Manuel Assunção foi a surpresa, na noite onde Luís Souto apresentou os seus candidatos às Juntas
Luís Souto de Miranda, candidato da ‘Aliança Mais Aveiro’ à Câmara Municipal de Aveiro (CMA), apresentou esta sexta-feira, 20 de junho, os mandatários da sua candidatura e os candidatos às Juntas de Freguesia, no Teatro Aveirense, num evento marcado pelo anúncio da escolha de Manuel Assunção, ex-reitor da Universidade de Aveiro (UA), entre 2010 e 2018, como mandatário e por duras críticas ao Partido Socialista (PS), que acusou de “ilusionismo” e “incoerência”.
Redação
O evento contou com a presença de diversas figuras políticas do partido, incluindo Silvério Regalado, vice-presidente da distrital do PSD, Firmino Ferreira, presidente da concelhia do PSD-Aveiro, e Ana Oliveira, presidente da concelhia do CDS-Aveiro. A ausência de José Ribau Esteves, atual presidente da autarquia, não passou despercebida, sobretudo por ter marcado presença nos últimos momentos-chave do partido.
Recorde-se que, em entrevista à SIC Notícias no dia 11 de junho, Ribau Esteves considerou Luís Souto “o melhor dos dois” em comparação com Alberto Souto de Miranda, candidato do PS, recomendando ainda “o voto na Aliança Democrática”, depois de declarações anteriores onde questionava a “experiência de gestão” e o “perfil” de Luís Souto para liderar a autarquia.
A sessão no Teatro Aveirense decorreu com dois momentos principais: a apresentação dos mandatários, seguida da apresentação pública dos candidatos às juntas de freguesias. O momento alto da noite, no entanto, foi a apresentação de Manuel Assunção, ex-reitor da UA, como mandatário geral da candidatura.
Manuel Assunção: “Não podia - nem queria - ser neutro”
Manuel Assunção foi o escolhido como mandatário da candidatura. É professor catedrático jubilado pelo Departamento de Física da UA, onde iniciou funções em 1977. Licenciado em Física pela Universidade de Lisboa, doutorou-se pela Universidade de Warwick e realizou provas de agregação na UA. Além de reitor nesta instituição - entre 2010 e 2018, foi ainda vice-reitor entre 1994 e 2009 e vice-presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP).
Visto como uma pessoa muito próxima de Ribau Esteves, durante os mandatos em que foi reitor da UA, não é a primeira vez que Manuel Assunção assume funções de mandatário. Nas eleições autárquicas de 2021 foi o mandatário de Fernando Caçoilo, candidato do PSD à Câmara Municipal de Ílhavo que acabaria por perder as eleições, tendo sido também mandatário de Marcelo Rebelo de Sousa na sua candidatura vencedora a Presidente da República.
Na sua intervenção, começou por agradecer o convite, afirmando que o fez com orgulho e em total independência partidária. “Tendo sido sempre independente, nunca fui neutro. Nos momentos próprios fiz escolhas, apoiei desígnios, dei o corpo ao manifesto. (…) E, neste momento, não podia - nem queria - ser neutro. Tenho de expressar o meu aplauso ao Luís Souto, porque ele é, sem margem para dúvidas, o melhor candidato à Câmara Municipal de Aveiro”, expressou.
O ex-reitor valorizou o percurso cívico e associativo do candidato, destacando o seu envolvimento com a cultura e a ciência. “Devo realçar o seu desprendimento de tempo e energia em favor do movimento associativo que, em particular, lhe permitiu apropriar-se de questões essenciais do património e da cultura aveirense”. “A aproximação da ciência aos cidadãos, como demonstra os ciclos ‘Biologia na Noite’, onde se envolveu desde o seu início, é igualmente seu apanágio”, continuou.
Manuel Assunção elogiou ainda as ideias do candidato para a cidade de Aveiro por assentarem na “inovação” e na “sustentabilidade”, realçando que “no novo ciclo de desenvolvimento (…) vai assegurar as grandes obras já projetadas, privilegiando a continuidade e evitando disrupções sempre muito custosas”, atirou. O ex-reitor expressou ainda que: “as suas conhecidas preocupações com o rigor, a transparência e as contas certas (…) deixam-nos descansados, como igualmente nos tranquiliza a sua integridade e ética pessoais”.
“Sublinho que (…) Luís Souto Miranda é de longe o candidato mais bem colocado para favorecer a afirmação da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA), fomentando a coesão territorial e o desenvolvimento integral da região. (…) Solavancos e descontinuidades seriam nefastos”, reforçou.
Numa outra justificação ao apoio a Luís Souto, Manuel Assunção relembrou também que “a ponte com UA e com o conhecimento e a relação com a CIRA ou no que respeita à necessidade cada vez maior da qualificação das políticas públicas, encontra igualmente no nosso candidato um interlocutor muito bem capacitado”, reafirmou.
João Jubero e Isménia Franco completam trio de mandatários
Antes da intervenção de Manuel Assunção, subiram ainda ao palco João Jubero, mandatário da juventude, e Isménia Franco, mandatária sénior.
João Jubero, de 26 anos, nasceu e cresceu na Vera Cruz e integrou a Associação de Estudantes do Agrupamento de Escolas José Estevão e o Núcleo Associativo dos Estudantes do ISCA-UA. É licenciado em Marketing pela UA. Foi ainda atleta federado e jogador de basquetebol pelo Esgueira e pelo Beira-Mar. Profissionalmente é analista de dados no setor dos serviços financeiros.
Na sua intervenção, João Jubero agradeceu a confiança de Luís Souto de Miranda e sublinhou a importância da participação juvenil. “Acredito que a política local só ganha quando os jovens participam, quando não se limitam a criticar de fora, mas escolhem contribuir. Com ideias, com energia e com visão de futuro”, vincou.
No seguimento, apontou ainda os principais desafios que os jovens enfrentam, atualmente, em Aveiro, como o acesso à habitação, a mobilidade sustentável e a retenção de talento. “A dificuldade em aceder à habitação a um preço justo, a mobilidade limitada por falta de alternativas sustentáveis, a preocupação crescente com o espaço público, com oportunidades culturais e de emprego que retenham o nosso talento na nossa cidade”, disse. Face a isto, garantiu que a “Aliança Mais Aveiro tem tudo para responder aos desafios do nosso tempo. Com seriedade, com escuta ativa e com soluções concretas para os jovens, sem hipotecar o futuro da nossa cidade”, atentou.
Logo após o seu discurso, seguiu-se a apresentação de Isménia Franco, ex-deputada do PSD pelo círculo de Aveiro. Natural da Vera Cruz e residente no Bairro Sá-Barrocas, foi responsável pela criação do Centro Comunitário da Vera Cruz, onde se manteve na direção até 2022. Faz ainda parte do movimento apostólico e litúrgico das barrocas e de todas as irmandades religiosas da Comunidade Religiosa de Aveiro. Na vida política, foi membro da Assembleia e tesoureira do executivo da freguesia da Vera Cruz. No PSD foi vice-presidente da distrital e deputada na Assembleia da República pelo círculo de Aveiro em três legislaturas.
