Autocarros lotados e atrasos: a dura rotina dos estudantes que viajam diariamente para a UA
Diariamente são dezenas de estudantes da Universidade de Aveiro (UA) que optam por ir e vir do seu local de residência para Aveiro de comboio. Fazem-no, na sua maioria, para evitar arrendar um quarto na cidade. Quando chegam à Estação de Comboios é no exterior da mesma que apanham o autocarro da “linha 11” cujo destino é: “Universidade - Crasto”. Apesar do processo parecer intuitivo é nos autocarros que, atualmente, os jovens atribuem o “verdadeiro problema”. A Ria acompanhou estes estudantes numa das suas vindas até Aveiro.
Isabel Cunha Marques
JornalistaQuinta-feira. 7h41. Pela Estação Ferroviária de Ovar, no distrito de Aveiro, ouve-se já o som do canto dos pássaros e da única funcionária que por ali já anda a varrer as ruas. Ao mesmo tempo, na entrada principal daquela estação começam-se a ouvir os primeiros passos apressados dos vários estudantes que por ali passam. Muitos dirigem-se em direção à “linha dois”. Na placa lê-se “destino Aveiro”. É o caso de Inês, que, atualmente, estuda Biologia e de Maria que estuda Meteorologia, Oceanografia e Clima. Ambas estão no último ano de licenciatura na UA. Optam por ir e vir, diariamente, face ao preço dos quartos em Aveiro. Normalmente, apanham o comboio urbano das 8h21 ou das 8h44 consoante o tempo que têm. Sabem que em ambas as opções vão demorar cerca de 25 minutos a chegar ao destino final. Naquele dia escolheram o primeiro horário para garantirem que até às 8h44 estariam em Aveiro.
Concluída a primeira etapa, restaria apenas a segunda e a mais desafiante: apanhar o autocarro do circuito urbano, junto à Estação de Comboios em Aveiro, em direção à UA. O objetivo de hoje é conseguir estar na universidade até às 10h00. “Para mim, honestamente, o mais difícil é ter sempre as minhas horas contadas”, começa por desabafar Inês. “Todos os dias tenho de ver a que horas tenho de sair de casa para ter a certeza de que não chego atrasada... Como eu vou de carro para a estação é o tempo de estacionar também. Depois é coordenar os comboios com os autocarros, porque eu não vou a pé para a universidade…. É mais essa questão. Às vezes perdemos o autocarro, outras vezes o autocarro não aparece, às vezes estão atrasados e perdemos o comboio e temos de esperar pelo próximo… Tem de ser tudo coordenado”, partilha.
Contam à Ria que o truque dos transportes públicos para Aveiro, ao fim de três anos a experienciarem, é, quando possível, chegar mais tarde para garantir que a logística se torna mais simples e com menos gente. Isto para as estudantes que só têm que estar às 10h00 na universidade e podem evitar as chamadas “horas de ponta”. O problema é que maioria tem aulas a iniciarem-se pelas 9h00. “Em dias de chuva fica tudo mais cheio em todo o lado. É horrível, mas depende sempre das horas (…) [No caso dos autocarros em Aveiro] depende também dos condutores. Alguns estão a horas, há outros que não estão, mas geralmente ficamos lá todos em filinha à espera do autocarro”, descreveu. “Normalmente não tem lugar para toda a gente e vai o autocarro cheíssimo de pessoas sentadas e em pé. Com as travagens vai tudo em frente…”, completou Maria.
Quando não conseguem apanhar o autocarro do circuito urbano da “linha 11” [o único serviço que opera dentro do campus], a solução passa por chamar um uber ou, simplesmente, por ir a pé. “Já tive de partilhar o uber com pessoas que não conhecia de lado nenhum. Já aconteceu também de dividir com colegas de curso. Acontece algumas vezes. Já aconteceu ir a pé [para a UA] (…) Acho que no inverno devíamos ter mais autocarros, porque no verão a malta vai mais a pé”, sugeriu a jovem estudante de Biologia.
