RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

Universidade

Wilson Carmo não se recandidata à presidência da AAUAv e sai com “sentimento de missão cumprida”

A cerca de um mês das eleições para os órgãos sociais da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv), Wilson Carmo, em entrevista à Ria, admitiu que uma nova recandidatura “não está em vista” e que a solução para o futuro da AAUAv está nos “atuais membros da direção da Associação Académica”.

Wilson Carmo não se recandidata à presidência da AAUAv e sai com “sentimento de missão cumprida”
Isabel Cunha Marques

Isabel Cunha Marques

Jornalista
18 nov 2024, 17:30

Desde 2022 à frente da AAUAv, Wilson Carmo, atual presidente da AAUAv, partilhou à Ria que “desta foi de vez” e que sempre foi “claro”, desde que iniciou o terceiro mandato, que este seria o último enquanto presidente. “Para mim sempre foi mais do que claro até porque já completei 26 anos…. O propósito de vir para a Associação Académica era (…) muito simples: era um sentido de missão de fazer algo mais. Só fiz este terceiro mandato por este sentido de missão”, justificou. “Pessoalmente, perdi um bocadinho porque já podia estar a trabalhar ou a fazer outras coisas. (…) O meu sentido de missão não me permitiu abandonar a casa com projetos a meio”, continuou. Entre os projetos destacou a criação da Rádio Universitária de Aveiro (Ria) e o Café da Universidade de Aveiro (CUA), cedido pela UA à AAUAv, que o requalificou para um novo conceito. “Vou sair daqui com um sentido claro de missão cumprida, mas também com um sentimento de que não fiz tudo”, desabafou. Entre os desafios que ficaram por concretizar, Wilson destacou o “clube universitário” como o principal. “Será um desafio para o seguinte [presidente]”, esperançou.

Sobre as eleições que se aproximam e a escolha do novo presidente da AAUAv, Wilson Carmo defendeu que a solução “está nos atuais membros da direção da Associação Académica” e que procurará apoiar essa lista. “A Associação Académica é (…) um projeto que dirige e desenvolve mais de 400 dirigentes entre os seus órgãos sociais e os seus núcleos. É uma estrutura que, neste momento, gere uma frota significativa, seis espaços, mais de 20 funcionários e, portanto, não é uma brincadeira. (…) Naturalmente, que vou ter de apoiar alguém, porque tendo em conta tudo aquilo que é a dimensão da Associação Académica tem de vir alguém que conheça e que tenha uma boa ideia. Aqui a ideia pode ser muito diferente da minha”, contou. Enquanto presidente da AAUAv confidenciou ainda que não irá “apoiar alguém que sinta que vai deixar cair” a Associação Académica. Sobre a anúncio do nome, Wilson Carmo não quis avançar com nenhum candidato. “Já não é uma decisão minha, por mais que eu possa ou não apoiar”, sustentou.

A Ria questionou ainda o atual presidente da AAUAv sobre a possibilidade de existir uma lista única de candidatos à AAUAv, tal como se sucedeu nos três mandatos anteriores, mas Wilson Carmo assegurou que, neste momento, está tudo em aberto. “Não consigo responder. Durante os meus três mandatos houve sempre listas a serem formadas além da minha. No meu primeiro ano, inclusivamente, houve uma lista que entregou e depois, no último dia, retirou a candidatura. No meu segundo ano, houve duas listas que tentaram ser feitas, mas que não conseguiram formalizar. No ano passado, também houve a intenção de uma lista que acabou por não se concretizar… Portanto, não sei”, relembrou.

“Consolidação, renovação e criação” na base do mandato atual

Em jeito de balanço aquilo que foi o seu percurso enquanto presidente da AAUAv, Wilson caraterizou o período de “muito positivo”. “Eu fui o presidente que pegou na Associação Académica logo a seguir à covid. O que quer dizer que havia muita vontade das pessoas irem à rua, terem vontade de aderir às várias atividades da Associação Académica e, portanto, naturalmente que as primeiras atividades que trabalhamos foram muito recompensadoras para nós porque estavam sempre cheias. A verdade é que peguei numa casa em 2022 que já estava mais estável do que estava em anos transatos”, sustentou.

Apesar de reconhecer que não fez tudo “o que queria fazer”, Wilson Carmo admitiu que fez a “larga maioria” das coisas por dois motivos: o primeiro pela “grande adesão” dos estudantes às atividades e o segundo pela “estabilidade” que a casa tinha para fazer as atividades e os projetos que queria.

