Música, teatro, comédia, cinema e atividades para as escolas em abril no Teatro Aveirense
A Festa do Cinema Italiano, Amigos da Treta, concerto dos Marquise e espetáculos de Paulo Matos e da companhia Mala Voadora são alguns dos destaques da programação de abril no Teatro Aveirense.
Redação
O mês de abril traz ao Teatro Aveirense um conjunto de propostas em diferentes áreas, convocando a música, o teatro, a comédia, o cinema e as atividades para as escolas.
O início do mês é marcado pela celebração da Revolução dos Cravos com a companhia Mala Voadora, que traz a Aveiro o seu espetáculo 25 de abril de 1974, encenado por Jorge Andrade, a ser apresentado em exclusivo para a comunidade escolar nos dias 3 e 4 de abril. Para além de dar a conhecer os factos que garantiram a instauração de uma democracia em Portugal, esta criação estabelece com o seu público um diálogo em torno dos mecanismos de construção da ficção e da manipulação da realidade. No dia 6 de abril, o Teatro Aveirense apresenta-se fora de portas com Jacarandá, um espetáculo de marionetas, de Adriana Melo e Magnum Soares, que se revela sob a forma de solo intimista e sem palavras numa viagem pelas profundezas da natureza. Encontro marcado às 16h00 no Auditório da Sociedade Musical de Santa Cecília, em São Bernardo, com entrada gratuita. Uma iniciativa do programa municipal Aveiro em Família para maiores de 6 anos.
Na semana seguinte, no dia 10 de abril, será a vez de os Marquise se apresentarem em palco, integrados no ciclo Novas Quintas, com o qual o Teatro Aveirense tem revelado nomes emergentes da música nacional. Os Marquise são um quarteto nascido no Porto com uma clara influência do rock alternativo dos anos 90. Em 2023 lançaram um EP de estreia que rapidamente os destacou no panorama nacional emergente e acabam de apresentar o primeiro álbum. O dia 11 de abril terá como destaque o fenómeno Amigos da Treta, projeto criado em 1997 e que se apresenta no Teatro Aveirense com José Pedro Gomes e Aldo Lima a darem corpo às personagens Zezé e Jóni.
A música regressa no dia 19 de abril com o concerto de encerramento do XXII Estágio da Orquestra dos Jovens dos Conservatórios Oficiais de Música, iniciativa que irá decorrer no Teatro Aveirense entre os dias 16 e 19 de abril, com um momento público na sua derradeira data. Nos dias 22 e 23 de abril o Teatro Aveirense volta a receber a Festa do Cinema Italiano, que nesta edição propõe os filmes “Confidência”, de Daniele Luchetti, Diva Futura; “Cicciolina e a Revolução do Desejo”, de Giulia Louise Steigerwalt; “O Lugar do Trabalho”, de Michele Riondino e “A Grande Ambição”, de Andrea Segre. No cinema existe ainda a programação da rubrica “Os Filmes das Nossas Terças”, este mês preenchida com os filmes “Monsieu Aznavour”, de Mehdi Idir e “Grand Corps Malade,” no dia 1 de abril, “Lulu”, de Pedro Anjos, no dia 8, e “Diamante Bruto”, de Agathe Riedinger, no dia 15. A estes filmes junta-se a antestreia de “A Última Meia”, no dia 24 de abril, uma curta-metragem de animação de Carolina Batista que contou com o apoio da Câmara Municipal de Aveiro.
O mês completa-se com o espetáculo “Refugiado”, no dia 30 de abril, encenado e interpretado por Paulo Matos, que se debruça sobre o tema da migração, relatando a epopeia de um homem que foge do seu país de origem para procurar um futuro possível num outro lugar.
A programação na íntegra pode ser consultada aqui.