Tendo em consideração os horários disponíveis no site da AveiroBus - com base no horário de chegada destas jovens à Estação de Aveiro [8h44] e tendo como destino “Universidade – Antiga Reitoria” - no caso da linha 11, durante a semana teriam, pelo menos, três opções de forma a garantir que chegariam à UA até às 10h00: O autocarro das 8h50 que chegaria às 9h00; o autocarro das 8h57 que chegaria até às 9h07 e o autocarro das 9h20 que chegaria até às 9h30. Isto significa que, sem atrasos, demoram 10 minutos a chegar de autocarro à universidade. A pé - e tendo como referência o Google Maps - o mesmo percurso representaria 25 minutos a caminhar. Mas, como a esmagadora maioria dos estudantes tem aulas no coração do campus da UA, na Alameda, o percurso a pé pode demorar até 30 minutos.
Naquela quinta-feira e face ao atraso do comboio, Inês e Maria, acabariam por chegar à Estação de Comboios de Aveiro pelas 8h57. 13 minutos mais tarde do que o previsto. A única opção de autocarro, tendo como referência os horários da linha 11, seria já o das 9h20. Somavam-se assim mais 23 minutos de espera pelo próximo autocarro, praticamente o tempo que demorariam a fazer o percurso a pé.
“Hoje vamos conseguir entrar no primeiro autocarro, mas vamos de pé”
Logo após saírem da estação, a fila descrita anteriormente por Maria acabaria por se confirmar. Na altura, os jovens estudantes que por ali aguardavam por um autocarro formavam já meio círculo que começava na paragem de autocarros e finalizava numa das entradas daquela estação. Para “azar” daqueles jovens começou a chuviscar. Os que não tinham guarda-chuva, rapidamente puseram os seus casacos à cabeça e mantiveram-se na fila para garantir que não perdiam o lugar no autocarro seguinte. “Hoje vamos conseguir entrar no primeiro autocarro, mas vamos de pé (…) Às vezes, quando vem o [autocarro] articulado, o motorista manda-nos apertar um bocadinho para cabermos mais… Ainda esta semana tive de apanhar o segundo, ou seja, mais minutos à espera. Cheguei aqui às 8h00 e à UA quase às 9h00”, desabafa, à Ria, Manuela, uma jovem estudante de Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino no 1º Ciclo do Ensino Básico na UA.
Há cinco anos que Manuela opta por fazer, diariamente, Oliveira de Azeméis – Aveiro para evitar, tal como as outras estudantes, pagar um quarto na cidade. “Viver em Aveiro está fora de questão por causa dos preços”, assegura a estudante que faz todos os dias uma viagem longa.
De guarda-chuva na mão, Manuela descreve que o processo de deslocação até Aveiro já é intuitivo até porque “já está habituada”. Para esta, apesar do comboio da manhã estar quase sempre lotado é na paragem de autocarros que está o “verdadeiro problema”. Por exemplo, “para estar às 9h00 na UA teria de chegar à estação, no máximo, às 8h00 para apanhar o [autocarro] das 8h20 (…) É desmotivante… Acordar tão cedo… E nós que já fazemos isto há cinco anos estamos mortinhas para que acabe”, desabafa.
Apesar de pagar o passe mensal para o autocarro, a estudante de mestrado admite que, por várias vezes, opta por apanhar o uber de manhã. Uma solução apontada por muitos estudantes que falaram com a Ria. “Portanto, gasto mais dinheiro, mas eu não estou para estar à espera (…) Eu tenho uma colega que vai sempre a pé de manhã e chega sempre primeiro que eu”, conta. Para esta jovem, a frequência dos autocarros devia de aumentar, principalmente, no horário à volta das 9h00. “Se viessem dois à mesma hora as pessoas que estavam ali [na entrada da estação] não tinham de ficar preocupadas [se iam ter de esperar pelo segundo autocarro]”, opina. No fundo, Manuela está a propor uma maior frequência de autocarros no horário onde a maioria dos estudantes inicia diariamente as aulas, isto é, por volta das 9h00.
Enquanto continuava a chuviscar, Manuela relembrava ainda os tempos do seu “primeiro e segundo ano” em que apanhava o autocarro para a universidade no terminal rodoviário. “Quando passou para aqui [no exterior da estação de comboios], inicialmente, achávamos que era melhor porque era mais perto. [O mal] é que quando chove não há abrigo”, reclama a estudante. Um problema também identificado pelos seus colegas.
