Joana Regadas: “Comprometemo-nos a trabalhar por uma AAUAv (…) de todos os estudantes”
Joana Regadas tomou posse, esta noite, 24 de janeiro, como presidente da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv). Questões como saúde mental, cultura ou desporto foram algumas das metas que a nova líder da AAUAv traçou.
Isabel Cunha Marques
JornalistaNa cerimónia que decorreu no Auditório Renato Araújo da Universidade de Aveiro (UA), Joana Regadas começou por recordar, ao longo do seu discurso, a abstenção de “83%” que marcou as eleições do passado dia 17 de dezembro de 2024 para os órgãos sociais da AAUAv, salientando que “quase 15 mil estudantes deixaram que os restantes três mil escrevessem por eles as primeiras palavras da próxima história”. “A AAUAv é um projeto de 18 mil estudantes e só com a envolvência de cada um é que o projeto pode crescer, por isso comprometemo-nos a trabalhar por uma AAUAv mais próxima, sem hipérboles ou metáforas complicadas de descortinar, por uma AAUAv de todos os estudantes”, garantiu.
A nova presidente da AAUAv aproveitou ainda para reafirmar perante o “auditório cheio” que o projeto que encabeça [que tem como lema “Unidos pela Voz”] “procura e pede mais” pelos estudantes, pela estrutura, pelo país, pela universidade e pelo ensino superior. “Foi construído através de muitos momentos de introspeção de uma estrutura inteira, que analisaram o passado e o presente com o intuito de marcar diferença no futuro”, recordou.
Entre as metas do projeto está, segundo Joana, a AAUAv assumir-se como uma “voz ativa no Ensino Superior”. “Queremos marcar as datas importantes, esclarecer os estudantes, (…) incentivar a pluralidade de ideias e desenvolver o pensamento crítico, (…) falar sobre os direitos humanos, a igualdade de género, a juventude, as alterações climáticas, a pobreza e a saúde (…) Queremos continuar a oferecer a melhor e maior feira de emprego, (...), mas que para fazer jus aos seus próprios valores tem de ser renovada”, atentou. “A Universidade 5.0 não pode estagnar e não se pode reduzir às Feiras de Emprego (…)”, sugeriu.
Também a saúde mental é outra das prioridades que a nova direção quer continuar a trabalhar. “Queremos ter uma voz ativa nas soluções para a saúde mental, não queremos mais pensos rápidos para esta grande ferida aberta, portas e janelas trancadas, barreiras físicas que impedem que o problema gritante seja visto como tal”, afirmou. Para evitar que o mesmo aconteça, Joana Regadas apelou aos Serviços de Ação Social da UA (SASUA) e à Reitoria para que haja “mais informação”. “Queremos dados, queremos saber a realidade dos estudantes da UA quando procuram ajuda, quanto tempo esperam, qual o processo de seleção, quantos cheques psicólogos foram pedidos, quantos estudantes desistiram das consultas (…), quantos estudantes procuram solução lá fora”, descodificou.
A presidente da AAUAv falou ainda sobre as dificuldades de integração dos estudantes internacionais, referindo que as barreiras que lhe são impostas, atualmente, são “imensas”. Entre elas apontou a barreira linguística, a dificuldade na comunicação, a dificuldade de interação com o meio académico, a obrigação em fazerem trabalhos de grupo sozinhos ou a dificuldade em criarem relações. “(…) Não podemos continuar a fechar os olhos e queremos ser parte ativa da discussão, com os nossos núcleos e com o Conselho Consultivo para a Internacionalização”, frisou.
No campo do desporto, Joana Regadas apelou que é necessário “continuar o bom caminho” e “não ter receio de almejar mais”, sugerindo uma pista de atletismo “que possa ser usada pelos estudantes” e a valorização dos estudantes que “levam o nome da UA, da AAUAv e de Aveiro mais longe”. No que toca à “Taça UA”, a nova presidente garantiu que querem continuar a “promover a maior e melhor competição informal do desporto”. “Vamos promover mais formações de arbitragem aos estudantes, assegurando que esta se mantém uma competição de estudantes, mas com a qualidade de profissionais. Queremos iniciar o processo de digitalização e centralização da Taça UA, permitindo que todos os estudantes tenham acesso à informação em tempo real sobre a competição, aumentando a garra e competitividade que existe”, disse.