No seu discurso, expressou o “profundo amor por esta terra” e um apoio firme à candidatura de Luís Souto de Miranda. “Conheço o Luís como um homem íntegro, dedicado à causa pública, com provas dadas ao serviço de Aveiro”, sublinhou.
Destacou ainda o “projeto sólido [da Aliança com Aveiro] que tem transformado a nossa cidade com visão, competência e proximidade”, e valorizou especialmente a aposta do candidato numa “gestão descentralizada e colaborativa”, com maior corresponsabilização das juntas de freguesia enquanto “parceiras essenciais na construção de soluções eficazes e ajustadas às realidades locais”. “Porque Aveiro merece mais. Porque os aveirenses merecem mais. E porque juntos podemos fazer mais e melhor. (…) Com Luís Souto de Miranda, Aveiro segue em frente, tem confiança no presente e visão para o futuro”, concluiu.
Luís Souto de Miranda elogia mandatários, reforça aposta nos jovens e acusa PS de incoerência
Luís Souto de Miranda foi o último a discursar. Começou por sublinhar a todos os presentes o orgulho que sentiu ao ver o Teatro Aveirense “cheio”. “Isto é uma manifestação muito importante que estamos a dar à nossa comunidade”, exprimiu ao ver cerca de 400 pessoas presentes.
Dirigindo-se diretamente aos três mandatários, começou por destacar o mandatário da sua candidatura, Manuel Assunção, reconhecendo que este “sempre” foi uma figura que respeitou e admirou. “Tendo eu conhecido vários reitores, reconheço no nosso mandatário aquele que teve verdadeiramente uma visão cultural para a Universidade e para Aveiro”, salientou. “Manuel Assunção nunca se enclausurou numa redoma de vidro no alto da sua cátedra”, realçou, destacando duas marcas da sua “ação governativa”: “a Fábrica da Ciência Viva” e o “Parque da Ciência e Inovação (PCI)”.
Momentos antes, Luís Souto tinha aproveitado a sua intervenção para fazer duras críticas à comissão de honra da candidatura de Alberto Souto. “O senhor professor vale, por si só, por uma qualquer comissão de honra ou, se quisermos, comissão de vaidades”, reforçou.
Referindo-se, desta vez a João Jubero, sublinhou que foram os jovens que viram nele “as qualidades de dinamismo e da representação dos valores da juventude atual”. “E eu não poderia estar mais satisfeito com esta escolha, com a proposta dos nossos jovens”, insistiu. Falando diretamente sobre os jovens, o candidato da Aliança Mais Aveiro sublinhou que: “Queremos mesmo ouvir os jovens, queremos mesmo que eles sejam parte ativa do processo de decisão para o futuro de Aveiro”.
Por último, Luís Souto dirigiu-se a Isménia Franco evidenciando a “garra” e a “energia” desta, deixando uma nota, em tom de brincadeira: “quase poderia ser a mandatária jovem pelo seu exemplo”. “A Isménia personifica o nosso compromisso no diálogo intergeracional, na valorização muito clara da qualidade de vida para a população sénior, com políticas do espaço urbano, do desporto para todos, da coesão social e da cultura”, apontou. Neste seguimento, Luís Souto comprometeu-se a “reconhecer os talentos e a experiência dos mais velhos”. “Vamos trabalhar todos, em conjunto, por um Aveiro cada vez mais feliz”, prometeu.
Com um olhar mais crítico sobre os dez candidatos às juntas de freguesia pela Aliança Mais Aveiro, Luís Souto de Miranda destacou de forma especial a escolha de Glória Leite enquanto candidata de Glória e Vera Cruz, elogiando a sua “força, determinação e coragem para este combate”. “O meu critério ao fazer estas escolhas (…) foi guiado sempre, mas sempre, pelos superiores interesses de Aveiro, acima de tudo”, justificou.
Luís Souto aproveitou ainda o momento para criticar a candidatura do PS, descrevendo-a mesmo como uma “candidatura do ilusionismo”. “Esta candidatura do ilusionismo procura, talvez em desespero, confundir os eleitores”, opinou. “Eles já não são socialistas, agora são social-democratas. Em vez do punho erguido, que sempre usaram, agora usam e abusam do símbolo. Este símbolo [enquanto fazia o ‘v’ com os dedos], que sempre foi o símbolo do nosso lado, da nossa AD”, exprimiu, numa referência ao facto da comunicação da campanha de Alberto Souto ter lançado ao longo das últimas semanas várias fotografias do candidato com os candidatos às juntas de freguesia em que são visíveis gestos que Luís Souto considera serem “símbolos da AD”.
No seguimento, disse ainda que os socialistas já “não são vermelhos”, mas sim “verdes” comparando-os a “melancias”. “Verdes por fora, mas o vermelhinho (…) da geringonça de esquerda está lá, ainda que esteja escondido por dentro”, atirou. Comentando diretamente a candidatura de Bruno Ferreira, atual tesoureiro da Junta de Freguesia de Glória e Vera Cruz, agora como cabeça de lista pelo PS, vincou ainda que o PS chegou ao “desplante de ter um candidato que, traindo o projeto político que o elegeu, se representa agora como cito de continuidade, mas pela oposição. Quanto à coerência, estamos esclarecidos”, atirou.
Em jeito de resposta, Alberto Souto de Miranda respondeu, este sábado, 21 de junho, através das suas redes sociais, às acusações esclarecendo que “não há ilusionismo nenhum”: “Quanto a ilusionismo, nós mostramos as cartas todas. Outros escondem o jogo: ainda não foi desta que apareceu a primeira ideia.”, lê-se, repetindo uma das maiores crítica que aponta a Luís Souto.
Recomendações
Tech Meetup da Inova-Ria regressa em julho com foco na cibersegurança
Segundo uma nota enviada à Ria, a escolha do tema deve-se ao facto de esta ser uma “área cada vez mais crítica e transversal à atividade económica e social”. A sessão contará com a participação de especialistas da área, sendo a empresa “Art Resilia”, referência no setor da ciber-resiliência, a anfitriã desta edição. O evento terá lugar no Parque de Exposições de Aveiro, entre as 18h30 e as 20h30 e apresenta como objetivos: “Conhecer os principais desafios e tendências atuais da cibersegurança; ouvir o testemunho e a experiência de especialistas da área e estimular a colaboração entre profissionais, empresas e instituições”. O encontro terminará com um momento de networking, acompanhado por “cerveja Quinas e pizzas artesanais da Pizzarte, num ambiente informal pensado para aproximar a comunidade tecnológica”. A participação é gratuita, mas sujeita a inscrição obrigatória, devido à limitação de lugares. As inscrições devem ser feitas aqui.
