RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

Cidade

Ex-ministro do ambiente diz que falta, em Aveiro, “uma maneira fácil sem estarmos a pensar no carro”

Carlos Borrego, professor emérito da Universidade de Aveiro (UA) e especialista na área dos problemas ambientais, afirmou que a cidade de Aveiro tem de passar “das palavras aos atos”. A convicção foi partilhada à margem do evento “Ciclo de Conversas Ousadia e Liberdade”, que decorreu na Escola Superior Aveiro Norte (ESAN), em Oliveira de Azeméis, e que tinha como “Missão: Baixar a Temperatura do Planeta”.

Ex-ministro do ambiente diz que falta, em Aveiro, “uma maneira fácil sem estarmos a pensar no carro”
Isabel Cunha Marques

Isabel Cunha Marques

Jornalista
26 set 2024, 18:31
Em entrevista à Ria, o também ex-ministro do Ambiente e Recursos Naturais, entre os anos de 1991 a 1993, identificou, entre os vários pontos a corrigir na cidade, o “trânsito” como um dos mais críticos. “O tráfego que temos, atualmente, tem de reduzir. Temos de passar a ser muito mais comunitários, nomeadamente, através de sistemas que nos levem aos sítios sem precisarmos de estar à procura de um táxi ou de um autocarro”, afirmou. Para tal, a cidade “tem de estar organizada para que isso aconteça de uma maneira fácil”, frisou.
Além do congestionamento de carros, Carlos Borrego afirmou que Aveiro “precisa de fazer muita intervenção na zona central”. “Já vimos que a grande população de Aveiro que trabalha aqui vive fora do centro. É aqui que temos de atuar. Como se atuou com os transportes dos estudantes da estação de comboios para a UA. Este tipo de estratégias tem de ser pensada”, afirmou. “É isso que eu sinto que falta na cidade de Aveiro: uma maneira fácil [de mobilidade] sem estarmos a pensar no carro”, desabafou.

UA quer alcançar a pegada neutra “até 2030”

Alexandra Queirós, vice-reitora para a cultura e vida nos campi, afirmou, em entrevista à Ria, que, além da cidade de Aveiro, também a UA tem de passar “das palavras aos atos”.
Neste sentido, Alexandra Queirós admitiu que está, neste momento, em fase de discussão um plano de ação, a pôr em prática “até 2026”, na UA, que tem como objetivo diminuir “significativamente” a pegada de carbono. “Estamos a utilizar uma calculadora, devidamente validada, que estuda as diferentes dimensões da sustentabilidade”, desvendou.
Entre as vertentes a melhorar na UA, a vice-reitora para a cultura e vida nos campi identificou as “áreas da circulação, da deslocação e a questão da alimentação” como as mais prioritárias, até ao momento. Por exemplo, “a gestão do parque de estacionamento devidamente articulado com a mobilidade suave é absolutamente essencial. Isto vai trazer alguns condicionalismos e algumas alterações de rotina que sabemos que são polémicas, mas que são importantes que aconteçam”, frisou.
No que toca ao prazo para alcançar a meta, ou seja, a “pegada neutra até 2030”, na UA, Alexandra Queirós disse que é necessário pensar “devagar”. “Isto vai implicar muita sensibilização, mudança de comportamentos para conseguirmos, efetivamente, alcançar as diferentes dimensões da sustentabilidade”, afirmou. “Está definido a aplicação do plano de ação até 2026, mas a nossa lógica é pensar a médio-longo prazo”, reforçou.

