores afetados pelos incêndios recentes no distrito. “Muita gente ainda está à espera de receber esses apoios”, disse Carlos Alves.  O declínio da produção leiteira foi outra chamada de atenção daquela organização de produtores, aproveitando a feira em que os bovinos ocupam desde há vários anos lugar de destaque. “Aveiro, que já foi uma potência na produção de leite, registou o encerramento de mais de duas mil explorações desde a entrada na União Europeia e, só nos últimos três anos, fecharam no distrito aproximadamente 200 explorações”, contabilizou Carlos Alves. Segundo aquele dirigente, “a falta de condições para manter o negócio deve-se ao aumento dos custos dos fatores de produção, nomeadamente das rações e fertilizantes, e à diminuição do preço pago ao produtor”. Situação que é agravada, segundo disse, pela importação de produtos “de baixa qualidade, como leite em pó, que entram no mercado como leite normal”. Perante esse cenário, a UABDA sustenta que os apoios nacionais e comunitários “vão sempre para os mesmos e excluem os mais pequenos, que são quem mais deles precisa”. “A grande maioria dos fundos (quase 90%) é absorvida pelos grandes produtores, que representam apenas cerca de 10% das produções nacionais”, criticam. Garantir o escoamento da produção a preços justos, controlar os preços dos fatores de produção e apoiar os pequenos e médios produtores são propostas do documento elaborado para entregar ao Ministério da Agricultura e do Mar, à Comissão de Agricultura da Assembleia da República e às comissões de coordenação e desenvolvimento regional. A Agrovouga regressou na passada sexta-feira ao Parque das Feiras e Exposições de Aveiro, prolongando-se até ao dia 30, com um programa que visa afirmar o evento como uma referência nacional nos setores agrícola, pecuário, florestal e gastronómico.

Aradas: Chega defende acordo “sem abrir mão” de exigências e não nega possível acordo na CMA
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Aradas: Chega defende acordo “sem abrir mão” de exigências e não nega possível acordo na CMA

Há dois dias, o executivo em Aradas era, finalmente, aprovado após três tentativas. Em cima da mesa esteve a integração de Ricardo Nascimento, eleito pelo Chega para a Assembleia de Freguesia, no executivo da Junta. Face à tomada de decisão do Chega, os partidos da oposição ('Sentir Aradas' e PS) já reagiram através de comunicados, depois de inicialmente recusarem-se a prestar declarações aos jornalistas à margem da última Assembleia de Freguesia. O Partido Socialista, numa crítica direta ao Chega e à 'Aliança com Aveiro', deu nota que não trabalhava “através de sinais, gestos calculados ou mensagens ambíguas”. Já o Movimento Independente ‘Sentir Aradas’ afirmava que não pactuava com “práticas políticas que contrariem estes valores nem com comportamentos que revelem falta de carácter”. Recorde-se que nas últimas declarações à comunicação social, Marlene Teixeira da Rocha (Chega), em representação de Ricardo Nascimento, dava a entender que as três forças da oposição [Chega, Sentir Aradas e PS] estariam “unidas” e que não iriam “abrir mão” de “três premissas” para viabilizar o executivo: a auditoria financeira independente, o acesso integral à documentação que levou a Junta de Freguesia a ser condenada em Tribunal e a reposição da situação laboral de duas funcionárias da Junta de Freguesia que denunciaram assédio laboral. No entanto, tal entendimento conjunto não se concretizou, tendo apenas o Chega chegado a acordo com Catarina Barreto. Face às críticas que têm sido dirigidas ao partido nos últimos dias, o Chega lançou um comunicado na passada sexta-feira. Começa por referir que a nota pretende esclarecer “todos os aveirenses e aradenses em particular” sobre a “verdade” do processo “que se tornou demasiadamente longo e pouco edificante para a democracia aveirense e para as gentes de Aradas”. À margem da Assembleia de Freguesia, Ricardo Nascimento, quando recordado de um vídeo que o partido promoveu, à porta da Junta de Freguesia de Aradas, nas redes sociais, onde denunciava a falta de “transparência” do executivo, dava nota aos jornalistas que a transparência acabaria por vir à “tona”. Também nesta nota de imprensa fizeram questão de a sublinhar. “A transparência é princípio fundamental e inegociável da nossa ação, mais ainda, se possível, na eleição de um Executivo e Mesa de Assembleia de uma Junta de Freguesia”, lê-se. Para a sustentar, referem que “desde o primeiro dia” definiram “premissas muito claras e objetivas