Beira-Mar recua na criação da sociedade desportiva com Breno Silva
"Disse sempre aos sócios que só colocaríamos a nossa assinatura na escritura de constituição de uma sociedade desportiva se sentíssemos absoluta confiança e segurança no processo. Neste momento, essas condições não estão reunidas", afirmou Nuno Quintaneiro à Ria, sublinhando que a decisão está em linha com o compromisso assumido em Assembleia Geral. A Direção comunicou oficialmente esta sexta-feira a decisão de não avançar com a constituição da sociedade desportiva, através de uma nota publicada no site do clube. No comunicado lê-se que "a Direção do SC Beira-Mar reuniu com o Sr. Breno Dias Silva, num encontro em que participaram também os presidentes da Mesa da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal e Disciplinar do Clube, tendo informado o mesmo que, neste momento, não se encontram reunidas as condições para se avançar com a constituição da Sociedade Desportiva (SD) para o futebol". Confrontado com os pressupostos que terão ficado por cumprir por parte de Breno Silva, o presidente do clube optou por não entrar em detalhes, justificando-se com a sensibilidade da matéria. "Trata-se de uma questão com dimensão jurídica. Para proteger a posição do clube, não me vou pronunciar publicamente sobre esse assunto", declarou. Recorde-se que a notícia já tinha sido anteriormente avançada pela Ria onde, segundo informação recolhida pela redação, a direção do clube tinha mostrado intransigência em abdicar dos pressupostos previamente aprovados em sede própria pelos sócios. Entre as exigências feitas ao investidor, estavam a regularização de compromissos anteriormente assumidos perante o clube, a apresentação de uma garantia bancária e a demonstração de capacidade financeira para assegurar a totalidade do capital social necessário à constituição da sociedade. Apesar do recuo neste processo com Breno Silva, a Direção assegurou que o clube “já se encontra inscrito no Campeonato de Portugal e competirá na época 2025/2026”, embora com “restrições orçamentais”. “À luz do que aconteceu na época passada, em que também arrancamos com muitas restrições orçamentais, vamos procurar construir um grupo forte, competitivo, que dignifique as cores do clube e que também nos garanta, do ponto de vista desportivo, a estabilidade para podermos reiniciar este processo de constituição de uma sociedade desportiva”, afirmou. “Neste momento, o paradigma que temos é (…) de realismo, em que vamos procurar, essencialmente, ser competitivos, sem prometer nenhuma subida de divisão, nem prometer nenhum resultado desportivo em que gostaríamos de ser candidatos, mas nesta altura não estamos em condições de o fazer”, continuou Nuno Quintaneiro. Sem encerrar o dossiê da sociedade desportiva, o presidente do SC Beira-Mar assumiu que, para esta temporada, a constituição da sociedade desportiva já não será possível. “Vejo com muita dificuldade. Aliás, quase que há uma incompatibilidade prática de constituir a sociedade desportiva a tempo da participação no Campeonato de Portugal. (...) A partir do momento em que estejam estabilizados os quadros competitivos da Federação, já não é possível alterar a estrutura formal de um clube para uma SD”, justificou. Com o processo em suspenso, o foco do clube passa agora pela preparação da nova época desportiva. “Dentro das limitações orçamentais que temos, queremos formar um grupo competitivo e garantir condições de estabilidade desportiva, o que também nos permitirá trabalhar a vertente institucional, financeira e organizacional do clube”, afirmou. Ainda assim, Nuno Quintaneiro garantiu que o processo da constituição da sociedade desportiva continuará a ser um dos objetivos estratégicos da direção. “Continuamos com esse objetivo estratégico. (…) Não é por este processo não estar nesta altura no estágio de maturação que vamos desistir”, vincou. Quanto a novos interessados, Nuno Quintaneiro revelou que têm surgido abordagens, “essencialmente, de fora”, mas sem qualquer formalização. “Muitas das abordagens que recebemos são de pessoas que estão no mercado do futebol: agentes, empresários, jogadores, etc. (…) Portanto, pessoas que têm muitos contactos com investidores e que muitas vezes funcionam aqui como intermediários de investidores e que estão no terreno à procura de clubes para realizar esses investimentos e essas parcerias”, avançou. Recorde-se que os pressupostos da sociedade desportivos foram aprovados na Assembleia Geral no dia 22 de novembro de 2024 com um voto contra e duas abstenções. Breno Dias Silva, um empresário de nacionalidade brasileira, residente em Londres, com “vasta experiência na orientação de empresas em processos de expansão internacional” tinha sido o investidor escolhido para a constituição da sociedade desportiva pela direção do SC Beira-Mar. O seu nome foi oficialmente anunciado a 19 de janeiro, numa conferência de imprensa no Auditório António José Bartolomeu, no Estádio Municipal de Aveiro - Mário Duarte, por Nuno Quintaneiro. . Na altura, a proposta de Breno Silva destacou-se pelo “amplo consenso dentro do clube”.
Alcino Canha é o novo candidato do PS à freguesia de Requeixo, Nossa Senhora de Fátima e Nariz
Em declarações à Ria, Alcino confessou não estar à espera do convite, admitindo não ter uma ligação política ativa, embora tenha acompanhado a política local ao longo dos anos. “Não sou muito ligado à política, mas tenho confiança no doutor Alberto Souto e quero ajudar, sobretudo a minha freguesia. Há muita coisa a fazer”, disse. Apesar de não ser militante de nenhum partido, Alcino Canha aceitou o desafio por acreditar que pode fazer a diferença. Natural de Oliveira do Bairro e residente há “40 anos” na freguesia de Nossa Senhora de Fátima, reconhece, no entanto, que não conhece em profundidade as localidades de Requeixo e Nariz. Para colmatar essa lacuna, garante que contará com elementos da sua lista com forte ligação a essas comunidades. “Quero ter nomes importantes em cada terra, que conheçam os problemas e sejam a voz do povo”, afirmou. Mecânico de profissão, Alcino Canha revelou à Ria que esteve ligado à CMA entre “2000 e 2020”, onde foi o “responsável” pelo departamento das BUGA’s. “Fomos nós que arrancámos com as BUGA’s em 2000”, destacou. Sobre as dificuldades da freguesia, Alcino aponta para o estado dos centros de saúde como uma das maiores preocupações. “Estão praticamente inativos. Há muita coisa que precisa de melhorar, mas também não sei se é possível mudar tudo porque também faz parte se a Câmara tem dinheiro, se temos fundos disponíveis, etc”, referiu. Nas últimas eleições autárquicas, realizadas em 2021, a coligação 'Aliança com Aveiro' (PSD/CDS/PPM) venceu esta freguesia com 60,54% dos votos, alcançando sete mandatos. A coligação 'Viva Aveiro' (PS/PAN) ficou em segundo lugar, com 24,83% dos votos e dois mandatos. Face a estes resultados, Alcino reconhece a dificuldade em reverter o cenário, mas mostra-se esperançoso: “É difícil, mas o Chega pode dividir os votos da direita. Poderá ser benéfico para o PS”. Apesar do contexto desfavorável, o candidato socialista promete empenho. “Sempre que trabalhamos é para ter sucesso. Vamos ver se resulta, mas estou convencido que sim que vai funcionar”, realçou. Recorde-se que a Comissão Política Concelhia do Partido Socialista de Aveiro aprovou no dia 26 de maio, em reunião interna, os nomes dos cabeças de lista às dez juntas de freguesia do município para as eleições autárquicas de 2025. A decisão contou apenas com “uma abstenção” numa das propostas. Armando Dias tinha sido anunciado como o candidato do PS à Junta de Freguesia de Requeixo, Nossa Senhora de Fátima e Nariz, mas acabou por abdicar do lugar por “questões pessoais supervenientes”, tal como anunciado por Alberto Souto de Miranda, candidato do PS à Câmara de Aveiro, à Ria.
