RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

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Dia Nacional do Azulejo: Acervo de Ana Velosa e iniciativa de Isabel motiva exposição no DECivil

São 25 os azulejos expostos à entrada do Departamento de Engenharia Civil (DECivil). A mostra serve para lembrar o Dia Nacional do Azulejo, uma data assinalada desde 2017 e que contou com a participação da Universidade de Aveiro (UA) para que tal fosse materializado.

Dia Nacional do Azulejo: Acervo de Ana Velosa e iniciativa de Isabel motiva exposição no DECivil
Ana Patrícia Novo

Ana Patrícia Novo

Jornalista
06 mai 2025, 20:30

“Eu sou de Aveiro, sou da Beira-Mar”, começa por dar nota Isabel da Paula, assistente operacional da secretaria do DECivil, para explicar a sua ligação aos azulejos. “As casas da Beira-Mar eram todas com azulejo, tive algumas pessoas da família que estavam na Fábrica Aleluia - na pintura e também no fabrico, de mãos na massa para fazer o azulejo -, e outros também que passaram pelas Faianças [fábricas de cerâmica] de São Roque, que também já não existem, pela dos Santos Mártires também”, lembra.

Cresceu, portanto, cercada pelo mundo da azulejaria tradicional e vê com alguma tristeza a perda dessa tradição. “A zona da Beira-Mar, não era só marnoto. Eram marnotos, eram os trolhas, pedreiros, que eram os da construção civil, e era a cerâmica do azulejo. Era um bairro de tradição”, enfatiza.

Não seguiu o caminho da família na tradição azulejar, mas acabou de alguma forma a trabalhar no departamento da UA que ajudou a que fosse possível existir o Dia Nacional do Azulejo. Este ano, a par de Celme Tavares, técnica superior do mesmo departamento, e de Ana Velosa, professora no mesmo departamento, impulsionaram a exposição de 25 azulejos patente a partir do dia de hoje, 6 de maio, no átrio do DECivil.

Isabel espera que a iniciativa traga mais amantes do azulejo ao departamento e à universidade e não esconde o sentimento de que a instituição “deveria desenvolver mais nos nossos azulejos [de Aveiro], proteger o que temos e a área do curso de reabilitação deveria ser bem defendida”. “Há uma tradição muito grande na área da cerâmica (…). Os poucos azulejos que ainda se vê, nas poucas casas, deveriam ser bem protegidos”, aponta.

O armário branco que guarda a exposição tem exemplares de azulejos vindos de várias partes de Aveiro. “Temos aqui alguns azulejos, alguns que estão aqui são de fábricas que já não existem”, atenta Isabel enquanto enumera: “este, que é da fábrica dos Santos Mártires, que era uma fábrica antiga em Aveiro de azulejos, já não existe. (…) Da fábrica da Fonte Nova, que também já não existe”. Há ainda exemplares da fachada de uma capela antiga, um exemplar de Cândido dos Reis e um em alto relevo que Isabel confidencia achar “lindíssimo”. “E é uma pena... já não são muito comuns”, atira.

A mostra, agora patente em DECivil, é composta na verdade por 25 azulejos do acervo pessoal de Ana Velosa, docente do DECivil e uma das pessoas que contribuiu, em nome da Universidade, para que o dia 6 de maio fosse reconhecido como o Dia Nacional do Azulejo. “Procurei ter azulejos que fossem aqui produzidos”, aponta a docente sobre a mostra. “Tem alguns também de Ovar e tem também alguns azulejos degradados, porque nós trabalhamos muito a parte da degradação do azulejo: não é uma exposição assim dos azulejos bonitos, tem degradação e tem azulejos que podem ser utilizados como réplicas”, frisa.

Também a história da data e o papel da UA nesse processo é contada pela docente. Começa com a criação do Projeto SOS Azulejos, “um processo coordenado pelo Museu da Polícia Judiciária que teve início devido ao furto de azulejosque começou a ocorrer de forma muito sistemática”, aponta Ana Velosa. Como havia “muito trabalho da Universidade de Aveiro na área do azulejo”, a professora conta que acabou por entrar no projeto, em representação da UA. “Eu trabalhava nessa altura muito com azulejo e estou agora a voltar a trabalhar”, repara.