Recomendações

Concurso para atribuir 66 casas com renda apoiada em Aveiro recebeu 618 candidatos
Cidade

Concurso para atribuir 66 casas com renda apoiada em Aveiro recebeu 618 candidatos

Segundo os dados desse relatório, citados em nota de imprensa, 68% das candidaturas são de pessoas que procuram uma renda mais acessível e apenas 11% devido a más condições habitacionais. Quanto ao tipo de famílias candidatas, 55% correspondem a famílias unitárias (179) ou monoparentais (164), e em termos profissionais, apenas 31% dos candidatos se encontram em situação de desemprego (193). A nota municipal refere ainda que, das 527 candidaturas consideradas válidas, 20% estão em situação de alojamento precário (126), 41% residem em Aveiro há menos de cinco anos e 26% são de cidadãos estrangeiros. “Segue-se agora o período formal de audição dos interessados, após a apreciação da qual o executivo municipal fará a aprovação da lista definitiva com a atribuição das habitações em causa”, informa a mesma fonte. A autarquia dá conta de que “prossegue com o trabalho realizado nos anteriores mandatos (2013/2017 e 2017/2021), concretizando investimentos relevantes que se encontram em diferentes fases”. Salienta ainda que é feito diariamente o acompanhamento técnico dos inquilinos da Câmara, “com ações e programas que aumentam o seu nível de integração social e de qualidade de vida”.

Aveiro vai ter Casa de Música que acolherá a Orquestra Filarmonia das Beiras
Cidade

Aveiro vai ter Casa de Música que acolherá a Orquestra Filarmonia das Beiras

“O executivo municipal deliberou aprovar o Protocolo de Cooperação a celebrar entre a Câmara Municipal de Aveiro e a Associação Musical das Beiras/Orquestra Filarmonia das Beiras”, anuncia uma nota de imprensa. Pelo protocolo aprovado em reunião de câmara, “é cedido o requalificado Centro Cívico de Aradas, que passará, a partir do dia 01 de outubro [terça-feira], a denominar-se Casa de Música”. A obra de requalificação do edifício Casa de Música, realizada pela Câmara de Aveiro, implicou um investimento de cerca de um milhão de euros. Para dar uma nova vida a um espaço destinado à realização de atividades culturais, foi feita a renovação e qualificação das infraestruturas, a readaptação de espaços funcionais e o melhoramento da acessibilidade. O protocolo envolve ainda o apoio institucional, logístico e financeiro da câmara, no montante anual de 50 mil euros, para a realização das atividades da Associação Musical das Beiras. Entre estas contam-se concertos, ações de atração de novos públicos, formação orientada para as escolas, espetáculos teatrais com música, óperas e grupos de câmara. Fundada em 1995, a Associação Musical das Beiras é uma instituição cultural sem fins lucrativos que fornece suporte jurídico àOrquestra Filarmonia das Beiras, atualmente composta por 31 músicos, sendo dirigida pelo maestro Jan Wierzba.

Câmara de Aveiro aprova permuta de terrenos da nova ligação de Mamodeiro
Cidade

Câmara de Aveiro aprova permuta de terrenos da nova ligação de Mamodeiro

“O executivo municipal deliberou aprovar o Contrato de Permuta de Terrenos entre a Câmara Municipal de Aveiro (CMA) e os Armazéns Reis – Materiais de Construção, S.A.”, informa uma nota de imprensa. A permuta refere-se ao novo arruamento de interligação da rotunda de Mamodeiro com a Rua da Cafelada, que dá acesso à Área de Atividades Económicas Aveiro Sul (ZI Mamodeiro). Nos termos do contrato de permuta, a câmara entrega à empresa três parcelas nas imediações dos Armazéns Reis, com a área total de 2.720,80 metros quadrados, e 87.636,97 euros. Em contrapartida, a empresa Armazéns Reis entrega ao município cinco parcelas de terreno, com a área global de 974,40 metros quadrados, e o valor de 26.016,48 euros, correspondente ao arruamento. Terá ainda de pagar 61.620,49 euros da diferença de áreas e valores dos terrenos, sendo as parcelas permutadas destinadas a ampliar as suas instalações. “O arruamento servirá de acesso à ampliação da Área de Atividades Económicas – Aveiro Sul (ZI Mamodeiro), melhorando as condições viárias e dos espaços, para atrair mais empresas, bem como o crescimento das existentes”, destaca a nota. A via de ligação da Rotunda da EN 235 à Calefada, em Mamodeiro, foi concluída em dezembro de 2021, para melhorar a segurança automóvel e pedonal dos acessos locais, encerrando a ligação à estrada nacional, considerada perigosa.