Na prisão de Aveiro, entre o silêncio, a RPA leva “liberdade” a mais de uma centena de reclusos
Era sexta-feira. Chegamos ao Estabelecimento Prisional de Aveiro pelas 9h20. Uma das guardas que por lá se encontrava em serviço convida-nos a entrar para uma sala que funciona como uma espécie de receção. Pede-nos imediatamente o cartão de cidadão para que possa fazer o registo de cada um. O processo é semelhante ao da última vez que havíamos estado por aqui. Pede-nos também que deixemos o material de vídeo e fotografia em cima da secretária- repleta de papéis- e que guardemos os restantes pertences num cacifo ali ao lado. Concluída esta etapa, pede-nos que aguardemos por Adolfo Pires, técnico superior de Reeducação da prisão de Aveiro. Assim que Adolfo chega à nossa beira começa por nos explicar que hoje é um “dia atípico” pela Rádio da Prisão de Aveiro (RPA) já que à sexta-feira é sempre dia de reunião semanal para preparar a semana que se segue. Diz-nos entre risos que tivemos sorte e azar no dia. Partilha-nos também que quem irá conduzir o programa de hoje será Rosa Gadanho já que teve de trocar de dia com um outro recluso por força do feriado da semana. O nome de Rosa não nos é estranho já que nos havíamos cruzado com ela numa outra reportagem sobre o 25 de Abril. Como ainda era cedo, Adolfo convida-nos a tomar café. Aceitamos. Antes de seguirmos com ele, novamente, a guarda revista-nos e pede-nos que deixemos também na secretária os nossos telemóveis. Subimos um primeiro piso de escadas. No meio das inúmeras divisões que por ali se encontravam- nesse primeiro piso- Adolfo vai-nos destacando uma e outra sala. Aponta ainda para uma janela privilegiada de onde se consegue observar os reclusos no pátio exterior — sem que estes nos vejam. Chegamos, por fim, a um espaço que funcionava como um café. Entre as pessoas presentes, estava já Rosa. Aproveitamos para pôr a conversa em dia. Já mais perto das 10h00, Adolfo encaminha-nos para o segundo piso do edifício. Rosa acompanha-nos. É lá que se encontra aquilo a que Adolfo chama de “cérebro” da prisão — o local de onde partem as principais decisões. Trata-se de uma sala pequena, com uma janela claraboia e três secretárias. Numa delas destaca-se, presa na parede, uma bandeira do Beira-Mar. Às 10h00, Rosa avisa-nos que precisa de descer: está na hora de começar a reunião semanal da rádio. Acompanhamos-a. De volta à receção, recolhemos o material que havíamos deixado. Desta vez, é um outro guarda que nos abre uma nova porta para que possamos seguir com ela. Pelo caminho, observamos os reclusos em diferentes atividades: uns assistem a aulas, outros frequentam o ginásio, fazem limpezas ou ocupam a já ‘famosa’ sala de convívio. Ouvimos conversas cruzadas, o som dos matrecos e, ao fundo, a rádio que passa já um dos hits musicais dos Jáfu'Mega que nos é impossível escapar aos ouvidos: “Latin’America”. A rádio localiza-se mesmo ali, junto à sala de convívio. É um espaço discreto, com uma porta comum, que passa facilmente despercebida para quem não sabe da sua existência. Abrem-nos a porta. Mal entramos, somos imediatamente envolvidos por um ambiente intimista e quase silencioso. O espaço é pequeno, com pouca iluminação, revestido por espuma acústica nas paredes. Numa das paredes, sobressaem alguns recortes da imprensa local e nacional, com destaque para o dia da inauguração. Num deles, lê-se em letras grandes: “A Rádio Prisional já está no ar”. Pelo estúdio há ainda dois armários repletos de CDs de diferentes estilos e artistas — do fado ao rock clássico, passando por outros géneros que ajudam a dar voz à diversidade musical da prisão. Encostados a uma das paredes, repousam alguns instrumentos musicais como guitarras e até um cavaquinho, este último pousado no parapeito de uma pequena janela com grades que denuncia já uma outra vida da prisão. Na parede lateral está ainda exposta a discografia de Carlos Paredes. Sobre a mesa central, destacam-se os microfones, as mesas de som, os auscultadores, uma revista da Blitz e até um gravador exterior que tinha acabado de chegar. No interior do estúdio estão já Rosa Gadanho e Adolfo Pires, mas também Cláudio Pedrosa, adjunto e substituto do diretor do Estabelecimento Prisional de Aveiro, que irá presidir à reunião. Sentados em redor da mesa encontram-se ainda José Mora, José Figueiredo, José Gouveia e André Santos (nome fictício) — os reclusos que, atualmente, estão à frente do projeto e dão voz à Rádio Prisional de Aveiro. Cláudio, que traz consigo uma folha A4 com alguns apontamentos, começa por nos apresentar, explicando aos reclusos que já havíamos estado por ali anteriormente, aquando das eleições legislativas. Em seguida, refere que a organização semanal da rádio foi alterada devido ao feriado na terça-feira passada, e que, neste momento, a equipa responsável pela emissão é composta por apenas cinco elementos — um por cada dia útil da semana. “Num cenário normal, o André faz a emissão de segunda-feira, a professora Rosa à terça, o senhor Gouveia à quarta, o Figueiredo à quinta e o José Mora à sexta. Como esta semana houve feriado na terça-feira e a professora Rosa não podia estar presente, fizemos uma alteração: o Mora fez a emissão na terça e a professora Rosa faz hoje”, explica. Acrescenta ainda que a rádio conta com duas horas de emissão diária, de segunda a sexta-feira, entre as 10h00 e as 12h00. “Em circunstâncias normais, das 10h00 às 11h00 é o programa de autor. A maior parte dos reclusos está aberto nesse período e temos colunas espalhadas pelos vários setores. Depois vocês vão poder ver quando sairmos do estúdio: há colunas no refeitório, na sala de convívio, nos pátios de recreio, etc. A emissão é ouvida por todos”, sublinha. A partir das 11h00 há um encerramento para o ponto geral dos reclusos e depois segue-se a hora de almoço. “Nessa altura, entre as 11h00 e as 12h00 temos toda as semanas [uma playlist] do artista da semana que é escolhido à vez por cada um dos cinco elementos desta equipa da rádio. Esta semana são os Jáfu'Mega por escolha do José Figueiredo”, continua. Na biblioteca, é ainda afixado um cartaz com o artista em destaque, acompanhado de uma pequena biografia — uma folha A3 com o percurso, os álbuns principais e algumas curiosidades. “Fica exposto para que quem estiver a ouvir possa também conhecer melhor a banda em destaque naquela semana”, partilha. Às sextas-feiras, conclui, a equipa reúne-se sempre ali, naquele mesmo estúdio, para planear a semana seguinte e fazer um balanço de como correu a semana que termina. Face à explicação, Cláudio questiona-nos se temos alguma dúvida. Respondemos que não. A dez minutos para as 11h00, a reunião termina e começa-se a sentir aquele nervosismo miudinho de quem está prestes a entrar no ar com mais um programa de autor. A maioria das pessoas acaba por sair do estúdio, e permanecemos apenas nós, a Rosa, o André e o Adolfo. Já posicionada junto