PS-Aveiro responde à ‘Aliança’ sobre Bruno Ferreira e lança questões sobre Catarina Barreto
A Comissão Política Concelhia de Aveiro do Partido Socialista (PS) quebrou esta terça-feira, 16 de setembro, o silêncio relativamente a um comunicado da ‘Aliança com Aveiro’, criticando a forma como o movimento político se dirigiu a Bruno Ferreira, candidato socialista à Junta de Freguesia da Glória e Vera Cruz. Ao mesmo tempo, os socialistas lançaram questões sobre a recandidatura de Catarina Barreto, atual presidente da Junta de Aradas, levantando dúvidas quanto à sua atuação e à confiança que merece dentro da própria coligação.
Redação
No texto, o PS acusa a Aliança com Aveiro de incoerência e de emitir “juízos de valor” infundados. A força política recorda que Bruno Ferreira integra o atual executivo da Junta, eleito pelo PSD/CDS, como tesoureiro, mas sublinha que se trata de um candidato independente, sem lealdades partidárias. “O Partido Socialista reconhece as suas qualidades técnicas, pessoais e políticas. Orgulha-se em tê-lo na candidatura ‘Um Futuro com Todos’”, lê-se no comunicado. Recorde-se que no passado sábado, 13 de setembro, a direção de campanha da coligação ‘Aliança com Aveiro’ acusou Bruno Ferreira de usar “o cargo, os eventos e as instalações da autarquia” para fins eleitorais.
Em resposta às acusações de aproveitamento político, os socialistas questionam se “os presidentes de junta e restantes membros dos executivos em funções, eleitos pelo PSD/CDS, que se recandidatam às autárquicas 2025, não o fazem sistemática e diariamente”, apontando exemplos de publicações em redes sociais que, alegadamente, configurariam práticas semelhantes. “Não publicam nas redes sociais das Juntas de Freguesia, atividades , inaugurações, campanhas que não existem? Como fez a presidente e atual candidata à Junta de Freguesia de Aradas com o «Pack Bebé»? A publicação foi apagada mas há prints da mesma”, atira.
Sobre o Plano de Pormenor do Cais do Paraíso, o PS reafirma a sua oposição à alteração proposta e assegura que Bruno Ferreira “acompanha essa posição”. O partido sublinha ainda que, caso o candidato tivesse estado presente numa reunião da Assembleia Municipal, “votaria como lhe aprouvesse”, rejeitando a ideia de imposições.
O comunicado acusa ainda Luís Souto de Miranda, candidato da ‘Aliança’ à Câmara Municipal e atual presidente da Assembleia Municipal, de incoerência política, por ter recusado demitir-se do cargo quando lhe foi sugerido, ao mesmo tempo que exige a saída de Bruno Ferreira da Junta de Freguesia.
Os socialistas vão mais longe e levantam dúvidas sobre a recandidatura de Catarina Barreto, atual presidente da Junta de Freguesia de Aradas, eleita pela coligação da ‘Aliança’. “Desafia os jornalistas a «investigar o caso». Não confia na candidata por si escolhida? Não está seguro de que a mesma não se inscreveu indevidamente na ADSE, Instituto de Proteção e Assistência na Doença, I.P. ? Este assunto é para si um assunto novo do qual nunca tinha ouvido falar? A falta de transparência e de respeito pelo Estatuto da Oposição, nesta Junta de Freguesia, não o incomodam? Não beliscam a ética por si defendida?”, questiona. Relembre-se que, em entrevista à Ria, Luís Souto admitiu que teria de “atuar” caso Catarina Barreto tivesse beneficiado indevidamente de ADSE.
A concluir, a Comissão Política Concelhia de Aveiro do PS deixa um aviso ao candidato da Aliança com Aveiro: “Não é por falar mais alto que o ouvem, não é por apontar o dedo aos adversários que passará incólume. Estamos de olhos postos no futuro. Atentos ao presente".
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Autárquicas: IL Aveiro apresenta programa eleitoral esta quarta-feira
Segundo uma nota de imprensa enviada à Ria, a sessão será conduzida por Miguel Gomes, candidato da IL à Câmara Municipal de Aveiro, que apresentará as principais propostas do partido para as áreas de: “Educação; Segurança e Proteção Civil; Serviços Urbanos e Gestão do Espaço Publico; Mobilidade e Transportes; Obras Particulares; Ambiente e Sustentabilidade; Cidadania Juventude e Seniores; Cultura; Saúde; Toponímia e História Urbana; Economia, Turismo e Habitação; Habitação Social; Multiculturalismo; Mercados e Feiras; Obras Municipais; Planeamento e Ordenamento e Desporto”. “A Iniciativa Liberal acredita que Aveiro merece mais ambição e mais liberdade. Este programa é o resultado de um trabalho sério, com propostas concretas e realistas, pensadas para responder às necessidades das famílias, dos jovens, das empresas e das freguesias”, realça. O evento contará ainda com a presença de Hugo Condesa, gestor e empreendedor comprometido com a transformação do país. Licenciado em Economia e mestre em Gestão de Empresas, Hugo Condesa “é uma voz ativa na defesa de uma verdadeira descentralização de funções e competências do Estado central para os Municípios, alinhada com a visão da Iniciativa Liberal de uma governação mais próxima, eficaz e livre”, esclarece a nota.