Particularizando ao atual mandato, Wilson assegurou que os três objetivos definidos, aquando da sua tomada de posse, em janeiro deste ano, nomeadamente, “consolidação, renovação e criação” foram cumpridos. “A questão da consolidação foi uma questão basilar. Foi o meu sexto ano na direção, terceiro ano de presidente de direção da Associação Académica e, portanto, a consolidação de vários projetos foi extremamente importante; A renovação (…) também. A renovação no projeto associativo vem das pessoas. São os dirigentes associativos que trazem essas novas ideias e essas novas renovações. Das 29 pessoas da direção, no ano passado, apenas mantive, de uma direção para a outra, oito pessoas e, por fim, a criação não só de novos projetos (…) mas este ano a criação de uma identidade da Associação Académica para fora (…) Recebemos cá as Fases Finais do Desporto Universitário, (…) o Encontro Nacional da Juventude e fomos uma referência, este ano, também na discussão política nacional de jovens que foi realizada em Aveiro”, evidenciou.

Sobre as metas que ainda pretende alcançar até ao final do mandato, o presidente da AAUAv destacou, entre elas, a abertura da lavandaria self-service, junto à Casa do Estudante, no zona do Crasto, na Universidade de Aveiro (UA). “O investimento já está todo feito desde o ano passado. (…) Esta parte de obras já está toda feita. Neste momento, falta apenas a decoração. (…) Uma coisa é certa vai abrir e (…) é para este mandato. Mais um serviço para a comunidade e uma necessidade da comunidade também”, frisou.

Wilson Carmo adiantou que a publicação do livro, no âmbito dos 45 anos da AAUAv, com uma reflexão sobre o passado e o futuro da Associação Académica irá também avançar. “Só não sei se é este ano, mas há partida sim. Não quero estar a fazer promessas infundadas. O livro está praticamente escrito, mesmo. Temos uma visão política desta estrutura para o futuro até 2030 (…), alguma análise e visão da Associação Académica também no passado. (…) Falta agora arranjar uma editora, fazer a edição, fazer a paginação do livro e isto é uma coisa que tanto pode demorar um mês como pode demorar dois ou três”, partilhou.

Com um olhar mais aprofundado sobre as conquistas do seu mandato reconheceu ainda a revisão do modelo de voto do Encontro Nacional de Direções Associativas (ENDA) como uma das mais “importantes”. Eu fui presidente da Associação Académica em 2022 quando a AAUAv saiu do ENDA. Tive ainda a felicidade de ser o presidente em 2024 quando a associação voltou ao ENDA. Nós saímos do ENDA, juntamente com nove associações académicas, por um motivo: sentíamos que os nossos estudantes não estavam a ser valorizados. (…) Desde junho de 2022 até setembro de 2024 o que acabamos por fazer foi criar e aumentar algumas pontes (…) com várias associações que estão presentes no ENDA”, destacou.

“Nós não somos só uma associação de festas”

Relativamente às últimas críticas à AAUAv, por parte de alguns estudantes da UA, tanto na última Assembleia Geral de Alunos como na manifestação do dia 5 de novembro, tal como noticiado pela Ria, em que acusam a Associação Académica de ser uma “associação de festas”, Wilson considerou-as “injustas”. “Eu consigo perceber, mas não é verdade. Acho que é importante clarificar-se que nós não somos só uma associação de festas como ainda agora dei o exemplo do ENDA que vai dar mais voz aos nossos estudantes. Vai enaltecer a posição dos estudantes. Foi um trabalho de backoffice durante dois anos…. Foi um trabalho que não foi comunicado para fora. Muita gente não sabe que isto acontece e é um dos problemas da política educativa”, relembrou.

No que toca às lutas futuras a levar a cabo pela AAUAv e pela UA, Wilson Carmo focou-se essencialmente em duas áreas: na saúde mental e no alojamento. Na saúde mental, o presidente da AAUAv reconheceu que a UA tem feito um “esforço significativo” no que toca ao investimento desta área. “Em 2022, quando tomei posse, o meu principal marco (…) foi a saúde mental. Vínhamos do pós-covid e tinha de ser. A academia não estava bem (…) e era importante trabalhar-se. A UA, na altura, tinha apenas a LUA [Linha Universidade de Aveiro] (…) mas não tinha projetos consolidados na saúde mental. Na altura, sendo também um dos principais objetivos da Associação Académica, a AAUAv e a UA aliaram-se e fizeram dois projetos para trabalhar a saúde mental (…) mas não são projetos que mudem a vida de toda a gente. Mostram apenas um sinal de trabalho e a vontade de trabalhar”, reconheceu. “A UA é daquelas que tem um dos maiores rácios de psicólogo por número de estudante. São cerca de quatro a cinco psicólogos. Não é muito, mas a maioria das universidades tem cerca de um ou dois”, continuou.