Às 9h15 chegava, finalmente, o tão ansiado autocarro da linha 11. Manuela conseguiu entrar. No entanto, nem todos os jovens, que estavam naquela fila, tiveram a mesma sorte. “[O motorista] está a olhar para trás. Não vai deixar entrar mais ninguém”, comentavam duas das estudantes que por lá se encontravam. Assim, aconteceu. O seguinte autocarro acabaria por chegar sete minutos mais tarde.
Esta reportagem insere-se numa parceria estabelecida entre a Ria - Rádio Universitária de Aveiro e a direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) e resultará, ao longo dos próximos meses, num conjunto de artigos sobre temas que afetam diariamente a vida dos estudantes da UA. Todas as reportagens serão acompanhadas por um cartoon satírico que pretende representar a problemática abordada. Se tens sugestões de temas que gostarias de ver abordados envia um email para [email protected].
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Universidade de Aveiro desmente declarações “falsas” de Ribau Esteves sobre Nave 'Caixa UA'
A reação da UA surge em comunicado oficial, enviado hoje à Ria, onde se esclarece de forma detalhada a legalidade da infraestrutura, rebatendo diretamente os argumentos apresentados por Ribau Esteves. A Universidade começa por destacar que a Nave Multiusos 'Caixa UA' “é um espaço flexível, destinado a acolher eventos culturais, académicos, científicos e desportivos”, construído para dar resposta a necessidades internas da academia, face à reconhecida “inexistência de equipamentos comparáveis no município”. “Inexistência que ainda hoje se verifica, em contraste com outras capitais de distrito”, relembra. Segundo o esclarecimento, a esmagadora maioria dos eventos realizados na nave não são sequer públicos, sendo sim “eventos internos da própria Universidade de Aveiro”. A UA sublinha ainda que a construção da infraestrutura seguiu todos os trâmites legais, tendo sido viabilizada pelo “mecenato da Caixa Geral de Depósitos” e contando com “visto prévio do Tribunal de Contas”, “sem qualquer derrapagem orçamental” ou de “prazo” - foi concluída em “364 dias”. A Universidade recorda ainda que a inauguração da Nave ‘Caixa UA’, em maio de 2024, contou não só com a presença do primeiro-ministro como do ministro da Educação, Ciência e Inovação, mas também do próprio presidente da Câmara de Aveiro, “numa demonstração clara do reconhecimento institucional da importância deste equipamento para o concelho e para a região”. Sobre a “alegada ilegalidade” da Nave, a Universidade afirmou ainda que a alegação é “falsa” da qual dá ênfase à “indiferença pela verdade ou total ignorância acerca da lei aplicável, ainda para mais no contexto de uma sessão pública e publicamente transmitida de um órgão de governo municipal”. Tal como avançado esta manhã pela Ria, a nota da Universidade cita diretamente o “Regime Jurídico das Instalações Desportivas (RJID)”, concretamente o “artigo 4.º, n.º 3, alínea a)”, do “Decreto-Lei n.º 141/2009”, alterado pelo “Decreto-Lei n.º 110/2012,” onde se estabelece uma “exceção clara” ao afirmar que o “regime estabelecido no presente decreto-lei não se aplica, igualmente, às instalações desportivas que sejam acessórias ou complementares de estabelecimentos em que a atividade desportiva não constitui a função ou serviço principal, sem prejuízo da necessidade de reunirem as condições técnicas gerais e de segurança exigíveis para a respetiva tipologia, nos seguintes casos: a) Instalações desportivas integradas em estabelecimentos de ensino, público ou privado, de qualquer grau”, lê-se. Em resumo, a UA acrescenta ainda que “excecionam-se explicitamente as "instalações desportivas integradas em estabelecimentos de ensino público””. Assim, a obrigatoriedade de licenciamento por parte do IPDJ não se verifica nesta situação. Face a isto, a Universidade considera “inaceitável” e “falsa” a afirmação de que a infraestrutura constitui um “mau exemplo” ou que “está fora da legalidade”, salientando que a Nave ‘Caixa UA’ tem vindo a demonstrar “o seu valor no acolhimento de múltiplos eventos relevantes para a academia e para a região”. O projeto foi desenvolvido com base num “modelo de financiamento transparente e equilibrado”. No fecho do comunicado, a Universidade de Aveiro reafirma o seu compromisso com “a legalidade, a transparência e o interesse público”, lamentando que as declarações “públicas falsas” possam colocar em causa o “rigor técnico e a responsabilidade institucional que têm orientado este e todos os seus outros projetos”. Recorde-se que o comunicado da UA surgiu em resposta à afirmação de Ribau Esteves onde afirmou, na última Assembleia Municipal, que a infraestrutura universitária “é ilegal” e representa “um mau exemplo”, justificando a acusação com a alegada ausência de parecer obrigatório do IPDJ. No momento, o presidente da Câmara respondia diretamente à sugestão do Partido Socialista (PS) que identificava a Nave Multiusos como um exemplo de eficiência financeira, ao referir que a estrutura custou “oito ou nove milhões de euros” e que, por isso, deveria servir de referência para a Câmara Municipal que adjudicou o novo pavilhão municipal por 22,1 milhões de euros.
