RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

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Arte Xávega de Espinho no inventário do Património Imaterial para “salvaguarda urgente"

A Arte Xávega do município de Espinho foi inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial em regime de “salvaguarda urgente”, anunciou hoje o instituto público Património Cultural.

Arte Xávega de Espinho no inventário do Património Imaterial para “salvaguarda urgente"
Redação

Redação

22 abr 2025, 14:24

A decisão publicada em Diário da República dá assim resposta ao processo de classificação iniciado em 2022 pela referida autarquia costeira do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto. O anúncio publicado hoje justifica a decisão do instituto com a importância da Arte Xávega “enquanto reflexo identitário da comunidade, dos grupos e dos indivíduos envolvidos” nessa prática piscatória.

O mesmo documento refere “a relevância da sua dimensão histórica, social e cultural na área territorial em que se insere; o valor acrescido que transporta para o desenvolvimento sustentável nos territórios onde se pratica; o atual contexto de transmissão dos conhecimentos associados, que coloca em risco a continuidade da prática; e a necessidade urgente de implementação de medidas de salvaguarda e sustentabilidade com vista à sua viabilidade futura”. Para a presidente da Câmara de Espinho, Maria Manuel Cruz, esta é assim “uma conquista histórica que reforça a identidade e o património cultural” do município.

“A Arte Xávega é, sem dúvida, um dos símbolos maiores da nossa tradição e da nossa história”, declarou a autarca socialista. “Não representa apenas uma técnica de pesca, é também um reflexo profundo da nossa identidade coletiva, da nossa ligação com o mar e da força de uma comunidade unida em torno da preservação dos seus valores e da sua cultura”, acrescenta.

A inscrição dessa prática no Inventário Nacional, em regime de proteção premente, significa, por isso, que “é finalmente reconhecida a urgência de implementar medidas de proteção, valorização e sustentabilidade que garantam a preservação e a viabilidade desta prática tão importante”. Segundo a definição constante da candidatura ao instituto do Património Cultural, a Arte Xávega praticada em Espinho é um tipo de pesca tradicional que recorre à utilização de uma rede de cerco lançada ao mar e depois puxada para terra com o pescado que nela tiver sido capturado.

Registada como “pesca por arte envolvente-arrastante” no Decreto-Lei N.º 7/2000 de 30 de maio e regulamentada pela Portaria 1102-F/2000 de 22 de novembro, essa prática tradicional envolve cordas, alares e saco, implicando que a rede seja largada ao mar a partir do bordo de uma embarcação que deixa um dos seus cabos de alagem na praia, para que, quando a lida terminar, o barco regresse ao areal com um segundo cabo e assim “cercando” o pescado. “Depois de ambas as cordas estarem na praia, dá-se início à alagem, puxando a rede para a praia e mantendo a boca do saco aberta com recurso à utilização de boias e de pesos”, refere a documentação da candidatura, explicando que, “nos primórdios, a alagem era efetuada à mão, posteriormente com tração animal e atualmente por tração mecânica com recurso a tratores a motor”.

Entre as espécies mais capturadas ao longo da história incluem-se o carapau, a cavala e a sardinha. Antes da construção do porto de Leixões em finais do século XIX, para além da abundante sardinha também se pescavam em Espinho corvinas, pescadas e robalos.

Em épocas mais recentes, no arrasto das redes passou a capturar-se ainda caranguejo, dourada, faneca, linguado, lula, raia, robalo, ruivo e biqueirão. Segundo fonte da autarquia, a Câmara Municipal de Espinho está a trabalhar com a comunidade piscatória local em projetos de requalificação da lota, no apoio à instrução de candidaturas de financiamento, na criação de um centro interpretativo sobre prática pesqueira agora protegida e na realização de ações de capacitação e promoção dessa atividade. Para Maria Manuel Cruz, é dessa forma que se garantirá “o futuro da Arte Xávega e a sua integração sustentável na cidade".