Relativamente à cultura, a líder da AAUAv garantiu que quer continuar juntamente com os agentes culturais da região a criar “uma agenda cultural que se complete e proporcione não só à comunidade estudantil, mas à região momentos de crescimento, havendo para isso a necessidade de renovação do conselho cultural que passará a contar (…) também com núcleos que queiram discutir a cultura nos campi e agentes culturais externos”. Joana Regadas assegurou ainda que quer “reavivar” o mote do CUA [Café da Universidade de Aveiro] trazendo “para o coração do campus de Aveiro mais momentos culturais porque por vezes um café pode ser um verdadeiro método de despertar”.
Sobre a comunicação da AAUAv, Joana Regadas garantiu que os novos órgãos sociais querem estar “mais próximos dos estudantes” com uma “comunicação transparente e eficaz, readaptando o conteúdo nas redes sociais e não deixando de parte a comunicação física”. Também na Rádio Universitária de Aveiro (Ria), a nova líder da AAUAv reforçou que quer “incentivar as parcerias” com o novo órgão de comunicação social.
Neste seguimento, Joana assegurou ainda que alguns projetos da antiga direção da AAUAv terão continuidade. Entre os exemplos, apontou o projeto “Tutores por Amor” ou a “Feira da Alameda”.
Alojamento ou descongelamento das propinas entre as principais preocupações
Com uma especial incidência sobre as dificuldades do Ensino Superior, a presidente da AAUAv realçou que as mesmas são “semelhantes” às dos últimos anos. Para esta o Ensino Superior continua a promover “desigualdades”. “Não basta aumentar as vagas se depois os estudantes não conseguem arranjar alojamento, não conseguem suportar as despesas associadas à mudança de cidade, não conseguem concluir os seus estudos”, vincou.
Sobre o caso da UA, Joana Regadas realçou que é com “alguma preocupação que verificamos que as 516 novas camas possam não acompanhar o ritmo de crescimento da Universidade de Aveiro, que viu o seu número de estudantes aumentar face a 2022 em quase 12%”. A presidente da AAUAv salientou que é necessário pensar também nos estudantes “que têm de encontrar uma solução fora das residências”. “Se em 2022 o preço médio de um quarto em Aveiro era de 247 euros, atualmente ronda os 340 euros, havendo opções a 500 euros. Não podemos continuar de olhos vendados para este grande entrave à construção de um Ensino Superior que paute pela equidade de oportunidades”, insistiu.
Sobre esta questão, a líder da AAUAv alertou que a “pressão colocada nas imediações da universidade” se deve “em grande parte” à insuficiente rede de transportes disponível em Aveiro. “São precisos horários mais alargados que vão ao encontro dos horários das aulas e que permitam aos estudantes terem uma vida social ativa e (…) mais linhas que permitam aos estudantes uma deslocação entre os campi da UA. Queremos em conjunto promover uma mobilidade mais sustentável, porque acreditamos que representa um grande passo para a resolução de diversos problemas”, partilhou.
Joana Regadas falou ainda sobre a proposta da revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) realçando que este livro “precisa urgentemente de uma conclusão para que as universidades tenham mais autonomia, para que os estudantes tenham um papel mais preponderante e para que o ensino superior possa dar resposta à realidade de 2025 e preparar-se para as próximas gerações”.
O possível descongelamento das propinas anunciado por Fernando Alexandre, ministro da Educação, Ciência e Inovação, mereceu ainda uma palavra de preocupação, destacando que “após quatro anos damos um passo atrás no processo de redução gradual do valor das propinas ao vermos a possibilidade de haver o descongelamento das mesmas”. “O Ensino Superior tem de ser de todos e para todos, só assim a sociedade pode crescer, evoluir e resistir às mais recentes ameaças”, relembrou a presidente da AAUAv.