Recomendações
Glória e Vera Cruz: este são os nomes mais falados para a liderança da Junta de Freguesia
No caso da Junta de Freguesia da União das Freguesias de Glória e Vera Cruz, há nesta fase pelo menos três nomes em cima da mesa. Gonçalo Carvalho, antigo presidente da Associação de Andebol de Aveiro, e Fernando Marques, que tem o mesmo nome do atual presidente da Junta de Freguesia pois é seu filho, são nomes falados por vários militantes sociais-democratas como eventuais candidatos pela coligação PSD/CDS/PPM. Bruno Ferreira, atual tesoureiro no Executivo da Junta de Freguesia, tem sido surpreendentemente apontado por várias pessoas como possível candidato independente apoiado pelo PS. Contactado pela Ria, o militante social-democrata Gonçalo Carvalho referiu estar “sempre disponível” para ajudar o partido naquilo que for necessário. “[É necessário] malta mais nova ajudar e eu estou sempre disponível, seja na Glória Vera Cruz ou em outras zonas”, afirmou. Questionado se já mostrou essa disponibilidade a Luís Souto, candidato do PSD/CDS/PPM à Câmara Municipal de Aveiro (CMA), Gonçalo referiu que formalmente “não”. “Vamos sempre falando não só com o Luís, mas até com pessoas que saíram da Comissão Política, pessoas que não estão no ativo no partido, as conversas vão sempre surgindo”, disse. “Eu acho que até a Ria sabe primeiro quando é que eu vou ter a conversa do que propriamente eu”, brincou. Também Fernando Marques, filho do atual presidente da Junta de Freguesia da União das Freguesias de Glória e Vera Cruz, exprimiu à Ria estar disponível para assumir esse lugar. “Eu sou um munícipe tecnicamente habilitado para um cargo autárquico. Tenho um mestrado em Planeamento Regional e Urbano, sou auditor em Contratação Pública pela Universidade de Coimbra, estou a fazer as unidades curriculares do mestrado de Administração e Políticas Públicas. Por outro lado, tenho feito um discreto e eficiente trabalho autárquico (…). O último argumento que gostaria que fosse utilizado é de ser filho de... Será por méritos próprios e não por ser seu herdeiro, passo a expressão”, relembrou. Tal como Gonçalo, Fernando Marques avançou que também não falou com Luís Souto. “Eu disponível para a comunidade estou sempre, mesmo quando ninguém me pediu nada. Eu sempre tomei a iniciativa de trabalhar para a comunidade, mas discreto e sempre presente”, afirmou. “Não tenho nenhum comentário a conversas ocorridas ou não ocorridas”, acrescentou. Contactado pela Ria, Bruno Ferreira, atual tesoureiro da Junta de Freguesia da União das Freguesias de Glória e Vera Cruz, não quis fazer comentários. “Tudo a seu tempo”, declarou. Recorde-se que o atual presidente da Junta de Freguesia, Fernando Marques, um histórico autarca do Município de Aveiro, não se poderá recandidatar fruto ter atingindo o limite de mandatos possíveis, depois de 12 anos na liderança da União de Freguesias de Glória e Vera Cruz. É provável que as próximas semanas tragam novos desenvolvimentos.
Ribau Esteves seguro da herança que deixa a Aveiro, mas PS critica as opções
Fernando Nogueira, vereador eleito pelo Partido Socialista (PS), deu nota de que “um saldo de gerência de 33,5 milhões e uma execução da despesa orçamentada da ordem dos 57% é bastante inferior àquilo que era esperado”. Para o socialista houve “alguma incapacidade de realizar aquilo a que a Câmara se propôs” e “alguma aposta parcialmente errada, pelo menos no exercício corrente, de realizar a sua despesa em projetos e propô-los a financiamento”. “A Câmara apresenta liquidez por não conseguir concretizar alguns projetos de montante elevado em carteira, independentes desse financiamento, e embora esteja justificado pela incapacidade de realização em despesa de capital não deve ser ignorado o indicador de alerta precoce de desvios orçamentais face ao que ele pode representar em termos de comportamento sobre orçamentação”, alertou Fernando Nogueira. O vereador apontou ainda que apesar de reconhecer “algumas melhorias” no espaço público, as obras destacadas por José Ribau Esteves, como a do monumento invocativo à Muralha, “foram processos quase unipessoalmente tratados com muitas críticas às opções e com muita falta de consenso sobre o que elas representam, custaram e o que trazem de bom”. Fernando Nogueira revelou ainda preocupação relativamente ao aumento de turismo, referido por Ribau Esteves, considerando que este “sucesso” adveio da abertura do Rossio, projeto ao qual os socialistas referem ter tido “uma grande resistência”. “(…) Devíamos ter mais cuidado relativamente ao que queremos para a cidade em termos do turismo. Aquilo que é resultado positivo hoje, pode, a longo prazo, ser negativo como tem sido em muitos sítios”, reparou. O socialista criticou também a falta de capacidade do atual executivo de “fazer pontes” nas tomadas de decisão. “É uma marca deste executivo e desta governação a falta de discussão política”, considerou. “Falar de discussão pública quando ela foi sempre adversativa, de combate, de oposição sem nenhuma tentativa de antes de tomar decisões reunir para procurar algumas linhas de contacto é uma marca, em geral, destes mandatos e desta maneira de estar na política”, entendeu Fernando Nogueira. À Ria, José Ribau Esteves apontou que o seu executivo vai deixar “coisas positivas” a Aveiro. “Nós ganhamos [as eleições] com claríssima maioria, portanto governamos a executar o nosso programa com toda a intensidade e compromisso com os cidadãos até ao fim do mandato”, reparou. “Nada do que fazemos está fora do nosso programa de candidatura; e por outro lado, na dimensão financeira, em vez de recebermos uma Câmara endividada com problemas de credibilidade e de organização, como eu recebi (…) vamos entregar uma Câmara com solidez financeira, com todo um conjunto de parâmetros com qualidade, com uma relação da dívida com receita absolutamente equilibrada, com capacidade de endividamento, com muitos contratos e muitas reservas de fundos comunitários já tratadas com as diferentes autoridades de gestão”, apontou o edil.