Cheias em Aveiro: “Falta decisão política”, diz João Miguel Dias, investigador do CESAM-UA
Cidade

Cheias em Aveiro: “Falta decisão política”, diz João Miguel Dias, investigador do CESAM-UA

Apesar da crescente preocupação da população, João Miguel Dias explicou que o fenómeno das marés vivas é “comum”, “matemático” e “altamente rigoroso”. “Os efeitos gravitacionais do sol com a lua determinam a maré em que estamos (…) As marés vivas acontecem quando existe um alinhamento entre o sol, a lua e as marés mortas quando o sol e a lua estão em quadratura”, contou, destacando que o fenómeno [marés vivas] acontece todos os meses, especialmente, nos equinócios de março e setembro onde se dão as marés de maior amplitude. “Nas marés vivas temos sempre uma altura de praia-mar mais elevada. Depois disso, dá-se uma diminuição até chegarmos à maré morta. Este processo demora cerca de uma semana. É assim sucessivamente”, apontou. Sobre o fenómeno em Aveiro, o também especialista em oceanografia considerou que as cheias da semana passada, que atingiram a zona da antiga lota e algumas ruas da zona baixa da cidade, “não foram a maior maré viva” sentida na cidade. “Temos registos que mostram marés semelhantes, nos últimos anos. Pode-se dizer que foi uma maré equacional maior do que a média”, afirma. Para João Miguel Dias, o alagamento das águas, em Aveiro, não foi novidade, mas sim uma repetição de um conjunto de episódios que aconteceram no passado. Por exemplo, “a zona do Rossio antes era muito mais sensível. Desde que fizeram as comportas da Ria melhorou. No entanto, se houver alguma rotura, numa zona qualquer, podemos ter o problema da água entrar na mesma”, explicou. No caso destas cheias, na zona da antiga lota, “do que eu ouvi penso que houve, precisamente, uma outra rutura em que a água ao invés de entrar pelas comportas entrou pelas zonas laterais”, desvendou. O cientista do CESAM justificou a inundação, desta vez, com a subida do nível médio global das águas do mar devido às alterações climáticas. “A maré oscila sempre em torno do nível médio. Os registos não indicam valores alarmantes, mas estamos a falar de 30 centímetros a mais, no nível médio do mar, do que tínhamos há 40 anos”, expôs. Neste momento, “estamos a enfrentar o aquecimento global que pode ter um efeito mais ou menos impactante. O menos impactante é o degelo e o predominante deve-se à temperatura da água do mar. Quanto maior a temperatura, maior o volume de água”, apontou. No caso de Aveiro, “toda a região é uma zona de baixa topografia, portanto, subindo o nível médio do mar, no dia a dia, não é crítico, mas quando temos marés de grande amplitude obviamente que vão ter um grande impacto”, exemplificou. Segundo um estudo publicado, em maio de 2022, pelo investigador do CESAM, em parceria com uma equipa de investigação, estima-se que “até ao ano de 2055, na Ria de Aveiro, 6,4 km2 de área esteja inundada e que, até ao ano de 2100, o número aumente para 8 km2”. Relativamente às áreas agrícolas e de pastagens, na região, estima-se “57 km2 de área inundada até 2055 e de 62,6 km2 até 2100. Isto representa mais de 10.500 pessoas afetadas em 2055 e mais de 13 mil até ao ano de 2100”. Apesar dos números “alarmantes” e ainda atuais, João Miguel Dias considerou que a situação na cidade ainda pode ser revertida se “houver essa opção política”. “Basta ver, por exemplo, o que a Câmara de Aveiro fez na estrada do Sal. Alteou todas as cotas, criou uma estrutura de proteção e a água já não trasvaza. Isto significa que nos temos de adaptar. Neste caso, construir ou reforçar as estruturas de proteção”, reforçou, insistindo na necessidade de investimento. “Claro que isto também significa que há zonas em que é necessário analisar o custo/benefício. Em alguns casos é necessário decidir se vale a pena proteger ou perder o território”, aconselhou. De acordo com o especialista em oceanografia já não há como evitar a subida do nível médio global das águas do mar. “Vai acelerar. No ano de 2100, em relação a hoje, vamos ter cerca de 70 centímetros a mais do que a média. Isto significa pensar que as estruturas de proteção vão ter de ter, no futuro, mais um metro do que aquilo que têm hoje”, frisou. “Falta decisão política e a necessidade de a concretizar”, concluiu. José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro, deixou a garantia, na última reunião da Assembleia Municipal, que o reforço das estruturas de proteção vai avançar “imediatamente”. Segundo o autarca, no pico da maré viva, a autarquia avançou já para o terreno [das inundações] com um conjunto de técnicos para tomar “todas as cautelas” e recolher informações. O objetivo é chegar “à seguinte fase que anunciaremos, brevemente, (…) para proteger a zona baixa da cidade de Aveiro”, anunciou. Relativamente à antiga zona da lota, onde se deu a enchente de água, o autarca refere que é necessário apenas investimento. “A lota com uma elevação da cota do muro, como fizemos no Cais do Sal, está resolvido. O problema não é esse. A lota é o problema mais fácil de se resolver. É preciso dinheiro. O problema são as zonas baixas da cidade”, reforçou.