Fatinha Ramos distinguida como sócia honorária da AAAUA
Natural de Aveiro e atualmente residente em Antuérpia, Fatinha Ramos é uma figura de destaque no panorama artístico mundial. A sua carreira multifacetada — que abrange desde ilustração editorial a murais públicos, passando por livros infantis, animação, cerâmica e moda — tem vindo a conquistar prémios e reconhecimento em todo o mundo. Segundo uma nota da AAAUA enviada à Ria, Pedro Oliveira, presidente da AAAUA, sublinhou a importância deste momento, afirmando ser de “uma grata felicidade acolhermos na nossa galeria de sócios uma personalidade tão relevante no panorama nacional e internacional”. Destacou ainda que o percurso de Fatinha Ramos “inspira a comunidade alumni, que a acolhe com entusiasmo, numa valorização da responsabilidade social pelo lado das artes”, reforçando que “é objetivo da Associação valorizar a cultura e a cidadania ativa”. A arte de Fatinha Ramos é conhecida pela sua capacidade de provocar emoções profundas, através de um universo visual marcado por “texturas singulares”. “Este universo criativo já faz parte da identidade cultural de Aveiro, visível, por exemplo, no emblemático mural ‘Reflexos’”, aponta como exemplo. As suas criações abordam frequentemente temáticas sociais como o “aquecimento global, o sexismo e o racismo, dando voz às minorias que precisam ser ouvidas”. Com um portefólio que inclui colaborações com instituições como o MoMA, Google, Netflix, TIME, The New York Times, The Washington Post, TATE Modern ou o Parlamento Europeu, Fatinha Ramos tem vindo a conquistar inúmeros galardões desde 2016, entre os quais os World Illustration Awards, o prémio de Eexcelência Patrick Nagel e dois prémios de ouro da Society of Illustrators de Los Angeles. Ao receber a distinção, num jardim da Universidade de Aveiro, Fatinha Ramos partilhou que “foi uma boa surpresa”. “Sinto-me muito lisonjeada e honrada com este título, que agradeço imensamente”, expressou.
AAUAv: UAveiro é bicampeã nacional universitária de Counter-Strike 2
A competição, organizada pela Federação Académica do Desporto Universitário (FADU Portugal), reuniu as melhores equipas universitárias do país nas modalidades de Counter-Strike 2, Valorant, Rocket League e League of Legends. Estiveram presentes 32 equipas, apuradas através dos torneios regionais, representando 17 clubes universitários de todo o país. A equipa de Counter-Strike 2 da UAveiro, composta por André Clérigo, Guilherme Mesquita, Francisco Domingues, Tomás Silva, José Costa, Gonçalo Freitas, João Mendes e Tiago Pita, venceu a final frente à Associação Académica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (AAUTAD) por 3-0, numa série à melhor de cinco. Além do título em Counter-Strike 2, a UAveiro participou também nas modalidades de League of Legends e Rocket League. Em League of Legends, a equipa aveirense composta por Diogo Couto (ECT), João Santos (Eng.Informática), Rafael Maia (Redes e Sistemas Informáticos), Gonçalo Martins (ECT), André Alves (Eng. Informática) e Alexandre Faustino (EET) caiu nos quartos de final frente à AAIPS. Em Rocket League, a equipa representada por Eduardo Fernandes (mestrado Eng. Informática), Diogo Barros (Eng. Computacional), Rodrigo Lopes (ECT) e Guilherme Silva (MTC) alcançou o terceiro lugar, ao vencer a AEIST por 4-2. Mais de 250 agentes desportivos estiveram envolvidos nesta edição dos eFADU Nacionais, que contou com transmissão em direto na RTP Arena e no canal de Twitch da eFADU Portugal. O evento teve ainda o apoio da Câmara Municipal de Matosinhos e da Associação de Estudantes do Instituto Superior de Administração e Gestão do Porto (ISAG).