“Aliança com Aveiro” apresenta programa eleitoral com foco na habitação e na coesão territorial
A abordagem da coligação ao momento de apresentação da campanha eleitoral contrastou com sessão homóloga do Partido Socialista (PS). Ao passo que a candidatura do PS, liderada por Alberto Souto, abriu as portas para dar nota das suas ideias aos apoiantes, o projeto encabeçado por Luís Souto preferiu uma sessão mais contida, na sede do PSD-Aveiro, apenas perante os jornalistas. Durante a apresentação, Luís Souto fez-se acompanhar dos principais nomes da sua candidatura. À sua direita, Rui Santos, Ana Cláudia Oliveira e Pedro Almeida, os seus números dois, três e quatro, respetivamente, na corrida à CMA. À esquerda, Miguel Capão Filipe, candidato à Assembleia Municipal, Rui Vieira, Sílvia Ribau e Teresa Christo, quinto, sétimo e nono candidatos à autarquia, respetivamente. Numa breve apresentação, o cabeça-de-lista repetiu o que já tinha dito no momento de entrega de listas em frente ao Tribunal de Aveiro: a candidatura mistura continuidade, na sua pessoa e dos vereadores Miguel Capão Filipe e Ana Cláudia Oliveira, e inovação, nos restantes candidatos. Entre as notas que deixou, Luís Souto frisou também a importância de ter recrutado pessoas independentes da vida partidária, numa demonstração de que o partido não está desligado da sociedade civil. Neste espaço, o candidato aproveitou para tecer alguns elogios. Luís Souto comenta que “vai começar a fazer lobby” para que Pedro Almeida assine a ficha de militante do PSD e conta que o mérito do professor da Universidade de Aveiro (UA) tem sido reconhecido pelos empresários com quem fala: “Não digo que seja o Cristiano Ronaldo aqui da matéria, mas as pessoas perguntam-nos «Como é que conseguiram?» Foi uma oportunidade”. Da mesma forma, Luís Souto aproveitou os elogios para também mandar uma bicada a Diogo Machado, candidato do Chega. Quando apresentava Teresa Christo, ex-vereadora e militante do CDS, o cabeça-de-lista da “Aliança com Aveiro” comentou: “É militante do CDS e foi sempre militante do CDS. Nunca mudou, Teresa? [risos] Portanto, é CDS e continua a ser CDS porque acredita na democracia-cristã e não vai nas ondas, ao sabor dos ventos, para aqui e para acolá, consoante está a dar”. Recorde-se que Diogo Machado, candidato do Chega, foi presidente da concelhia e da distrital do CDS-PP em Aveiro e chegou a representar o partido como deputado municipal. Mas os ataques não se ficaram pela oposição à direita. Antes de começar a expor as ideias do partido, Luís Souto atirou-se aos críticos que disseram que a coligação não tinha ideias próprias. “Claro que nós tínhamos ideias, sempre tivemos ideias. Só que a nossa estratégia passou por uma maneira diferente de estar na política: ouvir as pessoas, escutar os seus interesses, preocupações e anseios para o nosso Município”, afirmou o candidato. Por isso, atacando o oponente do Partido Socialista, frisou que o programa eleitoral “não é um livro de ideias do Luís Souto Miranda”. Lembre-se que, há cerca de um ano, Alberto Souto lançou um livro de ideias para Aveiro que acabou por, em muitos aspetos, servir de base ao programa do PS. Da mesma forma, e porque tem apostado em criticar um alegado despesismo das propostas que têm sido apresentadas por Alberto Souto – uma crítica que vem alinhada com a consideração de que o socialista “endividou” a autarquia durante o seu tempo de governação, entre 1998 e 2005 -, Luís Souto nota que “não foi possível acolher” algumas das propostas sugeridas pelos cidadãos. “Nós somos poder, somos governação e queremos continuar a ser. Portanto, temos um sentido de responsabilidade muito grande e isso obriga-nos a ponderar muito bem também essas propostas”, considerou. Antes de entrar no domínio das propostas, o programa eleitoral enquadra uma série de depoimentos de apoiantes da coligação. Entre eles, destacam-se os nomes de Luís Montenegro, primeiro-ministro, José Ribau Esteves, atual presidente da Câmara Municipal de Aveiro (CMA), e Manuel Assunção, ex-reitor da Universidade de Aveiro e mandatário da candidatura. Na sua breve declaração, o chefe de governo Luís Montenegro escreve que “Aveiro não merece desperdiçar este caminho, este trajeto de desenvolvimento que percorreu nos últimos anos”, mas deve “reanimar” o percurso com a eleição de Luís Souto Miranda. Já Ribau Esteves – que, recorde-se, foi contra a escolha do candidato e disse que Luís Souto não tinha "nenhuma experiência de gestão" nem "perfil" para ser presidente – afirma que “a Câmara Municipal de Aveiro tem de continuar a ser gerida com um projeto que garanta a continuidade do excelente trabalho realizado nos últimos doze anos, com uma resposta positiva, de somar rumo ao futuro, recusando a opção de voltar atrás para a má gestão do PS, o que só pode ser garantido pela Aliança com Aveiro”. No entender do candidato à autarquia, a proximidade política entre as entidades governativas de poder local e nacional é um dos trunfos da sua candidatura: “Ter em sintonia uma Junta de Freguesia, uma Câmara Municipal e até o Governo de um país… obviamente que as coisas andam mais facilmente”. Mas Luís Souto vai mais longe e considera que é por estas “ligações fortes” que pretende começar a trabalhar quando for eleito. A primeira coisa que diz que vai fazer como presidente da CMA é “marcar várias reuniões com o governo para fazer andar vários dossiers”. Luís Souto destaca, no entanto, que o campo dos depoimentos não está só reservado a figuras políticas, mas também a pessoas do povo: “Podem dizer «Mas o que é que está aqui a fazer a senhora que é empregada do bar?» Está aqui porque é o depoimento das pessoas que lidam com o dia-a-dia e que nos transmitem humanismo”. Destes nomes, destacam-se “D. Manuela”, empregada do bar de Biologia da UA, e o atleta João Monteiro. Dos 18 domínios sobre os quais se debruça o programa – Habitação, Ambiente, Desenvolvimento Económico e Inovação, Planeamento e Urbanismo, Mobilidade, Administração Municipal e Aceleração Digital, Freguesias, Saúde, Educação, Inclusão e Solidariedade, Juventude, Associativismo, Cidadania, Desporto e Vida Saudável, Cultura e Criatividade, Turismo Sustentável e Experiencial, Segurança, Proteção Civil e Bombeiros e Bem-estar Animal -, Luís Souto começou por dar destaque às freguesias. “Chegou a horas das freguesias”, começou por dizer. De acordo com o candidato, a aposta na coesão territorial é uma das “linhas mestras” do programa. Para além de dizer que quer que o turismo passe a ir além do centro da cidade, dando como exemplo o potencial do Baixo Vouga no âmbito do turismo ambiental ou a criação do “Pólo da Bairrada”, em Nariz, Luís Souto deu nota daquilo a que chama de “equipamentos âncora”. Já prevista está a integração do Quartel das Artes na Casa da Música, em