Últimas

Engenharia Eletrónica e Telecomunicações vence o “UA Sem Fronteiras”
Universidade

Engenharia Eletrónica e Telecomunicações vence o “UA Sem Fronteiras”

“Convidaram-nos para aqui, é um desafio assim meio diferente, estou a gostar!” contou Margarida, estudante do primeiro ano de Ciências Biomédicas. Rodrigo Saraiva partilhou da mesma opinião. O capitão da equipa do curso de Engenharia e Gestão industrial referiu ainda que a atividade “é uma boa iniciativa” porque lhe permitiu conhecer “muitas mais pessoas” não só do seu curso como de outros. À Ria contou também que a equipa tinha conseguido “acabar a primeira fase em 5º lugar”. O objetivo de passar a segunda fase concretizou-se e a equipa acabou por ficar em terceiro lugar. O ouro – os barris de cerveja - acabou por ser conquistado pela equipa do curso de Engenharia Eletrónica e Telecomunicações e a prata foi entregue ao curso de Gestão e Planeamento em Turismo. O curso de Biologia foi também destacado como tendo a melhor mascote e a Escola Superior de Aveiro - Norte (ESAN) venceu na categoria de equipa mais disciplinada. “O que nós pretendemos é promover o desporto, que é muito amado aqui na nossa universidade” explica Luzia Ferreira, vogal do sector do desporto e bem-estar da AAUAv. Tomás Oliveira, também vogal do referido sector concorda e acrescenta que a iniciativa é “uma maneira de conectar os novos estudantes aos núcleos de estudantes dos vários departamentos e dos vários cursos”. Este ano competiram 23 equipas, com 10 alunos cada, perfazendo 230 participantes em competição. O destaque vai, no entanto, para as claques e as mascotes que enchiam o pavilhão desportivo e faziam ecoar cânticos de apoio ao seu respetivo curso. Tomás Oliveira nota que o número de participantes se manteve em relação ao ano anterior, mas que se verificou um maior “esforço” no que diz respeito à preparação das mascotes e das claques. Apesar da iniciativa ter sido alterada para o Pavilhão Aristides Hall “por causa do tempo”, explica Luzia, os objetivos foram cumpridos. A animação era mais do que visível no rosto de todos e em especial no de Tomás que considera ser “sempre bonito ver o pavilhão cheio com atividades promovidas pela AAUAv”.