“Somos praticamente 1/4 da cidade de Aveiro”

No que toca à área do alojamento, Wilson reconheceu também que a UA “não está perfeita” apesar de ter um “maior rácio de camas por estudantes” face a outras universidades. “A UA tem poucas camas para os estudantes deslocados porque por mais que seja um grande rácio mais de 50% dos estudantes da UA são estudantes deslocados. (…) Neste momento, este ano letivo e no ano letivo anterior tivemos menos camas, mas não foi porque a UA as cortou. Foi porque está a requalificar camas e enquanto as está a requalificar não pode aumentar o número de camas diretamente”, alertou.

Wilson Carmo deixou ainda algumas críticas ao Município de Aveiro no que toca à falta de apoios à AAUAv. “(…) Somos a única Associação Académica e de Estudantes do país que não recebe um único cêntimo de uma Câmara Municipal. A única. Não há mais nenhuma. E isso para nós é um grande descontentamento porque sentimos alguma desconsideração pelos estudantes e pela associação académica”, atirou. O estudante recordou que a AAUAv é a Associação Académica ou a massa estudantil que “mais impacto direto tem na região”. “Somos praticamente 1/4 da cidade de Aveiro. Não há mais nenhuma Universidade do país ou Instituto Politécnico que tenha um impacto tão grande a nível de população e de estudantes universitários. (…) Sentimos claramente uma falta de apoio e alguma falta de consideração para com os estudantes”, lamentou.

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Decisores, académicos e indústria discutem a partir de amanhã na UA futuro dos materiais avançados
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 Segundo uma nota de imprensa enviada às redações, o encontro, que decorre até esta quinta-feira, 27 de novembro,  assume-se como uma “iniciativa estratégica no contexto da implementação da comunicação sobre materiais avançados para a liderança industrial, atualmente em curso na União Europeia”. A iniciativa é dinamizada pela investigadora Paula Vilarinho (DEMaC/CICECO) e pelo Technology Council for Advanced Materials, e conta com o apoio da Agência Nacional de Inovação (ANI). “Num momento em que avançam os preparativos para o Advanced Materials Act, cuja proposta será apresentada pela Comissão Europeia em 2026 para reforçar a competitividade industrial, acelerar a inovação e garantir a liderança europeia em tecnologias críticas, este encontro reúne decisores, académicos, indústria e entidades públicas para discutir prioridades, barreiras e oportunidades no ecossistema europeu de materiais avançados”, justifica a nota. O encontro pretende assim contribuir para o “desenho de políticas públicas, para orientar investimento e para fortalecer a capacidade industrial europeia”. O programa integrará dois workshops complementares: o primeiro, “FAME – Future of Advanced Materials in Europe”, realiza-se em Aveiro, nos dias 26 e 27, e focará três áreas fundamentais: “superar barreiras à adoção e implantação de materiais avançados; investimento e financiamento de inovação em materiais avançados; e escalonamento e industrialização de novos materiais”. Entre os oradores confirmados estão representantes da “da DG Research & Innovation da Comissão Europeia, VW Group, Acciona, BASF, National Physical Laboratory e EIT”. O segundo, FAME-EcoSys – Future of the European Advanced Materials Ecosystem, realiza-se a 27 e 28 de novembro, em Aveiro e no Porto, e estará centrado na análise do ecossistema ibérico e no reforço da colaboração transnacional, com debates sobre: “políticas europeias e nacionais de I&D em materiais avançados; modelos de financiamento inteligente (smart funding); estruturação de cadeias de valor europeias; integração de infraestruturas, centros de inovação e linhas-piloto; e sinergias para o próximo Quadro Financeiro Plurianual”. Entre as entidades confirmadas estão já: a “Comissão Europeia, a ANI, FCT, CCDR-Norte e Centro, INL, INESC-TEC, Tecnalia, Leitat, APRE e representantes políticos de Portugal e Espanha”. No caso de Aveiro, o encontro decorrerá no Auditório Renato Araújo e no Porto no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP). A programação na íntegra pode ser consultada aqui. Está ainda prevista “amanhã” a presença dos ministros da Ciência, Fernando Alexandre, e da Economia, Manuel Castro Almeida. O comunicado relembra ainda que os materiais avançados são reconhecidos pela União Europeia como “uma das dez tecnologias críticas para a segurança económica, desempenhando um papel central na competitividade, sustentabilidade e autonomia industrial”. Estes têm impacto direto em setores como “energia, mobilidade, construção, eletrónica, saúde, indústria avançada ou economia circular”.