Para a docente, o SOS Azulejos foi “um projeto muito dinâmico” e sublinha a disparidade das entidades envolvidas [forças de segurança e instituições de ensino] o que considera reforçar os feitos conseguidos. “Falamos de um projeto com poucas pessoas que conseguiu um Dia Nacional e que conseguiu uma lei”, frisa.

Segundo a professora, o“azulejo era menosprezado durante muito tempo pelos portugueses” e a preocupação com a preservação do património azulejar foi começando “quando os turistas chegaram e acharamque era uma coisa muito especial”. “Para alertar para a preservação, pensamos em fazer duas ações: pedir que existisse o Dia Nacional do Azulejo e pedir que existisse uma lei, na qual nós trabalhamos, que não permitissea demolição de fachadas com azulejo, nem a retirada de azulejo de fachada”, repara Ana Velosa. As propostas foram levadas e aprovadas em Assembleia da República em 2017. A lei passou a vigorar e o dia 6 de maio passou a ser assinalado como o Dia Nacional do Azulejo.

Na vida de Ana Velosa o azulejo, uma peça portuguesa “extremamente identitária”, entrou pela mão da “reabilitação do património edificado”, pela sua origem ser a cidade do Porto e porque teve “a sorte” de se cruzar“com um ateliê de conservação e restauro do Azulejo de Ovar”. O processo da reabilitação do azulejo, a ligação da arquitetura com o material e mesmo o “pôr a mão na massa” são as partes que Ana Velosa aponta mais durante o seu discurso.

Lembra, ainda, as várias iniciativas que foram sendo desenvolvidas no âmbito da preservação da cultura do azulejo, destacando uma iniciativa conjunta entre a Câmara Municipal de Aveiro, a UA e a Fábrica de Ciência Viva que, depois da pandemia, viu a sinergia chegar ao fim. “Era uma iniciativa que exigia contacto (…) e nós já tínhamos de alguma forma esgotado o modelo”, repara. “Foi importante, acho que as crianças ganharam muita sensibilidade em relação ao azulejo e acho que teve o tempo teve de ter”, frisa a docente.

Para a professora, as autarquias têm vindo “a ser mais sensibilizadas” e “a ter muito mais exigência em relação a esta situação da remoção dos azulejosdas fachadas”, algo que considera “extremamente importante para manter a imagem da cidade e a imagem urbana e identitária portuguesa”. Sublinha, ainda, que a própria Universidade tem um património azulejar “relevante” e “com muito interesse”. “Até podíamos ter um percurso de azulejo aqui na Universidade”, sugere Ana Velosa.

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Escola Mário Sacramento e DCSPT unem-se para impedir que jovens se “divorciem” da política
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Escola Mário Sacramento e DCSPT unem-se para impedir que jovens se “divorciem” da política