Oliveira de Azeméis recebe Taça Continental de hóquei em patins
Região

Oliveira de Azeméis recebe Taça Continental de hóquei em patins

O troféu, que o FC Porto ergueu na última edição, em Espanha, será disputado no formato de final a quatro, contando com os finalistas das duas principais competições europeias de clubes de hóquei em patins – a Liga dos Campeões e a Taça WSE. Nas meias-finais, o Sporting, vencedor da Liga dos Campeões, defronta o Follonica, finalista vencido da Taça WSE, e a UD Oliveirense, vice-campeão europeu, o Igualada, campeão da segunda prova mais importante do calendário europeu de clubes. Entre os atuais finalistas, o Igualada é o que tem mais troféus, com cinco títulos (1993, 1994, 1995, 1998 e 1999), seguido do Sporting, que venceu a prova por duas vezes (2019 e 2021), e da UD Oliveirense, por uma vez (2017). O Follonica é o único finalista que ainda não venceu a Taça Continental, troféu que se realiza desde 1980 e que tem no FC Barcelona, com 18 troféus, o clube mais titulado da história da prova.

UA: Novo ano letivo inicia com mais de 1000 novos estudantes internacionais
Universidade

UA: Novo ano letivo inicia com mais de 1000 novos estudantes internacionais

A cultura portuguesa, em especial a língua e a música, bem como o plano curricular do curso de Psicologia da UA foram as razões que levaram Mauro, um estudante da Universidade do Chile - mas natural da Venezuela - a escolher Aveiro, durante um semestre. Apesar de só estar cá há cerca de 20 dias, Mauro diz “estar a gostar muito” da experiência. Um dos grandes pontos que ressalta é a possibilidade de “conhecer pessoas de todos os lados”, algo que “não é muito comum” no seu país, expõe. Mauro é apenas um dos cerca de 400 estudantes em mobilidade incoming vindos de programas como, por exemplo, o Erasmus+. A juntar a eles, a UA conta com a chegada de cerca de 500 novos estudantes de nacionalidade estrangeira. Este ano foram realizadas, até ao momento, 2415 inscrições de estudantes internacionais. Segundo a Divisão Internacional, estes estudantes estão a frequentar todos os ciclos de ensino, contudo, a maioria vem para frequentar os doutoramentos (850 inscrições) e as licenciaturas (756 inscrições). Em conjunto, estes dois ciclos de estudo representam mais de 65% das inscrições de estudantes internacionais na UA. Marina e Melissa são duas das alunas incluídas nessa percentagem. Chegam a Aveiro da China com o objetivo de tirar a licenciatura em Línguas, Literaturas e Culturas. Como razões para a escolha, apontam que olham para Portugal como um país “encantador” e que “simplesmente” gostaram da Universidade de Aveiro. Ao longo da iniciativa, os estudantes foram convidados a partilhar um prato típico do seu país, com o objetivo de promoverem um lanche partilhado. Sobre a mesa viam-se várias iguarias identificadas com as bandeiras dos diferentes países. Paracuca [doce típico angolano], mulgipuder [prato típico da Estónia], delícia turca, brigadeiro e os típicos ovos moles eram alguns desses pratos. Ao mesmo tempo, os estudantes iam-se conhecendo e trocando impressões. O lanche internacional foi apenas uma das atividades que fizeram a tarde. Entre os objetivos da sessão de boas-vindas estavam a promoção de um ambiente de partilha e convivência, assim como a partilha de informação sobre a universidade e a estadia em Aveiro. A sessão contou com as intervenções da chefe de divisão da Divisão Internacional, Sofia Bruckmann, da coordenadora de mobilidade do curso de Engenharia e Gestão Industrial, Marlene Amorim, de Fernando Martins, técnico superior do Núcleo de Desporto e Lazer, e da presidente da Erasmus Student Network (ESN), Matilde Antunes. A atividade contou também com um momento musical protagonizado pela MarnoTuna. Em agosto deste ano, a European Association for International Education (EAIE) distinguiu a UA com uma menção honrosa no prémio Award for Excellence in Internationalisation [excelência na internacionalização, um galardão que reconhece a dedicação da UA na promoção de iniciativas inovadoras e inclusivas no âmbito da internacionalização no ensino superior]. Em declarações à Ria, Sofia Bruckmann afirmou que esta distinção “significa o reconhecimento do trabalho que já vem sendo feito há muito. O trabalho do investimento de muitas pessoas que pensaram a estratégia para a internacionalização da UA e que a tornaram hoje a instituição tão internacional que é. É um reconhecimento e foi muito bom tê-lo recebido de uma instituição como é a EAIE”, continuou Sofia Bruckmann. “Foi pôr a Universidade de Aveiro nas bocas do mundo”, concluiu. A chefe da Divisão Internacional destacou também as “boas práticas na área da internacionalização”  da UA, sobretudo com a criação do Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM).