AAUAv assume “vitória” com congelamento das propinas, mas antevê “batalha a continuar” com o Governo
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“[Estamos] contentes e agradados pelo facto de as nossas posições terem sido ouvidas, o que nem sempre acontece, e valorizadas. Mostra, uma vez mais, que quando o movimento estudantil se junta é possível termos resultados positivos”, disse a dirigente estudantil, para quem o congelamento das propinas se trata de uma “vitória”. Apesar de o passo dado ter sido positivo, Joana Regadas não acredita que o Governo desista do aumento das propinas. Segundo considera, esta deve ser uma “batalha para continuar”, uma vez que tanto Fernando Alexandre, ministro da Educação, Ciência e Inovação, como o PSD e CDS, partidos que suportam o governo, têm sido “bastante claros face à sua posição sobre as propinas”. Se, quando anunciou o aumento das propinas, Fernando Alexandre também garantiu o reforço da ação social no ensino superior, Joana Regadas não acredita que este congelamento da taxa possa significar um retrocesso no campo da ação social. A presidente afirma que “há uma grande convicção do atual Governo e por parte do ministro de que a ação social tem de ser reforçada (…) Por isso, se essa narrativa se mantiver (…), espero que a ação social não seja descurada”. De acordo com a agência Lusa, o valor das propinas para o ano letivo de 2026/2027 vai manter-se inalterado em todos os ciclos de estudos, depois de o Governo ter anunciado o seu aumento no passado mês de setembro. Inicialmente, a proposta tinha sido chumbada pelo Chega, mas o partido acabou por voltar atrás e mudar o sentido de voto. Estava previsto um aumento de 13 euros no primeiro ciclo de estudos do ensino superior, com o valor máximo da propina a passar de 697 para 710 euros. Para o segundo ciclo de estudos, estava previsto que as Instituições de Ensino Superior (IES) pudessem fixar o valor das propinas de mestrado de acordo com a sua opção estratégica e sem tetos máximos fixados. Ainda antes de aprovar o congelamento das propinas, o Parlamento chumbou também uma proposta do PSD para indexar o valor das propinas à taxa de inflação. No texto da proposta que mereceu o voto contra de todos os partidos da oposição podia ler-se: "O valor máximo das propinas nas instituições de ensino superior públicas é igual ao valor fixado no ano letivo de 2025-2026, acrescido da taxa de variação média do índice de preços no consumidor".

Tecnologia de tintas luminescentes desenvolvida na UA dificulta contrafação
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De acordo com uma nota de imprensa difundida pela Universidade de Aveiro, trata-se de uma tecnologia baseada em tintas luminescentes transparentes e códigos QR, com vários sinais de luz em simultâneo através do mesmo meio, aumentando a quantidade de informação armazenada.  “A nova tecnologia fortalece a autenticação segura, rastreabilidade e combate à contrafação em cadeias de fornecimento globais, e assegura maior confiança e proteção avançada”, salienta. A nova tecnologia foi licenciada e protegida por duas patentes, concedidas em Portugal e nos Estados Unidos. Segundo a nota, a tecnologia distingue-se pela integração discreta em embalagens ou superfícies já existentes, sem comprometer “o design, a reciclagem ou a sustentabilidade dos materiais”. Essa característica, associada à possibilidade de armazenar múltiplas camadas de informação num único código, “é particularmente relevante para o setor farmacêutico, alimentar e dos bens de luxo, setores em que a segurança, a eficiência logística e a confiança do consumidor são fatores críticos”. “No centro da inovação está uma abordagem que possibilita a autenticação, rastreamento e até a leitura de parâmetros físicos, como temperatura ou exposição à radiação UV, num único ponto”, pormenoriza a nota de imprensa. O projeto contou com a participação dos investigadores Rute Ferreira e Luís Carlos, professores do Departamento de Física e do Instituto de Materiais de Aveiro (CICECO) e de Paulo André e João Ramalho, do Departamento de Eletrónica e Telecomunicações e do IT-Aveiro.