a um dos microfones- onde se encontram também as duas mesas de som- Rosa questiona André se está tudo pronto para começar. André responde-lhe que sim e Rosa confidencia-nos entre risos que não percebe nada “daqueles botões”. Às 11h00 em ponto, começa a tocar o jingle de abertura. Reconhecemos a melodia: Gare d'Austerlitz / Variação da Ala dos Namorados. De auscultadores colocados, Rosa balança ligeiramente de um lado para o outro, como se estivesse a saborear a música. Assim, que André sobe o ‘botão’ na mesa de som ouve-se: “Bom dia a todos os que nos acompanham na RPA. Este é mais um programa da biblioteca prisional de Aveiro, espaço radiofónico onde falaremos de tudo o que se passa na nossa biblioteca e não só. Convosco Rosa Gadanho na locução e André Santos na técnica”, lê Rosa Gadanho enquanto segura um papel na mão. Com um sorriso, mostra-nos a folha e explica que é o guião semanal, preparado cuidadosamente por Cláudio e entregue sempre antes do programa, pronto a ser lido no ar. Apesar disso, Rosa não resiste a fazer os seus próprios ajustes: sublinha palavras, risca frases, altera aqui e ali, moldando o texto ao seu jeito enquanto lê. Ao longo daquela hora, entre músicas escolhidas a dedo, ouvimos a revista de imprensa, a ementa da semana, sugestões de cinema e televisão, e até a divulgação de alguns eventos que vão decorrer nos próximos dias dentro da prisão. Quando termina o programa temos a oportunidade de falar novamente com Rosa. Começamos por lhe questionar há quanto tempo é ali voluntária. Rosa diz-nos que começou por ser docente “nos últimos dois anos” na prisão de Aveiro e que foi o bom ambiente que a fez ali ficar mal se aposentou da profissão de professora. Na altura, apenas com o projeto da biblioteca. “É uma maneira de estar em contacto com a realidade do mundo, de continuar a ter os pés bem assentes na terra porque aquilo que contacto todos os dias é com vidas e com pessoas que têm histórias de vida muito interessantes”, exprime. O desafio da rádio surgiria mais tarde. À medida que a conversa avança, descobrimos que Rosa já tinha experiência no meio: fez rádio em algumas estações locais quando tinha os seus “25 anos”. Já lá vão 46. Perguntamos-lhe se este é, de certa forma, um regresso ao mundo da rádio. Rosa sorri e responde que “foi apanhada” e que, sim, é um regresso — embora reconheça que já não é a mesma pessoa de então. Brinca com a sua dificuldade com a parte técnica: “Na altura, nós não tínhamos este aparato, nem pouco mais ou menos. E era alguém, um técnico, que estava na cabine ao lado, que fazia estas coisas, não é? Portanto, eu quando me falaram em vir para aqui, eu disse logo que se alguém quiser trabalhar com os botões, ok. Não me peçam isso, porque eu vou entrar em stress completo”, conta com uma gargalhada. Sobre a rádio na prisão partilha-nos que lhe dá “liberdade em termos psicológicos para perceber o mundo em que vivemos e tentar encontrar algumas explicações”. “Eu com 71 anos já vivi muitos mundos, muitas maneiras de estar e de se viver. Mas vejo que, cada vez mais, o ser humano está a perder oportunidades — e que a dignidade no tratamento das pessoas está cada vez mais defraudada”, denuncia. Ao contrário de Rosa, José Mora, José Figueiredo, José Gouveia e André Santos nunca fizeram rádio. Temos a oportunidade de falar com três deles. Conversamos primeiro com José Mora e José Gouveia num dos pátios exteriores da prisão onde está também localizada uma das colunas exteriores da emissão de rádio. José Mora é o responsável por fazer o programa de autor à sexta-feira. Partilha que até ao momento é o único que ainda não tem nome para o seu programa. Descreve-se como “eclético” nos seus gostos musicais e naquela sexta- que trocou de lugar com Rosa- comenta que talvez pusesse a tocar Steam, uma banda americana de pop rock. Confessa-se ainda um “amante” do programa de rádio “Oceano Pacífico”. “Muita música e poucas palavras”, afirma. “Eu até faço cortes naquele guião que nos dão porque acho que são demasiado explicativos. Falo o menos possível”, explica. Sem nunca nos revelar a sua profissão limita-se apenas a dizer que “guiava muito” e que ouvia muito a rádio no seu dia-a-dia. Porquê o desafio do projeto da rádio? José Mora responde-nos prontamente: “Já que tenho de estar aqui tento fazer coisas que me ajudem a passar o tempo. Era uma experiência nova e pareceu-me que era enriquecedora e que seria boa ideia”. Tal como Rosa, salienta-nos que esta representa “liberdade”. “É uma maneira de nos abstrairmos do contexto. (…) Ali não estou preso. Estou a curtir”, admite. José Figueiredo apresenta-se às quintas-feiras com o programa “José às Dez”, um espaço dedicado ao rock português, onde dá voz a nomes icónicos como GNR, Jáfu’Mega, Xutos e Pontapés ou Luís Portugal. Tal como Mora, decidiu aceitar o desafio por ser mais uma forma de ocupar o tempo. Conta à Ria que o “mais desafiante”, no início, foi mesmo a parte técnica. “A parte da locução acabamos por nos habituar e vai correndo bem. A parte técnica talvez fosse a mais desafiante. Tive de aprender a mexer numa misturadora, num programa de DJ, tivemos aulas de dicção, etc”, recorda. Apesar de nunca ter feito rádio antes, o processo parece já bem apreendido: “O guião é todo lido de seguida, passamos uma música ou duas, lemos uma parte e assim sucessivamente. Às vezes até vem lá escrita a ementa, mas depois não é essa a que vai ser servida… Corrige-se na hora”, relata. Perguntamos-lhe se, tal como no jornalismo, aqui também há um compromisso com a verdade. José responde com convicção: “Claro”. Para ele o projeto traduz-se numa palavra: “gratidão”. “Estou grato por participar no grupo. Aprendi a falar para as pessoas e a ter o compromisso de passar a música aquela hora”, exprime. José Gouveia prefere conversar connosco a partir da biblioteca — um espaço que lhe é bastante familiar, já que é ali que passa todos os dias da semana, incluindo os fins de semana. Atualmente, é o responsável por supervisionar o local. Sentado na sua secretária, conta-nos que assumiu funções a “20 de março de 2023”. No meio das responsabilidades da biblioteca, José ainda encontra tempo para se dedicar à rádio. É o responsável pelo programa das quartas-feiras, ao qual deu o nome de “O Bibliotecário”. Partilha-nos que começa sempre o programa com a música “A Minha Casinha”, dos Xutos e Pontapés — uma escolha que faz por sentir saudades de casa. Sobre a rádio admite, tal como os restantes colegas, que nunca teve qualquer experiência no meio e que simplesmente a ia “ouvindo”, normalmente, no carro. Descreve-se ainda- ao contrário de Mora e Figueiredo- como alguém com “conhecimentos musicais muito diminutos”. “Com a rádio comecei a descobrir que afinal até gostava mais de música do que aquilo que pensava. Após a formação que tivemos fui adquirindo alguns hábitos e hoje mal chego à minha cela a primeira coisa que faço é ligar o rádio”, diz