Ribau Esteves quebra o silêncio e fala de Ângela Almeida e da "surpresa" Firmino Ferreira
Relativamente aos acontecimentos mais recentes da vida do PSD-Aveiro, José Ribau Esteves mostrou-se surpreendido com o facto de Ângela Almeida não ser licenciada, contrariamente ao que afirmava. O edil garante que não tinha conhecimento da situação, referindo que não se envolve nas questões da vida pessoal dos colegas por uma “questão de princípio”. “Sabia aquilo que toda a gente sabia, não sei mais nada”, afirma o autarca que diz ainda que não falou com a também presidente da Junta de Freguesia de Esgueira desde os acontecimentos da quarta-feira passada. Sobre se considera existirem condições para que Ângela se mantenha à frente da freguesia de Esgueira, José Ribau Esteves refere que “as condições de cada pessoa em relação à natureza política e à natureza pessoal são da conta de cada um”, apontando que “só houve uma vez na minha vida que entendi que uma pessoa não tinha condições” para se manter em funções, dando conta que procedeu formalmente “a quem de direito”. “A presidente Ângela Almeida é uma pessoa que eu conheci na política, quando me candidatei, uma pessoa da minha estima e consideração, uma excelente presidente de Junta”, sublinhou Ribau Esteves. Relativamente às mais recentes demissões na secção concelhia, José Ribau Esteves sublinha ser “a vida normal dos partidos”. “Como é lógico preferíamos todos estar todos de acordo em relação ao candidato à Câmara, estarmos todos de acordo em relação ao candidato a deputado em representação do nosso município: mas a democracia não é feita assim”, entende. “Estarmos todos de acordo em relação a listas de deputados com centenas de pessoas é um exercício seguramente impossível em qualquer partido”, reitera. Sobre a indicação de Firmino Ferreira para a lista de deputados às eleições legislativas, o edil afirma “não conhecer o que aconteceu”, mas sublinha ser “uma surpresa absoluta”. “Nenhum de nós - que conhece o presidente Firmino há tantos anos - o veria deputado”, repara. “É uma surpresa absoluta, mas do que eu li parece que ele próprio também ficou surpreendido”, aponta o presidente da CMA que refere saber “da dificuldade e das tensões” dos processos. José Ribau Esteves considera ainda "chocante” o lugar atribuído a Aveiro na lista de deputados. “É obviamente chocante para nós todos a pessoa de Aveiro baixar de terceiro para décimo primeiro [lugar]”, considera o edil aveirense dando nota que a explicação para essa descida só pode ser dada pelo “secretário-geral e presidente do partido”. Sobre o apoio a Luís Montenegro, José Ribau Esteves frisa que o partido pode contar com o seu apoio, evidenciando que, apesar das discordâncias sobre a forma como foi conduzido o processo autárquico pela direção nacional do PSD, continua disponível para apoiar o partido nesta campanha. “O partido sabe o que eu fiz e que tive disponível na eleição anterior e obviamente sabe igual no que respeita a esta eleição”, aponta o autarca. “Eu não tenho qualquer dúvida e é a minha profunda convicção que haverá uma maioria de portugueses, que não acredito que propiciem (…) uma maioria absoluta, mas que possibilite que a Aliança Democrática (PSD-CDS) ganhe as eleições, e julgo que há condições para que ganhe com um bocadinho mais de folga (…), ao Partido Socialista, do que aquilo que aconteceu o ano passado”, reitera.
