Wilson Carmo não se recandidata à presidência da AAUAv e sai com “sentimento de missão cumprida”
A cerca de um mês das eleições para os órgãos sociais da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv), Wilson Carmo, em entrevista à Ria, admitiu que uma nova recandidatura “não está em vista” e que a solução para o futuro da AAUAv está nos “atuais membros da direção da Associação Académica”.
Isabel Cunha Marques
JornalistaDesde 2022 à frente da AAUAv, Wilson Carmo, atual presidente da AAUAv, partilhou à Ria que “desta foi de vez” e que sempre foi “claro”, desde que iniciou o terceiro mandato, que este seria o último enquanto presidente. “Para mim sempre foi mais do que claro até porque já completei 26 anos…. O propósito de vir para a Associação Académica era (…) muito simples: era um sentido de missão de fazer algo mais. Só fiz este terceiro mandato por este sentido de missão”, justificou. “Pessoalmente, perdi um bocadinho porque já podia estar a trabalhar ou a fazer outras coisas. (…) O meu sentido de missão não me permitiu abandonar a casa com projetos a meio”, continuou. Entre os projetos destacou a criação da Rádio Universitária de Aveiro (Ria) e o Café da Universidade de Aveiro (CUA), cedido pela UA à AAUAv, que o requalificou para um novo conceito. “Vou sair daqui com um sentido claro de missão cumprida, mas também com um sentimento de que não fiz tudo”, desabafou. Entre os desafios que ficaram por concretizar, Wilson destacou o “clube universitário” como o principal. “Será um desafio para o seguinte [presidente]”, esperançou.
Sobre as eleições que se aproximam e a escolha do novo presidente da AAUAv, Wilson Carmo defendeu que a solução “está nos atuais membros da direção da Associação Académica” e que procurará apoiar essa lista. “A Associação Académica é (…) um projeto que dirige e desenvolve mais de 400 dirigentes entre os seus órgãos sociais e os seus núcleos. É uma estrutura que, neste momento, gere uma frota significativa, seis espaços, mais de 20 funcionários e, portanto, não é uma brincadeira. (…) Naturalmente, que vou ter de apoiar alguém, porque tendo em conta tudo aquilo que é a dimensão da Associação Académica tem de vir alguém que conheça e que tenha uma boa ideia. Aqui a ideia pode ser muito diferente da minha”, contou. Enquanto presidente da AAUAv confidenciou ainda que não irá “apoiar alguém que sinta que vai deixar cair” a Associação Académica. Sobre a anúncio do nome, Wilson Carmo não quis avançar com nenhum candidato. “Já não é uma decisão minha, por mais que eu possa ou não apoiar”, sustentou.
A Ria questionou ainda o atual presidente da AAUAv sobre a possibilidade de existir uma lista única de candidatos à AAUAv, tal como se sucedeu nos três mandatos anteriores, mas Wilson Carmo assegurou que, neste momento, está tudo em aberto. “Não consigo responder. Durante os meus três mandatos houve sempre listas a serem formadas além da minha. No meu primeiro ano, inclusivamente, houve uma lista que entregou e depois, no último dia, retirou a candidatura. No meu segundo ano, houve duas listas que tentaram ser feitas, mas que não conseguiram formalizar. No ano passado, também houve a intenção de uma lista que acabou por não se concretizar… Portanto, não sei”, relembrou.
“Consolidação, renovação e criação” na base do mandato atual
Em jeito de balanço aquilo que foi o seu percurso enquanto presidente da AAUAv, Wilson caraterizou o período de “muito positivo”. “Eu fui o presidente que pegou na Associação Académica logo a seguir à covid. O que quer dizer que havia muita vontade das pessoas irem à rua, terem vontade de aderir às várias atividades da Associação Académica e, portanto, naturalmente que as primeiras atividades que trabalhamos foram muito recompensadoras para nós porque estavam sempre cheias. A verdade é que peguei numa casa em 2022 que já estava mais estável do que estava em anos transatos”, sustentou.
Apesar de reconhecer que não fez tudo “o que queria fazer”, Wilson Carmo admitiu que fez a “larga maioria” das coisas por dois motivos: o primeiro pela “grande adesão” dos estudantes às atividades e o segundo pela “estabilidade” que a casa tinha para fazer as atividades e os projetos que queria.