Sobre o papel da UA na inovação pedagógica, Joana confidenciou que um ensino do futuro “não pode continuar a usar métodos do passado” e que a formação não pode continuar a “priorizar aulas expositivas, avaliações escritas e centradas em memorização”. Também o encerramento de uma das linhas sociais na cantina do Crasto devido à atividade da UA foi alvo de críticas. “Não pode ser a solução a longo prazo, as linhas de refeição social são necessárias para dar a um preço acessível uma refeição completa”, sublinhou. Ainda no campo das melhorias, Joana apontou a degradação de alguns dos espaços da UA. “Os espaços têm de ser readaptados e renovados, porque como estava escrito no programa de ação apresentado em 2022, os espaços exteriores e interiores não devem servir apenas como espaços de estudo ou de trabalho (…)”, recordou.
Relativamente à cidade e sem esquecer as próximas eleições autárquicas de 2025, Joana Regadas realçou que a AAUAv avançará com um manifesto “com propostas e visões para o futuro de Aveiro, Águeda e Oliveira de Azeméis”. “Vamos discutir e informar a comunidade académica sobre as diversas opções, porque só em discussão e no desconforto é que poderão ser desenvolvidas as melhores soluções para o futuro da universidade e das cidades que a acolhem”, frisou.
Num momento final, a nova presidente agradeceu a “todas as pessoas” que se cruzaram consigo, deixando um conselho final aos novos órgãos sociais da AAUAv: “Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo”.
Recorde-se que há 19 anos que a AAUAv não era liderada por uma mulher. Rosa Nogueira foi a última mulher a liderar a AAUAv, nos mandatos de 2004 e 2005. Joana Regadas era vice-presidente adjunta do até agora presidente da direção, Wilson Carmo, sendo natural de Lousada (distrito do Porto).
Wilson Carmo termina com “sentimento de missão cumprida”
Após três anos consecutivos a liderar a equipa diretiva da AAUAv, Wilson Carmo fez, esta sexta-feira, o seu último discurso enquanto presidente. Começando por fazer uma análise aquele que foi o seu percurso pela AAUAv, Wilson referiu que, após três anos, “há claramente um sentimento de missão cumprida”. “Não quisemos fazer apenas o normal, quisemos destacarmo-nos, e acredito vivamente que este capítulo se encerra com uma AAUAv num dos seus auges de desporto, cultura, sociedade e política”, sublinhou.
Não se cingindo só às atividades levadas a cabo pela AAUAv, Wilson destacou ainda a abertura de três novos espaços: “a loja de merchandising, o CUA e a lavandaria”. Segundo este o propósito dos seus diferentes mandatos foi “claro”: “Servir a comunidade, e em simultâneo aumentar as fontes de receita desta casa”. “Sou o primeiro a assumir que infelizmente não consegui ser o melhor gestor destes serviços, porém as pedras foram lançadas, e o potencial sei que está lá. Agora fica o desafio para o futuro (…)”, exprimiu.
Para Wilson Carmo, a AAUAv está hoje “muito mais robusta”, realçando que a estrutura profissional “duplicou”, assim como o orçamento. “Tudo isto, não foi naturalmente trabalho meu, foi essencialmente trabalho de várias equipas. Fui diretamente presidente de 57 dirigentes diferentes, e trabalhei com mais de 1000 dirigentes de núcleos e centenas de colaboradores. Se hoje a casa é o que é, não é de todo graças a mim, é essencialmente resultado de tantos e tantos estudantes que decidiram abdicar da sua vida em prol de uma causa maior que nós mesmos”, considerou.
Numa nota final, Wilson Carmo deixou ainda alguns agradecimentos, terminando o seu discurso como o fez há três anos: “Um viva à Associação Académica da Universidade de Aveiro. Um viva a todos os estudantes desta academia”, finalizou.
Reitor da UA dirige o seu discurso às famílias presentes na cerimónia
Paulo Jorge Ferreira, reitor da UA começou por destacar o papel da Universidade enquanto instituição de proximidade. “Diz-se que [a UA] é próxima da região, das empresas. Para mim há uma coisa mais importante (…) é próxima dos seus estudantes”, afirmou.