Marta Monteiro foi uma das alunas do secundário presentes na iniciativa e à Ria confidenciou ter optado pela disciplina de Ciência Política por considerar os temas abordados “relevantes para o ambiente geopolítico que vivemos atualmente”. No domingo passado, dia 18, exerceu pela primeira vez o direito ao voto e sente que o conhecimento que adquiriu ao longo do ano letivo na disciplina foi “fundamental” na sua decisão. “Creio que a disciplina de Ciência Política me ajudou a entender como funciona o sistema político português e o sistema eleitoral”, explica Marta. “Tornei-me mais informada e mais interessada na política”, repara. Margarida Dinis é estudante do primeiro ano do mestrado e foi uma das estudantes destacadas para dinamizar a atividade junto dos alunos da Secundária. Ao contrário de Marta expressa uma visão mais crítica do atual cenário político, confessando sentir que “é muito assustador votar nos dias de hoje, tendo em conta a realidade de que muitos jovens votam na extrema-direita”. Para Margarida, o mais inquietante é perceber que “há pessoas que efetivamente tomam essas decisões de forma informada e que procuram ler os programas dos partidos”, embora reconheça que “quem vota nesse tipo de forças, muitas vezes, não tem essa procura”. Os jovens portugueses, em particular do género masculino são, segundo um estudo noticiado pelo Público,os segundos na União Europeia que mais votam na extrema-direita. Na mesa em que Margarida dinamizou o jogo, os dados confirmaram-se. Apesar do voto ser secreto, a proximidade da temática levou alguns alunos a admitir, informalmente, que votam ou tencionam votar no partido português mais próximo da extrema-direita. Patrícia Silva, diretora do mestrado, aponta que a iniciativa foi uma novidade na Escola Mário Sacramento, embora já tenha sido dinamizada uma atividade semelhante nas Escolas de Santiago. O objetivo, aponta, “é trazer às escolas do ensino secundário um jogo e uma forma de pensarmos a democracia e os efeitos da desinformação na democracia e trabalhar isso”. O jogo escolhido para o efeito foi ‘Secret Hitler’, um jogo de dedução social que transporta os jogadores à Alemanha Nazi e que desafia dois partidos – os liberais e os fascistas – a remarem para o seu lado. Do lado da equipa liberal o objetivo é aprovar cinco políticas liberais ou assassinarem Hitler; do lado da equipa fascista, o objetivo é aprovar políticas fascistas ou eleger Hitler como Chanceler. O jogo resulta por tudo ser feito de forma mais ou menos dissimulada, com as identidades dos jogadores a serem secretas para que o caos dificulte a identificação tanto dos membros da equipa liberal como da equipa fascista, na qual se inclui Hitler. “É importante que comecemos a trabalhar a qualidade das democracias, a pensar o que é que torna uma democracia numa democracia de qualidade e fazê-lo cada vez mais cedo para que estes jovens também possam rapidamente ser envolvidos e sentir-se parte do processo”, considera Patrícia Silva. “Muitos destes jovens ou são primeiros votantes ou são futuros votantes e, portanto, embora a lógica partidária não esteja aqui envolvida, a lógica da importância das eleições, de pensar políticas públicas e a implicação da escolha e do exercício de escolha para a sociedade, para a democracia, já está aqui”, repara ainda a docente e investigadora do DSCPT. A ideia é partilhada, de resto, pelos professores do secundário. Vítor João Oliveira é professor de filosofia e o responsável pela organização da iniciativa, que chega à Mário Sacramento por via de uma outra iniciativa organizada no dia 1 de abril. “Uma mesa-redonda chamada a Verdade da Mentira”, que explorou o “caráter paradoxal da democracia”. À Ria aponta ser esse mesmo caráter paradoxal “aquilo que é mais importante hoje (…) que as pessoas percebam”. “As pessoas não têm a noção dessa fragilidade [da democracia] e a nossa ideia na escola é, com experiências significativas, alertar para tal”, frisa o professor. “Se há lugar onde a democracia é a essência da instituição é a escola: a escola pública é o lugar da democracia, do confronto de ideias”, acrescenta ainda Vítor Oliveira. Também Paulo Abreu, um dos professores da disciplina de Ciência Política na Mário Sacramento, destaca a importância da inclusão da disciplina no plano curricular de todos os estudantes do secundário. “É opcional e só apanha as áreas de humanidades e socioeconómicas, sendo que no nosso entender de ciência política, devia abranger todas as áreas do secundário, e mais: devia ser uma disciplina obrigatória e não opcional”, alerta o professor. A adesão na Mário Sacramento tem-se mantido estável, com a disciplina “a funcionar há mais de dez anos e sempre com duas ou três turmas”, nota o professor. Pesa para essa consistência a fomentação de outras atividades como a participação, por exemplo, em iniciativas como o Parlamento Jovem e visitas de estudo por vezes a locais históricos como o campo de concentração de Auschwitz. “Naturalmente tentamos que a disciplina seja uma mais-valia, porque achamos que nos tempos que correm é essencial que ela seja mesmo essa mais-valia e que os alunos entendam como tal”, entende Paulo Abreu. A perspetiva é ainda partilhada por José Nunes, diretor do agrupamento que, apesar de ter dedicado o seu percurso pessoal às ciências exatas, defende a importância da ciência política como disciplina interdisciplinar. “Um dos muitos objetivos que temos aqui no agrupamento é de facto que os alunos se vão envolvendo [na política]”, recorda. A iniciativa conjunta foi considerada pelo diretor do agrupamento como mais uma das atividades desenvolvidas para promover essa consciência política. Sublinha, à semelhança do professor Paulo Abreu, a participação dos alunos no Parlamento Jovem e na Assembleia Municipal Jovem em Aveiro, bem como “as associações de estudantes, onde os próprios alunos se candidatam e propõem coisas”. “Estamos a fazer o nosso caminho no sentido de trazer os jovens novamente para pensarem nesses assuntos e não se divorciarem da atividade política”, assegura José Nunes que mostrou abertura para se dinamizarem mais atividades entre as instituições de ensino.