Recomendações

Comédia infantil do Nobel Egas Moniz em livro e peça de teatro em Estarreja
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Comédia infantil do Nobel Egas Moniz em livro e peça de teatro em Estarreja

A obra, escrita pelo Nobel da Medicina português para os seus sobrinhos-netos, foi adaptada para livro e peça de teatro no âmbito das comemorações dos 150 anos do seu nascimento, informa a autarquia. A apresentação do livro, com ilustrações de Cinara Saiónára, na Casa Museu Egas Moniz, em Avanca, decorre no sábado, pelas 15:00, segundo adianta uma nota de imprensa da Câmara de Estarreja. “Este conto revela a faceta lúdica e a transversalidade do neurocientista, num texto com 89 anos”, destaca a nota, revelando que já será feito “um momento de interpretação da obra” no lançamento do livro pelo Grupo de Teatro Infantil do Município de Estarreja (Trama). A estreia da adaptação teatral propriamente dita terá lugar só a 22 de junho, com encenação e adaptação de Leandro Ribeiro, encerrando as comemorações dos 150 anos do nascimento de Egas Moniz, iniciadas no ano passado. O programa comemorativo inclui ainda a exposição “Egas Moniz – Um Encontro”, patente até dia 24 na Casa da Cultura e o concerto de “Alma de Coimbra”, dia 31, no Cine-Teatro. As celebrações dos 150 anos do nascimento de Egas Moniz visam homenagear a vida e o legado do cientista nascido em Avança, no concelho de Estarreja, distrito de Aveiro.

FNAM contra entrega da gestão do hospital de São João da Madeira à Misericórdia
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FNAM contra entrega da gestão do hospital de São João da Madeira à Misericórdia

A presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, revelou essa posição à Lusa após uma reunião com profissionais de várias especialidades na sede da Unidade Local de Saúde do Entre Douro e Vouga (ULS EDV), que, a partir de Santa Maria da Feira, gere dezenas de unidades do distrito de Aveiro, entre as quais o referido equipamento de São João da Madeira e os hospitais de Ovar e Oliveira de Azeméis. “Há muito pouca informação sobre o assunto e os próprios médicos têm muito pouco acesso a dados sobre a entrega do hospital à Misericórdia”, declarou Joana Bordalo Sá. A responsável acrescentou: “mas somos contra essa medida, porque não percebemos qual o racional para isso e não há nenhum estudo que nos mostre qualquer benefício na mudança”. Para a presidente da instituição, “devem ficar na esfera pública os hospitais que foram pagos pelo Estado, que foram equipados pelo Estado e que estão a funcionar efetivamente bem, como é o caso do de São João da Madeira, que tem muitas consultas e onde se faz muita cirurgia de ambulatório”. Joana Bordalo Sá defendeu, por isso, que a entrega do hospital à Santa Casa “não serve verdadeiramente o Serviço Nacional de Saúde”, pelo que “deve manter-se na gestão da ULS EDV”. Em 12 de dezembro, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou pretender “retomar o caminho” de transferir para as Misericórdias responsabilidades na gestão hospitalar.

Exposição em Águeda explora a arte urbana no universo digital
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Exposição em Águeda explora a arte urbana no universo digital

Com curadoria da Ephemeral Ethernal (fundada pelo artista Vhils) a exposição desafia o público, através de instalações imersivas, realidade aumentada, realidade virtual e tecnologia ‘blockchain’, a questionar “o que permanece ‘público’ e ‘autêntico’, numa era em que os muros se estendem para além das ruas e entram no domínio digital”. Em comunicado, a organização destacou que o primeiro espaço da exposição é dedicado ao “mundo das redes sociais enquanto novo espaço público”. “Plataformas como o Instagram e o TikTok são as novas ágoras, onde qualquer pessoa pode interagir com arte, expressar opiniões e participar no diálogo público. Aqui, a arte urbana encontra uma nova visibilidade - não estando restringida aos espaços físicos, alcança uma audiência digital e global. Questionamos: de que forma é que os espaços digitais reformulam a nossa experiência com a arte?”, pode ler-se no comunicado sobre a mostra. De seguida, a mostra vai permitir “descobrir de que forma as novas ferramentas estão a expandir as possibilidades criativas”, enquanto a parte final da exposição pretende “explorar a mutação da noção de propriedade na arte urbana”, referindo-se aos NFT e à tecnologia ‘blockchain’. Patente até 13 de julho, no espaço expositivo do Centro de Artes de Águeda, e com entrada livre, “ADN Digital” conta com a participação dos artistas ±MaisMenos±, AKACORLEONE, Alexandre Farto aka Vhils, Halfstudio, Pedrita, PichiAvo, Tamara Alves, AddFuel, Wasted Rita e Kampus.