Luís Souto reage à crise no PSD-Aveiro: "Ao cidadão comum isto não interessa nada"
Firmino Ferreira, presidente da concelhia do PSD-Aveiro, foi anunciado na passada quarta-feira, 26 de março, pela direção nacional do PSD, em 11.º lugar na lista de deputados às eleições legislativas pelo círculo de Aveiro, contrariamente ao esperado. A indicação da estrutura local para a distrital recaía, inicialmente, sob Ângela Almeida, presidente da Junta de Freguesia de Esgueira e deputada na legislatura cessante. Para Luís Souto, as disputas internas dos partidos são “problemas que vão surgindo de Norte a Sul”, não querendo exprimir opinião por “não estar ligado a esse processo de escolha de deputados”. “Sempre que se está a escolher candidatos, nomes, há sempre dificuldades, dores de parto, como eu digo, não é? Portanto, isto não é nada de novo”, refletiu. À Ria garantiu ainda estar focado no processo autárquico. “Não vou dizer que é agradável assistir a isso, obviamente que não é agradável, mas, como digo, são processos que não são comunicantes, nem têm nada que ser e é um processo com o qual eu não estou de facto relacionado”, refletiu. Recorde-se que, na passada sexta-feira, Firmino Ferreira revelou à Ria que Luís Souto soube do convite deste para integrar a lista de deputados “da parte de tarde” dessa quarta-feira [quando foram revelados os nomes do círculo de Aveiro]. Sobre esta conversa, o candidato pelo PSD/CDS/PPM não confirmou e respondeu apenas à Ria que o “presidente Firmino liga-me todos os dias, várias vezes. Isso eu posso confirmar”. “Uma caixa para a Rádio Ria: Firmino e Luís Souto falam todos os dias, é verdade, pronto”, ironizou. Questionado ainda sobre o que achou do nome de Firmino Ferreira para integrar a lista de deputados pelo círculo de Aveiro, o candidato pelo PSD/CDS/PPM optou por não dar a sua “opinião pessoal”. “Poderia ter, mas é uma posição minha de me manter à margem do processo relativo à escolha dos candidatos a deputados. Como disse, é sempre um processo. É doloroso em todos os partidos, só que há partidos que não mostram tanto”, referiu. Relembre-se que no dia em que a Ria avançou com a notícia de que Ângela Almeida não era licenciada pela Universidade de Aveiro (UA), tal como se apresentava, foi publicada a lista de deputados pelo círculo de Aveiro. Sobre não ser licenciada, Luís Souto assegurou também à Ria que desconhecia essa informação. “Que não era licenciada? Então, mas acha que eu ando a verificar se as pessoas são diplomadas ou se não são diplomadas?”, atirou. “O que eu tenho a dizer sobre a Ângela Almeida é o seguinte: uma excelente presidente da Junta (…). É preciso que as pessoas saibam. Teve uma grande vitória em Esgueira, quando as pessoas pensavam que não ia conseguir ganhar, porque Esgueira é um terreno muito difícil (…). O nosso futuro não é virar a página e agora esquecer a Ângela Almeida”, vincou Luís Souto. “A Ângela Almeida está em funções, é a presidente da Junta, a sua equipa, o seu trabalho, a experiência e o trabalho que tem desenvolvido em Esgueira falam por si e são para nós uma semente para o futuro”, continuou. Sobre as oito demissões no partido, Luís Souto interpelou a Ria se algumas dessas demissões tinham sido por sua causa. “Antes pelo contrário, realçam sempre que nunca esteve em causa o nome do candidato autárquico (…). Isto significa que eu tenho o apoio de todo o partido... Agora não é só do partido, mas também da aliança constituída”, reforçou fazendo referência ao CDS-Aveiro e ao PPM. “Tirando um caso ou outro, nós sabemos, logo no início, que está no seu direito de discordar (…). Vão entrevistar o Simão Santana, o nosso anterior presidente da concelhia, se em algum momento ele disse: ‘eu estou muito desagradado com a escolha deste nome’ (…). Eu acho que isso nunca se passou, mas ele pode-vos dizer”, exemplificou. A Ria tentou contactar Simão Santana, mas este não quis prestar qualquer declaração quanto ao assunto. Questionado ainda se estas demissões terão implicação na sua campanha, o candidato pelo PSD/CDS/PPM descartou tal opção. “Neste momento nós estamos a começar. Este debate de sábado (…) foi um momento que não estava no nosso calendário de organização da campanha, mas eu entendi que era muito importante estar presente porque os temas da mobilidade saudável e da descarbonização não são temas da esquerda (…). Claro que não é agradável ver isso nas notícias, mas, sinceramente, eu não estou para desviar a minha atenção para essas questões. E depois também digo outra coisa... Acredite que ao cidadão comum de Aveiro isto não interessa nada”, rematou.