Ria promove debate entre docentes e investigadores para o Conselho Geral da UA
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Ria promove debate entre docentes e investigadores para o Conselho Geral da UA

O debate terá lugar às 16h00 no Auditório Renato Araújo, localizado no Edifício Central e da Reitoria da UA, e contará com a participação de quatro candidatos, representando todas as circunscrições e ambas as listas que concorrem ao ato eleitoral. O Conselho Geral é o principal órgão de governo da universidade, sendo responsável por funções estruturantes como a eleição do reitor, a aprovação e alteração dos estatutos, a aprovação do plano estratégico e dos documentos anuais de atividades e contas. Nesta eleição, foram admitidas duas listas: a lista “UA 2030 – Uma Universidade Inovadora, Sustentável e Plural” e a lista “UA50 – 50 anos de história, 50 anos de ambição” O debate será moderado por Isabel Cunha Marques, diretora de informação da Ria, e transmitido em direto na página de Facebook da Rádio Universitária. A sessão é aberta à comunidade académica, que poderá assistir presencialmente ou acompanhar a transmissão online. Durante o debate, serão discutidos temas diretamente relacionados com as competências do Conselho Geral e a visão estratégica para o futuro da Universidade de Aveiro. Está também prevista uma ronda de perguntas enviadas pela comunidade académica e dirigidas às duas listas. As perguntas podem ser submetidas até às 23h59 de quarta-feira, 28 de maio, através do preenchimento deste formulário. A redação da Ria selecionará as mais relevantes para serem colocadas durante o evento.

GrETUA apresenta programação trimestral “em torno da palavra desejo”
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GrETUA apresenta programação trimestral “em torno da palavra desejo”