FNAM preocupada com falta de médicos na obstetrícia do Hospital da Feira
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FNAM preocupada com falta de médicos na obstetrícia do Hospital da Feira

A medida foi identificada à Lusa por Joana Bordalo Sá, presidente da federação, após uma reunião com médicos de várias especialidades da Unidade Local de Saúde do Entre Douro e Vouga (ULS EDV) – que, a partir da Feira, gere ainda três outros três hospitais no distrito de Aveiro, em concreto os de São João da Madeira, Oliveira de Azeméis e Ovar. “Na área materno-infantil, na obstetrícia, as equipas trabalham de forma extremamente reduzida. Têm dois médicos do quadro e um interno (que é um médico em formação), sendo que, à noite, às vezes não está de serviço nenhum médico do quadro e só há prestadores de serviço, com o interno, que assim nem está a ser tutelado como devia”, declarou. Joana Bordalo Sá mostrou-se preocupada com a componente médica devido a “equipas que estão a funcionar nos mínimos” e nas quais há profissionais “bastante cansados”, e mostrou-se apreensiva também quanto às utentes desse serviço, dado “o risco que esta situação pode representar para as grávidas e os seus bebés”. A presidente da FNAM admitiu que a falta de recursos humanos afeta igualmente outras valências da ULS EDV, “como a de pneumologia”, mas defendeu que a prioridade é o serviço materno-infantil, onde “o problema não pode mesmo ser ignorado”. Na mesma reunião com os médicos do Hospital São Sebastião foi ainda abordado o contexto do corte nacional de eletricidade verificado a 28 de abril, quando essa unidade manteve um funcionamento próximo do normal graças a geradores de energia. Nesse caso, o balanço da FNAM é positivo, mas motiva uma avaliação ao desempenho da tutela. “No apagão foi tudo assegurado, muito graças aos médicos e profissionais de saúde de cada unidade, que vestem a camisola do hospital, e isso é de enaltecer”, realçou Joana Bordalo Sá. Mas, disse, “é necessário que este esforço também seja reconhecido pela administração central, inclusivamente pela ministra [da Saúde] Ana Paula Martins, que até aqui não fez nada para fixar mais médicos no Serviço Nacional de Saúde”, concluiu.

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Jovens têm interesse na política, mas continuam distantes das urnas. O que explica este paradoxo?
Universidade

Jovens têm interesse na política, mas continuam distantes das urnas. O que explica este paradoxo?