Aradas, algo que, conforme explica, faz com que uma área grande passe a ser dedicada à arte e à cultura. Depois, o candidato enalteceu que a habitação é a primeira prioridade programa. Neste campo, Luís Souto não deixou de criticar a oposição pela forma como fala da crise da habitação em Aveiro. “É o problema número um em Portugal e na Europa. Num encontro de cidades da União Europeia, todas, mas todas, elencaram a crise habitacional como a preocupação número um. Portanto, não vale a pena – como a oposição às vezes faz – dizer «Em Aveiro, há uma grave…» Claro que em Aveiro há uma crise de habitação, como há em todo o lado”. Para dar resposta ao problema, o candidato defende a criação de uma estrutura dedicada a gerir a habitação nas várias vertentes: social, para a classe média e para a juventude. De acordo com o programa, a proposta inclui também a criação de uma plataforma digital com a informação dos apoios ao investimento em habitação, ao arrendamento e de toda a oferta de arrendamento acessível. Um “desafio muito grande” a que Luís Souto se refere é o novo posicionamento do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU). No entendimento do candidato, a ideia, que explica ter sido avançada pelo primeiro-ministro, vai ter um grande impacto nas autarquias: “Isto obriga as autarquias a capacitarem-se para lidar, de repente, com um parque habitacional muitíssimo maior do que aquele que até aqui geriam”. Não obstante, o candidato da “Aliança com Aveiro” concorda a proposta de Luís Montenegro e afirma que Aveiro vai ter de se preparar para os “meios fortes” que o futuro vai exigir. Segundo explica, foram feitas intervenções de capacitação do parque habitacional existente que contrasta com os bairros a cargo do IHRU. Relatando uma conversa com um habitante, Luís Souto conta que lhe disseram que “isto [os bairros pelos quais o IHRU é responsável] só vai lá de uma maneira, é demolir tudo”. Outra medida em que a candidatura quer continuar é fazer habitação a custos controlados. Dando o exemplo do investimento privado feito no bairro da Quinta da Pinheira, que conta já com 250 habitações, Luís Souto crê que deve ser incentivada a parceria entre o setor público e o privado para poder dar resposta aos problemas. Na senda daquilo que já tinha sido feito no tempo de José Girão Pereira, presidente da Câmara Municipal de Aveiro entre 1976 e 1994, Luís Souto defende a criação de uma Bolsa Municipal de Terrenos Pronto-a-Construir. Por dizer que o processo de licenciamento é onde mais tempo se perde – mesmo com uma Câmara “muito expedita” como considera ser a de Aveiro -, o candidato afirma que a existência de um conjunto de terrenos com o licenciamento pré-aprovado vai transformar o panorama da habitação. Luís Souto quer ainda a revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) para permitir o crescimento da habitação. A título de exemplo, refere que quer que os terrenos que envolvem as estações ferroviárias, onde diz que hoje não é permitido construir, passem a ser áreas privilegiadas de crescimento habitacional “sem restrições”. A problemática das pessoas em situação de sem-abrigo também preocupa o candidato da “Aliança com Aveiro”, que “não tolera” que Aveiro se torne indiferente a quem vive na rua. Nesse sentido, o candidato enaltece a necessidade de, com as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), criar um espaço para as pessoas que vivem como sem-abrigo. Já sobre os “muito” fogos devolutos, Luís Souto considera que têm de ser dados incentivos para que voltem para o mercado. A estratégia deve ser “positiva”, segundo o candidato, que propõe que, em concertação com os proprietários, se estabeleçam protocolos que obriguem a uma contrapartida de arrendamento de “x-anos”. A proposta contrasta, na sua opinião, com a visão “completamente demagógica” do candidato socialista Alberto Souto, que diz propor que a Câmara “chegue e assuma qualquer valor” de uma casa para arrendar numa imobiliária. A ideia, afirma, representa o “Euromilhões para as imobiliárias”. Recorde-se que Alberto Souto, entrevista ao Jornal de Notícias, defendeu como solução imediata para o problema passaria “por a Câmara a ir ao mercado de arrendamento arrendar pelo preço que for […] Se forem 800 euros, paga 800, e depois subarrendamos a quem precisa por 400, suportando o diferencial. Fazemos isto durante os quatro anos de mandato e nesse período pegamos no dinheiro do PRR e nos terrenos que temos e construímos habitação pública”. Nas contas de Luís Souto, se a Câmara arrendar 1000 casas por 500 euros, ao fim de um ano teria de pagar seis milhões de euros. “A Câmara estaria falida no ano seguinte”, aponta. Outra solução, agora tendo em consideração também as “ligações fortes” que Luís Souto pretende ter com o governo, é a utilização do quartel-general da GNR para habitação. Apesar de saber que foi uma solução já tentada por Ribau Esteves, o candidato da “Aliança” refere que as circunstâncias mudaram e que é um sinal positivo de colaboração que o executivo de Luís Montenegro pode dar. Na ótica do cabeça-de-lista, “não faz sentido nenhum ter um quartel da GNR no meio mais central da cidade, no meio urbano, quando a GNR, por vocação, é a nossa polícia, de características mais suburbanas”. Assim, o objetivo é deslocalizar o quartel para uma zona periurbana que oferece condições mais modernas à polícia e transformar. Ainda no tema da habitação, que foi claramente o principal visado do candidato, Luís Souto indica que o caminho que a coligação quer seguir é aquele que foi indicado pela Estratégia Local de Habitação: “estaremos abertos à implementação de todas as medidas previstas no quadro da lei. Inclusive, entendemos que chegou a altura de começar a construir. É necessário”. Da habitação, o candidato da coligação saltou para o tema da Economia e Inovação. Aqui, a medida principal volta a ser a descida dos impostos, nomeadamente a devolução de, “em princípio”, 0,25% do IRS aos munícipes. De acordo com a estimativa, a medida representará uma quebra de 400 mil euros por ano nas contas da Câmara. No entanto, o candidato garante que “as contas serão feitas” de forma que, no Orçamento Municipal, o prejuízo da medida seja zero. Apesar de reconhecer que o alívio não é muito significativo, Luís Souto realça que se trata de um “sinal”. Ainda na senda do que tem vindo a ser feito no atual mandato presidido por José Ribau Esteves, Luís Souto pretende continuar também a reduzir gradualmente o IMI. Outra prioridade a que o candidato deu muito destaque foi à criação de uma Agência Municipal de Investimento e Inovação e de um Conselho Municipal de Estratégia e Inovação. O objetivo é que a Agência, que deve funcionar de forma autónoma em relação à Câmara Municipal, seja uma espécie de Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) na