Depois de estrear em maio com “recorder” - o espectáculo que resultou do Curso de Formação Teatral de 2024/2025 - o GrETUA quer que a restante programação do trimestre orbite “em torno da palavra desejo”. “Numa altura em que as distopias de ontem continuam a transformar-se na paisagem que nos envolve, acreditamos que a sustentabilidade do futuro depende cada vez mais da nossa capacidade de continuar a desejar: imaginar o que não vemos, mas que é preciso encenar”, atenta o editorial enviado à Ria. Para tal, o GrETUA pretende, em cena e fora de cena, “inventar novas maneiras de sermos muitos” e “fazer do encontro um gesto radical”. “Na pista de dança suar até nos fundirmos com a batida, no ecrã do cinema iluminar o pluralismo das experiências, multiplicar as possibilidades do prazer. E em todos os instantes, abrir espaço para o toque e a escuta. Trabalhar na construção de uma intimidade comum”, explica. O grupo adianta ainda que, ao longo deste trimestre, vai recuperar uma das descobertas que fez ao digitalizar o arquivo do GrETUA para o documentário que estreou este ano, “Antes de Mais, Parabéns Atrasados”. “Falo do mantra que o encenador Rui Sérgio, e um dos fundadores do GrETUA, gritava aos atores em 1994, momentos antes da estreia do espetáculo “Cabaret Cibernético”: «Tesão, tesão, tesão! Para além da concentração!»”, esclarece. A programação trimestral prossegue assim esta sexta-feira, 23 de maio, com o concerto de emmy Curl, pelas 22h00. Já na próxima segunda-feira, 26 de maio, pelas 21h00, o GrETUA inicia a “Anatomia da Transgressão”. Um ciclo de cinema que pretende investigar “o corpo como espaço político, ficcional, íntimo e indisciplinado”. Dividido em três momentos, o primeiro iniciará com uma “sessão de curtas queer portuguesas, que são quatro contra ficções visuais capazes de pôr em questão os modos dominantes de ver e fantasiar sobre outras possibilidades de toque e cuidado”. Segue-se no dia 9 de junho o embate frontal com “Crash” (1996) de David Cronenberg, “um clássico da pulsão, do corpo-máquina, do prazer entre o aço e a carne”. A terceira sessão acontece no dia 23 de junho com o delírio poético e sensual de “O Lado Obscuro do Coração” (1992), “onde o amor e a morte dançam em espiral para lá dos limites do real”. Antes e depois das sessões, estará em exibição a peça de videoarte "The Kiss" (2020), de Miguel De. “Numa espécie de subversão da moral do obsceno e do sexo explícito, Miguel De constrói o seu filme a partir de fragmentos de cinema pornográfico hardcore, escolhendo apenas os planos de beijos. A obra pisca o olho a The Kiss (1896), de William Heise — um dos primeiros filmes comerciais da história do cinema, escandaloso na altura por mostrar um beijo explícito”, realça a nota. A “Anatomia da Transgressão” tem um custo de dois euros para estudante e de três euros para o público em geral. No dia 30 de maio, a caixa negra recebe, pelas 22h00, uma “noite de viagens musicais sem passaporte”, desta vez, com Mohammad Syfkhan, músico curdo-sírio radicado na Irlanda, e com Tangolo Mangos, diretamente da Bahia. A fechar a noite segue-se Graça, cidadão do mundo e navegador de sonoridades, que levará o público em rota livre entre géneros e geografias, com o corpo em constante rotação. O espectáculo tem um custo de seis euros para estudante e de não estudante de oito euros com reserva. À porta, o bilhete passa a ter um custo de oito euros para estudante e de não estudante de dez euros. De 30 de maio até 28 de junho estará ainda em exibição na nova galeria suspensa – “nas caixas de luz que pairam no foyer” - a exposição “até que tudo fique claro” de Isabel Medeiros”. A mostra foi batizada com as “palavras bonitas que o David Calão escreveu para ‘recorder’, já que os dois trabalharam sobre a memória e o desejo de ver para lá da superfície dos registos”. “Os fungos que cresceram no arquivo físico da erupção do Vulcão dos Capelinhos (1957, Ilha do Faial) deterioraram as imagens, transformando-as, tal como o tempo alterou a memória de quem a viveu. O arquivo surge não como prova, mas como evidência do esquecimento, manifestado na sua própria deterioração. As imagens contaminadas revelam um outro tipo de verdade: a da memória simultaneamente em ruína e em construção”, lê-se na sinopse. Este primeiro ciclo – com uma exposição por trimestre- encerrará com uma conversa, pelas 19h00, entre Isabel Medeiros e David Calão. A entrada é livre. No dia 10 de junho, das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 17h30, segue-se ainda uma oficina gratuita de VJing com Resolume Arena, com Ricardo Jorge. “Toda a gente quer servir o seu untz untz, mas será que sabem o que é preciso para o ecrã dançar a par da pista? Querem dar show, nós queremos um bocadinho mais de charme. Mas como não somos maus de todo, damos uma ajuda para subir a fasquia”, sintetiza a nota. Assim, nesta oficina, Ricardo Jorge, conhecido por outros como Moho, irá “ensinar a levantar o padrão”. “Propomos um primeiro contacto com o Resolume Arena, ferramenta de eleição para performance visual ao vivo. Exploraremos as bases: linguagem do software, lógica da interface e a viagem do sinal, do ecrã do computador ao projetor, ao LED, ao espaço”, completa. Logo após quatro dias, pelas 22h00, segue-se um novo espectáculo musical com “The Journey to Pleasure Drone”, uma criação de Gil Mac e Henrik Ferrara. “Um mergulho sonoro e musical, entre música eletrónica, performance e dança”, resume. Também “Moho” regressará nessa noite. “Musicalmente, inspira-se em espécies ameaçadas e extintas para criar viagens sonoras profundas e hipnóticas. Fundo do oceano, cume da montanha ou outras descrições vagas que nunca desiludem”, avança a nota. O evento resulta de uma parceria entre o GrETUA e o Núcleo de Estudantes de Engenharia de Computadores e Telemática (NEECT) e tem um custo com reserva de seis euros para estudante e de não estudante de oito euros. À porta, o bilhete tem um custo de oito euros para estudante e para o público em geral de dez euros. No dia 21 de junho, pelas 23h50, a programação prossegue com os “Sleep Stages: concertos para dormir, com Coldest Winter e usof”. ​​O GrETUA, em parceria com a Universidade de Aveiro e o 23 Milhas, volta a abrir espaço para o sono e para tudo o que nele acontece. “Trocamos o ruído pelo murmúrio, a pressa pelo embalo e deixamos que a música nos guie ao longo de oito horas ininterruptas, desta vez com Coldest Winter e usof ao comando. Quem vem, traz a almofada e a disposição para dormir ou não. Quem recebe, garante o colchão e o pequeno-almoço, para que acordemos juntos, a partilhar o que ficou na cabeça e o que se dissolveu no sonho. O resto? Está por vir. É fechar os olhos e deixar-se levar”, realça. Na nota, o GrETUA recorda ainda que o público deverá ocupar os colchões disponibilizados pela organização e que fica ao encargo dos participantes “trazer saco-cama ou outros elementos para pernoitar no espaço”. A reserva tem um custo de 14 euros. A encerrar este trimestre estará a residência artística “Bright Horses” de Carminda Soares e Maria R. Soares. De 3 a 7 de julho, “Bright Horses” é uma peça para seis intérpretes — três duplas de irmãos gémeos — que faz uso de dinâmicas internas e familiares para refletir criticamente sobre a competição na sociedade capitalista atual. “Trazendo a experiência real para palco através do seu elenco, desenvolvem-se três diálogos coreográficos entre irmãos que se posicionam em territórios que evocam disputa, agressão, luto, despedida, afeto e ilustram a complexidade das relações familiares como microcosmos de dinâmicas sociais mais ampla”, finaliza. Todos os bilhetes e reservas podem ser efetuados em gretua.pt.