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O Jardim Secreto dos Partidos: Carlos Jalali explica-nos como são escolhidos os deputados
Atualmente, Portugal utiliza o sistema eleitoral de representação proporcional de lista fechada (RPLF) para eleger os 230 deputados para o Parlamento, na Assembleia da República. Os mandatos são distribuídos por 22 círculos eleitorais com base no número de eleitores recenseados, usando o método de Hondt [um sistema de distribuição de mandatos em eleições proporcionais]. Com as eleições legislativas antecipadas no horizonte, surge a questão: como escolhem os partidos os 230 deputados que compõem a Assembleia? Nas eleições legislativas, segundo o estudo, “a Constituição de 1976 consagra o monopólio de representação parlamentar aos partidos políticos”. Significa isto que do ponto de vista legal, praticamente qualquer cidadão pode ser candidato, “inclusive com dupla nacionalidade”, desde que esteja inserido numa lista partidária. O mesmo aplica-se aos chamados “candidatos não partidários” e que se identificam como independentes. Neste caso, para Carlos Jalali a decisão é, em última análise, do partido. “Um cidadão comum qualquer não pode simplesmente seguir ou concorrer a deputado: tem de ter um partido que o aceite como candidato (…) e que o coloque num lugar elegível [para ser deputado]”, explicou. “Obviamente que há independentes que entram nas listas, mas é um processo de pessoas que têm uma ligação, muitas vezes, ao partido”, continuou. Para o docente do DCSPT há “vantagens e desvantagens” neste processo de seleção de deputados. “Obviamente que uma das vantagens de ter um sistema mais aberto é que o eleitor passa a ter mais escolha na seleção dos candidatos. No entanto, também corre o risco e tem a potencial desvantagem de criar grupos parlamentares que são menos coesos. O que pode tornar mais difícil o processo de decisão coletiva no Parlamento”, alertou. “O exemplo extremo disto é o Brasil que tem um sistema eleitoral de representação proporcional e onde as pessoas podem votar em candidatos individuais. Neste caso, o Parlamento é composto por grupos parlamentares que são muito pouco coesos e onde os deputados saltam de partido em partido”, exemplificou. Face a isto, Carlos Jalali relembrou que “não há sistemas eleitorais perfeitos”. “Se existissem sistemas eleitorais perfeitos, todos os países teriam o mesmo sistema eleitoral, o que não acontece”, atentou. O estudo “O Essencial da Política Portuguesa” sugere que o facto de se utilizar um sistema eleitoral RPLF em Portugal, implica que, na prática, os partidos são “os únicos guardiões do processo de seleção de candidatos”. “Os eleitores têm uma escolha nas eleições. Escolhem o partido em que vão votar, mas a seleção dos candidatos individuais (…) é determinada pelos partidos. A exceção é o partido Livre (L) que tem alguma abertura no processo de seleção de candidatos, através das [eleições] primárias”, reconheceu o docente. “Obviamente que os partidos têm algum interesse em selecionar candidatos que possam atrair votos (…) Essa dimensão tende a centrar-se a nível dos cabeça de lista, que são aqueles que têm visibilidade, sobretudo em círculos maiores. E a verdade é que a perceção que tenho, até de perguntar a alunos, é que só uma proporção minoritária conhece os deputados dos círculos eleitorais onde elegeu”, constatou Carlos Jalali. Na prática, conforme reforça esta obra, os partidos estabelecem nos seus “estatutos internos a maior parte das regras aplicáveis aos processos de candidatura, sem sofrerem grande pressão externa”. Apesar desta realidade, o docente não deixa de reconhecer que na composição das listas dos diferentes partidos políticos há um “grau de pertença local relevante”. “As listas têm um elemento importante de pessoas que têm uma ligação ao círculo eleitoral e ao distrito pelo qual são eleitos, e, portanto, nesse aspeto, essa representação existe. Um parêntese que é importante é que (…) a Constituição [Portuguesa] diz, explicitamente, que eles representam todo o país e (…) não [só] os aveirenses em específico”, relembrou o investigador. Ainda sobre o processo de seleção de candidatos, Carlos Jalali acrescentou que um deputado que queira ser “re-selecionado” tem que, “obviamente, mostrar lealdade à liderança partidária, mas também (…) mostrar serviço local, porque isso ajuda que