captação de investimento para Aveiro. Aí, Luís Souto pretende também envolver uma série de outras entidades, entre as quais a Universidade de Aveiro (UA). Fechada a primeira apresentação do programa, o candidato convidou os jornalistas presentes a colocarem questões sobre o documento. Depois de questionado sobre que grandes propostas tinham ficado por referir, Luís Souto disse não ter mencionado, no eixo da Economia e Inovação, a vontade de qualificar as áreas de acolhimento empresarial. No campo da sustentabilidade, Luís Souto deu ênfase à proposta de apostar no desenvolvimento e captação de investimento em áreas como a aeronáutica ou a biotecnologia azul. A ideia da coligação é criar um espaço denominado de “Silicon Valley” no Município para que se fixem empresas das “tecnologias avançadas”. Na mobilidade, Luís Souto Miranda reconhece que “nós temos aqui um problema, mas que também não é só de Aveiro”. A medida mais sonante foi o pedido de uma avaliação externa à Câmara e às empresas concessionárias ao Serviço de Transportes Públicos. Para “reconhecer as disfuncionalidades da oferta” é necessário um “estudo rigoroso”, no entender do candidato. Da parte dos jornalistas, foi notado que o atual executivo camarário terá todos os dados relativos ao serviço e, por isso, foi perguntado a Luís Souto se não confiava nos dados. Diz o candidato que “é só andar na rua e olhar para os autocarros. Como é que eles vêm? Com uma pessoa, com duas pessoas… Acha isto razoável? Eu não acho. Eu não estou a dizer que os dados estão falseados ou deixam de estar”. Na mesma senda, Luís Souto continuou a explicar que apesar de se pautar por ser uma candidatura de continuidade, “não é um clone de Ribau Esteves”. Nesse sentido, por entender que chegou o momento de uma avaliação diferente, que não seja a aferição e a monitorização. Também no âmbito da mobilidade, o candidato da “Aliança” defendeu um maior investimento nos meios de transporte suaves e na continuação da construção das vias cicláveis, bem como a criação de parques de estacionamento periféricos apoiados por uma rede de minibus de alta frequência. Dois dos pontos onde Luís Souto acredita existir a necessidade de construir parques de estacionamento são no Largo Capitão Maia Magalhães – onde é preciso fazer uma avaliação de custo-benefício para entender se se deve construir o parque subterrâneo ou à superfície – e em Esgueira, cuja solução não está ainda definida. Apesar de, segundo afirma, as outras candidaturas já estarem a garantir a localização do parque, Luís Souto garante que não estar na campanha “para favorecer a especulação de terrenos de ninguém”. É também objetivo da coligação “Aliança com Aveiro” criar mais zonas pedonais. De acordo com o candidato, muitas vezes a solução não funcionou porque entrave em conflito com as atividades económicas e com a vida normal dos moradores. Luís Souto garante o recurso a uma “solução tecnológica adequada” que garanta uma maior harmonia. Ainda a pensar nos autocarros, o cabeça-de-lista sugere um sistema de pontos para quem frequente os transportes públicos. Seria, na sua opinião, uma forma de angariar clientes para um serviço que diz ser pouco utilizado pelos aveirenses. Se durante a primeira intervenção, Luís Souto não falou em espaços verdes por, afirma, não ter tido tempo de abordar todos os tópicos, o candidato da “Aliança” considera que o seu projeto é a “candidatura verde”. Recordando uma frase do ex-primeiro-ministro José Sócrates – que, em 2009, se dirigia à bancada parlamentar do Partido Ecologista “Os Verdes”, que nunca foram a eleições sem estarem coligados com o PCP -, Luís Souto apontou à esquerda para dizer que “há aí umas melancias. Verdes por fora, vermelhos por dentro”. De resto, Luís Souto afirma que o domínio dos parques verdes é mesmo aquele que mais páginas ocupa do seu programa eleitoral. Entre as propostas, o candidato fala na requalificação do Parque Infante D. Pedro, na construção do Parque das Barrocas, de um parque na zona do Pavilhão do Galitos e garante que, com a construção do Eixo Aveiro-Águeda, vai nascer o maior parque do Município. As ideias não ficam por aqui. Luís Souto afirma que vai criar pequenos espaços verdes em todos os bairros do concelho, sempre juntos a espaços para a prática desportiva informal. Já no que ao desporto diz respeito, o candidato destaca que vai ser criada um Carta Municipal do Desporto que permita aferir quais os equipamentos desportivos existentes. Contra as ideias do PS, que “quer bloquear”, Luís Souto pretende avançar com o novo Pavilhão Municipal – Oficina do Desporto. Também no âmbito da continuidade, o candidato à governação da Câmara Municipal de Aveiro quer continuar o investimento em piscinas municipais. A principal proposta de Luís Souto para a cultura é a criação do já previsto “Centro de Arte Contemporânea”. No entendimento do candidato, o equipamento deve passar a ser uma referência e atrair o turismo que chega ao Porto para conhecer Serralves. Se tiver uma grande oferta, diz Luís Souto, vai revolucionar o panorama cultura aveirense. Ainda entre as propostas culturais, o candidato não esquece o “Centro Interpretativo do Sal”, a área dos festivais das artes de rua ou a continuidade do Festival dos Canais como apostas a seguir durante o mandato. Sobre a educação falou ainda Rui Vieira. Primeiro, o candidato destaca a necessidade rever a Carta para a Educação. No seu entender, o documento não deve passar apenas por uma formulação, deve mesmo ser analisado com o apoio de outras entidades, como a Universidade de Aveiro ou as associações de pais. Preocupação da candidatura é também o processo de formação dos assistentes operacionais que operam na Câmara de Aveiro. Segundo Rui Vieira, o trabalho deve passar por aprimorar o processo de avaliação dos profissionais. Outra prioridade destacada foi a melhoria dos parques infantis, que deve passar por diversificar e amplificar a experiência que é oferecida às crianças. Fugindo ao programa eleitoral, Luís Souto foi obrigado a escolher quem, entre Alberto Souto e Diogo Soares Machado, seria o seu principal adversário político na corrida à Câmara. O candidato respondeu com uma terceira opção ao dizer que o seu principal adversário é a desinformação: “As fake news chegaram a Aveiro. Eu dizer uma coisa e sair outra na comunicação social, para não falar das redes sociais. […] Esse para mim tem sido o nosso grande adversário. É a desinformação, a deturpação, a manipulação daquilo que temos dito”. A campanha, garante, está a ser construída na luta pela maioria absoluta. Caso não aconteça, Luís Souto “avisa” que existe o risco de o Município ficar “ingovernável, bloqueado, congelado”. “No mínimo, traz dificuldades. No máximo, traz o caos, a ingovernabilidade, e todos vão sofrer”, conclui.