emmy Curl leva “Pastoral” à caixa-negra do GrETUA esta sexta-feira
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Após cerca de um mês e meio dedicados à produção teatral, os concertos regressam ao GrETUA pela mão de uma artista cuja passagem pela cidade de Aveiro foi determinante, já que foi nesta cidade que se lhe viram dar os primeiros passos enquanto música. emmy Curl é um heterónimo de Catarina Miranda Trindade, uma das primeiras produtoras musicais femininas portuguesas. Multi-instrumentista, compositora, produtora, artística plástica e 3D, realizadora de vídeos e canta-autora. Esta sexta-feira traz no reportório o álbum com que ganhou o Prémio José Afonso 2025, “Pastoral”, uma homenagem ao folclore português e “uma celebração de coragem e amor em tempos difíceis”. As portas abrem às 21h30 e o concerto começa às 22h00. Os bilhetes podem ser adquiridos aqui. A programação trimestral do GrETUA prossegue no dia 30 de maio numa noite tripartida entre os brasileiros Tangolo Mango, o sírio Mohammad Syfkhan e as músicas de todo o mundo do DJ Set do Graça, que encerrará o mês de maio na caixa-negra do GrETUA.

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Caminhada solidária em Ílhavo apoia associação da Gafanha do Carmo este domingo
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No âmbito do programa “Maio com Saúde e Bem-Estar”, a iniciativa arrancará pelas 10h00, junto ao Centro Comunitário da Gafanha do Carmo, com rastreios de saúde gratuitos. Pelas 11h00 dará início a caminhada, “num percurso pensado para promover o bem-estar e o convívio”, realça uma nota de imprensa enviada à Ria. No final, haverá ainda uma aula de relaxamento. As inscrições têm um valor simbólico de “três euros por pessoa” (as crianças até aos 12 anos, inclusive, não pagam) e o “valor reverte na totalidade para a Associação de Solidariedade Social da Gafanha do Carmo”. Os interessados em participar poderão realizar a sua inscrição através do contacto telefónico 234 391 354 ou do email [email protected]. A Associação de Solidariedade Social da Gafanha do Carmo concretiza a sua missão através do Centro Comunitário da Gafanha do Carmo, uma instituição de apoio à população idosa que tem as valências de Estrutura Residencial para Idosos, Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário.