com entusiasmo. Para colmatar os “poucos conhecimentos” musicais, José Gouveia recorda, entre risos, que se inspirou nos tradicionais programas de discos pedidos das rádios locais de antigamente. “Com a autorização da nossa direção lancei um concurso (…) para se criar um programa chamado ‘Discos Pedidos’- que está aqui na biblioteca. Agora retiramos porque atingimos um número muito grande de pedidos de música”, afirma. No total, foram pedidas cerca de 120 músicas. Entre os pedidos, destaca a diversidade musical, incluindo temas como “O Corpo é que Paga”, de António Variações. Questionamos-o também a ele o que significa para si a rádio. Responde-nos com orgulho que é um “grande escape”. “Pelo menos quando estamos a fazer rádio, não nos sentimos presos. Estamos ali, no nosso estúdio de rádio. Estamos ali nós. E a rádio tem uma coisa muito boa, que é: nós podemos dizer algumas coisas que não temos logo resposta imediata. Estamos ali à vontade. (…) Estamos num mundo à parte. Deixamos de estar com a ideia de que estamos presos”, exprime. “Eu costumo dizer que o período mais difícil da minha reclusão é das sete menos um quarto às oito da manhã, que é quando estou fechado”, continua. Nesse tempo, partilha à Ria que se apoia da música, do rádio e do gosto de ler e escrever. “Mas é o período mais difícil, porque eu levanto-me todos os dias às oito horas. Quando o senhor guarda nos abre a porta, eu já estou de robe e de toalha ao ombro para ir tomar banho para o balneário. E depois só páro por volta das seis e um quarto, seis e meia. Portanto, estou sempre ocupado. É isso que nos faz que não estejamos a pensar muito na rua lá fora, embora o pensamento dos meus filhos e dos meus pais, estejam sempre presentes, mas o sofrimento nessas horas praticamente não existe”, ameniza José Gouveia. Sem que o questionemos, no desenrolar da conversa fala-nos ainda sobre os seus dois filhos gémeos de 15 anos e sobre o orgulho que sentiu deles quando lhes partilhou que estava na rádio. “Os meus filhos ficaram extremamente admirados, porque os meus filhos sabiam que os meus conhecimentos musicais e o meu interesse pela música eram praticamente nulos”, conta com uma risada. Já no final da conversa, revela-nos mais um hábito curioso relacionado com o seu programa: “Eu, por exemplo, tenho um hábito que é, quando estou a ouvir uma música, escrevo partes dessa música que eu acho que fazem algum sentido. E depois, quando faço um programa, por qualquer razão, lembro-me: ‘olha, aquela música tem esta mensagem, adequa-se agora’. E vou buscar aquela música”. Com as colunas exteriores já silenciadas — sinal de que a emissão daquela manhã chegara ao fim —, temos agora a oportunidade de conversar com Cláudio Pedrosa, diretamente do seu habitual local de trabalho. Começamos por provocá-lo, relembrando que, naquele dia, se assinalavam exatamente quatro meses desde a inauguração oficial da RPA. Cláudio mostra-se surpreendido com o apontamento e confessa que não se tinha apercebido da data. A rádio foi oficialmente inaugurada a 13 de fevereiro, coincidindo propositadamente com o Dia Mundial da Rádio — uma escolha que, como nos sublinha, não foi feita por acaso. “A ideia surgiu muito inspirada no modelo da Rádio Universidade de Coimbra (RUC) (…) porque funciona como uma rádio escola”, repara. Cláudio recorda que, na altura, já mantinha uma ligação com a RUC, e foi precisamente nesse contexto que conheceu a Inês Cruz — a grande impulsionadora do projeto. Foi ela quem desenvolveu, ao longo de 2024, a proposta de criação de uma rádio dentro de um estabelecimento prisional, no âmbito do seu estágio curricular do Mestrado em Comunicação Social – Novos Média, da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Coimbra. “Ela andava à procura de um contexto institucional para fazer o trabalho de mestrado. Inicialmente pensou no Centro Educativo dos Olivais, em Coimbra. Quando me pediu contactos — uma vez que o Centro também pertence à Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais —, eu atalhei logo o caminho e perguntei-lhe se não queria vir para Aveiro, fazer o trabalho aqui no Estabelecimento Prisional”, relembra. “Era mais fácil. Estando eu aqui, podia agilizar procedimentos e facilitar tudo. E, além disso, eu já tinha alguma ligação à rádio”, justifica com uma risada cúmplice. Estava dado, assim, o primeiro passo para o nascimento do projeto. No entanto, Cláudio revela que a rádio interna que hoje emite diariamente não passava, no início, de uma proposta com teor formativo e teórico. A ideia era oferecer aos reclusos uma introdução às competências básicas do universo radiofónico. “O que nós percebemos, depois, com o passar do tempo, foi que estar a ensinar estas aptidões aos reclusos, sem que eles tivessem a possibilidade de manipular, efetivamente, os equipamentos de uma rádio, os microfones, os auscultadores, a mesa, tudo isso, tornava-se uma coisa muito abstrata”, explica. A solução, recorda à Ria, foi sair à rua e pedir ajuda à comunidade local. Com o apoio de patrocinadores e doações, conseguiram adquirir os equipamentos essenciais e criar um estúdio dentro da prisão. “À medida que fomos conseguindo essa ajuda, e com o espaço montado, tornámo-nos mais ambiciosos: pensámos, já que chegámos até aqui, vamos mais longe — vamos começar a emitir”. O processo até à primeira emissão demorou mais de um ano. Quando finalmente aconteceu, a rádio passou a funcionar diariamente, com uma equipa fixa de quatro reclusos e de uma voluntária [Rosa]. Um dos receios iniciais, partilha Cláudio, era garantir a preservação do estúdio e do equipamento dentro do contexto prisional. “Inicialmente, nós tínhamos algum receio que o espaço pudesse ser devassado, porque há uma equipa, responsável pela rádio, que são aquelas cinco pessoas que vocês conheceram, e são elas que estão autorizadas a entrar ali e a trabalhar com aqueles equipamentos”, realça. “No estúdio de rádio nós tivemos essa preocupação desde o início em explicar-lhes que é um espaço sagrado, não é um espaço comum onde toda a gente possa entrar”, continua. Apesar dos receios iniciais, Cláudio Pedrosa admite que facilmente acabaram por ser ultrapassados e que, atualmente, é um espaço respeitado por toda a comunidade prisional. “Às vezes pode haver quem bata à porta para chamar alguém ou para perguntar alguma coisa, mas não entram ali, respeitam muito aquele espaço”, assinala. Sobre o que reserva o futuro da RPA? Cláudio responde-nos que há a ambição de crescer ainda mais. “A nossa intenção é começar a chamar alguns reclusos que tenham algum talento especial com a música, que toquem instrumentos, que cantem, para vir às emissões também mostrar o seu talento aos restantes companheiros”, ambiciona. Até lá, a RPA segue no ar, firme e certa, pronta a levar música, histórias e companhia à comunidade do Estabelecimento Prisional de Aveiro. Todos os dias, pontualmente, das 10h00 às 12h00.