PS Aveiro apresenta Alcino Canha na União de Freguesias de Requeixo, Fátima e Nariz e critica junta
Na sua intervenção, Alcino Canha sublinhou que reside na freguesia "há mais de 40 anos" e que, estando atualmente reformado, dispõe de “tempo livre” para se dedicar à comunidade. “Verifiquei nestes últimos anos que além do que se tem feito pelo atual executivo da Junta, ainda há muito para fazer”, disse. Quanto às motivações da sua candidatura, avançou que são “várias”, sublinhando a importância de criar “novos acessos, novos espaços públicos, requalificar equipamentos e garantir toda a atenção que os nossos mais velhos e as crianças merecem”. Entre as preocupações que pretende priorizar, o candidato apontou a questão da habitação, destacando “a enorme falta de lotes para construção, que permitam aos jovens edificar as suas casas e fixar-se na União de Freguesias”. Apontou ainda a “falta de civismo” na limpeza da freguesia. “Há um desleixo muito grande da própria junta e alguns objetos ficam vários anos colocados onde não deviam estar”, disse. “Se for eleito presidente de Junta garanto que farei mais e melhor”, assegurou. Alcino Canha mostrou ainda inquietação pelos transportes públicos atuais atirando mesmo que, atualmente: “Estamos tão perto e tão longe de Aveiro”. No seguimento, apontou ainda a falta de acesso a saneamento e a gás natural em toda a freguesia, o mau estado dos caminhos, a falta de ocupação dos tempos livres dos jovens e a falta de soluções de bem-estar para os idosos. A sessão contou ainda com a intervenção de Alberto Souto de Miranda, candidato do PS à Câmara Municipal de Aveiro, que recordou a obra feita na gestão socialista e assumiu novos compromissos. “Quando aqui chegamos, chegamos sempre de cabeça erguida. Quando deixámos Aveiro há 20 anos, 98,5% da população tinha rede de saneamento e o saneamento chegou aos lugares mais distantes do Município”, afirmou, apontando como exemplos as freguesias de “Nariz, Requeixo, Fátima, São Jacinto, Oliveirinha, São Bernardo e Santa Joana”. “Vamos também completar esses 0,5% que faltam”, prometeu. O candidato socialista apontou ainda a necessidade de requalificar os equipamentos desportivos, prometendo que “Requeixo e Nariz” vão ter os seus campos pelados transformados em relvados sintéticos, criando condições para poderem “competir na Associação de Futebol de Aveiro”. No seguimento, Alberto Souto de Miranda criticou a alegada concentração de investimentos apenas em “Fátima” e acusou o atual executivo de só avançar com obras em ano eleitoral. Como exemplos, referiu a construção da nova escola e do centro de saúde. “O povo não é estúpido. Chega-se ao ano das eleições e é quando se avança com a construção do centro de saúde”, atirou. Sobre Nariz e Requeixo disse ainda que “ficaram praticamente esquecidos”. Relativamente a estes dois lugares prometeu “mais habitação e equipamentos desportivos”. “Com o acesso que vai ser feito entre Águeda e Aveiro, Requeixo vai ficar muito bem servida de acessos. (…) Requeixo vai ficar a cinco/sete minutos de Aveiro”, atentou o candidato do PS à Câmara. Apontando para o futuro, destacou ainda, entre outros, a necessidade da criação de uma nova zona industrial e a valorização da Pateira de Requeixo. Já na Póvoa do Valado, apresentou uma outra visão: transformar a zona entre o largo da capela e a antiga escola num “parque verde”, resultando num anfiteatro ao ar livre para “espetáculos musicais, teatro, bandas, etc”. Numa crítica direta a Luís Souto de Miranda, candidato da ‘Aliança com Aveiro’ (PSD/CDS-PP/PPM), relativamente à construção do hotel de 12 andares, no Cais do Paraíso, o candidato do PS atirou que “há uns meses o engenheiro Ribau Esteves (…) disse que o parque subterrâneo servia para receber as águas em casos de inundações e agora o meu opositor (…) resolveu fazer outra graçola e diz que a torre dos 12 pisos é para se houver inundações a malta subir lá para cima e fugir às inundações”. "Eu acho que eles andam a meter muita água e a brincar com coisas sérias. Tudo isto me parece infantil, irresponsável, e não se resolvem os problemas sérios de Aveiro com anedotas e com piadolas que ninguém leva a sério", rematou.
PS Aveiro apresenta Bruno Ferreira em Glória e Vera Cruz com críticas de Alberto Souto à Câmara
Tal como anteriormente noticiado pela Ria, Bruno Ferreira começou a sessão a recordar o convite que lhe foi dirigido, em 2021, por Fernando Marques, atual presidente da Junta de Freguesia, eleito pela coligação ‘Aliança com Aveiro’. Bruno relembra que, na altura, aceitou o desafio, integrando a lista como independente, por “desacordo com a então cabeça de lista do PS”. “Ponderei e aceitei o desafio, disponibilizando-me de imediato para integrar a sua equipa que viria a ganhar as eleições”, afirmou o também atual tesoureiro do Executivo. O candidato sublinhou que a sua trajetória política se manteve sempre fiel a uma visão de “verdadeira social-democracia”, que, na sua perspetiva, “se insere na matriz do Partido Socialista”. Justificando a decisão de avançar agora como candidato pelo PS, Bruno Ferreira referiu que pesaram “diversos fatores”, destacando sobretudo a convicção de estar preparado para liderar os destinos da União de Freguesias. “Nas freguesias de Glória e Vera Cruz, é mais aquilo que nos une do que aquilo que nos separa, e é com redobrada esperança que, num futuro próximo, continuarei com total empenho, disponibilidade e a tempo inteiro, na prossecução dos objetivos que forem traçados”, exprimiu.Recorde-se que também, no passado sábado, a direção de campanha da coligação ‘Aliança com Aveiro’, liderada agora por Luís Souto de Miranda, acusou o candidato do PS de usar “o cargo, os eventos e as instalações da autarquia” para fins eleitorais. Na ocasião, Bruno Ferreira adiantou que o programa eleitoral do PS para a União de Freguesias de Glória e Vera Cruz assenta em “três grandes eixos”: “Proximidade e transparência”; “Cuidar das pessoas da comunidade” e “Valorizar o território e melhorar a qualidade de vida”. Durante a sessão, Alberto Souto de Miranda, candidato do PS à Câmara de Aveiro, aproveitou ainda para destacar algumas das obras realizadas pela gestão socialista e por criticar a atual Câmara Municipal, sublinhando que, em 20 anos, houve “muita conversa, zero [resultados]”. Como exemplo, apontou a habitação. “Muita conversa, mas aí foi deliberado, fizeram zero habitações novas”, criticou. “Uma vergonha no país inteiro. Hoje passei uma vergonha em Coimbra. Dos 308 municípios do país, só dez é que não tinham a sua estratégia local de habitação aprovada por razões de preconceito político. Aveiro era uma delas”, partilhou o candidato socialista. Alberto Souto disse ainda que houve “muitos aveirenses” que ficaram sem possibilidade de ter “casas dignas”. “Nós queremos casas dignas para todos. É essa a nossa ambição. Temos de conseguir fazer com todas as políticas públicas que existam para esse efeito”, vincou. Tal como já tinha feito na apresentação da candidata à Junta de Aradas, o socialista voltou a acusar a coligação ‘Aliança com Aveiro’ de se apropriar de propostas do PS, nomeadamente, na transformação do quartel de Sá em habitação. “Ainda bem que os nossos adversários começam a reconhecer que as melhores ideias são as nossas, porque as deles até agora não vimos nenhuma que se aproveite”, ironizou. Alberto Souto não esqueceu a obra de requalificação da Avenida Lourenço Peixinho, que classificou como um “erro de projeto”. “Sobretudo é uma descaracterização daquilo que era uma das nossas avenidas emblemáticas, uma das avenidas mais bonitas do país, de que todos nos orgulhávamos. Nós temos de ter a arte e o engenho por restituir à avenida a sua característica identitária e, sobretudo, (…) acabar com este engarrafamento que foi aqui criado, com soluções tão simples que eu já anunciei e que vou dispensar de repetir aqui”, insistiu. Respondendo indiretamente às críticas da 'Aliança', Alberto Souto rejeitou responsabilidades sobre a atual situação da avenida: “E não vale a pena a Aliança vir dizer (…) que a culpa foi nossa porque há 20 anos construímos um túnel que traz carros para a Avenida”, apontou. Referindo-se ainda ao Plano de Pormenor do Cais do Paraíso, que prevê a construção de um hotel de 12 andares, Alberto Souto caraterizou-o como um “fortíssimo disparate urbanístico”. “É este tipo de ideia forte que eles até agora apresentaram”, realçou. “Comigo não se fará uma tal aberração, essa é uma ideia para demolir desde o primeiro momento em que lá chegarmos”, garantiu. Alberto Souto de Miranda trouxe ainda à discussão a demolição da antiga sede da Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Aveiro (CERCIAV), localizada na Avenida Artur Ravara.“E também têm outra ideia forte que é uma mentalidade forte de ‘caterpillar’ que é demolir a casa da CERCIAV”, criticou. “O adversário da Aliança foi a favor da demolição da Vivenda Aleluia, é a favor da demolição da casa da CERCIAV, não tem uma mentalidade, uma cultura, que lhe faça defender o património”, rematou Alberto Souto.