Skope – Museu de Medicina e Saúde promove atividades para miúdos e graúdos este verão
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Uma dessas atividades passa pela concretização da semana de férias do museu de 30 de junho a 4 de julho e de 7 a 11 de julho, das 9h00 às 18h00, destinado a crianças entre os seis e os 12 anos. Segundo uma nota de imprensa enviada à Ria, “durante duas semanas no mês de julho”, o museu vai promover um “programa completo de férias escolares que alia o brincar ao aprender”. “Cada dia é dedicado a um tema fundamental para a saúde e o bem-estar: atividade física, alimentação, higiene, descanso e convívio”, avança. O programa inclui “oficinas, jogos educativos, momentos de expressão criativa, bem como uma visita orientada e interativa ao museu”. A atividade da semana de férias é ainda limitada “até 20 crianças por semana” e tem o custo de “160 euros por semana (inclui refeições, seguro e materiais)”. As inscrições para a iniciativa estão abertas até ao dia 20 de junho.  O Skope vai ainda promover as atividades de meio-dia para grupos que têm como público-alvo os estudantes do 1º ciclo até ao secundário. “Estas atividades destinam-se a grupos organizados, de entidades como centros de estudos e ocupação de tempos livres, instituições educativas ou associações”, esclarece. A iniciativa decorrerá em dois formatos com uma “visita guiada ao museu” que terá a duração de “1h15” e o valor de “dez euros por participante” e com uma visita guiada com atividade temática com a duração de “duas horas” e com um valor de “12 euros por participante”. No que toca às atividades temáticas disponíveis, o Museu terá duas propostas: “Das Plantas ao Remédio” que abordará o uso tradicional e científico das plantas medicinais e o “Pela Minha Rica Saúde” que abordará os principais determinantes de saúde, entre os exemplos, a alimentação ou a higiene e o convívio. Na nota, o Skope alerta ainda que as sessões se realizam em “turnos da manhã (10h00 às 12h30) ou de tarde (14h30 às 17h00), para grupos entre 8 e 20 participantes”. É ainda necessária marcação prévia. O Museu estará também aberto a visitas de público em geral, de terça a sábado. “Famílias, cuidadores, educadores e curiosos de todas as idades são convidados a explorar um espaço onde a história da medicina, os hábitos de saúde e os desafios do presente se apresentam de forma acessível e interativa”, reforça a nota. O espaço está ainda disponível “para a realização de eventos corporativos”.

Ilustrador Paulo Galindro conversa sobre “A Vida Secreta dos Livros” este sábado em Ílhavo
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Dirigida a crianças a partir dos cinco anos até aos 103 anos, esta conversa desafia “a mergulhar no mundo mágico que está por trás desse montinho de páginas impressas, coladas, cosidas e encadernadas a que chamamos livro, a mais bela invenção da humanidade, abordando o tema das ilustrações”, realça uma nota de imprensa enviada à Ria. Os interessados em participar devem inscrever-se através do email: [email protected] ou pelo número de telefone 234 321103. Até 5 de julho, na Biblioteca Municipal de Ílhavo, estará ainda patente a exposição de ilustração “Com o coração na ponta do lápis”, de Paulo Galindo, que reúne as ilustrações originais dos livros: “O Cuquedo e um amor que mete medo”, “Guia prático do susto”, “O Cuquedo e os pequenos aprendizes do medo”, “Mãe, ainda não posso ir dormir…”, “O meu Avô consegue voar!” e “Talvez um cão”. Em paralelo, no âmbito do Programa de Promoção do Livro e das Literacias da Rede de Bibliotecas de Ílhavo, encontra-se ainda patente até ao próximo sábado, 31 de maio, a exposição de criações em torno da obra de Paulo Galindro, realizados pelos alunos do pré-escolar ao ensino secundário, das escolas do Agrupamento Escolas do Município de Ílhavo. De acordo com a nota, os trabalhos expostos estão sujeitos “a votação presencial, alargada a toda a comunidade, para eleger o trabalho vencedor por cada nível de ensino”. “Os prémios serão atribuídos às bibliotecas escolares ou ao fundo bibliográfico do respetivo agrupamento de escolas, a integrar nos Baús de Histórias. Neste contexto, o ilustrador estará na BMI, no dia 23 de maio, em sessões exclusivas aos alunos do Agrupamentos de Escolas do Município de Ílhavo”, esclarece.