Dirigindo-se em especial às famílias presentes na cerimónia, Paulo Jorge Ferreira relembrou que a Universidade é “muito mais do que salas de aula, cadeiras ou cursos” e que a Associação Académica é essencial para a construção da “comunidade”. “Ano após ano, eu vejo passar por aqui muitos jovens, de muitos núcleos e secções animados dessa vontade. Construir essa comunidade, tornar a UA um pouco melhor, criticá-la se for caso disso porque é assim o espírito da academia. Cresce com as críticas, não se encolhe perante elas. Peço-vos que sejam sempre assim. Independentes, irreverentes e completamente autónomos. É assim o espírito associativo”, afirmou.
Paulo Jorge Ferreira relembrou ainda que o “tempo perdido na academia não é perdido”, mas sim “tempo ganho em formação”. “E a formação não é só académica é formação para a vida”, vincou.
O reitor da UA terminou a sua intervenção com a seguinte questão: “Em que curso, em que cadeira, em que sala, com que mestre a Universidade de Aveiro poderia transformá-los em pessoas assim? É a Associação Académica que o faz (…) Eu vejo todos os anos a academia tornar-se mais forte”, concluiu.
Recomendações
UA: Greve geral mobiliza 200 trabalhadores e fecha unidades alimentares, exceto o bar do Edifício 3
Pelas 11h00 desta quinta-feira, segundo uma nota escrita enviada à Ria, a administração da UA adiantava que havia “cerca de 200 trabalhadores em greve, metade pertencente aos Serviços de Ação Social da Universidade de Aveiro (SASUA)”. Além do mais, a administração confirmava ainda o fecho de todas as cantinas e bares dos Serviços de Ação Social (SAS) da instituição, à exceção do bar do Edifício 3 – correspondente à antiga reitoria. Além da UA, a greve geral está também a causar fortes perturbações no concelho de Aveiro, tal como noticiado pela Ria, afetando setores como a educação, a saúde, a indústria e a administração local. Entre as 5h00 e as 12h00, quatro escolas fecharam portas e vários serviços do Hospital de Aveiro registaram paralisações totais ou quase totais. Também no setor municipal a adesão é expressiva, com 75% de paragem nos armazéns gerais da Câmara e 35% nos restantes serviços. A esta hora decorre já uma ação de protesto, em Aveiro, cuja concentração estava marcada para o Largo Dr. Jaime Magalhães Lima. Recorde-se que a CGTP e a UGT decidiram convocar uma greve geral em resposta ao anteprojeto de lei da reforma da legislação laboral, apresentado pelo Governo. A última greve geral, em Portugal, aconteceu em 2013.
Joana Regadas e Leonor Lopes disputam as eleições para a AAUAv
A comissão referente ao processo eleitoral dos órgãos sociais da AAUAv enviou ontem, via email, as candidaturas aceites para a Direção, Mesa da Assembleia Geral (MAG) e Conselho Fiscal e de Jurisdição (CFJ) da associação. Conforme já tinha sido avançado pela Ria, vão avançar duas listas: uma liderada por Joana Regadas e outra liderada por Leonor Lopes. A lista por que se candidata Joana Regadas à direção da AAUAV é a Lista A. Ao lado da ainda presidente candidatam-se também Mariana Gomes, candidata à presidência da MAG, e Bernardo Ferreira, candidato à presidência do CFJ. Já a Lista D é o projeto liderado por Leonor Lopes. Com a candidata à direção concorrem ainda Santiago Gonzalez, à MAG, e Manuel Oliveira, ao CFJ. À conversa com a Ria, Inês Filipe, presidente da comissão eleitoral – cargo que assume por ser também presidente da Mesa da Assembleia Geral– explicou que o processo decorreu dentro da normalidade. Apesar de, no momento da entrega de candidaturas, dias 2 e 3, terem existido assinaturas em falta por parte de ambas as listas, a dirigente explica que tudo foi regularizado entre os dias 4 e 5, período dedicado à “correção e suprimento de deficiências e decisão sobre as candidaturas”. No que toca às secções autónomas da AAUAv, que também são eleitas no próximo dia 18, há lista única. Para o Grupo Experimental de Teatro da Universidade de Aveiro (GrETUA) candidata-se a Lista E, cuja candidata a coordenadora é Dulce Carmo, e ao NEXUS concorre também a Lista E, tendo como candidata a coordenadora é Ana Baeta. A campanha eleitoral arrancou hoje e deve prolongar-se até à próxima terça-feira, dia 16. Quarta-feira, dia 17, é dia de reflexão. Os estudantes deslocam-se às urnas na quinta-feira, dia 18.