Paulo Jorge Ferreira: “Uma universidade do futuro não pode ficar prisioneira dos modelos do passado”
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Foi no espaço SALT (Espaço de Aprendizagem e Ensino Ativos), no Departamento de Educação e Psicologia (DEP) da Universidade de Aveiro, que, ao longo de meia hora, Paulo Jorge Ferreira e Sandra Soares, vice-reitora para o ensino e formação, refletiram sobre inovação pedagógica, numa conversa aberta com a Ria. A escolha deste espaço não passou despercebida para ambos. Sentados num sofá, em pleno centro daquela sala, Paulo Jorge Ferreira começou por confidenciar à Ria que o SALT representa um “excelente exemplo” daquilo que a UA deve fazer no futuro. “Uma universidade que se quer do futuro não pode ficar prisioneira, refém, dos modelos do passado”, comentou. Por sua vez, Sandra Soares exprimiu o “orgulho” que sentia em ali estar. “Foi um caminho longo no caso concreto desta sala. O que aqui podem ver é o resultado da contribuição de estudantes, de docentes, de várias áreas científicas. Até o nome foi pensado em conjunto. Na altura, tínhamos uma equipa de apoio à inovação curricular e pedagógica com esta composição diversa. Foi sempre um espaço de co-construção”, partilhou. No seguimento, a vice-reitora deu ainda nota de que, ao abrigo do financiamento do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), “no contexto do Impulso UA”, já existem vários espaços “desta natureza” em diferentes unidades orgânicas. Nas que ainda não os possuem, Sandra Soares garantiu que a UA irá investir até “junho” (data em que terminam os projetos PRR) na criação de novos espaços, incluindo a reformulação do Complexo Pedagógico. “Vamos lançar um concurso público muito em breve para reforçar estes espaços nas unidades orgânicas e a mesma coisa, relativamente, ao Complexo Pedagógico. Precisamos de ter tudo isto finalizado até 30 de junho de 2026 que é quando terminam os projetos”, frisou. Questionada sobre o Programa de Formação e Atualização Pedagógica que a UA tem, atualmente, em curso, cujo objetivo é transitar para um processo de ensino mais centrado no estudante, Sandra Soares realçou à Ria o quão “especial” lhe era falar sobre o tema. Naquele dia - em que conversamos - a iniciativa completava “seis anos”. “Lançamos o programa em novembro de 2019 e até à data temos 477 ações de formação. (…) Em média, desde o início deste último mandato, temos cerca de 22% da comunidade docente envolvida em alguma destas ações, sendo que temos várias outras para além do programa”, reforçou. No âmbito do aniversário e do podcast relembrou ainda à Ria que, naquela manhã, tinha anunciado o lançamento de uma nova ação de formação: “Academia IA”. “Sabemos que a inteligência artificial veio para ficar e para se expandir. É fundamental que a nossa comunidade compreenda e tenha apoio relativamente à melhor forma de uso no contexto de ensino e aprendizagem. Vamos fazer esse caminho nesta academia”, justificou Sandra Soares. Entre os objetivos desta formação estão, entre outros, o “uso ético e responsável” da inteligência artificial ou a utilização desta ferramenta “enquanto instrumento de apoio” na avaliação e inovação curricular. A vice-reitora adiantou ainda que a “Academia IA” já está disponível na página da “Inovação Pedagógica”. Já num outro ponto da conversa, a Ria questionou ainda Paulo Jorge Ferreira sobre os “Prémios UA” que, ano após ano, têm vindo a distinguir aqueles que se destacaram em quatro categorias [Cooperação; Boas Práticas Pedagógicas; Investigação e TAG] na Universidade de Aveiro. Para o reitor da UA estes prémios são “uma componente de várias componentes”: “Transformar os espaços, apoiar e incentivar os professores a adaptarem os currículos, métodos e a inovarem do ponto de vista pedagógico e curricular”. “Eu diria que apoiar o mérito é sempre útil, mas nesta área da inovação pedagógica senti sempre, nunca tendo duvidado dela, uma adesão tão grande, por parte da comunidade, que me parece que quase que parecia desnecessário [estes incentivos]”, exprimiu. “Uma das grandes surpresas que tive foi a expectativa que tinha quanto ao ritmo de transformação dos métodos e da inovação pedagógica [na UA] e a adesão superlativa que houve depois”, continuou Paulo Jorge Ferreira. Face a isto, o reitor da UA não deixa margem para dúvidas: “A Universidade de Aveiro é uma universidade que se quer transformar. (…) Sentir a academia a correr nessa direção do futuro parece-me extraordinariamente apaixonante e motiva-me muito”. Sandra Soares não deixou de concordar: “Está no ADN da nossa instituição esta vontade e esse ímpeto para fazer melhor, correr atrás, e penso que esta adesão também está intimamente relacionada com o facto de nós ouvirmos sempre quem precisa de colocar estas mudanças em prática ou quer ir atrás das inovações”. Neste contexto, Sandra Soares destacou também um outro projeto responsável por “transformar” a instituição: o “Impulso UA – Aveiro Education and Social Alliance”, iniciado entre 2020 e 2022 e composto por duas submedidas - Impulso Jovens STEAM e Impulso Adultos. “Criamos mais de 200 microcredenciais e vamos seguramente atingir os 100% em termos de indicadores previstos na formação de adultos da região. Temos já dezenas de acordos de parceria firmados. Muitas empresas recorrem a nós porque já conhecem este tipo de ofertas para co-desenharem connosco e qualificarem ou requalificarem os seus quadros”, reforçou. Prestes a entrar na reta final da entrevista houve ainda tempo para questionar Paulo Jorge Ferreira sobre o Mestrado Integrado em Medicina, o curso da UA que demorou mais de uma década a conquistar. Apesar de partilhar o mesmo nome dos cursos existentes noutras universidades, o reitor sublinha que, em termos de organização curricular, o curso da UA é “bastante diferente”. “Não se trata de fazer igual aos outros. Acho que ninguém projetaria um curso de Medicina, hoje, guiando-se por modelos do passado”, exprimiu, insistindo que “este curso é nosso”. Questionado ainda sobre que novas ofertas formativas poderão ser esperadas, nos próximos anos, na UA, Paulo Jorge Ferreira preferiu não avançar com nenhuma área em concreto, deixando essa decisão para o futuro reitor. Vincou, porém, que “há um sentimento de satisfação”. “As novas propostas que fizemos estão a ser bem aceites e as necessidades vão evoluindo. Acho que vai haver mais necessidade de resposta na área da requalificação e nas formações de ciclo curto e profissionais do que propriamente nas licenciaturas”, comentou. “Creio que do ponto de vista dessas formações [tradicionais] estaremos mais próximos da estabilidade”, completou.