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O jogo resulta por tudo ser feito de forma mais ou menos dissimulada, com as identidades dos jogadores a serem secretas para que o caos dificulte a identificação tanto dos membros da equipa liberal como da equipa fascista, na qual se inclui Hitler. “É importante que comecemos a trabalhar a qualidade das democracias, a pensar o que é que torna uma democracia numa democracia de qualidade e fazê-lo cada vez mais cedo para que estes jovens também possam rapidamente ser envolvidos e sentir-se parte do processo”, considera Patrícia Silva. “Muitos destes jovens ou são primeiros votantes ou são futuros votantes e, portanto, embora a lógica partidária não esteja aqui envolvida, a lógica da importância das eleições, de pensar políticas públicas e a implicação da escolha e do exercício de escolha para a sociedade, para a democracia, já está aqui”, repara ainda a docente e investigadora do DSCPT. A ideia é partilhada, de resto, pelos professores do secundário. Vítor João Oliveira é professor de filosofia e o responsável pela organização da iniciativa, que chega à Mário Sacramento por via de uma outra iniciativa organizada no dia 1 de abril. “Uma mesa-redonda chamada a Verdade da Mentira”, que explorou o “caráter paradoxal da democracia”. À Ria aponta ser esse mesmo caráter paradoxal “aquilo que é mais importante hoje (…) que as pessoas percebam”. “As pessoas não têm a noção dessa fragilidade [da democracia] e a nossa ideia na escola é, com experiências significativas, alertar para tal”, frisa o professor. “Se há lugar onde a democracia é a essência da instituição é a escola: a escola pública é o lugar da democracia, do confronto de ideias”, acrescenta ainda Vítor Oliveira. Também Paulo Abreu, um dos professores da disciplina de Ciência Política na Mário Sacramento, destaca a importância da inclusão da disciplina no plano curricular de todos os estudantes do secundário. “É opcional e só apanha as áreas de humanidades e socioeconómicas, sendo que no nosso entender de ciência política, devia abranger todas as áreas do secundário, e mais: devia ser uma disciplina obrigatória e não opcional”, alerta o professor. A adesão na Mário Sacramento tem-se mantido estável, com a disciplina “a funcionar há mais de dez anos e sempre com duas ou três turmas”, nota o professor. Pesa para essa consistência a fomentação de outras atividades como a participação, por exemplo, em iniciativas como o Parlamento Jovem e visitas de estudo por vezes a locais históricos como o campo de concentração de Auschwitz. “Naturalmente tentamos que a disciplina seja uma mais-valia, porque achamos que nos tempos que correm é essencial que ela seja mesmo essa mais-valia e que os alunos entendam como tal”, entende Paulo Abreu. A perspetiva é ainda partilhada por José Nunes, diretor do agrupamento que, apesar de ter dedicado o seu percurso pessoal às ciências exatas, defende a importância da ciência política como disciplina interdisciplinar. “Um dos muitos objetivos que temos aqui no agrupamento é de facto que os alunos se vão envolvendo [na política]”, recorda. A iniciativa conjunta foi considerada pelo diretor do agrupamento como mais uma das atividades desenvolvidas para promover essa consciência política. Sublinha, à semelhança do professor Paulo Abreu, a participação dos alunos no Parlamento Jovem e na Assembleia Municipal Jovem em Aveiro, bem como “as associações de estudantes, onde os próprios alunos se candidatam e propõem coisas”. “Estamos a fazer o nosso caminho no sentido de trazer os jovens novamente para pensarem nesses assuntos e não se divorciarem da atividade política”, assegura José Nunes que mostrou abertura para se dinamizarem mais atividades entre as instituições de ensino.