para que o Chega acordasse viabilizar o Executivo da Junta de Freguesia de Aradas”: a “concordância na contratação de auditoria à situação da Junta de Freguesia”; o “acesso a toda a documentação que o Tribunal Administrativo e Fiscal de Aveiro menciona da sua sentença de julho de 2025” e a “resolução dos conflitos laborais existentes à data”. “Fomos, somos e seremos intransigentes nestas condições, as quais e ao dia de hoje, mantemos”, insiste o partido. Por “imperativo de consciência e coerência” e da responsabilidade de “sanar um impasse crescente e lesivo”, o Chega refere que assumiu a “liderança das negociações conducentes a um acordo entre a 'Aliança com Aveiro' e o Chega, (…) que visa garantir condições de governabilidade e estabilidade política à Junta de Freguesia de Aradas”. Segundo o partido, o acordo só foi alcançado porque o Chega teve acesso a “toda a informação e documentos solicitados e exigidos, por parte da presidente da Junta”. “Estes documentos estão na nossa posse e serão disponibilizados sempre que considerado necessário”, afirma. Nota ainda que o acordo assinado entre as partes supramencionadas é “inquestionavelmente explícito e claro quanto à contratação de uma auditoria à Junta de Freguesia de Aradas, em termos, moldes e data a definir exclusivamente entre as partes e em data a oportunamente anunciar aos fregueses de Aradas”. Por último, refere a “resolução dos conflitos laborais existentes à data da assinatura deste acordo”, estando, neste momento, “em curso um processo de inspeção e análise por parte da IGF”. “Deverá ser uma realidade até final deste ano de 2025. Ao que sabemos, esta será uma realidade a muito breve trecho”, adianta. Sobre os partidos da oposição, o partido refere ainda que a “todos foi dado conhecimento deste acordo, antecipada e factualmente, porque somos gente honrada, de valores e com princípios”. Contactado pela Ria, Diogo Soares Machado, vereador e também presidente da concelhia do Chega, garante que, entre os documentos consultados, não foi detetada nenhuma “red flag”. Falando em concreto sobre o processo da ADSE – recorde-se que, conforme noticiado pela Ria, Catarina Barreto recebeu indevidamente apoios da ADSE, tendo regularizado a situação posteriormente -, o vereador do Chega afirma que se trata de uma “questão arrumada”. “Eu neste momento já não levanto suspeitas nenhumas”, frisou Diogo Soares Machado, que, no entanto, não explicou se a presidente tinha sido a única pessoa do executivo a ser inscrita, nem deu nota de quem assinava a sua ficha de inscrição da ADSE – questões colocadas pela Ria aquando da investigação desse processo que nunca foram respondidas. Diogo Soares Machado afirma também que não vai revelar a documentação a que teve acesso, alegando possíveis conflitos legais com o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD). No que diz respeito à auditoria – que, diz o acordo, deve acontecer em “termos, moldes e data a definir exclusivamente entre as partes e em data oportuna” -, o vereador do Chega na CMA garante que o processo deverá acontecer “em breve” e que “há um caderno de encargos definido” a que, “oportunamente”, a comunicação social poderá ter acesso. Já sobre as outras forças da oposição, o vereador disse não saber o porquê de o acordo ter ficado fechado apenas entre Chega e ‘Aliança’: “Não sei se houve uma abordagem da ‘Aliança’ com as outras forças políticas, se não houve abertura para o diálogo. (…) O que eu sei é que nós, quando nos sentámos à mesa, sentámos com a intenção de resolver. E resolver era garantir que as nossas condições eram satisfeitas”. Da mesma forma, o comunicado insiste que “jamais abrimos mão das nossas condições e jamais o faremos! Não estamos disponíveis para servir outros interesses que não os de Aradas e dos aradenses”. Relembre-se de que, tal como avançado pela Ria, fontes próximas dos partidos locais referiam que, além da integração de um elemento do Chega no executivo da Junta, estaria em causa um entendimento mais abrangente, envolvendo também a governação da Câmara Municipal de Aveiro, com a atribuição de pelouros ao atual vereador da oposição, Diogo Soares Machado. Contactado pela Ria, na passada quarta-feira, o vereador do Chega não confirmou nem desmentiu. Já Ricardo Nascimento, quando confrontado na última Assembleia de Freguesia, afirmou que era “mentira”. No mesmo dia, em declarações ao “Notícias de Aveiro”, Firmino Ferreira, presidente da concelhia do PSD, dizia que “o acordo alcançado para a Assembleia de Freguesia de Aradas