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Autárquicas: IL Aveiro apresenta programa eleitoral esta quarta-feira
Segundo uma nota de imprensa enviada à Ria, a sessão será conduzida por Miguel Gomes, candidato da IL à Câmara Municipal de Aveiro, que apresentará as principais propostas do partido para as áreas de: “Educação; Segurança e Proteção Civil; Serviços Urbanos e Gestão do Espaço Publico; Mobilidade e Transportes; Obras Particulares; Ambiente e Sustentabilidade; Cidadania Juventude e Seniores; Cultura; Saúde; Toponímia e História Urbana; Economia, Turismo e Habitação; Habitação Social; Multiculturalismo; Mercados e Feiras; Obras Municipais; Planeamento e Ordenamento e Desporto”. “A Iniciativa Liberal acredita que Aveiro merece mais ambição e mais liberdade. Este programa é o resultado de um trabalho sério, com propostas concretas e realistas, pensadas para responder às necessidades das famílias, dos jovens, das empresas e das freguesias”, realça. O evento contará ainda com a presença de Hugo Condesa, gestor e empreendedor comprometido com a transformação do país. Licenciado em Economia e mestre em Gestão de Empresas, Hugo Condesa “é uma voz ativa na defesa de uma verdadeira descentralização de funções e competências do Estado central para os Municípios, alinhada com a visão da Iniciativa Liberal de uma governação mais próxima, eficaz e livre”, esclarece a nota.
Governo disponibiliza 30 milhões de euros para reforçar reciclagem
Em comunicado o Ministério do Ambiente e Energia avança que, através da Agência para o Clima, lançou hoje o aviso para o aumento da capacidade de reciclagem e valorização de resíduos. É um investimento financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no quadro do regulamento europeu (plano energético) REPowerEU, e destina-se, precisa o comunicado, “a acelerar a economia circular em Portugal e a contribuir para a neutralidade carbónica até 2050”. A instalação e a modernização de linhas de triagem de embalagens, a aquisição de viaturas elétricas e de contentores para recolha seletiva, a criação ou reforço de centrais de compostagem de biorresíduos e a implementação de sistemas de tratamento de águas residuais em instalações de resíduos são alguns dos investimentos que podem ser feitos. Segundo o aviso, a taxa de comparticipação é até 100% e os projetos selecionados devem estar concluídos até 31 de dezembro de 2025. As candidaturas decorrem entre 23 de setembro e 22 de outubro. O objetivo é promover a valorização de resíduos, reduzindo a deposição em aterro, e contribuir para as metas do Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU2030) e da União Europeia. A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, diz, citada no comunicado, que o investimento agora anunciado é “um passo decisivo para acelerar a economia circular em Portugal, garantindo mais reciclagem, menos aterro e maior valorização dos recursos, em linha com as metas europeias e nacionais”. “Portugal tem de transformar os resíduos em oportunidades, reduzindo a dependência de matérias-primas virgens, promovendo a inovação e criando valor económico e ambiental em todo o território”, acrescenta. O Ministério recorda as metas em questão, de reciclar pelo menos 55% dos resíduos urbanos até 2025, 60% até 2030 e 65% até 2035, enquanto se reduz a deposição em aterro para 10% em 2035. O aviso destina-se aos sistemas de gestão de resíduos urbanos (SGRU) concessionados ao abrigo do PERSU2030, que asseguram a gestão de resíduos de milhões de pessoas em todo o país. São a Ambilital – Investimentos Ambientais no Alentejo; LIPOR – Associação de Municípios para a Gestão Sustentável de Resíduos do Grande Porto; Associação de Municípios da Região do Planalto Beirão; Resialentejo – Tratamento e Valorização de Resíduos, e a EGF, através dos seus 11 sistemas associados (Algar, Amarsul, Ersuc, Resiestrela, Resulima, Suldouro, Valnor, Valorlis, Valorminho, Valorsul e Resinorte).
Associação MaisPinhal preocupada com lagoas secas e morte de animais em parque de Ovar
A denuncia que essa associação do distrito de Aveiro enviou à Lusa é acompanhada de diversas fotos, entre as quais as de lagoas quase secas, fundos de lodo retalhado por crostas motivadas pela secura, esqueletos de animais que a água não tem altura para cobrir, patos mortos, vedações caídas, etc. “Constatou-se uma enorme mortandade dentro do parque ambiental, um cheiro nauseabundo e a existência de muitas outras mortes, inclusive de lagostins”, declarou fonte da MaisPinhal. Perante o facto de os 24 hectares de área florestal do Buçaquinho serem diariamente frequentados por muitos adultos e crianças, que nessa zona verde da freguesia de Cortegaça procuram os prados para lazer, os circuitos de caminhada e a cafetaria, a associação pediu a análise dos problemas identificados ao seu conselho científico, que integra “biólogos e especialistas que ajudaram na conceção do parque”. Essa equipa avançou a seguinte justificação para o problema: “Quando o nível da água de um lago desce, a falta de oxigénio (hipóxia) é agravada pela estagnação da água e pelo calor, o que prejudica a vida aquática. Além disso, a redução da profundidade pode provocar mudanças drásticas na temperatura, que, combinadas com a perda de habitat e a deterioração da qualidade da água, criam um ambiente inóspito, levando à morte dos peixes e afetando as aves que dependem deles para se alimentar”. O conselho científico da MaisPinhal realça ainda que “a decomposição de organismos mortos também consome oxigénio, agravando o problema e levando à anoxia (ausência total de oxigénio), que é fatal para os peixes". Além disso, “a pouca água e elevada temperatura podem ter levado também a ‘blooms’ de cianobactérias e outras microalgas que produzem toxinas”, pelo que, quanto à causa da morte específica dos patos, “a intoxicação provocada por algas que proliferam em águas ‘chocas’ e quentes é uma forte possibilidade". Sem compreender porque é que a autarquia não recorre às linhas de água das proximidades para abastecer as lagoas, a MaisPinhal culpa assim a Câmara Municipal de Ovar pelo “vergonhoso abandono de um equipamento público” e por um “atentado ambiental que coloca em causa todo o ecossistema do Parque Ambiental”. Questionada pela Lusa, a autarquia afirma que a situação do Buçaquinho resulta de “um problema estrutural associado à degradação das telas plásticas de impermeabilização das lagoas”, que foram instaladas aquando da criação do parque e que, “com o passar do tempo, a ação dos raios UVe danos mecânicos”, deixaram de funcionar com eficácia, “originando fugas de água”. Outra causa apontada para o problema é “a ausência de um sistema de bombagem de grande caudal que assegure a reposição de água em períodos de maior calor”, pelo que “a dependência quase exclusiva das condições meteorológicas, aliada ao verão de 2025 mais quente e seco do que a média, levou à descida acentuada dos níveis hídricos e ao esvaziamento de algumas lagoas”. A Câmara adianta depois: “Face ao agravamento da situação, a autarquia tem em curso uma intervenção de fundo, que incluirá a instalação de um sistema de bombagem de grande caudal e a substituição integral das impermeabilizações, com recurso a materiais mais duradouros”. Dizendo-se comprometida com a preservação e valorização do Parque Ambiental, a Câmara garante que está “a trabalhar para assegurar a sustentabilidade das lagoas e do ecossistema envolvente”.