“Sinergia de Forças” juntou bombeiros, fisioterapeutas e estudantes na ESSUA e já motiva nova edição
Segundo uma nota de imprensa enviada à Ria esta terça-feira, 9 de dezembro, o evento resultou de uma organização conjunta entre a ESSUA e Dylan Gonçalves, fisioterapeuta e bombeiro especialista em atuação em emergências, contando ainda com uma “rede nacional de colaboração” e com o apoio da Câmara de Aveiro. Ao longo do dia, a iniciativa integrou palestras científicas dedicadas à exposição ao risco, saúde ocupacional e estratégias de desempenho em contexto de emergência, bem como com workshops especializados em áreas como “segurança física, atuação em cenários de stress, ergonomia na emergência e técnicas específicas de suporte físico e respiratório”. De acordo com a organização, o evento destacou-se pelo “ambiente de cooperação e pela oportunidade de aproximar profissionais e estudantes de áreas distintas, promovendo uma visão integrada da resposta à emergência e da proteção da saúde dos operacionais”. Dado o “interesse manifestado”, a ESSUA adianta ainda na nota que já se “perspetiva” uma segunda edição. A missão passa por “unir a ciência, a formação e a comunidade no serviço à segurança e à saúde pública”. A sessão de abertura contou ainda com a presença de representantes institucionais e estudantis e com a atuação da tuna da ESSUA. Participaram ainda na iniciativa os “operacionais dos Bombeiros Novos e dos Bombeiros Velhos de Aveiro”, entre outros agentes da região.
Nos 50 anos, reitor realça que “2/3” dos estudantes do DLC-UA entraram na primeira opção
Foi na tarde da passada terça-feira, dia 3, no Auditório Renato Araújo, no Edifício Central e da Reitoria da Universidade de Aveiro (UA), que Paulo Jorge Ferreira começou por fazer um elogio ao trabalho dos responsáveis do Departamento que, segundo o próprio, “está a fazer muita coisa certa”. Olhando para os números do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior do passado verão, o responsável indicou alguns dados. Apesar de só ter “157” vagas, o que corresponde a “5%” de todas as vagas disponibilizadas a cursos de humanidades em Portugal, “12%” dos que procuraram estes cursos escolheram a Universidade de Aveiro. Da mesma forma, “6%” dos que tinham notas de acesso superiores ou iguais a 16 também escolheram a UA. O reitor aponta que os quatro cursos do Departamento trouxeram para a instituição “4,4” candidaturas por vaga, o que contrasta com a média dos 69 cursos de humanidades nacionais: “1,9”. Paulo Jorge Ferreira diz ainda que “2/3” dos admitidos tinham na Universidade de Aveiro a primeira opção e que, se se fizesse a média da opção em que entraram os estudantes do DLC, o resultado seria de “1,5”. Numa reflexão sobre o lugar que o Departamento ocupa, o responsável da UA referiu que Portugal já não é hoje um país “periférico” e que pode ser visto como “eixo central”. Nesse sentido, apontou à ligação que o DLC estabelece com a Ásia – nomeadamente, à China. “Há, em certa medida, cada vez menos periferias. O nosso lugar no mundo não é ditado pela geografia, mas pelas escolhas que fazemos. E a nossa liberdade de escolher decorre de uma das mais importantes conquistas da modernidade académica, a autonomia das universidades", aponta. O reitor entende que essa autonomia, que diz que “se pratica e renova”, se define no momento em que um Departamento de Línguas e Culturas assume o papel de “consciência crítica da Universidade”. A autonomia, aponta, também passa pela afirmação do português como “língua de conhecimento e cultura”. “O que custa ao português e a outras línguas um quase monolinguismo académico que nós vemos hoje tão bem instalado em todas as áreas à nossa volta?”, questiona, assumindo que a língua é “o nosso único ativo global”. Nas comemorações do cinquentenário, Ana Margarida Ramos, diretora do Departamento, explicou que “ao longo destes 50 anos o DLC se transformou profundamente” e que “o mosaico de línguas se expandiu”. Apesar de “mais cosmopolita”, salienta que a “cultura de atenção, o cuidado e a proximidade” foi sempre uma constante. Se o DLC já habitou dois edifícios ao longo da sua história e a ambição de um novo espaço “mais moderno e mais eficiente” é uma realidade, Ana Margarida Ramos também aponta que “não são as paredes que fazem o departamento”. Apesar de não poder estar presente na celebração do cinquentenário do DLC, o cardeal e poeta Tolentino Mendonça foi