não garante por si só um acordo de âmbito municipal, mas reconhecemos que são contributos importantes para o desenvolvimento de uma parceria desejável que permita levar a cabo o programa eleitoral sufragado pelos aveirenses”. Em conversa com a Ria, na passada sexta-feira, Diogo Soares Machado não subscreveu as palavras de Ricardo Nascimento, mas sim as de Firmino Ferreira. Para além de confirmar que “há uma aproximação e conversas”, o vereador volta a não confirmar nem a desmentir que o acordo possa passar pela atribuição de pelouros, embora considere a questão “extemporânea”. No comunicado, o Chega adianta ainda que o partido conseguiu “em menos de um mês o que outros não conseguiram nos quatro anos que durou o mandato autárquico anterior”. “Estamos determinados a prosseguir este caminho de boas práticas, transparência e serviço público nos próximos quatro anos”, garante. “A entrada do Ricardo Nascimento no executivo que agora inicia funções é o garante disso mesmo. (…) O acesso contínuo e permanente a toda as informações e documentação que possam ser relevantes e necessárias para tomadas de decisão futuras e que se pretendem coerentes, responsáveis e sempre em função do que é, em cada momento, melhor para os aradenses e mais ajustado à realidade da Freguesia”, continua. A presença de Ricardo Nascimento não deixa de representar uma surpresa neste acordo entre ‘Aliança’ e Chega, uma vez que significa um acréscimo às exigências feitas anteriormente e que o próprio Chega já tinha dito não ter interesse em estar dentro do executivo. Em conversa com a Ria, Diogo Soares Machado frisa que o seu partido acaba por duplicar a sua presença na autarquia de Aradas - ao membro eleito para a Assembleia de Freguesia, que agora passa a ser Matilde Machado, soma-se também o vogal do executivo – e, questionado sobre como foi possível que o acordo fosse ainda mais benéfico para o Chega, aponta: “o segredo é a alma do negócio”. “Conseguimos porque do lado da ‘Aliança’ houve a inteligência e a boa-fé de perceber que o executivo de Aradas seria mais forte, mais representativo e mais assertivo se integrasse o Ricardo Nascimento”, considera. Na noite de quarta-feira, quando o executivo foi aprovado, Ricardo Nascimento declarou que o Chega não ia “fazer uma oposição descarada”, mas que “continuava na oposição”. Estas são também palavras com que Diogo Soares Machado não se compromete: “É uma maneira de se expressar que não é a minha. Se calhar é uma maneira mais ‘à brasileiro’ do que ‘à português’, porque o Ricardo ainda tem esse ‘handicap’”. Segundo explica, o Chega está “de boa-fé e com vontade de fazer”, sendo “o garante de que as reivindicações são aceites”. Numa crítica direta aos comunicados da oposição, o comunicado do Chega acrescenta ainda que: “Depois da espuma dos dias e de dissipado o nevoeiro de insultos e dislates que outros escolheram como caminho, a verdade prevalecerá e se saberá quem está com a razão e com verdadeiro espírito de servir Aradas”. “E porque nada temos a esconder e nada fizemos (ou faremos) que belisque minimamente a nossa estatura moral e política, anexamos a este comunicado cópia do acordo assinado entre a 'Aliança com Aveiro' e o partido Chega, no passado dia 19 de novembro”, continua. Entretanto, a Ria analisou a cópia do acordo que foi enviado pela Chega em anexo ao comunicado de imprensa. Nesse documento, assinado no dia 19 de novembro, quarta-feira, não só está definida a entrada de Ricardo Nascimento para o executivo enquanto vogal e a definição da Mesa da Assembleia de Freguesia, como os compromissos entre as partes. Segundo indica a cláusula quarta do documento, o “processo negocial que conduziu ao acordo decorreu em estrita observância dos princípios da transparência, seriedade e cooperação institucional e plena troca de informação relevante, tendo sido garantido o acesso a toda a informação e documentos necessários à tomada de decisão consciente e responsável”. Embora, “da consulta e análise (…) nada tenha surgido ou resultado como causa impeditiva do acordo”, as duas forças “acordam na contratação de uma auditoria à Junta de Freguesia de Aradas, em termos, moldes e data a definir exclusivamente entre as partes e em data oportuna”. A cláusula quinta, por seu lado, vem garantir que tanto o Chega como a ‘Aliança’ se “comprometem a assegurar a execução e estabilidade das soluções governativas decorrentes do acordo, abstendo-se de adotar comportamentos que, direta ou indiretamente, comprometam a sua eficácia política e administrativa”.