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Em comunicado, aquele partido denuncia o que classifica como o "contínuo desmantelamento" do Serviço Nacional de Saúde (SNS), e sublinha que no Orçamento de Estado para 2026 não há "qualquer referência" ao Hospital de Aveiro, cuja ampliação é reclamada. O PCP refere que a situação se agrava “dia após dia, particularmente nas condições de trabalho cada vez mais difíceis para as centenas de profissionais deste hospital”. O comunicado salienta também os constrangimentos causados pelo encerramento do serviço de urgências, "em particular o de obstetrícia e ginecologia", no Hospital Infante D. Pedro. Para o PCP de Aveiro, a situação "não é incompetência: é programa", e a construção de um novo hospital privado em Aveiro “não é por acaso". “As recentes declarações da ministra da Saúde sobre a criação de urgências regionais não resolvem o problema, implicando a mobilidade forçada do corpo médico”, critica ainda o PCP. Para garantir melhores cuidados de saúde, aquele partido defende medidas para “valorizar e fixar” os profissionais, como “melhores salários em regime de exclusividade, com direito à respetiva majoração, valorizando as suas carreiras e assegurando a progressão”. Recorde-se que, tal como o presidente da Câmara Municipal de Aveiro, José Ribau Esteves, já esclareceu publicamente, o concurso público para a elaboração do projeto de requalificação e expansão do Hospital de Aveiro encontra-se suspenso na sequência de uma reclamação apresentada por uma das empresas concorrentes. Um projeto desta dimensão deverá ainda demorar entre um a dois anos a ser concluído, sendo apenas numa fase posterior o Governo poderá inscrever verbas específicas no Orçamento do Estado para lançar o concurso das obras.