as concelhias e as distritais, consoante o partido, digam que há interesse em manter essa pessoa nas listas”. Desde 2006 que a “aprovação da lei de quotas parlamentares” constituiu uma outra “importante restrição exógena ao modo como os partidos podem formar as suas listas”. Inicialmente, a lei estabelecia que as listas partidárias deveriam incluir, pelo menos, “um terço de candidatos de cada um dos sexos” e que nenhum dos sexos deveria “ocupar mais de duas posições consecutivas”. Uma revisão desta lei, após 12 anos, estabeleceu “um novo limite mínimo para cada sexo (40%) e sanções mais pesadas (rejeição das listas) em caso de incumprimento”, conforme refere o estudo. Na perceção do docente do DCSPT a aplicação da lei de quotas parlamentares teve um efeito “muito positivo” ao aumentar a representação feminina no Parlamento. Ainda assim, segundo os dados do estudo, esta realidade “está longe de assegurar a paridade”. “Sabemos que uma lei de quotas (…) funciona a longo prazo quando ela deixa de ser necessária. Nós não estamos sequer remotamente perto disso. A lei de quotas continua a ser necessária, porque continuam a existir barreiras estruturais à representação das mulheres. Existem também barreiras estruturais à representação de minorias étnicas”, alertou. Por exemplo, no caso das mulheres, “os padrões de divisão do trabalho familiar em Portugal são, infelizmente, historicamente muito desiguais na questão do acompanhamento dos filhos. Se as reuniões dos partidos forem sempre à noite, a uma hora em que uma mulher possa ter de estar em casa [já é uma barreira]”, reconheceu Carlos Jalali. Atualmente, as regras que ditam o processo de seleção destes deputados “estão pouco formalizadas e encontram-se expostas desigualmente nos estatutos dos partidos”. Segundo o estudo, nos “dois maiores partidos”, PS e PSD, as regras estão “mais pormenorizadas”, sendo “bastante vagas” no CDS-PP, no BE, no Pan, no Chega e no Livre” e “praticamente ausentes” no “PCP e na IL”. No entendimento do docente, esta realidade não lhe causa estranheza já que para si “as regras formais são, em larga medida, omissas”. “Na prática, o que acontece é que há uma interação e uma negociação entre as estruturas a nível central e as estruturas a nível distrital e local. Aliás, o trabalho que a Ria tem feito, nas últimas semanas, sobre o processo de seleção de candidatos no PSD e no PS reflete isto bem”, opinou. Esta “omissão” referida acima leva ainda Carlos Jalali a concluir e a refletir no estudo que esta é uma área “onde os partidos devem considerar um maior diálogo e abertura”. “Há aqui dinâmicas internas que são fechadas ao cidadão. Por um lado, percebe-se que os partidos, como qualquer organização, têm processos internos que devem ter em sua reserva. Por outro lado, sabendo nós do grau de desconfiança que os portugueses depositam nos partidos e da importância da seleção de deputados e da importância do cidadão em ter um sentimento de proximidade com os seus representantes eleitos, talvez esta seja uma área onde os partidos devem considerar um maior diálogo e uma maior abertura”, observou. Para o docente este é um processo, ainda hoje, “muito opaco”. “O eleitor vê a lista, sabe qual é a lista que é apresentada, sabe quem são os candidatos, mas os partidos raramente explicam a lógica de seleção dos candidatos. Quer dizer, temos o Livre que tem primárias e, portanto, neste caso podemos perceber como é que se chega a esta lista (…). Agora, nos restantes… As notícias da Ria são muito interessantes, porque dão-nos nota de debates internos, de diferentes alinhamentos”, frisou. Carlos Jalali foi mais além e considerou mesmo que existe “verdadeiramente um jardim secreto no funcionamento dos partidos”. [Este efeito] “muito elevado” de desconfiança “pode-se traduzir na abstenção, mas também se pode traduzir no voto em partidos antissistema e populistas. [Também] pode não se manifestar nem numa coisa nem noutra (…). É prejudicial, no sentido em que os partidos são o veículo central da representação política”, reforçou. “Há um trabalho de comunicação, de explicação, daquilo que é a seleção de candidatos, que os partidos nunca fizeram, e que acho que é importante fazerem”, notou o docente. Também no mesmo estudo, outra das conclusões que os investigadores referem é que “os candidatos não são particularmente representativos da população