Investigadores da UA criam nova tecnologia que alia diagnóstico à terapêutica tumoral
A nova tecnologia foi desenvolvida por um grupo de investigação multidisciplinar da Universidade de Aveiro (UA), em colaboração com o Instituto Politécnico do Porto. O projeto resultou na criação de um conjunto de moléculas “que melhoram a imagiologia médica, com menor toxicidade, e permitem também a terapia fotodinâmica de tumores”, segundo uma nota de imprensa da Universidade de Aveiro. As novas moléculas integram, numa única estrutura, a capacidade de detetar tumores mais eficientemente em tomografia computorizada (TC) e ressonância magnética nuclear (RMN), e, ao mesmo tempo, atuam terapeuticamente sobre o tumor. “Isto significa que as moléculas já patenteadas possuem características de agentes de contraste para diagnóstico e propriedades terapêuticas, permitindo tratar diretamente o tecido tumoral, um avanço que pode melhorar o prognóstico de pacientes com cancro”, explica. De acordo com a nota, “os compostos preparados apresentam menor toxicidade em comparação com os produtos de contraste usados clinicamente”, o que se deve “à natureza dos compostos, à menor quantidade necessária e à sua distribuição preferencial no tecido tumoral”. Integraram a equipa de investigação Amparo Faustino e Graça Neves (LAQV-REQUIMTE), Rui Pereira (ESSUA - Escola Superior de Saúde), Adelaide Almeida (CESAM - Centro de Estudos do Ambiente e do Mar) e Rúben Fernandes (Politécnico do Porto). A tecnologia, intitulada "Porfirinas Iodadas, seus métodos de produção, formulação, composição farmacêutica e usos", faz parte de uma patente nacional recentemente concedida, adianta a nota universitária.
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Luís Souto de Miranda apresenta mandatário e candidatos às juntas de freguesia esta sexta-feira
De acordo com uma nota enviada às redações, a sessão contará ainda com a apresentação dos mandatários da juventude e sénior. Recorde-se que os cabeças de lista às dez juntas de freguesia do concelho foram aprovados no passado dia 2 de junho, em plenário de militantes da Comissão Política da Secção do Partido Social Democrata (PSD) de Aveiro, tal como noticiado pela Ria.
Ribau Esteves assegura que Câmara de Aveiro será entregue em “excelente condição financeira”
O ponto dois da ordem de trabalhos da Assembleia Municipal desta terça-feira tinha como objetivo a apreciação e votação das contas consolidadas de 2024. José Ribau Esteves sublinhou que “a história que estas contas contam de saúde financeira desta Câmara, em termos de substância, é exatamente igual à história que se vai contar na conta que a Câmara vai fazer até ao último dia do meu mandato”, garantindo que “a nova Câmara, seja ela qual for, em dois meses e pouco não vai conseguir estragar a qualidade das contas”. O presidente reforçou ainda que “a Câmara Municipal de Aveiro - bem presidida [atualmente] - vai ser entregue ao meu sucessor em excelente condição financeira”, numa resposta direta às preocupações levantadas pela oposição, nomeadamente, ao PAN. Referindo-se ao facto de o partido ainda não ter apresentado candidato à Câmara de Aveiro nas próximas eleições autárquicas e à gestão de Alberto Souto de Miranda (ex-presidente entre 1997 e 2005), Ribau Esteves aproveitou ainda para lançar uma indireta: “Se o problema do PAN em arranjar candidato é alguém que está aterrado, cheio de medo, que vai receber uma Câmara parecida com a que eu recebi, digam à pessoa para não ter medo”, ironizou. “Se quiserem que eu lhe explique as contas, tenho muito gosto em recebê-la no meu gabinete e explicar-lhe a situação. (…) Não inventem fantasmas em relação a essa matéria”, concluiu. Pedro Rodrigues, do PAN, criticou a narrativa positiva da Câmara sobre as contas, argumentando que “esta