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Luís Souto atribui a Manuel Assunção a criação da Fábrica Ciência Viva e do PCI. É verdade?
As eleições autárquicas em Aveiro continuam a gerar polémica. Os candidatos Luís Souto (coligação 'Aliança Mais Aveiro') e Alberto Souto (PS) procuram disputar espaço e influência na Universidade de Aveiro, tentando atrair figuras prestigiadas da comunidade académica para reforçar a sua credibilidade junto do eleitorado. O socialista Alberto Souto anunciou, ao longo dos últimos meses, o apoio de dois antigos reitores da Universidade de Aveiro como membros da sua Comissão de Honra: Júlio Pedrosa (reitor entre 1994 e 2001) e Helena Nazaré (reitora entre 2002 e 2010). Em resposta, Luís Souto revelou, numa sessão pública no Teatro Aveirense, que o mandatário da sua candidatura será Manuel Assunção, reitor da UA entre 2010 e 2018. Durante a apresentação, Luís Souto destacou a Fábrica Centro Ciência Viva e o PCI – Parque de Ciência e Inovação como exemplos do “fortíssimo impacto” da “ação governativa” de Manuel Assunção. A mesma ideia foi reforçada na nota de imprensa enviada à comunicação social. “A ação governativa do professor Manuel Assunção teve um fortíssimo impacto em Aveiro e na região. Destacando-se, a título de exemplo, a Fábrica Ciência Viva, o Parque Ciência e Inovação da região de Aveiro.” Luís Souto, 20 de junho de 2025 “O Prof. Manuel Assunção (...) foi vice-reitor (de 1994 a 2009) e reitor da Universidade de Aveiro (de 2010 a 2018), promovendo a criação de estruturas como a Fábrica - Centro Ciência Viva e o PCI - Parque de Ciência e Inovação.” Nota de imprensa da candidatura ‘Aliança Mais Aveiro’. A Fábrica Centro Ciência Viva foi inaugurada a 1 de julho de 2004, como indica uma publicação recente da própria Universidade de Aveiro nas redes sociais. Na altura, a UA era liderada por Helena Nazaré, que foi reitora de 2002 a 2010. Na foto da inauguração - onde se vê a presença de Mariano Gago, então ministro da Ciência - é possível ver Helena Nazaré em lugar de destaque. Ou seja, o projeto nasceu e foi concretizado sob a liderança de Helena Nazaré. Já o PCI - Parque de Ciência e Inovação foi inaugurado em 2018, durante o mandato de Manuel Assunção, mas começou a ser desenvolvido em 2007 e materializado em 2009. A informação consta no suplemento “Especial PCI”, publicado no dia 10 de março de 2021 no Diário de Aveiro, mas também o site da Câmara Municipal de Ílhavo relembra o momento: “No seguimento da aprovação da candidatura liderada pela UA do Parque da Ciência e Inovação foi assinado o contrato de financiamento no dia 15 de dezembro de 2009, entre a Universidade de Aveiro e o Programa Operacional da Região Centro. Trata-se de um investimento de 35 milhões de euros, com o apoio do QREN no valor de 15,5 milhões de euros”. O documento foi assinado por Helena Nazaré que à data era ainda a reitora da Universidade de Aveiro. A candidatura de Luís Souto atribui a Manuel Assunção um protagonismo que não corresponde inteiramente aos factos históricos. A Fábrica Centro Ciência Viva foi criada sob a liderança de Helena Nazaré, que integra atualmente a Comissão de Honra da candidatura adversária, do PS. Quanto ao PCI, Manuel Assunção teve um papel relevante na fase de concretização, mas o projeto nasceu e foi financiado durante o mandato anterior, também de Helena Nazaré. A classificação final é ENGANADOR. As declarações de Luís Souto exageram o papel de Manuel Assunção, omitindo o envolvimento determinante de Helena Nazaré na criação das duas infraestruturas referidas. O enquadramento apresentado serve um objetivo político, mas não respeita o rigor histórico dos processos citados.
Feira tem marchas com 350 pessoas que pagam “brio bairrista” com verbas da comunidade
Desses desfiles gratuitos no referido município do distrito de Aveiro e Área Metropolitana do Porto, os primeiros no calendário são as “Marchas de São João de Pereira”, que se realizam esta segunda e terça à noite em Argoncilhe, e depois seguem-se as “Marchas Sanjoaninas”, que saem à rua a 28 de junho, em São João de Ver. No primeiro caso, a organização da festa cabe à Associação dos Amigos do São João de Pereira, que, fundada em 2017, deu um cunho mais profissional às marchas que tiveram como percursores os antigos “leilões” em carros alegóricos, nos anos 70 e 80, e depois evoluíram para o formato atual, que se distingue por os bailarinos e músicos desfilarem de forma algo discreta num troço de 450 metros de rua e deixarem as coreografias principais para um palco redondo, em torno do qual se dispõe a multidão. “Entre marchantes, músicos, cantores, costureiras e aderecistas, somos uns 200, de vários lugares de Argoncilhe e também de freguesias à volta, como Mozelos e Lourosa, ainda na Feira, ou Sandim e Pedroso, já no concelho de Gaia”, conta Jesus Couto à Lusa, na sua t-shirt com o ‘branding’ da associação. A casa faz alguma receita com 'merchandising' como esse, mas angaria os 20.000 euros do orçamento da festa sobretudo através de “pequenos apoios” institucionais, patrocínios privados “maiores” e atividades pontuais como sorteios de rifas e petiscadas regulares no bar da coletividade, que está decorado com bancos corridos, toalhas ao xadrez e manjericos que duram todo o ano por serem feitos com pompons de lã. A quota de 5 euros anuais pelos mais de 480 sócios da associação também ajuda a pagar as contas, assim como os 25 euros com que cada participante financia “uma parte muito pequena” dos materiais e trabalhos da costureira, mas o presidente da coletividade, Vítor Pereira, diz que “o que tem mais valor é o tempo e o bairrismo das pessoas”, que, inscrevendo-se nas marchas logo em janeiro e fevereiro, em abril já começam a treinar duas a três vezes por semana. Parte dos ensaios é no pátio de cargas e descargas da empresa “Cerâmica de Argoncilhe”, sob o comando de Cristina Correia, equipada com um microfone de cabeça ao estilo pop star; as costuras e bricolages dispõem-se pela cave da professora Inês Pereira, onde Rosa Pereira exibe a letra da canção criada pelo apresentador António Sala para as marchas locais; e também nessa sala ou no bar da associação criam-se, de acordo com um modelo distribuído previamente, os manjericos e sardinhas que, em festão de cores bem vivas, se penduram ao alto na rua da festa. “Há muita gente que se voluntaria para fazer essas decorações e depois tentamos reutilizar tudo o que ainda esteja em bom estado, para evitar ao máximo o desperdício”, assegura Tiago Alves, também aprumado com a t-shirt da organização. Os mesmos princípios ecológicos aplicam-se à cascata sanjoanina, que, em cerca de 20 metros quadrados, apresenta a cada ano uma seleção rotativa de 500 peças, que, a partir de uma coleção total de 3.000, decoram o cenário com quedas de água, fachadas a replicar as principais instituições de Argoncilhe e nuvens pintadas pelas crianças das escolas de Pereira. “Não é por acaso que dizem que estas marchas são grandes demais para a freguesia”, realça Pedro Silva, um dos maestros de serviço. “É tudo feito com