cabeça-de-cartaz da sessão. Durante o discurso, que durou pouco menos de meia-hora, procurou refletir sobre a importância das humanidades e do saber universitário nos dias de hoje, perspetivando também o futuro do Departamento. “O típico do saber universitário não é subtrair, através de mecanismos de especialização. Pelo contrário, em vez de encapsular ou confiscar, o saber universitário devolve conhecimento à comunidade […], alarga a multiplicidade de perspetivas e coloca-as ao serviço de todos”, começou por apontar o também Doutor Honoris Causa da UA. A Universidade, diz Tolentino Mendonça, “não vive de fragmentos autónomos, mas considera todos os saberes como ferramentas ao serviço da nossa comum humanidade”. Segundo explica, a realidade é “heterogénea, descontínua e complexa”, pelo que são necessárias “ferramentas múltiplas”. “É essa multiplicidade que o Departamento [de Línguas e Culturas] fomenta e sistematiza, que permite que se manifeste em cada estudante […] um interesse pela humanidade e um amor ao mundo”, conclui. O cardeal destaca também que a transição cultural que estamos a viver “constitui um acelerador histórico que não volta para trás”. Com isso em mente, afirma que, neste contexto, o papel das Universidades passa por “ajudar cada um a viver na primeira pessoa”. Nas palavras de Tolentino Mendonça, “as sociedades do futuro potenciam sempre mais a importância e a centralidade do conhecimento, que é a matéria-prima da Universidade, porventura recorrendo a paradigmas mais interdisciplinares e colaborativos, certamente acentuando a vantagem do trabalho em rede. O futuro não dispensa esses laboratórios de equidade, pensamento e inovação que as universidades e os departamentos constituem”.
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Greve geral em Aveiro considerada “êxito assinalável” pela União dos Sindicatos
Numa nota de imprensa enviada às redações, a União dos Sindicatos dá nota que no setor privado, “foram muitas as empresas de vários sectores de atividade onde a adesão foi de 100% ou próximo disso”. O mesmo aconteceu no setor público. Segundo relata a comissão executiva, durante o dia de hoje, foram vários os “hospitais”, os “tribunais judiciais e do trabalho” que funcionaram apenas com serviços mínimos. Houve ainda “várias escolas que encerraram e diversos serviços autárquicos que não foram assegurados”. Face a isto, a Comissão Executiva da União dos Sindicatos considerou que “a adesão à greve geral, no distrito de Aveiro, constituiu um êxito assinalável”. “A forte adesão à Greve no distrito, confirma a rejeição dos trabalhadores à proposta de Pacote Laboral do Governo PSD/CDS e com a IL e o CH de mãos abertas para o aprovar na Assembleia da República”, lê-se no comunicado. A União dos Sindicatos sugere ainda que a adesão à greve, no distrito de Aveiro, demonstra os “assinaláveis níveis de desemprego e de precariedade e a pressão sobre os trabalhadores”. “O grande nível de adesão à greve, bem como a enormíssima participação de trabalhadores em greve nas concentrações das praças da greve em Aveiro e Santa Maria da Feira, confirmam a perspetiva da CGTP-IN, de que o governo do PSD/CDS desconhece a realidade em que vivem os trabalhadores e está socialmente isolado”, acrescenta. Numa nota final, a estrutura sindical deixa ainda uma nota a “todos os ativistas e todos os trabalhadores, que independentemente da sua filiação sindical, não se pouparam a esforços para que a greve se saldasse por um enorme êxito”. “O esclarecimento e mobilização dos trabalhadores para a luta vão continuar, desde já, com a continuação e intensificação da recolha de assinaturas de rejeição deste Pacote Laboral e de exigência do aumento dos salários de todos os trabalhadores”, remata. Recorde-se que, tal como avançado pela Ria, a greve geral causou fortes perturbações no concelho de Aveiro, afetando setores como a educação, a saúde, a indústria e a administração local. Entre as 5h00 e as 12h00, quatro escolas fecharam portas e vários serviços do Hospital de Aveiro registaram paralisações totais ou quase totais. Também no setor municipal a adesão é expressiva, com 75% de paragem nos armazéns gerais da Câmara e 35% nos restantes serviços. Lembre-se que a CGTP e a UGT decidiram convocar uma greve geral em resposta ao anteprojeto de lei da reforma da legislação laboral, apresentado pelo Governo. A última greve geral, em Portugal, aconteceu em 2013.