A Ria conversou com Patrícia Silva, docente e investigadora no Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da Universidade de Aveiro (DCSPT-UA), que integrou a equipa do livro “O Eleitorado Português no Século XXI”, tendo coautorado um capítulo dedicado às formas de participação política dos jovens. A investigação existente tem posicionado os jovens como uma “geração à parte” no que toca à participação política e eleitoral. Apesar desta “perceção”, no caso português, este capítulo sugere que, pelo contrário, os jovens têm vindo a mostrar “sinais de vitalidade em termos de participação cívica e política”, sugerindo mesmo que as notícias sobre a “morte da política neste grupo [são] francamente exageradas”. Patrícia Silva não deixou de concordar com esta perspetiva destacando que este “exagero” deriva de uma interpretação daquilo que é a política. “Existe esta perceção de que os jovens não se interessam por política, sendo que os dados sugerem é que os jovens se interessam muito por política”, afirmou. Apesar deste interesse, a investigadora relembrou que isso não tem sido suficiente para evitar, nos últimos anos, as [altas] “taxas de abstenção” e a “baixa taxa de participação dos jovens” que se tem verificado. Patrícia sugeriu mesmo que há um “sentimento de afastamento em relação aos partidos políticos” [por parte dos jovens] que pode ser explicada, conforme refere o estudo, “pelo afastamento crítico de formas mais convencionais de participação”. “Quando nós olhamos para todas as formas de participação que não envolvam partidos políticos (…) como, por exemplo, manifestações ou petições, os jovens participam e têm registado taxas de participação consideráveis ao longo das últimas décadas. Isto não se nota no caso do voto”, exemplificou. “É por isso que nós notamos que os jovens estão interessados na política. No entanto, estão bastante afastados dos atos eleitorais”, continuou. Segundo o estudo este “afastamento” pode ser explicado, entre outros motivos, pelo “ciclo de vida” em que existe um “efeito curvilíneo da idade”, ou seja, as taxas de participação eleitoral “tendem a aumentar com a transição para a idade adulta”. Em Portugal, a investigadora alerta que a “idade média” [desse ciclo] tem vindo a aumentar encontrando-se, atualmente, nos “39 anos”. “Esse aumento está relacionado com a forma como os jovens adiam estes momentos fundamentais como a saída de casa ou a constituição de família”, expôs. “Naturalmente isto está também associado com o facto de termos um mercado laboral que é muito precário e com o facto dessa precariedade atingir sobretudo os jovens”, continuou a investigadora. Patrícia Silva acrescentou que, face a isto, há uma “desilusão” dos mais novos. Neste seguimento, a investigadora foi mais além e recordou que “historicamente” os programas eleitorais de todos os partidos políticos “dedicam uma percentagem muito pequena a propostas e promessas eleitorais para os mais jovens”. “Nós fizemos esse levantamento em 2020, e olhando para as eleições de 2019, creio que a saliência de propostas apresentadas para os jovens é muito baixa”, reconheceu. “Todos os programas eleitorais tendem a ser formados e apresentam, sobretudo, propostas para faixas etárias mais avançadas e para o mercado laboral já estabelecido”, sintetizou a autora do estudo. No entendimento de Patrícia Silva, tanto o partido Chega como a Iniciativa Liberal, “nos últimos dois atos eleitorais”, têm conseguido “captar esta franja do eleitorado de uma forma mais clara”. “Eu creio que isso tem feito com que os outros partidos percebam que havia aqui um mercado, digamos assim, do ponto de vista eleitoral que estava a ser negligenciado. (…) Isto tem feito com que os outros partidos, de alguma forma, passassem a destacar um pouco mais esta dimensão da juventude e que nós vimos [recentemente] até em termos de propostas… A questão da facilidade da aquisição de casa para os mais jovens, as questões de fiscalidade [IRS Jovem], etc”, opinou. Ainda no campo das razões para o “afastamento”, o estudo aponta para uma “alteração nos perfis de participação” onde os jovens passaram a colocar no “topo das suas prioridades as questões pós-materialistas”, com destaque para temas como a igualdade sexual ou a consciência ecológica. “Naturalmente, há uma diferença entre as prioridades políticas dos mais velhos, que olha sobretudo para as questões mais materialistas. Eu creio que essa diferença tem vindo a ser cada vez menos acentuada, mas a verdade é que temos uma diferença em termos geracional nas prioridades”, referiu. “Os mais velhos com uma maior