geral”. Para Carlos Jalali, esta caraterística pode ser explicada por, atualmente, os deputados apresentarem “um perfil bastante elitista face ao grau de escolaridade, estatutos socioeconómicos, carreiras partidárias, que os distinguem da generalidade da população”. “Comparando com a generalidade da população, o nível educacional do deputado e o seu estatuto socioeconómico tende a ser bastante superior”, afirmou. No entendimento do docente esta realidade pode criar outras “barreiras estruturais”. “Podem até existir grupos que sentem que nem sequer são capazes [de chegarem a deputados] (…). Isso é mau, porque em democracia, teoricamente, todos devemos ter capacidade de influenciar e participar”, refletiu. "O Essencial da Política Portuguesa" é um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, coordenado por António Costa Pinto, Pedro Magalhães e Jorge Fernandes. Publicado no ano de 2023, reúne 68 investigadores para analisar os 50 anos de democracia em Portugal. O livro aborda temas como instituições políticas, partidos, participação eleitoral, políticas públicas e relações externas. O capítulo 21 que se dedica à “Seleção de Candidatos em Portugal” contou com os contributos de Carlos Jalali e Edalina Rodrigues Sanches, investigadora auxiliar no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
AAUAv terminou 2024 com saldo negativo superior a 250 mil euros
Foi apresentado e aprovado no dia 31 de março o RAC final relativo ao ano de 2024. O balanço confirma que a AAUAv termina 2024 com saldo negativo, tal como previsto em janeiro, mas o valor encontra-se acima do inicialmente esperado. Em janeiro, o RAC preliminar apontava para um saldo negativo na ordem dos 80 mil euros, mas o documento ontem apresentado aponta para um valor superior aos 250 mil. De notar que o ano de 2023 terminou com um saldo positivo de quase 48 mil euros. Wilson Carmo, antigo presidente da AAUAv, reparou que o “resultado financeiro” não o deixa “orgulhoso”, mas considera que em três anos, deixou “a AAUAv num dos seus auges de desporto, de cultura, de política e de sociedade”. Sublinhou, no entanto, que o valor é relativo a toda a estrutura da AAUAv e que neste valor entra uma parcela de 58 mil euros relativa à desvalorização dos “equipamentos comprados”. “Os equipamentos comprados (…) todos os anos, e mesmo depois de pagos, desvalorizam; (…) todos os anos, essa desvalorização, por mais que o dinheiro não saia da conta, vai acabando por ter uma amortização no valor negativo”, reparou Wilson Carmo. Retirando esse valor, o valor passa para a casa dos 190 mil euros. Wilson repara que os serviços constituem a maior fatia deste bolo, representando “cerca de 100 mil euros”. Apesar de realçar a importância dos serviços existentes de forma a colmatar as necessidades identificadas dos estudantes, aponta que o objetivo era também trazer receita para a instituição, “juntando o melhor dos dois mundos, que é dar resposta a uma deficiência que a academia tinha e de certa forma trazer alguma receita”, frisou o antigo dirigente. O antigo presidente da AAUAv aponta o Café Universitário de Aveiro (CUA) é o serviço da associação que mais contribui negativamente para o resultado final, apontando que se verificou, além do aumento dos custos com mercadoria, uma duplicação dos custos com salários. Rui Oliveira, estudante da licenciatura em Marketing, apontou que “a Associação Académica (…) deve existir para prestar o serviço aos estudantes”, contudo, entende ser necessário “tentar repensar e perceber” as variações sentidas, exemplificando com a venda de merchandising que em 2023 registou vendas na ordem dos 40 mil euros, caindo em 2024 para os 16 mil. Em relação ao CUA o estudante de marketing considerou que “a situação é preocupante”. “O CUA é uma mina de dinheiro. O CUA custa muito dinheiro, mas dá muito dinheiro. Contudo, quem tem de estar em cima daquilo não é um tesoureiro adjunto”, entende Rui Oliveira que defendeu ser “preciso ter pessoas responsáveis”. “Se isto continua assim, o CUA vai arrastar a Associação Académica para um sítio muito mau”, finaliza. Em resposta, Wilson reparou que a abertura do CUA contou com apoio por parte de um profissional da área da hotelaria, que aconselhou a associação na gestão do estabelecimento. “Esta pessoa no início do ano montou um estudo e nós confiamos (…) que sabia aconselhar e gerir; (…) a