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O julgamento decorre com exclusão de publicidade, ou seja, sem a presença de público e da comunicação social, por estar em causa um crime contra a liberdade e autodeterminação sexual. O arguido está acusado de um crime de violação e outro de coação, ambos agravados, ocorridos em 2020, na casa da sua sogra, em Macinhata do Vouga, no concelho de Águeda. Segundo a acusação do Ministério Público (MP), a violação ocorreu no dia 20 de fevereiro, numa altura em que apenas estavam na residência o arguido, a ofendida e cinco menores, que dormiam no respetivo quarto. De acordo com a investigação, o arguido puxou a adolescente para a casa de banho e trancou a porta. Em seguida, agrediu-a e arrancou-lhe a roupa, forçando-a a praticar atos sexuais contra a sua vontade. O MP diz ainda que o arguido ordenou à ofendida que não contasse o sucedido a ninguém, ameaçando-a de morte caso o fizesse. A leitura do acórdão ficou marcada para o dia 9 de dezembro.

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“Há algumas coisas, naturalmente, que à última hora não ficam concluídas, é dinheiro que já não pode ser aproveitado em mais nada. É mau de certa maneira, mas todos nós sabíamos que o PRR era muito exigente do ponto de vista de prazos e continua a ser”, disse à agência Lusa Isabel Damasceno, em Leiria, onde hoje se reuniu com autarquias da Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Leiria. Na reunião, uma das matérias abordadas prendeu-se com a forma como será assegurado o financiamento dos projetos PRR nas áreas da Educação e Saúde após 31 de agosto de 2026, considerando o fim do período elegível para submissão de pedidos de pagamento. Nas situações em que as escolas estão por concluir, “esse projeto cai no PRR e é repescado para o financiamento BEI [Banco Europeu de Investimento]”, esclareceu. “No caso dos centros de saúde, a lógica é a mesma, ou fica pronto um centro de saúde e é PRR ou, se não fica pronto, está o Governo a pensar como é que há de dar solução. (…) O Governo, tanto quanto sabemos, está a pensar como é que há de resolver o problema de dar apoio, em termos financeiros, a esses projetos que ficam por concluir”, referiu. Questionada sobre o montante que na Região Centro será “desperdiçado” naqueles dois setores, Isabel Damasceno notou que a Saúde não passa pela CCDR. “A Saúde foi gerida centralmente, a Educação é que passa por nós. Mas a Educação neste momento é extemporâneo”, considerou, referindo estar a reunir-se “com todos os autarcas que têm projetos no PRR e que estejam com algumas dificuldades, para tentar perceber” o que se pode fazer, em conjunto, “para acelerar a execução”. Segundo Isabel Damasceno, “nunca antes de abril, maio, é que se consegue perceber” que obras se fazem ou não fazem. Quanto à execução do Programa Centro 2030, a CIM da Região de Leiria lidera a execução de 2025 no total de oito comunidades intermunicipais, com Isabel Damasceno a considerar para esse resultado “uma gestão muito próxima dos projetos, uma escolha criteriosa dos projetos a apoiar” e muita preocupação em colocar “à frente aqueles que têm um grau de maturidade mais elevado”. “E toda essa gestão cuidadosa, muito criteriosa, com acompanhamento muito próximo dos municípios, deu este resultado”, declarou, admitindo que outras CIM tiveram “outras dificuldades”. Nestes casos, apontou “um arrastamento maior da execução ainda do 2020 e, portanto, arrancaram com o 2030 mais tarde”, o que provocou “desigualdades de desempenho de CIM para CIM”. Para Isabel Damasceno, “as mais atrasadas têm de acelerar mais, naturalmente”. Ao nível administrativo, a Região Centro é composta por 100 municípios que se encontram organizados em oito comunidades intermunicipais: Região de Aveiro, Região de Coimbra, Região de Leiria, Viseu Dão Lafões, Beiras e Serra da Estrela, Beira Baixa, Oeste e Médio Tejo. Já a sua área de intervenção (exceto no que se relaciona com a aplicação de fundos estruturais) é composta por 77 municípios, segundo o seu sítio na Internet. A CIM da Região de Leiria integra os municípios de Alvaiázere, Ansião, Batalha, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Leiria, Marinha Grande, Pedrógão Grande, Pombal e Porto de Mós.