muito gosto, mas o melhor mesmo é o espírito bairrista que se sente quando estamos juntos, o brio que une as pessoas”, diz antes de entrar no palco – onde as coreografias se mantêm escondidas do público até à estreia, graças a telas publicitárias que funcionam como cortinas gigantes e por baixo das quais espreitam os bailarinos mais pequeninos, coladinhos uns aos outros. Nas marchas de São João de Ver não há tantas crianças e este ano o desfile ficou reduzido a dois grupos, cada um com cerca de 75 participantes e representando diferentes lugares da freguesia, mas, pelo menos no coletivo Malapeiros, a renovação é constante. “Há sempre algumas pessoas que desistem, ou porque não se adaptam ou porque não têm tempo para os ensaios, mas todos os anos há caras novas e têm aparecido sempre muitos jovens”, garante Herculano Oliveira, o diretor do grupo. Francisco Silva é o encenador, aderecista "e o que mais for preciso" nessas marchas, que implicam uns 5.000 euros suportados com patrocínios, apoios, rifas e outros contributos, e conta que também aí "tudo começou por bairrismo", quando, em resposta ao desafio lançado em 2014 pelo padre da paróquia, a Mena Petiz passou palavra e "a Emília, a Iolanda e a Clara andaram de porta em porta a convencer as pessoas". Se no início eram só 30 os participantes, agora, no pavilhão desativado de uma antiga empresa de tapeçarias, reúnem-se a cada ensaio umas 75 pessoas – a maior parte das quais mulheres que rodopiam com outras dançarinas, dada a falta de espécimes masculinos para as acompanhar nas músicas de Fábio Pinto. "Aceitamos toda a gente, mesmo que não tenha muito jeitinho nem seja de São João de Ver" assegura Francisco. "E não há prémios para ninguém, porque, no dia em que os grupos se puserem a competir uns com os outros, começa a dar chatices e para isso não vale a pena este trabalho todo", complementa Herculano. No dia 28 há vaidade geral no desfile entre a estação de comboios e a igreja desenhada por Fernando Távora, no que as senhoras não prescindem de cabeleireiro e maquilhadora, mas todos parecem concordar que, ainda assim, “o melhor de tudo é o convívio final”, uma vez concluída a missão a que se dedicaram tantos meses. Só que esse encontro não se realiza no dia das marchas, já que, depois do desfile, os Malapeiros querem é estar com familiares e amigos nas tasquinhas da festa. Entre interjeições de concordância alheia, Francisco e Herculano explicam que há que esperar duas semanas e só então, com todos já recuperados, é que se tira um domingo inteiro para celebrar: "Durante as marchas o que interessa é cada um dar o seu melhor e divertir o povo; depois das marchas, preferimos esperar um bocado para estar mais à vontade, porque o que a gente quer é comer, beber e dançar – mas à nossa maneira, sem passos marcados, até já não aguentar mais!".
Proteção costeira na Costa Nova, em Ílhavo, com 1,4 milhões de financiamento
O projeto, “Alimentação Artificial a Sul do Esporão da Barra – Ílhavo”, da responsabilidade da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), tem uma extensão de intervenção de cerca de 700 metros, na freguesia da Gafanha da Encarnação, concelho de Ílhavo. Segundo o Governo a operação compreende nomeadamente a alimentação artificial da praia, que resulta do aproveitamento de inertes provenientes das dragagens de manutenção do Porto de Aveiro. Tal permitirá repor sedimentos e reforçar o cordão dunar, funcionando como defesa natural contra o avanço do mar. A remoção de esporões obsoletos com o reaproveitamento de materiais para reforço da raiz do esporão sul da Barra, e a relocalização e requalificação de passadiços e paliçadas para regeneração da vegetação dunar são também componentes da operação. Pretende-se, com a iniciativa, responder ao “agravamento da erosão costeira naquele troço, que ameaça o cordão dunar, o passadiço da praia e outras infraestruturas públicas e turísticas da zona da Costa Nova, e resulta também dos impactos recentes de eventos climáticos extremos registados na região”, segundo o comunicado. As medidas “são consistentes” com os princípios do Plano de Ação Litoral XXI, bem como com os compromissos nacionais em matéria de adaptação às alterações climáticas e proteção da faixa costeira, garante o Ministério do Ambiente e Energia. “Esta intervenção representa o que deve ser uma resposta moderna aos riscos costeiros: técnica, célere e ambientalmente sustentável. Estamos a proteger pessoas, bens e património natural com soluções baseadas na natureza e no reaproveitamento de recursos”, disse a ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, citada no comunicado. O financiamento é feito pela Agência para o Clima, através do Fundo Ambiental, e a execução pela APA. Em fevereiro passado o mar avançou sobre o cordão dunar, devido às marés e à forte ondulação, destruindo parte do passadiço que liga as praias da Barra e Costa Nova. “Desde 2023 que andamos atrás da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para resolver o problema (do avanço do mar sobre as dunas naquela zona), lamentou na altura o presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, João Campolargo.
Daniela Mercury abre festival AgitÁgueda 2025 que estima mais de 1 milhão de visitantes
Com um programa artístico diversificado e de entrada livre, numa Águeda colorida com chapéus-de-chuva e animada por estátuas vivas, o evento é descrito como um festival para as famílias. Além de Daniela Mercury são destaques do cartaz Fernando Daniel (dia 11), Jorge Guerreiro (dia 15), Diogo Piçarra e padre Guilherme (dia 19), Quinta do Bill (DIA 20), e os Delfins (dia 26), encerrando o festival com um espetáculo pirotécnico. “O Agitágueda já está noutra dimensão”, considera o presidente da Câmara de Águeda, Jorge Almeida, historiando que “há alguns anos Águeda não tinha componente turística forte e hoje é anfitriã de multidões, com o chapéu-de-chuva colorido como imagem de marca”. Vão estar pendurados mais de cinco mil chapéus-de-chuva multicolores pelas ruas, num festival que tem também a arte urbana como componente, e pequenos eventos, envolvendo cerca de 36 associações locais. Na edição de 2024 foram identificadas 61 nacionalidades de origem entre os 940 mil visitantes, o que leva Jorge Almeida a dizer que “Águeda é cada vez mais uma cidade do mundo e o AgitÁgueda contribui para isso”. “A edição de 2025 “vai continuar a rampa de crescimento que tem seguido desde a primeira edição”, vaticinou o autarca, na apresentação do festival. Edson Santos, vice-presidente da autarquia que tem estado envolvido diretamente na organização, diz que “a expectativa é sempre muito alta, sendo essa também uma responsabilidade do Município”, já que é um evento “participado por toda a cidade”. “Tem um impacto fantástico e por cada euro investido há um retorno de 6,5%, o que quer dizer que vai gerar cerca de oito milhões de euros na economia local e não só, porque a hotelaria e restauração dos concelhos vizinhos também beneficiam”, disse, reportando-se a um estudo realizado para a autarquia sobre o impacto do festival.