UA: Greve geral mobiliza 200 trabalhadores e fecha unidades alimentares, exceto o bar do Edifício 3
Pelas 11h00 desta quinta-feira, segundo uma nota escrita enviada à Ria, a administração da UA adiantava que havia “cerca de 200 trabalhadores em greve, metade pertencente aos Serviços de Ação Social da Universidade de Aveiro (SASUA)”. Além do mais, a administração confirmava ainda o fecho de todas as cantinas e bares dos Serviços de Ação Social (SAS) da instituição, à exceção do bar do Edifício 3 – correspondente à antiga reitoria. Além da UA, a greve geral está também a causar fortes perturbações no concelho de Aveiro, tal como noticiado pela Ria, afetando setores como a educação, a saúde, a indústria e a administração local. Entre as 5h00 e as 12h00, quatro escolas fecharam portas e vários serviços do Hospital de Aveiro registaram paralisações totais ou quase totais. Também no setor municipal a adesão é expressiva, com 75% de paragem nos armazéns gerais da Câmara e 35% nos restantes serviços. A esta hora decorre já uma ação de protesto, em Aveiro, cuja concentração estava marcada para o Largo Dr. Jaime Magalhães Lima. Recorde-se que a CGTP e a UGT decidiram convocar uma greve geral em resposta ao anteprojeto de lei da reforma da legislação laboral, apresentado pelo Governo. A última greve geral, em Portugal, aconteceu em 2013.
Saúde, educação e indústria sentem efeitos da greve geral em Aveiro
Segundo dados recolhidos e enviados, esta quinta-feira, pela União de Sindicatos de Aveiro (CGTP-IN) às redações, entre as 5h00 e as 12h00, a adesão à greve geral, no setor da educação, decretou o encerramento de quatro escolas em Aveiro: EB João Afonso, EB2,3 de Cacia, Escola Secundária Mário Sacramento e Escola Secundária José Estevão. No distrito, estão encerrados 18 estabelecimentos de ensino. No setor da saúde, o Hospital de Aveiro regista uma adesão à greve de 100% em quase todas as especialidades, com exceção de consulta externa (90%), medicina física e de reabilitação (66%), cirurgia interna (50%), armazéns (50%), medicina interna (40%), urgência (30%) e aprovisionamento (30%). Nos restantes hospitais do distrito, o Hospital de Oliveira de Azeméis apresenta uma adesão de 100% e o de Espinho de 90%. No setor metalúrgico, em Cacia, a Horse Aveiro (Renault), no turno das 6h00, registava uma adesão de 70%, e a TUPY FUNFRAP, no turno das 7h00, teve a produção parada. No distrito, a SMURFIT KAPPA também registou paragem de produção no turno das 6h00. No setor da administração local, os armazéns gerais da Câmara de Aveiro registaram uma adesão de 75%. Na Câmara Municipal, a adesão foi de 35%. No distrito, os armazéns gerais da Câmara de Espinho registaram, no turno das 8h00, uma adesão de 85%. Já em Oliveira de Azeméis e em Oliveira do Bairro, a adesão nos armazéns foi de 50% e 40%, respetivamente. No Município de Oliveira do Bairro, a adesão global foi de 40%. Ainda no distrito de Aveiro, o setor corticeiro registou, no turno das 6h00, uma adesão de 60% na Amorim Revestimentos, de 50% na Amorim Cork Composites e de 80% na Granorte. Na Lafitte, no turno das 8h00, registou-se uma adesão de 30%. No setor têxtil, também houve adesões no turno das 8h00, com a Huber Tricot a registar 70% e a Santos Camiseiro 25%. No setor do calçado, a Ecco’let registou, no turno das 6h00, uma adesão de 85%. Relativamente ao Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), a Santa Casa da Misericórdia em Espinho registou também uma adesão à greve de 100%. Recorde-se que, tal como noticiado pela Ria esta manhã, a CGTP convocou para esta quinta-feira um conjunto de ações de protesto em praticamente todo o país. No caso de Aveiro, a concentração está marcada para o Largo Dr. Jaime Magalhães Lima, às 15h00. Lembre-se que a CGTP e a UGT decidiram convocar uma greve geral em resposta ao anteprojeto de lei da reforma da legislação laboral, apresentado pelo Governo. A última greve geral, em Portugal, aconteceu em 2013.