Os bastidores de Medicina: o curso da UA que demorou mais de uma década a conquistar
Universidade

Os bastidores de Medicina: o curso da UA que demorou mais de uma década a conquistar

A abertura do curso de medicina na UA era já um objetivo de longa data. Quem o assegurou foi Artur Silva, vice-reitor para as matérias relativas à investigação, inovação, formação de terceiro ciclo e acreditação dos ciclos de estudos na UA. Segundo o mesmo, desde o “final do século 20”, que havia essa ambição por parte “dos gestores desta casa [UA]”. A história mais recente para a criação do curso começou no ano de 2010. A ideia era ter um curso de medicina, dirigido a alunos licenciados, com a duração de 4 anos (em vez dos 6 anos do “modelo tradicional”). O curso resultava de uma parceria com o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS), mas falhou. Apesar de ter decorrido durante dois anos letivos e um semestre, Artur Silva, admitiu que “alguns problemas de organização e entendimento”, bem como a dependência da UA em relação ao ICBAS, acabaram por ditar que o projeto findasse. A Ordem dos Médicos referia também em comunicado, na altura do encerramento deste primeiro curso – em outubro de 2012 - , que “a decisão de criação do curso de medicina de Aveiro foi precipitada e exclusivamente política”. A organização tecia alguns comentários, afirmando que a criação do referido curso “não obedeceu sequer a uma necessidade ou vantagem de aumentar a formação de recursos humanos a curto, médio ou longo prazo”. Acrescentava ainda que não faria sentido que, na realidade de “crise económica e social” sentida na altura, “o Governo financie, a quem já tem uma licenciatura/mestrado, um curso de medicina de qualidade questionável e totalmente desnecessário ao país”. Em 2022, uma década depois, o objetivo de lecionar medicina em Aveiro foi retomado, mas, dessa vez, falhou na acreditação. Sendo a Medicina uma área “muito sensível”, Artur Silva considerou que tem de “haver sustentabilidade” para a construir. No caso da UA, as bases foram sendo estabelecidas, ao longo do tempo, “com a criação da nossa escola de saúde [ESSUA] e depois com a nossa Secção Autónoma de Ciências da Saúde [SACS/DCM]”, referiu o vice-reitor. “Na equipa reitoral anterior [a 2018] havia também uma ideia de um determinado curso de medicina” que diferia da atual, garantiu. A estratégia passou então “pela criação e consolidação do Centro Académico Clínico Egas Moniz Health Alliance”, contou. No âmbito desse projeto foram-se criando pontes que cobriam três centros hospitalares e vários Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) – “desde a sul do Douro a norte do Mondego”, explicou o vice-reitor. A partir daí, com o apoio da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos, e com alguns acordos com a Universidade do Minho, foi submetida uma candidatura “em novembro de 2022” à A3ES. Foi nomeada uma comissão de avaliação externa e “por volta de junho” chegou o resultado. “Estava muito confiante porque eu achava que tínhamos um bom curso, mas infelizmente isso não veio a acontecer”, lamentou Artur Silva. No parecer do Conselho Nacional de Ensino e Educação Médica, à altura do chumbo do projeto, lê-se que “apesar de ser a mais robusta do conjunto de candidaturas que nos foram