Particularizando ao atual mandato, Wilson assegurou que os três objetivos definidos, aquando da sua tomada de posse, em janeiro deste ano, nomeadamente, “consolidação, renovação e criação” foram cumpridos. “A questão da consolidação foi uma questão basilar. Foi o meu sexto ano na direção, terceiro ano de presidente de direção da Associação Académica e, portanto, a consolidação de vários projetos foi extremamente importante; A renovação (…) também. A renovação no projeto associativo vem das pessoas. São os dirigentes associativos que trazem essas novas ideias e essas novas renovações. Das 29 pessoas da direção, no ano passado, apenas mantive, de uma direção para a outra, oito pessoas e, por fim, a criação não só de novos projetos (…) mas este ano a criação de uma identidade da Associação Académica para fora (…) Recebemos cá as Fases Finais do Desporto Universitário, (…) o Encontro Nacional da Juventude e fomos uma referência, este ano, também na discussão política nacional de jovens que foi realizada em Aveiro”, evidenciou.
Sobre as metas que ainda pretende alcançar até ao final do mandato, o presidente da AAUAv destacou, entre elas, a abertura da lavandaria self-service, junto à Casa do Estudante, no zona do Crasto, na Universidade de Aveiro (UA). “O investimento já está todo feito desde o ano passado. (…) Esta parte de obras já está toda feita. Neste momento, falta apenas a decoração. (…) Uma coisa é certa vai abrir e (…) é para este mandato. Mais um serviço para a comunidade e uma necessidade da comunidade também”, frisou.
Wilson Carmo adiantou que a publicação do livro, no âmbito dos 45 anos da AAUAv, com uma reflexão sobre o passado e o futuro da Associação Académica irá também avançar. “Só não sei se é este ano, mas há partida sim. Não quero estar a fazer promessas infundadas. O livro está praticamente escrito, mesmo. Temos uma visão política desta estrutura para o futuro até 2030 (…), alguma análise e visão da Associação Académica também no passado. (…) Falta agora arranjar uma editora, fazer a edição, fazer a paginação do livro e isto é uma coisa que tanto pode demorar um mês como pode demorar dois ou três”, partilhou.
Com um olhar mais aprofundado sobre as conquistas do seu mandato reconheceu ainda a revisão do modelo de voto do Encontro Nacional de Direções Associativas (ENDA) como uma das mais “importantes”. Eu fui presidente da Associação Académica em 2022 quando a AAUAv saiu do ENDA. Tive ainda a felicidade de ser o presidente em 2024 quando a associação voltou ao ENDA. Nós saímos do ENDA, juntamente com nove associações académicas, por um motivo: sentíamos que os nossos estudantes não estavam a ser valorizados. (…) Desde junho de 2022 até setembro de 2024 o que acabamos por fazer foi criar e aumentar algumas pontes (…) com várias associações que estão presentes no ENDA”, destacou.
“Nós não somos só uma associação de festas”
Relativamente às últimas críticas à AAUAv, por parte de alguns estudantes da UA, tanto na última Assembleia Geral de Alunos como na manifestação do dia 5 de novembro, tal como noticiado pela Ria, em que acusam a Associação Académica de ser uma “associação de festas”, Wilson considerou-as “injustas”. “Eu consigo perceber, mas não é verdade. Acho que é importante clarificar-se que nós não somos só uma associação de festas como ainda agora dei o exemplo do ENDA que vai dar mais voz aos nossos estudantes. Vai enaltecer a posição dos estudantes. Foi um trabalho de backoffice durante dois anos…. Foi um trabalho que não foi comunicado para fora. Muita gente não sabe que isto acontece e é um dos problemas da política educativa”, relembrou.
