Joana Regadas: “Comprometemo-nos a trabalhar por uma AAUAv (…) de todos os estudantes”
Joana Regadas tomou posse, esta noite, 24 de janeiro, como presidente da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv). Questões como saúde mental, cultura ou desporto foram algumas das metas que a nova líder da AAUAv traçou.
Isabel Cunha Marques
JornalistaNa cerimónia que decorreu no Auditório Renato Araújo da Universidade de Aveiro (UA), Joana Regadas começou por recordar, ao longo do seu discurso, a abstenção de “83%” que marcou as eleições do passado dia 17 de dezembro de 2024 para os órgãos sociais da AAUAv, salientando que “quase 15 mil estudantes deixaram que os restantes três mil escrevessem por eles as primeiras palavras da próxima história”. “A AAUAv é um projeto de 18 mil estudantes e só com a envolvência de cada um é que o projeto pode crescer, por isso comprometemo-nos a trabalhar por uma AAUAv mais próxima, sem hipérboles ou metáforas complicadas de descortinar, por uma AAUAv de todos os estudantes”, garantiu.
A nova presidente da AAUAv aproveitou ainda para reafirmar perante o “auditório cheio” que o projeto que encabeça [que tem como lema “Unidos pela Voz”] “procura e pede mais” pelos estudantes, pela estrutura, pelo país, pela universidade e pelo ensino superior. “Foi construído através de muitos momentos de introspeção de uma estrutura inteira, que analisaram o passado e o presente com o intuito de marcar diferença no futuro”, recordou.
Entre as metas do projeto está, segundo Joana, a AAUAv assumir-se como uma “voz ativa no Ensino Superior”. “Queremos marcar as datas importantes, esclarecer os estudantes, (…) incentivar a pluralidade de ideias e desenvolver o pensamento crítico, (…) falar sobre os direitos humanos, a igualdade de género, a juventude, as alterações climáticas, a pobreza e a saúde (…) Queremos continuar a oferecer a melhor e maior feira de emprego, (...), mas que para fazer jus aos seus próprios valores tem de ser renovada”, atentou. “A Universidade 5.0 não pode estagnar e não se pode reduzir às Feiras de Emprego (…)”, sugeriu.
Também a saúde mental é outra das prioridades que a nova direção quer continuar a trabalhar. “Queremos ter uma voz ativa nas soluções para a saúde mental, não queremos mais pensos rápidos para esta grande ferida aberta, portas e janelas trancadas, barreiras físicas que impedem que o problema gritante seja visto como tal”, afirmou. Para evitar que o mesmo aconteça, Joana Regadas apelou aos Serviços de Ação Social da UA (SASUA) e à Reitoria para que haja “mais informação”. “Queremos dados, queremos saber a realidade dos estudantes da UA quando procuram ajuda, quanto tempo esperam, qual o processo de seleção, quantos cheques psicólogos foram pedidos, quantos estudantes desistiram das consultas (…), quantos estudantes procuram solução lá fora”, descodificou.
A presidente da AAUAv falou ainda sobre as dificuldades de integração dos estudantes internacionais, referindo que as barreiras que lhe são impostas, atualmente, são “imensas”. Entre elas apontou a barreira linguística, a dificuldade na comunicação, a dificuldade de interação com o meio académico, a obrigação em fazerem trabalhos de grupo sozinhos ou a dificuldade em criarem relações. “(…) Não podemos continuar a fechar os olhos e queremos ser parte ativa da discussão, com os nossos núcleos e com o Conselho Consultivo para a Internacionalização”, frisou.
No campo do desporto, Joana Regadas apelou que é necessário “continuar o bom caminho” e “não ter receio de almejar mais”, sugerindo uma pista de atletismo “que possa ser usada pelos estudantes” e a valorização dos estudantes que “levam o nome da UA, da AAUAv e de Aveiro mais longe”. No que toca à “Taça UA”, a nova presidente garantiu que querem continuar a “promover a maior e melhor competição informal do desporto”. “Vamos promover mais formações de arbitragem aos estudantes, assegurando que esta se mantém uma competição de estudantes, mas com a qualidade de profissionais. Queremos iniciar o processo de digitalização e centralização da Taça UA, permitindo que todos os estudantes tenham acesso à informação em tempo real sobre a competição, aumentando a garra e competitividade que existe”, disse.
Relativamente à cultura, a líder da AAUAv garantiu que quer continuar juntamente com os agentes culturais da região a criar “uma agenda cultural que se complete e proporcione não só à comunidade estudantil, mas à região momentos de crescimento, havendo para isso a necessidade de renovação do conselho cultural que passará a contar (…) também com núcleos que queiram discutir a cultura nos campi e agentes culturais externos”. Joana Regadas assegurou ainda que quer “reavivar” o mote do CUA [Café da Universidade de Aveiro] trazendo “para o coração do campus de Aveiro mais momentos culturais porque por vezes um café pode ser um verdadeiro método de despertar”.
Sobre a comunicação da AAUAv, Joana Regadas garantiu que os novos órgãos sociais querem estar “mais próximos dos estudantes” com uma “comunicação transparente e eficaz, readaptando o conteúdo nas redes sociais e não deixando de parte a comunicação física”. Também na Rádio Universitária de Aveiro (Ria), a nova líder da AAUAv reforçou que quer “incentivar as parcerias” com o novo órgão de comunicação social.
Neste seguimento, Joana assegurou ainda que alguns projetos da antiga direção da AAUAv terão continuidade. Entre os exemplos, apontou o projeto “Tutores por Amor” ou a “Feira da Alameda”.
Alojamento ou descongelamento das propinas entre as principais preocupações
Com uma especial incidência sobre as dificuldades do Ensino Superior, a presidente da AAUAv realçou que as mesmas são “semelhantes” às dos últimos anos. Para esta o Ensino Superior continua a promover “desigualdades”. “Não basta aumentar as vagas se depois os estudantes não conseguem arranjar alojamento, não conseguem suportar as despesas associadas à mudança de cidade, não conseguem concluir os seus estudos”, vincou.
Sobre o caso da UA, Joana Regadas realçou que é com “alguma preocupação que verificamos que as 516 novas camas possam não acompanhar o ritmo de crescimento da Universidade de Aveiro, que viu o seu número de estudantes aumentar face a 2022 em quase 12%”. A presidente da AAUAv salientou que é necessário pensar também nos estudantes “que têm de encontrar uma solução fora das residências”. “Se em 2022 o preço médio de um quarto em Aveiro era de 247 euros, atualmente ronda os 340 euros, havendo opções a 500 euros. Não podemos continuar de olhos vendados para este grande entrave à construção de um Ensino Superior que paute pela equidade de oportunidades”, insistiu.
Sobre esta questão, a líder da AAUAv alertou que a “pressão colocada nas imediações da universidade” se deve “em grande parte” à insuficiente rede de transportes disponível em Aveiro. “São precisos horários mais alargados que vão ao encontro dos horários das aulas e que permitam aos estudantes terem uma vida social ativa e (…) mais linhas que permitam aos estudantes uma deslocação entre os campi da UA. Queremos em conjunto promover uma mobilidade mais sustentável, porque acreditamos que representa um grande passo para a resolução de diversos problemas”, partilhou.
Joana Regadas falou ainda sobre a proposta da revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) realçando que este livro “precisa urgentemente de uma conclusão para que as universidades tenham mais autonomia, para que os estudantes tenham um papel mais preponderante e para que o ensino superior possa dar resposta à realidade de 2025 e preparar-se para as próximas gerações”.
O possível descongelamento das propinas anunciado por Fernando Alexandre, ministro da Educação, Ciência e Inovação, mereceu ainda uma palavra de preocupação, destacando que “após quatro anos damos um passo atrás no processo de redução gradual do valor das propinas ao vermos a possibilidade de haver o descongelamento das mesmas”. “O Ensino Superior tem de ser de todos e para todos, só assim a sociedade pode crescer, evoluir e resistir às mais recentes ameaças”, relembrou a presidente da AAUAv.
Sobre o papel da UA na inovação pedagógica, Joana confidenciou que um ensino do futuro “não pode continuar a usar métodos do passado” e que a formação não pode continuar a “priorizar aulas expositivas, avaliações escritas e centradas em memorização”. Também o encerramento de uma das linhas sociais na cantina do Crasto devido à atividade da UA foi alvo de críticas. “Não pode ser a solução a longo prazo, as linhas de refeição social são necessárias para dar a um preço acessível uma refeição completa”, sublinhou. Ainda no campo das melhorias, Joana apontou a degradação de alguns dos espaços da UA. “Os espaços têm de ser readaptados e renovados, porque como estava escrito no programa de ação apresentado em 2022, os espaços exteriores e interiores não devem servir apenas como espaços de estudo ou de trabalho (…)”, recordou.
Relativamente à cidade e sem esquecer as próximas eleições autárquicas de 2025, Joana Regadas realçou que a AAUAv avançará com um manifesto “com propostas e visões para o futuro de Aveiro, Águeda e Oliveira de Azeméis”. “Vamos discutir e informar a comunidade académica sobre as diversas opções, porque só em discussão e no desconforto é que poderão ser desenvolvidas as melhores soluções para o futuro da universidade e das cidades que a acolhem”, frisou.
Num momento final, a nova presidente agradeceu a “todas as pessoas” que se cruzaram consigo, deixando um conselho final aos novos órgãos sociais da AAUAv: “Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo”.
Recorde-se que há 19 anos que a AAUAv não era liderada por uma mulher. Rosa Nogueira foi a última mulher a liderar a AAUAv, nos mandatos de 2004 e 2005. Joana Regadas era vice-presidente adjunta do até agora presidente da direção, Wilson Carmo, sendo natural de Lousada (distrito do Porto).
Wilson Carmo termina com “sentimento de missão cumprida”
Após três anos consecutivos a liderar a equipa diretiva da AAUAv, Wilson Carmo fez, esta sexta-feira, o seu último discurso enquanto presidente. Começando por fazer uma análise aquele que foi o seu percurso pela AAUAv, Wilson referiu que, após três anos, “há claramente um sentimento de missão cumprida”. “Não quisemos fazer apenas o normal, quisemos destacarmo-nos, e acredito vivamente que este capítulo se encerra com uma AAUAv num dos seus auges de desporto, cultura, sociedade e política”, sublinhou.
Não se cingindo só às atividades levadas a cabo pela AAUAv, Wilson destacou ainda a abertura de três novos espaços: “a loja de merchandising, o CUA e a lavandaria”. Segundo este o propósito dos seus diferentes mandatos foi “claro”: “Servir a comunidade, e em simultâneo aumentar as fontes de receita desta casa”. “Sou o primeiro a assumir que infelizmente não consegui ser o melhor gestor destes serviços, porém as pedras foram lançadas, e o potencial sei que está lá. Agora fica o desafio para o futuro (…)”, exprimiu.
Para Wilson Carmo, a AAUAv está hoje “muito mais robusta”, realçando que a estrutura profissional “duplicou”, assim como o orçamento. “Tudo isto, não foi naturalmente trabalho meu, foi essencialmente trabalho de várias equipas. Fui diretamente presidente de 57 dirigentes diferentes, e trabalhei com mais de 1000 dirigentes de núcleos e centenas de colaboradores. Se hoje a casa é o que é, não é de todo graças a mim, é essencialmente resultado de tantos e tantos estudantes que decidiram abdicar da sua vida em prol de uma causa maior que nós mesmos”, considerou.
Numa nota final, Wilson Carmo deixou ainda alguns agradecimentos, terminando o seu discurso como o fez há três anos: “Um viva à Associação Académica da Universidade de Aveiro. Um viva a todos os estudantes desta academia”, finalizou.
Reitor da UA dirige o seu discurso às famílias presentes na cerimónia
Paulo Jorge Ferreira, reitor da UA começou por destacar o papel da Universidade enquanto instituição de proximidade. “Diz-se que [a UA] é próxima da região, das empresas. Para mim há uma coisa mais importante (…) é próxima dos seus estudantes”, afirmou.
Dirigindo-se em especial às famílias presentes na cerimónia, Paulo Jorge Ferreira relembrou que a Universidade é “muito mais do que salas de aula, cadeiras ou cursos” e que a Associação Académica é essencial para a construção da “comunidade”. “Ano após ano, eu vejo passar por aqui muitos jovens, de muitos núcleos e secções animados dessa vontade. Construir essa comunidade, tornar a UA um pouco melhor, criticá-la se for caso disso porque é assim o espírito da academia. Cresce com as críticas, não se encolhe perante elas. Peço-vos que sejam sempre assim. Independentes, irreverentes e completamente autónomos. É assim o espírito associativo”, afirmou.
Paulo Jorge Ferreira relembrou ainda que o “tempo perdido na academia não é perdido”, mas sim “tempo ganho em formação”. “E a formação não é só académica é formação para a vida”, vincou.
O reitor da UA terminou a sua intervenção com a seguinte questão: “Em que curso, em que cadeira, em que sala, com que mestre a Universidade de Aveiro poderia transformá-los em pessoas assim? É a Associação Académica que o faz (…) Eu vejo todos os anos a academia tornar-se mais forte”, concluiu.
Recomendações
UA e AAUAv reúnem Semana da Empregabilidade e Feira de Emprego U5.0 em iniciativa conjunta
Nas palavras dos responsáveis, o evento tem como objetivo “promover a inovação, a empregabilidade e o empreendedorismo, oferecendo uma plataforma única que reflete a diversidade das áreas científicas da UA”. Ao longo da semana, esta “experiência integrada” deve juntar estudantes, alumin, empresas, empreendedores e entidades parceiras num “ambiente de colaboração e oportunidades de networking”. A 7ª edição da Semana do Empreendedorismo e Empregabilidade é o evento que começa mais cedo, no dia 17, segunda-feira. Aí, a Universidade pretende “estimular a cultura empreendedora dos membros da academia e da região” e junta especialistas de diferentes áreas, tais como inteligência artificial, intraempreendedrismo ou a comunicação. Na Feira de Emprego Universidade 5.0, que começa dia 18, terça-feira, estudantes e alumni vão poder participar em entrevistas de emprego com as empresas presentes, sendo que as inscrições para essas entrevistas devem ser feitas até ao dia de hoje, 29 de outubro. Para os interessados procederem à inscrição devem atualizar o seu CV e preencher a ficha de inscrição disponível no site da feira. As empresas vão ter acesso antecipado aos currículos dos inscritos e, após análise, devem entrar em contacto direto com os perfis de interesse para agendar as entrevistas. Entretanto, cada núcleo académico da UA “está a contribuir com uma lista de empresas relevantes das suas áreas, garantindo um evento mais representativo e abrangente”. Durante a feira, a visita aos stands das empresas vai ser livre e aberta a toda a comunidade académica da UA, sem necessidade de inscrição prévia.
‘Noite das bruxas’ traz ao GrETUA “Coletivo Raso, TRASGO e Marafada” esta sexta-feira
Numa nota de imprensa enviada à Ria, o GrETUA descreve esta noite como “gato-sapato” onde adianta que será dedicada à “relação com o oculto, com as sombras, com a superstição e o temor pelo insondável”. O primeiro a abrir caminho será o “Coletivo Raso”, um coletivo artístico que se situa entre as linguagens da poesia, da música eletrónica e da própria teatralidade. Das suas “paisagens”, o GrETUA destaca a “componente narrativa capaz de elevar e conduzir quem os escuta rumo a um trilho das incertezas”. De seguida, seguem-se os “TRASGO”. Diretamente do Porto e “apostados no peso do noise-rock”, segundo a nota, pretendem construir "um novo distorcido mundo onde cimentam que a linha do Douro vai do Porto a Trás-Os-Montes”. Por fim, “Marafada” proporcionará um “percurso musical sem geografia fixa”. Na nota, o GrETUA destaca a sua “participação ativa nos bastidores da Rádio Universidade de Coimbra (RUC)”, destacando, entre os exemplos, o programa “Gondwana” que explora a música étnica. A noite “gato-sapato” tem o custo, com reserva, de seis euros para estudante e de oito euros para não estudante. À porta, o custo aumenta um euro em ambos os casos. As reservas podem ser feitas aqui.
Exposição de Ricardo Escarduça e Alexandre Baptista encerra o ciclo “O Desenho como Pensamento”
“Um Traço e outras linhas. O desenho é sempre outra coisa” trata-se da última exposição coletiva integrada na terceira edição do ciclo “O Desenho como Pensamento”. Uma iniciativa, copromovida pelo Município de Águeda e pela Universidade de Aveiro (UA), que agrega exposições e conversas. Segundo uma nota de imprensa enviada à Ria, nesta mostra estarão patentes trabalhos da autoria de “Armanda Duarte, Bárbara Bulhão, Carlos Nogueira, Catarina Mil-Homens, Gonçalo Sena, João Louro, Jorge Abade, Jorge Martins, Nuno Sousa Vieira e Pedro A. H. Paixão”. A exposição estará disponível até ao dia “17 de janeiro de 2026” na Casa da Cultura de Ílhavo. Além desta mostra e, integradas no ciclo “O Desenho como Pensamento”, estão ainda patentes em Águeda até, esta sexta-feira, três exposições individuais: a instalação “Fuga do Tempo”, de Martim Brion, na casa-projeto no Campus da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA), que se centra na distribuição espacial da obra e na sua dimensão temporal; a exposição “Como cantar o silêncio dos pássaros”, na Biblioteca Municipal Manuel Alegre, onde o seu autor, Paulo Lisboa, apresenta, através de pequenos e grandes formatos, trabalhos onde o desenho, a fotografia e a projeção se entrecruzam e a mostra “Meio coiso”, no Centro de Artes de Águeda, da autoria de José Loureiro onde o artista plástico apresenta dois tipos de trabalho que o próprio designou de “olhos” e “ácaros”. No dia 31 de outubro termina também a exposição coletiva “O corpo no desenho das identidades: reflexões a partir da coleção Figueiredo Ribeiro”, que está a decorrer em diferentes espaços da UA- edifício central da Reitoria e na sala Hélène de Beauvoir na Biblioteca- e na cidade na Casa Dr. Lourenço Peixinho. A mostra conta com a curadoria de Helena Mendes Pereira e é constituída por trabalhos de 21 artistas, entre eles, Cecília Costa e Pedro Paixão. Na nota enviada à Ria, a UA refere ainda que a terceira edição do ciclo “O Desenho como Pensamento”, da iniciativa e responsabilidade criativa de Alexandre Baptista, contou com o “maior envolvimento de sempre da Universidade e, por essa via, trouxe a Aveiro e a Águeda um grande número de iniciativas”. No total, a atividade envolveu “30 artistas, dois curadores e um colecionador, em quatro mostras na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA) e três exposições alargadas que levaram a arte contemporânea a dois espaços no campus universitário de Santiago e à casa Lourenço Peixinho”. Em diferentes espaços da Universidade de Aveiro aconteceram ainda “três conversas” que reuniram “dez especialistas” que refletiram sobre diferentes temas associados ao desenho. Como programa paralelo decorreram ainda “duas performances”. A exposição coletiva “O corpo no desenho de identidades: reflexões a partir da Coleção Figueiredo Ribeiro” e a conversa “O corpo como território: feminismos e identidades na Coleção Figueiredo Ribeiro” encontram-se ainda disponíveis online para visualização. A visita guiada à mostra pode ser consultada aqui e a conversa aqui.
“Cerca de 20” estudantes de Aveiro juntaram-se a mobilização nacional contra aumento das propinas
Na mobilização dos estudantes que, em Lisboa, seguem desde o Rossio até à Assembleia da República, o foco está na luta contra o aumento das propinas já anunciado pelo governo. Recorde-se que, no início do passado mês de setembro, Fernando Alexandre, ministro da Educação, Ciência e Tecnologia, anunciou o aumento das propinas do 1º ciclo de estudos em 13 euros e o descongelamento das propinas do 2º ciclo – ideias que vêm agora inscritas na proposta de Orçamento de Estado para 2026. Entre as palavras de ordem, ouvia-se “A propina dói” ou “Propinas e Bolonha, é tudo uma vergonha”. À Ria, Joana Regadas, presidente da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv), que esteve na manifestação como parte do Conselho das Associações Académicas Portuguesas (CAAP), conta que a chuva não ajudou à mobilização, embora a massa de estudantes presentes ainda fosse considerável. De Aveiro partiram “cerca de 20” estudantes, menos do que aqueles que, segundo diz, fizeram o mesmo trajeto no Dia Nacional do Estudante. Nas palavras da dirigente, que recorda que a taxa não representa a “maior fatia” do bolo orçamental que impede os estudantes de aceder ao ensino superior, "não se pode descurar a importância” que teria uma redução do valor a propina, conforme é defendido pelo CAAP. Como já tinha afirmado quando questionada sobre o valor da dívida dos estudantes à Universidade de Aveiro (UA) em propinas, Joana Regadas salientou que não é só o aumento do valor da taxa que preocupa os estudantes. O objetivo do CAAP, segundo afirma, é combater as várias desigualdades que se sentem no ensino superior português e que não são iguais em todo o país. De acordo com notícia publicada ontem pelo jornal Público, estava assegurada a participação das associações representativas dos estudantes de Trás-os-Montes e Alto Douro, Coimbra, Minho, Açores, Madeira, Aveiro, Algarve e Évora, bem como a Federação Académica de Lisboa. Por seu lado, a Federação Académica do Porto disse não participar na ação. Ao Público, o presidente Francisco Porto Fernandes garantiu que “é contra o aumento da propina”, mas diz não se rever na reivindicação da gratuitidade do ensino superior: “Não faz sentido estar a isentar de propinas quem as pode pagar, devemos sim investir no alojamento estudantil”.
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Senhorio iliba companheira por mortes em quarto alugado em Aveiro
“Sou eu que giro a casa. Ela está aqui, mas não tem qualquer conhecimento dos factos”, disse o arguido, na primeira sessão da repetição do julgamento, que começou hoje no Tribunal de Aveiro. O homem de 64 anos e a mulher de 55 anos estão acusados de dois crimes de homicídio por negligência e um crime de ofensas à integridade física, também por negligência, cada um, por factos ocorridos entre janeiro e fevereiro de 2019. No arranque da repetição do julgamento, decretada pelo Tribunal da Relação, o arguido começou por lamentar o sucedido com as vítimas e afirmou estar convencido que o esquentador, que se encontrava no quarto alugado onde ocorreram os factos, estava bem instalado. “Quando contratei as pessoas para fazer a instalação confiei plenamente no trabalho deles, porque me certificaram que estava em ordem. A partir desse momento, fiquei descansado”, disse, sem conseguir identificar quem é que fez a instalação do equipamento. O arguido alegou ainda que o quarto foi habitado por várias pessoas, incluindo os próprios arguidos, e não aconteceu nada, lamentando que após a primeira morte não tenham sido alertados para o problema com o esquentador. “Se tivéssemos sido informados, nada disso teria acontecido (...). Só soubemos da causa da morte quando a Polícia Judiciária nos chamou e nos constituiu como arguidos”, afirmou. O arguido disse ainda que, na altura, relacionou as duas mortes com o uso de drogas, num caso, e a falta de alimentação e uso de medicação para emagrecer, num outro. Em setembro de 2024, os arguidos foram condenados, no Tribunal de Aveiro, a uma pena única de dois anos de prisão, com pena suspensa, em cúmulo jurídico. A suspensão da pena ficou sujeita à condição de os arguidos comprovarem, no prazo de dois meses, que o imóvel tem certificação quanto à instalação do gás. Além da pena de prisão, os arguidos foram ainda condenados a pagar uma indemnização superior a 185 mil euros às famílias das vítimas, acrescidas das despesas hospitalares. Os casos ocorreram entre janeiro e fevereiro de 2019, numa casa situada em Aveiro, onde já tinha funcionado um lar ilegal. Em menos de um mês, morreram duas pessoas e uma terceira sofreu danos físicos irreversíveis, após a inalação de monóxido de carbono, devido a um esquentador mal instalado. O tribunal teve em conta um exame pericial que demonstrou que o esquentador "não reunia as condições necessárias de segurança e ventilação", estando a abertura para o exterior obstruída por uma grelha, o que era do conhecimento dos arguidos. A instalação do esquentador, no entender do tribunal, foi feita de forma “absolutamente anómala e insensata”, sem qualquer certificação, tanto mais que a pessoa encarregada pela instalação tinha a profissão de coveiro. A juíza assinalou ainda que a falta de condições estava de resto retratada no relatório da Segurança Social que fundamentou o encerramento urgente do lar que funcionou no mesmo espaço antes deste caso.
Mercado de Santiago vive a “festa das flores” com a proximidade do Dia de Todos os Santos
Susana optou por vir esta manhã para evitar o mau tempo previsto para esta sexta-feira. Fazia-se acompanhar do seu neto e de uma amiga. “Isto tem de ser feito… Não tem de se estar a guardar para o dia”, atirou com um riso. Numa das mãos segurava já um arranjo pronto e, na outra, um “molho” de flores com que pretendia preparar mais alguns. Estava, naquele momento, a escolher as esponjas para colocar os crisântemos que havia comprado. “As velas também já as arranjei”, disse. Apesar de fazer questão de manter “viva” a tradição, Susana não deixou de apontar à Ria a diferença de preços que notou em relação aos anos anteriores. “É muito dinheiro”, reconhece. “Pegam-se ao dia que é (…) e aproveitam-se”, acrescenta a amiga. Também Lídia aproveitou esta quinta-feira para passar pelo Mercado de Santiago para garantir que arranjaria “muita variedade de flores”. Encontrava-se junto a uma banca à procura de uns “crisântemos miudinhos ou de umas rosinhas” para misturar com os “verdes” que tem já em casa. Consigo tinha também já um ramo, praticamente da sua altura, de gladíolos. “Gosto destas flores e fazem um arranjo muito bonito”, comentou com um sorriso. Tal como Susana, também esta aveirense notou que os preços das flores estavam “ligeiramente” mais altos face ao ano anterior. Ainda assim, não deixou de vir. O objetivo, partilha, é conseguir preparar o arranjo “amanhã de manhã para colocá-lo no cemitério na sexta-feira à tarde”. Para os comerciantes do Mercado de Santiago esta azáfama pela procura de flores já não é uma novidade. Lurdes Campos, de 80 anos, já está há “muitos anos nesta vida”. Tantos que já nem nos consegue pormenorizar. Hoje, tinha só na sua ‘mini’ banca improvisada “crisântemos de várias qualidades e cores” e umas “estrelícias”. “Ao sábado, normalmente, tenho todos os produtos que eu produzo, ao nível das hortícolas, como feijão verde, couves, tomates, etc. Hoje é o dia das flores”, assinalou. Sobre os preços, Lurdes optou por os manter inalterados para garantir a fidelização dos seus clientes. Mesmo com a moldura humana que ali se verificava, a expectativa é que sexta-feira ainda venha mais gente. “Houve muitos que vieram hoje porque têm medo que chova amanhã e já vão governados, outros porque preferem levar hoje e amanhã já fazem os seus arranjos”, observa Lurdes. No caso da ‘banca da Dulce’, que já ali está há dois anos, optou por vender também arranjos de flores prontos. “É agarrar e levar”, resumia-nos com um sorriso rasgado. A maioria dos que ali ainda estavam tinham, inclusive, um papel laranja onde se lia: “vendidos”. “É a festa das flores hoje e amanhã. (…) Alguns até já trazem as flores para eu fazer [os arranjos]”, partilha. Sem nos conseguir contabilizar quantas flores ali tinha, Dulce garante que o dia de hoje e o de amanhã vão ser longos. “Nestes dias ficamos até tarde para tentarmos vender mais”, assegurou. Apesar de concordar que para uma quinta-feira já se fazia sentir bastante movimento, Lurdes não deixou de assinalar que a “gente ainda precisava de mais clientes”. Com as obras, em curso, no Mercado de Santiago, reconhece, que há muitas pessoas que optam já por ali não vir por não terem onde estacionar. “As pessoas não querem caminhar, deixam o carro longe, depois o transporte para levar para o carro… Afeta muito”, reconhece. Ainda assim, a expectativa é que até amanhã este movimento aumente “mais”.
Presidente da República marcou as eleições presidenciais para 18 de janeiro
"Nos termos previstos na Constituição e na Lei Eleitoral, o Presidente da República assinou o Decreto que fixa as eleições presidenciais para domingo 18 de janeiro de 2026, o qual seguiu para publicação no Diário da República", lê-se numa nota publicada no portal da Presidência da República na Internet. O chefe de Estado tinha confirmado a meio de setembro estar inclinado a marcar as eleições presidenciais para esta data, referindo querer evitar que o prazo limite para entrega de candidaturas coincidisse com o Natal e que uma eventual segunda volta calhasse no domingo de Carnaval. Com as presidenciais marcadas para 18 de janeiro, uma eventual segunda volta, que por lei acontece três semanas depois, calhará em 08 de fevereiro. Se as eleições fossem em 25 de janeiro, data que chegou a ser indicada, no início deste ano, por Marcelo Rebelo de Sousa, a segunda volta calharia em 15 de fevereiro, que em 2026 será domingo de Carnaval. A Lei Eleitoral do Presidente da República estabelece que o chefe de Estado "marcará a data do primeiro sufrágio para a eleição para a Presidência da República com a antecedência mínima de 60 dias". Um eventual segundo sufrágio, se nenhum dos candidatos obtiver "mais de metade dos votos validamente expressos, não se considerando como tal os votos em branco", acontecerá "no vigésimo primeiro dia posterior ao primeiro" entre os dois candidatos mais votados. As candidaturas podem ser apresentadas até "trinta dias antes da data prevista para a eleição" por "cidadãos eleitores portugueses de origem, maiores de 35 anos", propostas por "um mínimo de 7.500 e um máximo de 15.000 cidadãos eleitores". A lei impõe que tanto o primeiro como o eventual segundo sufrágio se realizem "nos 60 dias anteriores ao termo do mandato do Presidente da República cessante", período que começará em 08 de janeiro de 2026, sendo a data de fim do mandato 09 de março. Todas as anteriores eleições presidenciais em democracia se realizaram em janeiro, excetuando as duas primeiras após o 25 de Abril de 1974, para as quais a Constituição de 1976 estabelecia prazos especiais, associadas ao início e termo da primeira legislatura. As primeiras eleições foram em 27 de junho de 1976 e as segundas em 07 de dezembro de 1980. As terceiras realizaram-se em 26 de janeiro de 1986, e foram as únicas até agora com uma segunda volta, que aconteceu em 16 de fevereiro de 1986. As seguintes foram em 13 de janeiro de 1991, 14 de janeiro de 1996, 14 de janeiro de 2001, 22 de janeiro de 2006, 23 de janeiro de 2011, 24 de janeiro de 2016 e 24 de janeiro de 2021.
Agora Aveiro promove projeto educativo “Monos & Companhia” esta sexta-feira
A partir das 16h30, o Largo Dr. Jaime Magalhães Lima estará transformado num “cenário assombroso”, onde cada personagem pretende lembrar a “população dos perigos que o seu descarte incorreto traz para o ambiente, ecossistemas e saúde pública”. Será ainda criada uma instalação interativa que convidará os “mais pequenos a encontrar doces escondidos”. De forma a promover a interação com a comunidade e a evitar o descarte indevido de “monos”, também esta sexta-feira, entre as 15h30 e as 16h30, a população poderá entregar no local “eletrodomésticos, pequenos móveis e outros monos”. “Os objetos recolhidos farão temporariamente parte da instalação artística sendo depois entregues à Veolia Portugal, que se responsabilizará pelo seu correto descarte”, explica a nota de imprensa. Segundo a Agora Aveiro, no ano de 2024, no concelho, foram produzidas “cerca de 240 toneladas” de monos e monstros, sendo que “25% da população ainda não sabe como deve descartá-los”. A associação recorda ainda que, atualmente, o Município de Aveiro, com o apoio da Veolia Portugal, disponibiliza um serviço de recolha e reciclagem destes resíduos através de contacto telefónico: 234 127 942. Estes equipamentos também podem ser entregues gratuitamente no EcoCentro Municipal, de terça a sábado, entre as 09h00 e as 12h30, e entre as 14h00 e as 18h30. O “Monos & Companhia” faz parte do projeto “Aveiro mais Verde” da Agora Aveiro. É coorganizado pela Veolia Portugal e conta com a IPSS Florinhas do Vouga e o Centro de Infância Arte e Qualidade como parceiros. Tem ainda o apoio do Município de Aveiro e do IPDJ - Instituto Português do Desporto e Juventude I.P.