apresentadas até à data” a proposta aveirense “continua a manifestar uma grave insuficiência de recursos humanos para garantir um ensino médico de qualidade”. A instituição referia ainda preocupações com a “distância entre as instituições de ensino” e “a falta de clareza sobre como se irá processar a articulação entre as mesmas e a deficiente formação pedagógica de docentes que irão lecionar ativamente no ciclo clínico”. Apesar da resposta negativa, a vontade de criar o Mestrado Integrado em Medicina não esmoreceu. Em novembro de 2023, é submetido, novamente, na A3ES, “o mesmo curso com melhoramentos”, recordou Artur Silva. Segundo o docente, a lista de melhorias era curta e prendia-se com “pequenos detalhes”, como “respostas de como é que os estudantes se vão deslocar daqui [UA] para os centros de saúde e para os hospitais”, exemplificou o vice-reitor. A maior diferença que notou, e faz questão de reforçar, prendeu-se com a comissão de avaliação nomeada. “Eu defendia que a nova comissão de avaliação fosse essencialmente estrangeira e foi mais ou menos o que aconteceu: e o resultado foi completamente diferente”, declarou Artur Silva. Em junho de 2024 é tornado oficial que Aveiro iria voltar a ter medicina, desta vez o curso tradicional de 6 anos e inteiramente dirigido pela UA. Três meses separam a notícia da aprovação do curso e do arranque do ano letivo corrente. Três meses de trabalho “fora de horas” com “muitas reuniões online para que acontecesse” recordou Artur Silva. O vice-reitor fez questão também de sublinhar a importância de Firmino Machado, atual diretor do Mestrado Integrado em Medicina, que teve como principal função ser a “cola” e a montagem de todo o processo e referiu a relevância da ativação das colaborações “estabelecidas lá atrás” com a Universidade do Minho e com a Universidade de Utrech. Não deixou de fora também todos os profissionais de saúde envolvidos e os “presidentes dos conselhos de administração que libertaram alguns médicos para fazer alguma formação extraordinária”, relembrou. O novo ciclo de estudos de Aveiro está já a decorrer e acolheu 40 alunos. É o segundo curso com a média mais alta da UA (18,2), ficando atrás apenas da licenciatura de Engenharia Aeroespacial (18,35). A nível nacional existem dez cursos de Medicina sendo que Aveiro tem a quarta média mais alta de entrada. Fica no pódio o ICBAS (18,55), a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (18,48) e a Universidade do Minho (18,38), mas fica à frente da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. “A ideia é ir crescendo progressivamente com a entrada de dez novos alunos até ser atingido o limite máximo de 100 alunos”, esclareceu o vice-reitor. Relativamente ao futuro, o objetivo é “mantermos a qualidade que nós idealizamos fazer”, garantiu Artur Silva. O vice-reitor avançou ainda que, nos próximos anos, “temos de ter espaço disponível para a formação e para a investigação”, na área da saúde, e para a “internacionalização do curso”, nomeadamente, através do programa Erasmus. Realçou também que apesar de estar a decorrer a “adaptação de um edifício” para acolher um teatro anatómico a empreitada estará pronta aquando da primeira aula de anatomia - prevista para a segunda semana de novembro. “Está tudo conforme planeado”, afirmou.