No que toca às lutas futuras a levar a cabo pela AAUAv e pela UA, Wilson Carmo focou-se essencialmente em duas áreas: na saúde mental e no alojamento. Na saúde mental, o presidente da AAUAv reconheceu que a UA tem feito um “esforço significativo” no que toca ao investimento desta área. “Em 2022, quando tomei posse, o meu principal marco (…) foi a saúde mental. Vínhamos do pós-covid e tinha de ser. A academia não estava bem (…) e era importante trabalhar-se. A UA, na altura, tinha apenas a LUA [Linha Universidade de Aveiro] (…) mas não tinha projetos consolidados na saúde mental. Na altura, sendo também um dos principais objetivos da Associação Académica, a AAUAv e a UA aliaram-se e fizeram dois projetos para trabalhar a saúde mental (…) mas não são projetos que mudem a vida de toda a gente. Mostram apenas um sinal de trabalho e a vontade de trabalhar”, reconheceu. “A UA é daquelas que tem um dos maiores rácios de psicólogo por número de estudante. São cerca de quatro a cinco psicólogos. Não é muito, mas a maioria das universidades tem cerca de um ou dois”, continuou.
“Somos praticamente 1/4 da cidade de Aveiro”
No que toca à área do alojamento, Wilson reconheceu também que a UA “não está perfeita” apesar de ter um “maior rácio de camas por estudantes” face a outras universidades. “A UA tem poucas camas para os estudantes deslocados porque por mais que seja um grande rácio mais de 50% dos estudantes da UA são estudantes deslocados. (…) Neste momento, este ano letivo e no ano letivo anterior tivemos menos camas, mas não foi porque a UA as cortou. Foi porque está a requalificar camas e enquanto as está a requalificar não pode aumentar o número de camas diretamente”, alertou.
Wilson Carmo deixou ainda algumas críticas ao Município de Aveiro no que toca à falta de apoios à AAUAv. “(…) Somos a única Associação Académica e de Estudantes do país que não recebe um único cêntimo de uma Câmara Municipal. A única. Não há mais nenhuma. E isso para nós é um grande descontentamento porque sentimos alguma desconsideração pelos estudantes e pela associação académica”, atirou. O estudante recordou que a AAUAv é a Associação Académica ou a massa estudantil que “mais impacto direto tem na região”. “Somos praticamente 1/4 da cidade de Aveiro. Não há mais nenhuma Universidade do país ou Instituto Politécnico que tenha um impacto tão grande a nível de população e de estudantes universitários. (…) Sentimos claramente uma falta de apoio e alguma falta de consideração para com os estudantes”, lamentou.
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UA assinala 52º aniversário com presença de Sampaio da Nóvoa no próximo dia 17 de dezembro
A cerimónia comemorativa do 52º aniversário da Universidade de Aveiro vai contar com a presença de António Sampaio da Nóvoa. O professor catedrático e reitor honorário da Universidade de Lisboa (UL) teve uma passagem por Aveiro ao longo da década de 1970, altura em que deu aulas de expressão dramática no Magistério Primário de Aveiro. Durante a sua passagem, fundou também o Grupo Experimental de Teatro da Universidade de Aveiro (GrETUA).
Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro promove show de ciência “Física Viva” este domingo
O espetáculo interativo, que se destina a “miúdos e graúdos”, “desafia o público a experimentar, em tempo real, diferentes fenómenos físicos” e, de acordo com os responsáveis, utiliza uma linguagem acessível e momentos de imaginação e criatividade. A sessão, que inicia com uma apresentação de luz laser e cor, aborda depois áreas da Física como ondas, mecânica e eletromagnetismo. O espetáculo resulta de uma adaptação do "Show de Física" do Departamento de Física da Universidade de Aveiro,desenvolvido por António José Fernandes, Jorge Monteiro e Pedro Pombo. Dirigido a maiores de seis anos, o espetáculo tem um bilhete de sete euros.
Edição de 2026 do Prémio Literário Aldónio Gomes é dedicado ao conto/novela
O galardão, que, segundo a UA, “tem como objetivos estimular a criação literária e revelar novos autores”, foi instituído em 2011 para honrar a memória de Aldónio Gomes, “insigne pedagogo e grande estudioso e divulgador da língua portuguesa e das literaturas de língua portuguesa, cujo espólio foi doado ao DLC da UA”. O júri, presidido pelo diretor do DLC da UA ou por um representante por ele designado, é composto por cinco individualidades de reconhecida idoneidade e prestígio: duas indicadas pelo DLC, duas indicadas pela Reitoria da UA e uma indicada pela Câmara Municipal de Aveiro (CMA). As obras a concurso podem ser enviadas por qualquer pessoa, desde que escritas em língua portuguesa, por correio registado e com aviso de receção, ou entregues em mão na secretaria do DLC, em envelope fechado, com o seguinte endereço: “Prémio Literário Aldónio Gomes 2025”, Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro, Campus Universitário de Santiago, Universidade de Aveiro, 3810-193 Aveiro. Dentro deste envelope deve estar um outro envelope fechado, com o pseudónimo não conhecido escrito no exterior, e, no interior, a identificação do autor, o telefone, a morada e o endereço de correio eletrónico. O prémio consiste na edição da obra e na doação de 20% de exemplares ao autor, não havendo lugar ao pagamento de direitos de autor correspondentes à primeira edição. A entrega do prémio será feita em cerimónia pública, em data a anunciar oportunamente.
Ténis de mesa: Equipas feminina e masculina da AAUAv sagram-se vice-campeãs nacionais universitárias
A conquista do título já era uma grande dificuldade que se antevia à partida, explica Bernardo Azevedo, que dá nota do poderio da Universidade do Porto na competição. “Como o Centro de Alto Rendimento de ténis de mesa é no Porto, há muitos atletas que vão para lá viver, querem fazer do ténis de mesa vida e acabam por entrar na Universidade do Porto”, explica. Assim sendo, tendo a Universidade do Porto ficado na primeira posição quer em equipas masculinas, quer em equipas femininas, a AAUAv conseguiu repetir o feito da época transata e terminar em segundo em ambas as categorias, tal como já tinha acontecido em 2024/2025. Para além deste resultado, também a equipa B masculina esteve perto de chegar ao bronze, o que, nas palavras de Bernardo Azevedo, “teria sido perfeito”, mas acabou por cair diante dos estudantes do Instituto Superior Técnico (IST). Bernardo Azevedo reflete que é difícil fazer previsões a pensar no futuro, uma vez que o ténis de mesa “é uma modalidade que nenhuma universidade trabalha”. Conforme aponta, o rendimento de cada equipa universitária depende da “sorte de ter atletas da região ou que venham estudar” para a instituição e do trabalho feito pelos próprios clubes, que é onde os atletas treinam. A equipa masculina vice-campeã é composta por Daniel Berbigão, André Batel, André Mano e Marco Silva. Inês Aires, Inês Dionísio e Mariana Costa compõem a equipa feminina.
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Firmino Ferreira acusa PS de acabar com portagens na A25 “à pressa” e defende postura do PSD
Para Firmino Ferreira, a medida proposta pelo Partido Socialista serve para “ficar bem na fotografia” e vem impedir que a situação seja resolvida de forma "sustentável". Era assim, afirma, que o Governo se tinha comprometido a acabar com as portagens na A25: com “cálculos bem realizados e eventuais negociações com as concessionárias por forma a não sobrecarregar os impostos aos portugueses, nem reduzir o investimento onde é mais preciso”. Recorde-se que a proposta de alteração ao Orçamento de Estado para 2026 apresentada pelo PS foi ontem aprovada em Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública com os votos favoráveis de PS, Chega, IL, Livre, PCP, BE e JPP, votos contra de PSD e CDS e abstenção do PAN. Segundo aponta, os socialistas não apresentaram uma proposta “aceitável do ponto de vista económico, social e que defenda interesses da população de Aveiro”. Depois de recordar também que, enquanto Governo, o PS não assumiu o fim das portagens na autoestrada, Firmino acrescenta que esta decisão tomada “à pressa” vem “prejudicar indiretamente todos os cidadãos aveirenses”. Lembre-se que, durante a campanha eleitoral para as últimas eleições legislativas, no debate organizado pela Ria, todas as forças políticas se comprometeram com a eliminação das portagens restantes na A25. Também durante a apresentação da candidatura autárquica do agora presidente da Câmara Municipal de Aveiro (CMA), o primeiro-ministro fez questão de ressalvar que o assunto “não estava esquecido”. No entanto, a eliminação das portagens acabou por não estar prevista na proposta de Orçamento de Estado apresentada em outubro não continha qualquer referência aos pórticos. Depois de ser conhecida a proposta de alteração apresentada pelo PS, a Ria falou com o deputado Firmino Ferreira, que disse que era "prematuro” adiantar o sentido de voto do partido.