realidade só poderá ser verdadeira avaliada no final do mandato, uma vez que foram realizados investimentos de grande dimensão, muitos deles em obras cuja relevância questionamos”. O deputado municipal alertou para o impacto desses investimentos, suportados em parte por fundos comunitários, mas também “à custa de uma forte carga fiscal imposta aos cidadãos aveirenses”, justificando o voto contra do partido. Recorde-se que o investimento de 22,1 milhões de euros na construção do novo pavilhão municipal ‘Oficina do Desporto’ será totalmente suportado pela Câmara Municipal de Aveiro, sem recurso a fundos comunitários. O financiamento será assegurado através de um empréstimo bancário de longo prazo. Segundo a autarquia "o contrato prevê que o reembolso seja realizado em prestações trimestrais, com taxa de juro variável, indexada à Euribor a 3 meses do spread de 0,239% e pagamento de juros também a três meses". Contabilizando os encargos com juros, o custo total da obra poderá ascender aos 30 milhões de euros - valor que pressupõe a inexistência de derrapagens financeiras. Segundo uma notícia do Jornal de Notícias, publicada a 17 de maio deste ano, a dívida total da Câmara Municipal de Aveiro situava-se, em 2024, em 58,6 milhões de euros: a sexta maior dívida, em valores absolutos, dos municípios portugueses. Contudo, neste valor ainda não está incluído o empréstimo para construção do novo pavilhão municipal, contraído apenas este ano. Por sua vez, Jorge Greno, do CDS-PP, manifestou o voto favorável à conta consolidada, enquanto Manuel Prior, do PSD, considerou o momento “mais um ato burocrático legal” e classificou as contas como “boas” e “positivas”. O deputado social-democrata realçou o voto favorável do PS em reunião de Câmara e expressou o desejo de que os resultados positivos se mantenham nos próximos anos.
Fatinha Ramos distinguida como sócia honorária da AAAUA
Natural de Aveiro e atualmente residente em Antuérpia, Fatinha Ramos é uma figura de destaque no panorama artístico mundial. A sua carreira multifacetada — que abrange desde ilustração editorial a murais públicos, passando por livros infantis, animação, cerâmica e moda — tem vindo a conquistar prémios e reconhecimento em todo o mundo. Segundo uma nota da AAAUA enviada à Ria, Pedro Oliveira, presidente da AAAUA, sublinhou a importância deste momento, afirmando ser de “uma grata felicidade acolhermos na nossa galeria de sócios uma personalidade tão relevante no panorama nacional e internacional”. Destacou ainda que o percurso de Fatinha Ramos “inspira a comunidade alumni, que a acolhe com entusiasmo, numa valorização da responsabilidade social pelo lado das artes”, reforçando que “é objetivo da Associação valorizar a cultura e a cidadania ativa”. A arte de Fatinha Ramos é conhecida pela sua capacidade de provocar emoções profundas, através de um universo visual marcado por “texturas singulares”. “Este universo criativo já faz parte da identidade cultural de Aveiro, visível, por exemplo, no emblemático mural ‘Reflexos’”, aponta como exemplo. As suas criações abordam frequentemente temáticas sociais como o “aquecimento global, o sexismo e o racismo, dando voz às minorias que precisam ser ouvidas”. Com um portefólio que inclui colaborações com instituições como o MoMA, Google, Netflix, TIME, The New York Times, The Washington Post, TATE Modern ou o Parlamento Europeu, Fatinha Ramos tem vindo a conquistar inúmeros galardões desde 2016, entre os quais os World Illustration Awards, o prémio de Eexcelência Patrick Nagel e dois prémios de ouro da Society of Illustrators de Los Angeles. Ao receber a distinção, num jardim da Universidade de Aveiro, Fatinha Ramos partilhou que “foi uma boa surpresa”. “Sinto-me muito lisonjeada e honrada com este título, que agradeço imensamente”, expressou.