Teresa Cardoso será a nova presidente do Conselho de Administração do Porto de Aveiro
Nos termos dos estatutos da APA, o Conselho de Administração pode integrar até três vogais para além do presidente, sendo ainda possível a nomeação de mais um vogal por parte do Ministério das Finanças, conforme previsto na legislação em vigor. Teresa Cardoso, nascida em abril de 1962, é licenciada em Engenharia Civil pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Ingressou na Câmara Municipal de Anadia em 1987 como técnica superior, desempenhando ao longo dos anos várias funções de chefia. Entre 1998 e outubro de 2013 exerceu os cargos de vereadora e de vice-presidente do município, eleita pelo PSD. Em 2013, após divergências com a estrutura local do partido na escolha do candidato à autarquia, rompeu com o PSD e protagonizou uma candidatura independente pelo MIAP - Movimento Independente Anadia Primeiro, que viria a vencer. Presidiu a Câmara Municipal de Anadia durante 12 anos consecutivos, sempre como independente. Nos últimos meses, iniciou um processo de reaproximação à estrutura local do PSD, atualmente liderada por Pedro Miguel Esteves, diretor de comunicação do gabinete de Luís Montenegro, primeiro-ministro do Governo de Portugal. Nas últimas eleições autárquicas, foi ainda mandatária da candidatura da coligação PSD/CDS liderada por Jorge Sampaio, seu antigo vice-presidente. Teresa Cardoso foi a primeira - e continua a ser a única - mulher a liderar a Câmara de Anadia. Rogério Carlos é licenciado em Ciências da Educação, com especialização em Administração Educacional, pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa. Ao longo da sua carreira acompanhou sempre Ribau Esteves no seu percurso autárquico. Primeiro como assessor e adjunto do presidente na Câmara Municipal de Ílhavo (1998-2013), depois, entre 2013 e 2021, como adjunto do presidente da Câmara Municipal de Aveiro e, mais recentemente, no último mandato autárquico, subiu para vice-presidente da autarquia aveirense. Foi sempre apontado como o preferido de Ribau Esteves para a sua sucessão na Câmara Municipal de Aveiro, mas a direção nacional do partido optou por escolher Luís Souto como candidato à autarquia e Rogério Carlos demitiu-se da direção local do partido e afastou-se da campanha das últimas eleições autárquicas. Com esta indicação por parte do Governo, acredita-se no aparelho social-democrata que o caminho é de reaproximação, colocando-se de lado as divergências sentidas no PSD-Aveiro ao longo dos últimos meses. Já o outro vogal conhecido da nova administração, Valter Rainho, é natural da Figueira da Foz e, curiosamente, licenciado pela Universidade de Aveiro em Engenharia do Ambiente. Atualmente exerce as funções de Diretor do Departamento de Ambiente e Obras Municipais na Câmara Municipal da Figueira da Foz. Recorde-se de que a APA gere também o Porto da Figueira da Foz e a atual administração conta também com Carlos Monteiro, ex-presidente da Câmara Municipal deste município. É previsto que a tomada de posse dos novos membros do Conselho de Administração ocorra no início do próximo ano, após a conclusão dos processos de nomeação e homologação legais que implicam necessariamente o parecer da CReSAP - Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública.