RÁDIO UNIVERSITÁRIA DE AVEIRO

Universidade

Joana Regadas: “Não temos medo de assumir que é preciso mudar algumas das coisas [na AAUAv]"

Joana Regadas, atual vice-presidente adjunta da direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) foi a primeira a avançar com uma candidatura à presidência da AAUAv para o mandato de 2025. A também estudante no Mestrado em Engenharia Biomédica na Universidade de Aveiro (UA) lidera a lista A que apresenta como lema “Unidos pela Voz”.

Joana Regadas: “Não temos medo de assumir que é preciso mudar algumas das coisas [na AAUAv]"
Isabel Cunha Marques

Isabel Cunha Marques

Jornalista
10 dez 2024, 21:00

Em grande entrevista à Ria, Joana Regadas voltou a assegurar que a candidatura à AAUAv foi uma decisão muito ponderada” pela “responsabilidade” que o projeto acarreta. “É uma casa com muita história e com muito peso que me estou a propor a receber”, afirmou.

Como retrospetiva sob o seu percurso na Associação Académica [numa fase inicial no setor de Apoio aos Núcleos e, atualmente, como vice-presidente adjunta da direção], Joana recordou que a sua voz “foi um bocadinho complicada de conquistar” e que gostava de passar a mensagem aos estudantes que “todos nós temos uma voz”. “(…) Foi isso que este projeto fez comigo e gostava de ter a oportunidade de lhe retribuir”, assegurou.

Atualmente, a liderar o projeto da lista A, que apresenta como lema “Unidos pela Voz”, a atual estudante no Mestrado em Engenharia Biomédica na UA adiantou que o facto de conhecer de perto a estrutura interna da AAUAv lhe permitiu “identificar muitas das falhas daquilo que não tem corrido tão bem”, realçando que a Associação Académica precisa de “evoluir”. “O projeto precisa de crescimento. Não pode estar estagnado. Se eu não achasse que havia espaço para isso não estaria a colocar-me nesta posição”, disse.

Sobre o crescimento, Joana Regadas assegurou, tal como consta no manifesto da lista A, que o mesmo deve assentar em três objetivos: “inclusão, inovação e bem-estar”. “(…) Queremos marcar e primar pela diferença. Não temos medo de assumir que é preciso mudar algumas das coisas internas da Associação Académica. Temos uma equipa formada e com experiência de dentro e, acima de tudo, temos muita gente nova que acaba por trazer para a mesa todas estas realidades que às vezes dentro da bolha é um bocadinho difícil aperceber-se”, reconheceu.

Entre os vários aspetos a corrigir dentro da Associação, a atual vice-presidente adjunta da direção da AAUAv destacou que “há efetivamente um distanciamento que pode ter sido criado pelo facto da sede da Associação Académica ser do outro lado do campus, mas é uma coisa que nós reconhecemos e queremos, efetivamente, mudar. As pessoas têm de ter espaço e têm de se sentir confortáveis para ter a voz delas”. Como propostas [para contornar esta realidade] apontou, entre os exemplos, a realização de reuniões pelos departamentos da UA e a criação de um orçamento participativo “em que os estudantes acabam por ter a oportunidade de apresentar ideias dentro de um orçamento estabelecido que depois estará explícito quando for a altura devida”.

Já sobre os pontos a trabalhar na UA, a líder da lista A afirmou, entre os vários exemplos, que o Regulamento de Estudos “já não se adequa e precisa de ser revisto”. “Ele está num processo de revisão, efetivamente… Estamos à espera de uma das partes importantes que é a passagem dos coordenadores dos núcleos e responsáveis financeiros para terem um papel de dirigente [associativ] que, atualmente, têm um papel de agente [associativo]. Mas na parte da inovação pedagógica acho que é importante. Nós estamos a ter uma geração que é cada vez mais capacitada (…) e é necessário que o regulamento de estudos se atualize, que esteja previsto esta rápida transformação daquilo que está a ser a sociedade atualmente”, apontou.

Neste seguimento, deu ainda nota da “realidade muito complicada” que os estudantes internacionais estão inseridos, atualmente. “A maior parte deles acaba por chegar quase no final do 1.º semestre (…) é esperado que eles cumpram as unidades curriculares no período normal sem ter acesso a época especial... Para além de não estarmos já aqui a colocar o valor das propinas que acaba por ser muito maior do que aquilo que é a propina para os estudantes nacionais”, criticou.

No âmbito do desporto, Joana reconheceu que o atual estatuto de estudante-atleta “não é suficiente” para permitir que todos os estudantes possam ir aos treinos ou às competições internacionais e “mesmo quando têm direito pode não haver facilidade dos docentes em alterar testes, em ter acesso a época especial… Temos de ter uma voz mais ativa e mais presente”.

Confrontada com as declarações de Wilson Carmo, atual presidente da AAUAv e mandatário da lista A, em grande entrevista à Ria, sobre a relação da Associação com o Município de Aveiro, Joana Regadas referiu que o projeto da lista A tem o “intuito de começar uma página em branco (…) com todas as instituições que possam ser nossas parceiras”. “Acho que também só faz sentido porque temos uma equipa renovada, caras diferentes no projeto e acho que só assim podemos evoluir, marcar a diferença e crescer. (…) Estamos completamente disponíveis para criar parcerias com todas as Câmaras que englobam não só o polo de Aveiro, mas também de Águeda e Oliveira de Azeméis (…)”, sustentou.

Ainda como “prioridade” da lista A, Joana assegurou que quer “reformular” a comunicação da AAUAv. “Esta reformulação vem muito de termos ouvido aquilo que os estudantes pediam. Os estudantes sentiam que a informação às vezes não era clara, que não chegava a toda a gente e efetivamente a comunicação deve ser dos setores mais trabalhosos que temos (…) Queremos que haja espaço para haver reuniões nos departamentos, horários abertos onde as pessoas possam vir ter com a presidência ou com alguns membros da direção e que seja efetivamente discutido o projeto sem qualquer entrave porque o projeto só cresce se for discutido (…)”, defendeu.

Questionada sobre as críticas às redes sociais da AAUAv, na última Assembleia Geral de Alunos, em que os estudantes acusavam a direção de publicar “mais festas e paródias do que qualquer outro tema”, Joana reconheceu que “há uma grande dificuldade” em escolher que atividades devem ser comunicadas. “Temos um ritmo de atividades bastante elevado e queremos tentar perceber o que faz sentido ou não. Durante o último ano (…) não foi tão bem conseguido aquilo que foi a comunicação por parte da política educativa (…) mas é algo que estamos cientes e esse é o primeiro passo para mudar. Consciencializar que existe esse problema que nós admitimos e verificamos isso como um problema e queremos efetivamente mudar (…)”, exprimiu.

Já na reta final da conversa, a Ria questionou ainda a candidata à presidência da AAUAv sobre o vídeo publicado pela lista opositora [lista E], nas redes sociais, esta segunda-feira, em que eram tecidas um conjuntos de críticas à atual gestão da AAUAv, entre elas, a de que a Associação está num “ciclo vicioso”. Para Joana a acusação está associada ao facto de “nos últimos três anos” só terem sido eleitos “dois presidentes [diferentes]”. “Acaba por criar a ideia de que não há rotatividade dentro daquilo que é o projeto, mas isso é uma coisa que não é equacionada. Nós somos caras novas, temos objetivos diferentes e queremos primar pela diferença. É um dos nossos compromissos. (…) Acho que o ciclo vicioso acaba (…) quando entram pessoas novas”, frisou. “Temos aqui pessoas novas no projeto, uma cara diferente a assumir o projeto e acho que esse é o primeiro passo para perceber que o que foi, "foi" e acho que o futuro é que é o caminho e é isso que temos que efetivamente discutir porque só discutindo o futuro é que a Associação Académica pode crescer nunca invalidando aquilo que é o contexto histórico de 46 anos que tem de ser sempre colocado em cima da mesa”, acrescentou.

Recomendações

UA e AAUAv reúnem Semana da Empregabilidade e Feira de Emprego U5.0 em iniciativa conjunta
Universidade

UA e AAUAv reúnem Semana da Empregabilidade e Feira de Emprego U5.0 em iniciativa conjunta

Nas palavras dos responsáveis, o evento tem como objetivo “promover a inovação, a empregabilidade e o empreendedorismo, oferecendo uma plataforma única que reflete a diversidade das áreas científicas da UA”. Ao longo da semana, esta “experiência integrada” deve juntar estudantes, alumin, empresas, empreendedores e entidades parceiras num “ambiente de colaboração e oportunidades de networking”. A 7ª edição da Semana do Empreendedorismo e Empregabilidade é o evento que começa mais cedo, no dia 17, segunda-feira. Aí, a Universidade pretende “estimular a cultura empreendedora dos membros da academia e da região” e junta especialistas de diferentes áreas, tais como inteligência artificial, intraempreendedrismo ou a comunicação. Na Feira de Emprego Universidade 5.0, que começa dia 18, terça-feira, estudantes e alumni vão poder participar em entrevistas de emprego com as empresas presentes, sendo que as inscrições para essas entrevistas devem ser feitas até ao dia de hoje, 29 de outubro. Para os interessados procederem à inscrição devem atualizar o seu CV e preencher a ficha de inscrição disponível no site da feira. As empresas vão ter acesso antecipado aos currículos dos inscritos e, após análise, devem entrar em contacto direto com os perfis de interesse para agendar as entrevistas. Entretanto, cada núcleo académico da UA “está a contribuir com uma lista de empresas relevantes das suas áreas, garantindo um evento mais representativo e abrangente”. Durante a feira, a visita aos stands das empresas vai ser livre e aberta a toda a comunidade académica da UA, sem necessidade de inscrição prévia.

‘Noite das bruxas’ traz ao GrETUA “Coletivo Raso, TRASGO e Marafada” esta sexta-feira
Universidade

‘Noite das bruxas’ traz ao GrETUA “Coletivo Raso, TRASGO e Marafada” esta sexta-feira

Numa nota de imprensa enviada à Ria, o GrETUA descreve esta noite como “gato-sapato” onde adianta que será dedicada à “relação com o oculto, com as sombras, com a superstição e o temor pelo insondável”. O primeiro a abrir caminho será o “Coletivo Raso”, um coletivo artístico que se situa entre as linguagens da poesia, da música eletrónica e da própria teatralidade. Das suas “paisagens”, o GrETUA destaca a “componente narrativa capaz de elevar e conduzir quem os escuta rumo a um trilho das incertezas”. De seguida, seguem-se os “TRASGO”. Diretamente do Porto e “apostados no peso do noise-rock”, segundo a nota, pretendem construir "um novo distorcido mundo onde cimentam que a linha do Douro vai do Porto a Trás-Os-Montes”. Por fim, “Marafada” proporcionará um “percurso musical sem geografia fixa”. Na nota, o GrETUA destaca a sua “participação ativa nos bastidores da Rádio Universidade de Coimbra (RUC)”, destacando, entre os exemplos, o programa “Gondwana” que explora a música étnica. A noite “gato-sapato” tem o custo, com reserva, de seis euros para estudante e de oito euros para não estudante. À porta, o custo aumenta um euro em ambos os casos. As reservas podem ser feitas aqui

Exposição de Ricardo Escarduça e Alexandre Baptista encerra o ciclo “O Desenho como Pensamento”
Universidade

Exposição de Ricardo Escarduça e Alexandre Baptista encerra o ciclo “O Desenho como Pensamento”

“Um Traço e outras linhas. O desenho é sempre outra coisa” trata-se da última exposição coletiva integrada na terceira edição do ciclo “O Desenho como Pensamento”. Uma iniciativa, copromovida pelo Município de Águeda e pela Universidade de Aveiro (UA), que agrega exposições e conversas. Segundo uma nota de imprensa enviada à Ria, nesta mostra estarão patentes trabalhos da autoria de “Armanda Duarte, Bárbara Bulhão, Carlos Nogueira, Catarina Mil-Homens, Gonçalo Sena, João Louro, Jorge Abade, Jorge Martins, Nuno Sousa Vieira e Pedro A. H. Paixão”. A exposição estará disponível até ao dia “17 de janeiro de 2026” na Casa da Cultura de Ílhavo. Além desta mostra e, integradas no ciclo “O Desenho como Pensamento”, estão ainda patentes em Águeda até, esta sexta-feira, três exposições individuais: a instalação “Fuga do Tempo”, de Martim Brion, na casa-projeto no Campus da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA), que se centra na distribuição espacial da obra e na sua dimensão temporal; a exposição “Como cantar o silêncio dos pássaros”, na Biblioteca Municipal Manuel Alegre, onde o seu autor, Paulo Lisboa, apresenta, através de pequenos e grandes formatos, trabalhos onde o desenho, a fotografia e a projeção se entrecruzam e a mostra “Meio coiso”, no Centro de Artes de Águeda, da autoria de José Loureiro onde o artista plástico apresenta dois tipos de trabalho que o próprio designou de “olhos” e “ácaros”. No dia 31 de outubro termina também a exposição coletiva “O corpo no desenho das identidades: reflexões a partir da coleção Figueiredo Ribeiro”, que está a decorrer em diferentes espaços da UA- edifício central da Reitoria e na sala Hélène de Beauvoir na Biblioteca- e na cidade na Casa Dr. Lourenço Peixinho. A mostra conta com a curadoria de Helena Mendes Pereira e é constituída por trabalhos de 21 artistas, entre eles, Cecília Costa e Pedro Paixão. Na nota enviada à Ria, a UA refere ainda que a terceira edição do ciclo “O Desenho como Pensamento”, da iniciativa e responsabilidade criativa de Alexandre Baptista, contou com o “maior envolvimento de sempre da Universidade e, por essa via, trouxe a Aveiro e a Águeda um grande número de iniciativas”. No total, a atividade envolveu “30 artistas, dois curadores e um colecionador, em quatro mostras na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA) e três exposições alargadas que levaram a arte contemporânea a dois espaços no campus universitário de Santiago e à casa Lourenço Peixinho”. Em diferentes espaços da Universidade de Aveiro aconteceram ainda “três conversas” que reuniram “dez especialistas” que refletiram sobre diferentes temas associados ao desenho. Como programa paralelo decorreram ainda “duas performances”. A exposição coletiva “O corpo no desenho de identidades: reflexões a partir da Coleção Figueiredo Ribeiro” e a conversa “O corpo como território: feminismos e identidades na Coleção Figueiredo Ribeiro” encontram-se ainda disponíveis online para visualização. A visita guiada à mostra pode ser consultada aqui e a conversa aqui.

“Cerca de 20” estudantes de Aveiro juntaram-se a mobilização nacional contra aumento das propinas
Universidade

“Cerca de 20” estudantes de Aveiro juntaram-se a mobilização nacional contra aumento das propinas

Na mobilização dos estudantes que, em Lisboa, seguem desde o Rossio até à Assembleia da República, o foco está na luta contra o aumento das propinas já anunciado pelo governo. Recorde-se que, no início do passado mês de setembro, Fernando Alexandre, ministro da Educação, Ciência e Tecnologia, anunciou o aumento das propinas do 1º ciclo de estudos em 13 euros e o descongelamento das propinas do 2º ciclo – ideias que vêm agora inscritas na proposta de Orçamento de Estado para 2026. Entre as palavras de ordem, ouvia-se “A propina dói” ou “Propinas e Bolonha, é tudo uma vergonha”. À Ria, Joana Regadas, presidente da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv), que esteve na manifestação como parte do Conselho das Associações Académicas Portuguesas (CAAP), conta que a chuva não ajudou à mobilização, embora a massa de estudantes presentes ainda fosse considerável. De Aveiro partiram “cerca de 20” estudantes, menos do que aqueles que, segundo diz, fizeram o mesmo trajeto no Dia Nacional do Estudante. Nas palavras da dirigente, que recorda que a taxa não representa a “maior fatia” do bolo orçamental que impede os estudantes de aceder ao ensino superior, "não se pode descurar a importância” que teria uma redução do valor a propina, conforme é defendido pelo CAAP. Como já tinha afirmado quando questionada sobre o valor da dívida dos estudantes à Universidade de Aveiro (UA) em propinas, Joana Regadas salientou que não é só o aumento do valor da taxa que preocupa os estudantes. O objetivo do CAAP, segundo afirma, é combater as várias desigualdades que se sentem no ensino superior português e que não são iguais em todo o país. De acordo com notícia publicada ontem pelo jornal Público, estava assegurada a participação das associações representativas dos estudantes de Trás-os-Montes e Alto Douro, Coimbra, Minho, Açores, Madeira, Aveiro, Algarve e Évora, bem como a Federação Académica de Lisboa. Por seu lado, a Federação Académica do Porto disse não participar na ação. Ao Público, o presidente Francisco Porto Fernandes garantiu que “é contra o aumento da propina”, mas diz não se rever na reivindicação da gratuitidade do ensino superior: “Não faz sentido estar a isentar de propinas quem as pode pagar, devemos sim investir no alojamento estudantil”.

Últimas

Inova-Ria promove hoje ‘Tech Meetup’ sobre a qualidade no processo de desenvolvimento de software
Cidade

Inova-Ria promove hoje ‘Tech Meetup’ sobre a qualidade no processo de desenvolvimento de software

O evento, segundo uma nota de imprensa enviada às redações, pretende ser um “espaço de partilha de experiências e discussão de boas práticas” que garantam a “continuidade e excelência nos negócios”. Com organização conjunta da Inova-Ria e da Strongstep, ao longo da sessão, serão apresentados: “casos reais de melhoria contínua em equipas de desenvolvimento; estratégias para elevar a maturidade de processos e reduzir falhas críticas, e uma discussão sobre frameworks e normas internacionais que sustentam a qualidade e sustentabilidade tecnológica nas organizações”. Na nota, a organização destaca ainda que a iniciativa contará com a participação de empresas convidadas, nomeadamente, a “ANOVA” e “HLink”. Estas empresas “partilharão perspetivas sobre inovação, gestão de risco e automação no contexto da engenharia de software”, explica. Para além da sessão “técnica”, a iniciativa vai proporcionar um momento de “networking informal, promovendo a troca de experiências e oportunidades entre profissionais da comunidade tecnológica da região”. O Tech Meetup desta sexta-feira não tem qualquer custo, mas as reservas devem ser feitas aqui.

PS Aveiro quer “um representante não eleito” na mesa da Assembleia Municipal
Cidade

PS Aveiro quer “um representante não eleito” na mesa da Assembleia Municipal

De acordo com uma nota de imprensa enviada às redações, o grupo parlamentar do PS Aveiro, liderado por Cláudia Cruz Santos, cabeça de lista à Assembleia Municipal estas eleições autárquicas, propõe um novo regimento para o mandato que se inicia com: “maior participação dos munícipes, com tempo reservado no início de cada sessão e sem necessidade de inscrição prévia em formulário próprio”; “maior antecedência no recebimento da informação enviada pela Câmara Municipal para que o dever de fiscalização possa ser efetivamente cumprido”; “criação de uma Comissão Permanente, com representação de todas as forças políticas, que seja ouvida para a tomada de decisões essenciais sobre o funcionamento da Assembleia Municipal”; “eleição de uma Mesa da Assembleia que assegure a pluralidade democrática e o escrutínio das decisões, incluindo necessariamente um representante não eleito pelo partido ou coligação mais votados” e “tempos de intervenção equilibrados para o Executivo e os deputados municipais, garantindo o contraditório e o escrutínio efetivo”. Recorde-se que, no passado dia 12 de outubro, a ‘Aliança com Aveiro’ (PSD/CDS-PP/PPM) venceu a Assembleia Municipal sem maioria absoluta com “38.83%” dos votos, elegendo 12 mandatos. Seguiu-se o PS com “29.91%” dos votos com nove mandatos; o Chega com “12.00%” com três mandatos; a Iniciativa Liberal (IL) com “6.06%” dos votos com dois mandatos e o Livre com “3.37%” com um mandato. Note-se que, apesar da 'Aliança' não ter alcançado maioria, com os nove presidentes de junta, eleitos pela coligação, que são membros por inerência na Assembleia, a Aliança com Aveiro passa a deter maioria absoluta.Miguel Capão Filipe (CDS-PP) será o novo presidente da Assembleia Municipal. Até agora, Luís Souto de Miranda, agora eleito presidente da Câmara pela ‘Aliança’, era quem ocupava esse cargo. Relembre-se ainda que esta sexta-feira, 31 de outubro, pelas 18h00, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, terá lugar a tomada de posse dos autarcas municipais- da Câmara e da Assembleia Municipal. Pelas 20h00, já na sede da Assembleia Municipal, dar-se-á a primeira reunião para a eleição da mesa do mesmo órgão.

Senhorio iliba companheira por mortes em quarto alugado em Aveiro
Cidade

Senhorio iliba companheira por mortes em quarto alugado em Aveiro

“Sou eu que giro a casa. Ela está aqui, mas não tem qualquer conhecimento dos factos”, disse o arguido, na primeira sessão da repetição do julgamento, que começou hoje no Tribunal de Aveiro. O homem de 64 anos e a mulher de 55 anos estão acusados de dois crimes de homicídio por negligência e um crime de ofensas à integridade física, também por negligência, cada um, por factos ocorridos entre janeiro e fevereiro de 2019. No arranque da repetição do julgamento, decretada pelo Tribunal da Relação, o arguido começou por lamentar o sucedido com as vítimas e afirmou estar convencido que o esquentador, que se encontrava no quarto alugado onde ocorreram os factos, estava bem instalado. “Quando contratei as pessoas para fazer a instalação confiei plenamente no trabalho deles, porque me certificaram que estava em ordem. A partir desse momento, fiquei descansado”, disse, sem conseguir identificar quem é que fez a instalação do equipamento. O arguido alegou ainda que o quarto foi habitado por várias pessoas, incluindo os próprios arguidos, e não aconteceu nada, lamentando que após a primeira morte não tenham sido alertados para o problema com o esquentador. “Se tivéssemos sido informados, nada disso teria acontecido (...). Só soubemos da causa da morte quando a Polícia Judiciária nos chamou e nos constituiu como arguidos”, afirmou. O arguido disse ainda que, na altura, relacionou as duas mortes com o uso de drogas, num caso, e a falta de alimentação e uso de medicação para emagrecer, num outro. Em setembro de 2024, os arguidos foram condenados, no Tribunal de Aveiro, a uma pena única de dois anos de prisão, com pena suspensa, em cúmulo jurídico. A suspensão da pena ficou sujeita à condição de os arguidos comprovarem, no prazo de dois meses, que o imóvel tem certificação quanto à instalação do gás. Além da pena de prisão, os arguidos foram ainda condenados a pagar uma indemnização superior a 185 mil euros às famílias das vítimas, acrescidas das despesas hospitalares. Os casos ocorreram entre janeiro e fevereiro de 2019, numa casa situada em Aveiro, onde já tinha funcionado um lar ilegal. Em menos de um mês, morreram duas pessoas e uma terceira sofreu danos físicos irreversíveis, após a inalação de monóxido de carbono, devido a um esquentador mal instalado. O tribunal teve em conta um exame pericial que demonstrou que o esquentador "não reunia as condições necessárias de segurança e ventilação", estando a abertura para o exterior obstruída por uma grelha, o que era do conhecimento dos arguidos. A instalação do esquentador, no entender do tribunal, foi feita de forma “absolutamente anómala e insensata”, sem qualquer certificação, tanto mais que a pessoa encarregada pela instalação tinha a profissão de coveiro. A juíza assinalou ainda que a falta de condições estava de resto retratada no relatório da Segurança Social que fundamentou o encerramento urgente do lar que funcionou no mesmo espaço antes deste caso.

Mercado de Santiago vive a “festa das flores” com a proximidade do Dia de Todos os Santos
Cidade

Mercado de Santiago vive a “festa das flores” com a proximidade do Dia de Todos os Santos

Susana optou por vir esta manhã para evitar o mau tempo previsto para esta sexta-feira. Fazia-se acompanhar do seu neto e de uma amiga. “Isto tem de ser feito… Não tem de se estar a guardar para o dia”, atirou com um riso. Numa das mãos segurava já um arranjo pronto e, na outra, um “molho” de flores com que pretendia preparar mais alguns. Estava, naquele momento, a escolher as esponjas para colocar os crisântemos que havia comprado. “As velas também já as arranjei”, disse. Apesar de fazer questão de manter “viva” a tradição, Susana não deixou de apontar à Ria a diferença de preços que notou em relação aos anos anteriores. “É muito dinheiro”, reconhece. “Pegam-se ao dia que é (…) e aproveitam-se”, acrescenta a amiga. Também Lídia aproveitou esta quinta-feira para passar pelo Mercado de Santiago para garantir que arranjaria “muita variedade de flores”. Encontrava-se junto a uma banca à procura de uns “crisântemos miudinhos ou de umas rosinhas” para misturar com os “verdes” que tem já em casa. Consigo tinha também já um ramo, praticamente da sua altura, de gladíolos. “Gosto destas flores e fazem um arranjo muito bonito”, comentou com um sorriso. Tal como Susana, também esta aveirense notou que os preços das flores estavam “ligeiramente” mais altos face ao ano anterior. Ainda assim, não deixou de vir. O objetivo, partilha, é conseguir preparar o arranjo “amanhã de manhã para colocá-lo no cemitério na sexta-feira à tarde”. Para os comerciantes do Mercado de Santiago esta azáfama pela procura de flores já não é uma novidade. Lurdes Campos, de 80 anos, já está há “muitos anos nesta vida”. Tantos que já nem nos consegue pormenorizar. Hoje, tinha só na sua ‘mini’ banca improvisada “crisântemos de várias qualidades e cores” e umas “estrelícias”. “Ao sábado, normalmente, tenho todos os produtos que eu produzo, ao nível das hortícolas, como feijão verde, couves, tomates, etc. Hoje é o dia das flores”, assinalou. Sobre os preços, Lurdes optou por os manter inalterados para garantir a fidelização dos seus clientes. Mesmo com a moldura humana que ali se verificava, a expectativa é que sexta-feira ainda venha mais gente. “Houve muitos que vieram hoje porque têm medo que chova amanhã e já vão governados, outros porque preferem levar hoje e amanhã já fazem os seus arranjos”, observa Lurdes. No caso da ‘banca da Dulce’, que já ali está há dois anos, optou por vender também arranjos de flores prontos. “É agarrar e levar”, resumia-nos com um sorriso rasgado. A maioria dos que ali ainda estavam tinham, inclusive, um papel laranja onde se lia: “vendidos”. “É a festa das flores hoje e amanhã. (…) Alguns até já trazem as flores para eu fazer [os arranjos]”, partilha. Sem nos conseguir contabilizar quantas flores ali tinha, Dulce garante que o dia de hoje e o de amanhã vão ser longos. “Nestes dias ficamos até tarde para tentarmos vender mais”, assegurou. Apesar de concordar que para uma quinta-feira já se fazia sentir bastante movimento, Lurdes não deixou de assinalar que a “gente ainda precisava de mais clientes”. Com as obras, em curso, no Mercado de Santiago, reconhece, que há muitas pessoas que optam já por ali não vir por não terem onde estacionar. “As pessoas não querem caminhar, deixam o carro longe, depois o transporte para levar para o carro… Afeta muito”, reconhece. Ainda assim, a expectativa é que até amanhã este movimento aumente “mais”.