Porto de Aveiro recebeu visita de diretora de inovação do Porto de Barcelona
Segundo os responsáveis, a deslocação de Emma Cobos a Aveiro teve como objetivo “aprofundar o conhecimento sobre a atividade portuária aveirense, os seus projetos de desenvolvimento e o ecossistema industrial que o envolve”. Durante a estadia, a diretora passou pelos vários terminais do porto de Aveiro, bem como por algumas empresas instaladas na área portuária, como a CSWind Portugal e a Catana Group Portugal. Da parte da tarde, realizou-se um workshop onde Emma Cobos partilhou a visão do Porto de Barcelona relativamente aos projetos de inovação em curso nas áreas de digitalização, sustentabilidade, transição energética e inovação portuária. A visita reforça, de acordo com o Porto de Aveiro, o “espírito de cooperação internacional entre os portos europeus e sublinha a importância da partilha de conhecimento para o desenvolvimento de soluções mais inovadoras e sustentáveis no setor marítimo-portuário”.
Ribau Esteves e Paulo Fernandes são os nomes mais falados para a liderança da CCDRC-Centro
A eleição do próximo presidente da CCDR-Centro está regulada pelo Decreto-Lei n.º 36/2023 de 26 de maio. O presidente é escolhido por um colégio eleitoral que integra todos os autarcas eleitos para a Câmara Municipal, a Assembleia Municipal e os presidentes de Junta de Freguesia dos 77 municípios que integram a CCDRC-Centro. Cada um com direito a um voto, exercido de forma individual e secreta. Na prática, este modelo significa que cerca de três mil autarcas terão a responsabilidade de decidir quem liderará a entidade nos próximos quatro anos. A lei determina que a eleição tem de ocorrer nos 90 dias seguintes às eleições autárquicas, o que, no atual ciclo, fixa o limite temporal em 10 de janeiro de 2026, dado que as autárquicas tiveram lugar a 12 de outubro de 2025. Até ao momento, não existe qualquer informação pública de que a convocatória tenha sido formalmente emitida - um ato da competência do ministro com a tutela das autarquias, Manuel Castro Almeida, ele próprio antigo presidente da Câmara Municipal de São João da Madeira. Para cumprir a antecedência mínima legal de 30 dias, a convocatória terá obrigatoriamente de ser publicada até 10 de dezembro. Os resultados das últimas autárquicas revelam um colégio eleitoral sem maioria absoluta de nenhum partido. Ainda assim, o PSD surge como a força mais representada nesta região, detendo, entre candidaturas próprias e coligações, cerca de 45% dos eleitos deste universo eleitoral. O PS não ultrapassa os 35%, enquanto os grupos de cidadãos (independentes) representam aproximadamente 10%. Este equilíbrio torna o processo eleitoral particularmente sensível, embora, historicamente, PSD e PS tenham privilegiado entendimentos ao mais alto nível para evitar confrontos diretos nas eleições das CCDR - uma prática que, segundo várias fontes ouvidas pela Ria, deverá repetir-se este ano. Nos bastidores, admite-se que esta lógica poderá voltar a repetir-se: do Centro para Norte, o PSD deverá assumir a liderança; do Centro para Sul, deverá ficar para os socialistas. É neste contexto que surgem os dois nomes dos sociais-democratas mais falados para a liderança da CCDR-Centro: Ribau Esteves, ex-presidente da Câmara Municipal de Aveiro, e Paulo Fernandes, que durante 12 anos liderou a Câmara Municipal do Fundão. Segundo fontes próximas dos partidos na região, ambos têm procurado medir forças e reunir apoios nas últimas semanas, embora vários dirigentes partidários sublinhem que o cenário de duas candidaturas simultâneas não deverá sequer colocar-se. No interior do PSD, a convicção dominante é de que a decisão final passará pelo núcleo duro do primeiro-ministro e presidente do partido, Luís Montenegro. Ainda assim, há quem recorde dentro do próprio PSD que nenhum dos dois autarcas foi um apoiante particularmente empenhado nas respetivas sucessões. Pelo contrário, acusam-nos de terem contribuído para cenários de desunião interna e de terem colocado obstáculos relevantes aos candidatos que lhes sucederam, com reflexo direto nos resultados eleitorais: tanto em