“Aliança com Aveiro” apresenta programa eleitoral com foco na habitação e na coesão territorial
A abordagem da coligação ao momento de apresentação da campanha eleitoral contrastou com sessão homóloga do Partido Socialista (PS). Ao passo que a candidatura do PS, liderada por Alberto Souto, abriu as portas para dar nota das suas ideias aos apoiantes, o projeto encabeçado por Luís Souto preferiu uma sessão mais contida, na sede do PSD-Aveiro, apenas perante os jornalistas. Durante a apresentação, Luís Souto fez-se acompanhar dos principais nomes da sua candidatura. À sua direita, Rui Santos, Ana Cláudia Oliveira e Pedro Almeida, os seus números dois, três e quatro, respetivamente, na corrida à CMA. À esquerda, Miguel Capão Filipe, candidato à Assembleia Municipal, Rui Vieira, Sílvia Ribau e Teresa Christo, quinto, sétimo e nono candidatos à autarquia, respetivamente. Numa breve apresentação, o cabeça-de-lista repetiu o que já tinha dito no momento de entrega de listas em frente ao Tribunal de Aveiro: a candidatura mistura continuidade, na sua pessoa e dos vereadores Miguel Capão Filipe e Ana Cláudia Oliveira, e inovação, nos restantes candidatos. Entre as notas que deixou, Luís Souto frisou também a importância de ter recrutado pessoas independentes da vida partidária, numa demonstração de que o partido não está desligado da sociedade civil. Neste espaço, o candidato aproveitou para tecer alguns elogios. Luís Souto comenta que “vai começar a fazer lobby” para que Pedro Almeida assine a ficha de militante do PSD e conta que o mérito do professor da Universidade de Aveiro (UA) tem sido reconhecido pelos empresários com quem fala: “Não digo que seja o Cristiano Ronaldo aqui da matéria, mas as pessoas perguntam-nos «Como é que conseguiram?» Foi uma oportunidade”. Da mesma forma, Luís Souto aproveitou os elogios para também mandar uma bicada a Diogo Machado, candidato do Chega. Quando apresentava Teresa Christo, ex-vereadora e militante do CDS, o cabeça-de-lista da “Aliança com Aveiro” comentou: “É militante do CDS e foi sempre militante do CDS. Nunca mudou, Teresa? [risos] Portanto, é CDS e continua a ser CDS porque acredita na democracia-cristã e não vai nas ondas, ao sabor dos ventos, para aqui e para acolá, consoante está a dar”. Recorde-se que Diogo Machado, candidato do Chega, foi presidente da concelhia e da distrital do CDS-PP em Aveiro e chegou a representar o partido como deputado municipal. Mas os ataques não se ficaram pela oposição à direita. Antes de começar a expor as ideias do partido, Luís Souto atirou-se aos críticos que disseram que a coligação não tinha ideias próprias. “Claro que nós tínhamos ideias, sempre tivemos ideias. Só que a nossa estratégia passou por uma maneira diferente de estar na política: ouvir as pessoas, escutar os seus interesses, preocupações e anseios para o nosso Município”, afirmou o candidato. Por isso, atacando o oponente do Partido Socialista, frisou que o programa eleitoral “não é um livro de ideias do Luís Souto Miranda”. Lembre-se que, há cerca de um ano, Alberto Souto lançou um livro de ideias para Aveiro que acabou por, em muitos aspetos, servir de base ao programa do PS. Da mesma forma, e porque tem apostado em criticar um alegado despesismo das propostas que têm sido apresentadas por Alberto Souto – uma crítica que vem alinhada com a consideração de que o socialista “endividou” a autarquia durante o seu tempo de governação, entre 1998 e 2005 -, Luís Souto nota que “não foi possível acolher” algumas das propostas sugeridas pelos cidadãos. “Nós somos poder, somos governação e queremos continuar a ser. Portanto, temos um sentido de responsabilidade muito grande e isso obriga-nos a ponderar muito bem também essas propostas”, considerou. Antes de entrar no domínio das propostas, o programa eleitoral enquadra uma série de depoimentos de apoiantes da coligação. Entre eles, destacam-se os nomes de Luís Montenegro, primeiro-ministro, José Ribau Esteves, atual presidente da Câmara Municipal de Aveiro (CMA), e Manuel Assunção, ex-reitor da Universidade de Aveiro e mandatário da candidatura. Na sua breve declaração, o chefe de governo Luís Montenegro escreve que “Aveiro não merece desperdiçar este caminho, este trajeto de desenvolvimento que percorreu nos últimos anos”, mas deve “reanimar” o percurso com a eleição de Luís Souto Miranda. Já Ribau Esteves – que, recorde-se, foi contra a escolha do candidato e disse que Luís Souto não tinha "nenhuma experiência de gestão" nem "perfil" para ser presidente – afirma que “a Câmara Municipal de Aveiro tem de continuar a ser gerida com um projeto que garanta a continuidade do excelente trabalho realizado nos últimos doze anos, com uma resposta positiva, de somar rumo ao futuro, recusando a opção de voltar atrás para a má gestão do PS, o que só pode ser garantido pela Aliança com Aveiro”. No entender do candidato à autarquia, a proximidade política entre as entidades governativas de poder local e nacional é um dos trunfos da sua candidatura: “Ter em sintonia uma Junta de Freguesia, uma Câmara Municipal e até o Governo de um país… obviamente que as coisas andam mais facilmente”. Mas Luís Souto vai mais longe e considera que é por estas “ligações fortes” que pretende começar a trabalhar quando for eleito. A primeira coisa que diz que vai fazer como presidente da CMA é “marcar várias reuniões com o governo para fazer andar vários dossiers”. Luís Souto destaca, no entanto, que o campo dos depoimentos não está só reservado a figuras políticas, mas também a pessoas do povo: “Podem dizer «Mas o que é que está aqui a fazer a senhora que é empregada do bar?» Está aqui porque é o depoimento das pessoas que lidam com o dia-a-dia e que nos transmitem humanismo”. Destes nomes, destacam-se “D. Manuela”, empregada do bar de Biologia da UA, e o atleta João Monteiro. Dos 18 domínios sobre os quais se debruça o programa – Habitação, Ambiente, Desenvolvimento Económico e Inovação, Planeamento e Urbanismo, Mobilidade, Administração Municipal e Aceleração Digital, Freguesias, Saúde, Educação, Inclusão