inclinação para a proteção dos valores materiais, da economia e da segurança. Os mais jovens com as questões do ambiente, da igualdade, da comunidade LGBT, etc”, refletiu a investigadora. Também o “contexto familiar” pode ser outro dos motivos que explicam esta realidade. No estudo, os autores concordam que “na transição para a vida adulta, os jovens que foram socializados em contextos parentais e que abraçaram as opiniões políticas dos seus pais tendem a revelar padrões mais estáveis de participação política no início da sua vida adulta”. Patrícia Silva sugeriu que há aqui uma “desigualdade económica e social que está quase subjacente a este efeito de socialização”, alertando que é necessário prestar atenção ao mesmo “nos próximos anos”. “Vale a pena destacar porque é que em algumas famílias o tema da política não é tão importante e a razão é que muitas vezes está associada às dificuldades económicas e às carências e à desigualdade que toma conta destas famílias”, relembrou. “Aquilo que nós sabemos é que a participação eleitoral está muito associada à satisfação de necessidades básicas em primeiro lugar. (…) Enquanto há famílias que vivem confortáveis e que têm as suas questões de necessidades básicas - habitação, alimentação e educação - facilmente resolvidas, as famílias que lutam e que têm esta dificuldade adicional são famílias que sentem, em primeiro lugar, que a política falhou em relação às suas expectativas de vida e ao que esperavam de uma democracia”, apontou. Em segundo lugar, a investigadora sugeriu ainda que para estas pessoas [com dificuldades económicas] a política não é central, porque têm naturalmente os seus problemas diários maiores para resolver”. Com um olhar mais atento sobre a realidade universitária, Patrícia Silva refletiu ainda que o facto de haver estudantes deslocados, ou seja, que estudam fora da sua área de residência fiscal, também é um fator que pode explicar, “em parte”, as baixas taxas de participação. “Isto é um efeito que noutros países tem sido notado. Há países onde se nota que na primeira votação [dos jovens] há uma maior taxa de participação eleitoral, mas depois cai”, explicou. “A maior parte dos estudos o que sugere é que esse efeito tem relação com o facto de muitos destes estudantes estudarem fora (…). E o facto de terem de votar no local onde residem, implica uma deslocação adicional no dia das eleições”, relembrou. Apesar de existir, atualmente, a possibilidade de voto antecipado a investigadora deixou ainda a nota de que é necessário fazer uma “análise maior das razões pelas quais esse efeito não se nota muito bem entre os jovens”. “Não sei se é uma questão da burocracia envolvida, não sei se é, de facto, também por algum desinteresse em relação ao ato eleitoral. Agora, o ato de, no dia das eleições, fazer essa deslocação, que implica naturalmente custos para estes jovens, pode, em parte, pelo menos, explicar essa taxa de participação eleitoral mais baixa”, frisou. Questionada sobre se existem números sobre a taxa de participação dos jovens no voto antecipado, Patrícia Silva referiu não ter dados sobre isso, salientando que esta seria uma “boa questão de investigação”. “Acho que essa é uma nota muito interessante de vermos em que medida é que, sobretudo entre a faixa dos estudantes de Ensino Superior, esse mecanismo de voto antecipado é, de facto, aproveitado”, reforçou. O livro “O Eleitorado Português no Século XXI” foi organizado por Marina Costa Lobo, professora e investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, e Ana Espírito-Santo, professora associada e investigadora no Instituto Universitário de Lisboa. O capítulo 2 cujo título é “A Participação Política dos Jovens no Novo Milénio: Ainda uma Geração à Parte?” contou com os contributos de Carlos Jalali e Patrícia Silva, docentes e investigadores no DCSPT-UA e de Patrício Costa, professor associado na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Este capítulo examina as formas de participação política dos jovens e questiona se continuam a constituir uma geração à parte no contexto da democracia portuguesa. Esta reportagem insere-se numa parceria estabelecida entre a Ria - Rádio Universitária de Aveiro e a direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) e resultará, ao longo dos próximos meses, num conjunto de artigos sobre temas que afetam diariamente a vida dos estudantes da UA. Todas as reportagens serão acompanhadas por um cartoon satírico que pretende representar a problemática abordada. Se tens sugestões de temas que gostarias de ver abordados envia um email [email protected].

 Município de Aveiro aprova Plano Municipal de Habitação e Alojamento com críticas do PS
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Município de Aveiro aprova Plano Municipal de Habitação e Alojamento com críticas do PS

O PMHAA integra a Estratégia Local de Habitação, o Programa Municipal de Desenvolvimento Habitacional e a Carta de Territorialização da Estratégia de Habitação, “criando uma abordagem integrada e sustentada para a resolução das questões habitacionais no Município, no quadro de crescimento demográfico em que nos encontramos”, lê-se na nota. Com este plano, o Município pretende reafirmar o compromisso político com “a boa gestão do direito à habitação, priorizando uma intervenção pública estruturada, em conjunto com um investimento privado significativo”. “O plano reflete também a visão estratégica da Câmara para um território mais inclusivo, coeso e sustentável, colocando a habitação como pilar central de cidadania, dignidade e bem-estar”, destaca. O documento será agora sujeito a consulta pública “por um período de 30 dias” e, após a análise dos contributos, será submetido à apreciação e votação pela Assembleia Municipal. Apesar da aprovação, o documento contou com a abstenção do Partido Socialista (PS), no período da ordem do dia, na reunião camarária desta quinta-feira. “Achamos que era preciso aferir melhor aquilo que é o resultado destas políticas de incentivo de urbanização, de construção e de, ao mesmo tempo, de turistificação”, começa por referir Fernando Nogueira, vereador do PS. “O que nós temos é que os T0 e os T1 cresceram de uma forma muito significativa, sobretudo, na cidade e isto vem-se acumular aquilo que é um processo gradativo de introdução de alojamento turístico seja ele na forma de alojamento local ou de similares”, exemplifica, salientando ainda os “efeitos significativos” no acolhimento de famílias. Neste seguimento, Fernando Nogueira alertou, entre outros pontos, que através deste documento é possível perceber que “40% dos agregados familiares de rendimentos mais baixos” não conseguem pagar as rendas que são praticadas no município “à data, com os preços do mercado e com os rendimentos aferidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e por outras instituições”. O socialista refere ainda que o documento atenta na necessidade de “estimular a criação de outras áreas de regeneração urbana”, mas que isso não se traduz nas propostas. “Há boas intenções que já estavam na estratégia que agora foi incluída neste documento sobre, por exemplo, tratar dos [edifícios] devolutos e dos vazios urbanos, mas por exemplo em relação ao [número de] fogos devolutos, sujeitos a agravamento do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), continuamos sem ter uma noção de quantos é que são”, atira Fernando Nogueira. O socialista critica ainda José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro por o parque habitacional municipal ser de apenas, atualmente, “1.3%”. “Dá para perceber duas coisas: a capacidade da Câmara (…) de intervir no mercado habitacional é muito pequena e como a Câmara ainda por cima não promove… A ideia é que o mercado resolve isto tudo. Isto não nos parece bom”, sintetiza. “A habitação não é de facto uma preocupação deste município”, finaliza Fernando Nogueira. Em resposta ao socialista, José Ribau Esteves afirmou estar em “desacordo” salientando que têm “perspetivas totalmente diferentes”. “É minha convicção que mantendo a Câmara uma gestão tranquila com a proximidade com os investidores privados, com a regulação que faz das atividades, dos eventos, etc que temos todas as condições para no futuro continuar a gerir bem este equilíbrio que temos hoje [entre o alojamento que se dedica à dimensão turística e o alojamento que se dedica à dimensão residencial] de uma forma que posso considerar positivamente estabilizada”, explica. Em relação ao número de fogos recorda que ainda “há dias” deu na “Assembleia Municipal” estes dados. Em entrevista à Ria, no final da reunião camarária, o presidente da Câmara reforçou ainda que “Aveiro é dos municípios do país, tirando os municípios das áreas metropolitanas do Porto e Lisboa, que tem um número absoluto e uma percentagem em relação ao número total de fogos de habitação de renda apoiada mais alto. Na soma dos da Câmara e do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) são quase 1000. Nós entendemos que nessa tipologia Aveiro está bem”.

DCSPT-UA, Ria e AAUAv lançam concurso de previsão eleitoral das próximas legislativas 2025
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DCSPT-UA, Ria e AAUAv lançam concurso de previsão eleitoral das próximas legislativas 2025

O objetivo desta iniciativa é promover o interesse político e a análise de dados junto da comunidade académica da UA, incentivando estudantes, alumnis, docentes, investigadores e pessoal técnico, administrativo e de gestão, a apresentarem as suas previsões sobre os resultados das próximas legislativas, que decorrem a 18 de maio. Podem participar todos os membros da comunidade UA que possuam um endereço de email com domínio @ua.pt. A participação é individual e cada concorrente poderá submeter apenas uma previsão, até às 23h59 do dia 15 de maio, através de um formulário que pode ser consultado aqui. As previsões devem indicar a percentagem nacional de votos de cada partido com representação parlamentar, com uma casa decimal. Adicionalmente, será solicitada também a previsão dos resultados no círculo eleitoral do distrito de Aveiro, bem como uma breve descrição da metodologia utilizada. O vencedor será determinado através do índice de avaliação LSq (Least Squares Index), adaptado do Índice de Gallagher, que medirá a precisão das previsões em relação aos resultados oficiais. Em caso de empate, serão aplicados critérios adicionais para determinar o vencedor, disponíveis no regulamento do concurso que pode ser consultado aqui. Os três melhores classificados receberão prémios: um vale FNAC de 100 euros para o primeiro classificado, 50 euros para o segundo e 20 euros para o terceiro. Haverá também uma menção honrosa para a melhor previsão dos resultados no círculo de Aveiro. Os resultados serão anunciados até cinco dias úteis após a divulgação dos escrutínios provisórios. A organização contactará os vencedores através dos contactos fornecidos no formulário de participação. Esta iniciativa pretende estimular o envolvimento cívico e o debate político, destacando o papel da universidade na promoção do pensamento crítico e da análise social.

Legislativas: IL promete contribuir para “uma solução de centro-direita reformista e estável”
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Legislativas: IL promete contribuir para “uma solução de centro-direita reformista e estável”

“O nosso compromisso com os portugueses é, primeiro, mudança, reformas, exigência e, segundo, contribuir para uma solução de centro-direita, reformista e estável do ponto de vista político”, afirmou Rui Rocha em declarações aos jornalistas numa loja de ovos moles, em Aveiro, onde vestiu o avental e cozinhou o tradicional doce aveirense. Sem querer pronunciar-se sobre as sondagens que indicam que a AD e a IL estão longe de, juntas, obter uma maioria absoluta, Rui Rocha disse que o importante é transmitir aos portugueses que “há uma oportunidade única de ter uma solução de centro-direita” a governar o país. “Mas uma solução de centro-direita que não é para fazer a mesma coisa. É para fazer muito mais: uma solução reformista, ambiciosa para o país e isso para reforçar a votação na IL”, disse. O líder da IL disse que o seu partido tem “objetivos claros de transformação” do país e garantiu que será “rigoroso e sempre muito exigente” caso venha a integrar uma solução de centro-direita. Interrogado sobre quais são as exigências que coloca para eventualmente coligar-se com a AD, Rui Rocha disse que é necessário “mudar o sistema de saúde e criar acesso à saúde para os portugueses, que hoje não têm”. “Nós temos de trazer mais casas para o mercado da habitação, seja de arrendamento, seja no mercado da construção. Temos de baixar os impostos aos portugueses, às famílias e às empresas e temos de diminuir a burocracia e rever o sistema eleitoral”, referiu, acrescentando que esses são os “objetivos claros da IL”. Sobre se a AD e a IL não estão já a aproximar-se, uma vez que, por exemplo, ambas têm defendido parcerias público-privadas para os mesmos hospitais, Rui Rocha respondeu: “Não basta ter os ingredientes guardados numa gaveta, tirá-los quando dá jeito e depois guardá-los outra vez”. “A IL não faz isso. A IL tem as pessoas, os ingredientes, a visão, mas quer usá-los mesmo para mudar o país. Outros, eventualmente, têm os ingredientes guardados nas gavetas, fazem uso deles como propaganda, uma vez ou outra, mas depois os ingredientes voltam à gaveta”, criticou, numa alusão à AD.