meio do ano o que nos dizem é que não está a dar lucro, mas também não está a dar prejuízo, (…) no final do ano, quando nós nos apercebemos que as coisas não são bem assim, esta pessoa foi contactada para ir embora”, contou. Wilson Carmo apontou ainda que, além dos serviços criados “houve uma atividade para nós muito importante que foi a realização das Fases Finais do Desporto Universitário aqui em Aveiro”. “Umas Fases Finais que são um prejuízo claro, muito significativo, mas que nós não encaramos como prejuízo, encaramos como um investimento”, frisou o antigo estudante que vê com felicidade a vontade de trazer os Jogos Europeus Universitários 2032 a Aveiro. A assembleia ficou ainda marcada pela crítica, por parte dos estudantes, à falta de comunicação relativamente à AGA realizada e pelo facto do site da associação estar fora de serviço, fazendo com que os estatutos e outros documentos não estejam à disposição dos estudantes. Em resposta, Joana Regadas, presidente da direção da AAUAv, deu nota de que iria colocar os estatutos disponíveis aos estudantes, enquanto o site está em baixo, numa rede social da associação. Relativamente à falta de comunicação da AGA, a direção garante que os estudantes foram informados por e-mail.
Alberto Souto de Miranda promove encontro temático sobre democracia local em Esgueira
De acordo com uma nota de imprensa enviada à Ria, o encontro tem como objetivo “refletir sobre os desafios da participação cívica nos processos de decisão local e explorar novos caminhos para aumentar o envolvimento dos cidadãos, sobretudo daqueles pertencentes aos grupos sub-representados, em resposta aos principais desafios societais, nomeadamente a inclusão social, a transição energética e climática e a inovação urbana”. “A democracia local é muito mais do que a eleição periódica de responsáveis políticos para câmaras municipais ou juntas de freguesia. É também uma oportunidade para envolver os cidadãos e as organizações locais em decisões relevantes para o futuro dos territórios, reforçando a legitimidade política, proporcionando uma resposta mais eficaz aos problemas das comunidades e atendendo melhor ao interesse coletivo”, realça a nota. O debate contará com a presença de José Carlos Mota, professor auxiliar do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e Territoriais da Universidade de Aveiro e investigador do GOVCOPP, e Giovanni Allegretti, investigador sénior do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. A iniciativa será aberta à participação de todos os aveirenses.
Microalga salina estudada na Universidade de Aveiro para tratar inflamação e diabetes
De acordo com os investigadores da Universidade de Aveiro, a 'Dunaliella salina' contém compostos que podem reduzir processos inflamatórios e controlar os níveis de açúcar no sangue. O estudo foi feito em parceria com o Centro Interdisciplinar de Investigação Marítima e Ambiental (CIIMAR), o centro de biotecnologia e química fina (CBQF)- Universidade Católica Portuguesa, o GreenCoLab e a Necton. “Os testes em laboratório demonstraram que o extrato lipídico desta microalga bloqueia a enzima COX-2, associada à inflamação no corpo humano”, refere uma nota de imprensa sobre aquele trabalho. Os investigadores chegaram ainda à conclusão de que a 'Dunaliella salina' “possui uma forte ação antioxidante e inibe a enzima a-glucosidase, responsável pela digestão de açúcares”. “Os resultados mostram que a 'Dunaliella salina' pode ter um impacto positivo na prevenção de doenças metabólicas, oferecendo uma abordagem natural para a regulação da inflamação e dos níveis de açúcar no sangue” explica Rosário Domingues, coautora do estudo e docente e investigadora da universidade da Aveiro. Os investigadores destacam que as microalgas podem ser uma alternativa natural aos suplementos convencionais, como os de ómega-3, que atualmente vêm sobretudo do óleo de peixe. “Ao utilizarmos microalgas como fonte de nutrientes, estamos não só a oferecer uma solução mais sustentável, mas também a aproveitar os seus múltiplos benefícios para a saúde humana”, sublinha Rosário Domingues, citada na nota de imprensa. O estudo foi realizado no âmbito do projeto Vertical Algas, que integra o Pacto da Bioeconomia Azul, um consórcio que reúne dezenas de empresas, universidades e centros de investigação dedicados ao setor das algas em Portugal.