Aveiro como no Fundão, o partido registou quedas expressivas nas últimas autárquicas. Paralelamente, o Governo e a estrutura distrital do PSD enfrentam, nos próximos meses, outras decisões de elevado peso político, nomeadamente a escolha das futuras administrações do Hospital de Aveiro e do Porto de Aveiro, que podem também ter relevância num momento em que são necessárias cedências e jogo de cintura nos bastidores da política regional. Os nomes mais falados para a administração do Porto de Aveiro são Rogério Carlos, antigo vice-presidente da Câmara de Aveiro, e Teresa Cardoso, ex-presidente da Câmara Municipal de Anadia. Mas tendo em conta que o Porto de Aveiro também tem parte da sua estrutura na Figueira da Foz, é provável que o atual presidente desta autarquia, Santana Lopes, queira manter uma pessoa do seu município na administração deste porto. Com a janela legal para a eleição da CCDRC a estreitar-se e a ausência, até agora, de uma convocatória oficial, as próximas semanas serão decisivas para perceber quem avança e com que apoios. Entre equilíbrios partidários, acordos tácitos e ambições pessoais, a escolha do próximo presidente da CCDR-Centro promete marcar o início do novo ciclo político pós-autárquicas. Mais do que uma disputa de nomes, estará em jogo a liderança de uma das estruturas públicas mais determinantes para o investimento, o ordenamento e o desenvolvimento da região no próximo quadriénio. O desfecho poderá ditar não apenas quem lidera a CCDR-Centro, mas também o tipo de relação que se estabelecerá entre os municípios, o Governo e as dinâmicas de poder no centro do país e, claro, no próprio aparelho dos sociais-democratas.
Comité da UNESCO vai decidir inclusão de barco moliceiro em lista de salvaguarda urgente
De acordo com um comunicado enviado à Lusa pela Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA), a candidatura “Barco Moliceiro: Arte da Carpintaria Naval da Região de Aveiro” é “a única proposta selecionada para representar Portugal em 2025 no processo internacional da UNESCO, sublinhando a necessidade da sua Salvaguarda Urgente”. A decisão final será conhecida na 20.ª sessão do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), que decorre entre 8 e 13 de dezembro na Índia. A delegação oficial da CIRA à sessão do Comité da UNESCO será liderada pelo presidente do conselho intermunicipal, Jorge Almeida, acompanhado por Januário Cunha e António Loureiro. De acordo com a documentação disponível no ‘site’ da UNESCO, para além dos moliceiros para a lista de salvaguarda urgente, Portugal não tem nenhuma nomeação a votação para a lista de Património Cultural Imaterial da Humanidade na sessão de dezembro do comité. Por iniciativa da CIRA, o Barco Moliceiro havia já sido inscrito em 2022 no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial. “Para além do seu caráter identitário, a candidatura pretende potenciar um produto turístico de capacidade promocional à escala internacional”, explica a CIRA em comunicado. Na década de 70 do século XX estavam registados três mil barcos moliceiros a operar na Ria de Aveiro, mas estima-se que subsistam pouco mais de 50 embarcações, metade das quais afetas à exploração turística nos canais urbanos da Ria. Na documentação patente no ‘site’ da UNESCO é lembrado que, apesar de ser considerado uma prática representativa da identidade regional, apenas cinco Mestres construtores de moliceiros estão no ativo, quatro dos quais com mais de 60 anos de idade. A candidatura à UNESCO inclui uma lista detalhada de propostas para reverter a situação, que inclui a intervenção junto da comunidade escolar para que conheça melhor esta prática e a instalação de motores elétricos nas embarcações turísticas. De acordo com o instituto público Património Cultural, Portugal tem oito manifestações inscritas na lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade, duas na lista do Património Cultural Imaterial que Necessita de Salvaguarda Urgente e um registo das Boas Práticas de Salvaguarda. As duas inscrições na lista de salvaguarda urgente são o barro negro de Bisalhães e a manufatura de chocalhos.