e Solidariedade, Juventude, Associativismo, Cidadania, Desporto e Vida Saudável, Cultura e Criatividade, Turismo Sustentável e Experiencial, Segurança, Proteção Civil e Bombeiros e Bem-estar Animal -, Luís Souto começou por dar destaque às freguesias. “Chegou a horas das freguesias”, começou por dizer. De acordo com o candidato, a aposta na coesão territorial é uma das “linhas mestras” do programa. Para além de dizer que quer que o turismo passe a ir além do centro da cidade, dando como exemplo o potencial do Baixo Vouga no âmbito do turismo ambiental ou a criação do “Pólo da Bairrada”, em Nariz, Luís Souto deu nota daquilo a que chama de “equipamentos âncora”. Já prevista está a integração do Quartel das Artes na Casa da Música, em Aradas, algo que, conforme explica, faz com que uma área grande passe a ser dedicada à arte e à cultura. Depois, o candidato enalteceu que a habitação é a primeira prioridade programa. Neste campo, Luís Souto não deixou de criticar a oposição pela forma como fala da crise da habitação em Aveiro. “É o problema número um em Portugal e na Europa. Num encontro de cidades da União Europeia, todas, mas todas, elencaram a crise habitacional como a preocupação número um. Portanto, não vale a pena – como a oposição às vezes faz – dizer «Em Aveiro, há uma grave…» Claro que em Aveiro há uma crise de habitação, como há em todo o lado”. Para dar resposta ao problema, o candidato defende a criação de uma estrutura dedicada a gerir a habitação nas várias vertentes: social, para a classe média e para a juventude. De acordo com o programa, a proposta inclui também a criação de uma plataforma digital com a informação dos apoios ao investimento em habitação, ao arrendamento e de toda a oferta de arrendamento acessível. Um “desafio muito grande” a que Luís Souto se refere é o novo posicionamento do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU). No entendimento do candidato, a ideia, que explica ter sido avançada pelo primeiro-ministro, vai ter um grande impacto nas autarquias: “Isto obriga as autarquias a capacitarem-se para lidar, de repente, com um parque habitacional muitíssimo maior do que aquele que até aqui geriam”. Não obstante, o candidato da “Aliança com Aveiro” concorda a proposta de Luís Montenegro e afirma que Aveiro vai ter de se preparar para os “meios fortes” que o futuro vai exigir. Segundo explica, foram feitas intervenções de capacitação do parque habitacional existente que contrasta com os bairros a cargo do IHRU. Relatando uma conversa com um habitante, Luís Souto conta que lhe disseram que “isto [os bairros pelos quais o IHRU é responsável] só vai lá de uma maneira, é demolir tudo”. Outra medida em que a candidatura quer continuar é fazer habitação a custos controlados. Dando o exemplo do investimento privado feito no bairro da Quinta da Pinheira, que conta já com 250 habitações, Luís Souto crê que deve ser incentivada a parceria entre o setor público e o privado para poder dar resposta aos problemas. Na senda daquilo que já tinha sido feito no tempo de José Girão Pereira, presidente da Câmara Municipal de Aveiro entre 1976 e 1994, Luís Souto defende a criação de uma Bolsa Municipal de Terrenos Pronto-a-Construir. Por dizer que o processo de licenciamento é onde mais tempo se perde – mesmo com uma Câmara “muito expedita” como considera ser a de Aveiro -, o candidato afirma que a existência de um conjunto de terrenos com o licenciamento pré-aprovado vai transformar o panorama da habitação. Luís Souto quer ainda a revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) para permitir o crescimento da habitação. A título de exemplo, refere que quer que os terrenos que envolvem as estações ferroviárias, onde diz que hoje não é permitido construir, passem a ser áreas privilegiadas de crescimento habitacional “sem restrições”. A problemática das pessoas em situação de sem-abrigo também preocupa o candidato da “Aliança com Aveiro”, que “não tolera” que Aveiro se torne indiferente a quem vive na rua. Nesse sentido, o candidato enaltece a necessidade de, com as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), criar um espaço para as pessoas que vivem como sem-abrigo. Já sobre os “muito” fogos devolutos, Luís Souto considera que têm de ser dados incentivos para que voltem para o mercado. A estratégia deve ser “positiva”, segundo o candidato, que propõe que, em concertação com os proprietários, se estabeleçam protocolos que obriguem a uma contrapartida de arrendamento de “x-anos”. A proposta contrasta, na sua opinião, com a visão “completamente demagógica” do candidato socialista Alberto Souto, que diz propor que a Câmara “chegue e assuma qualquer valor” de uma casa para arrendar numa imobiliária. A ideia, afirma, representa o “Euromilhões para as imobiliárias”. Recorde-se que Alberto Souto, entrevista ao Jornal de Notícias, defendeu como solução imediata para o problema passaria “por a Câmara a ir ao mercado de arrendamento arrendar pelo preço que for […] Se forem 800 euros, paga 800, e depois subarrendamos a quem precisa por 400, suportando o diferencial. Fazemos isto durante os quatro anos de mandato e nesse período pegamos no dinheiro do PRR e nos terrenos que temos e construímos habitação pública”. Nas contas de Luís Souto, se a Câmara arrendar 1000 casas por 500 euros, ao fim de um ano teria de pagar seis milhões de euros. “A Câmara estaria falida no ano seguinte”, aponta. Outra solução, agora tendo em consideração também as “ligações fortes” que Luís Souto pretende ter com o governo, é a utilização do quartel-general da GNR para habitação. Apesar de saber que foi uma solução já tentada por Ribau Esteves, o candidato da “Aliança” refere que as circunstâncias mudaram e que é um sinal positivo de colaboração que o executivo de Luís Montenegro pode dar. Na ótica do cabeça-de-lista, “não faz sentido nenhum ter um quartel da GNR no meio mais central da cidade, no meio urbano, quando a GNR, por vocação, é a nossa polícia, de características mais suburbanas”. Assim, o objetivo é deslocalizar o quartel para uma zona periurbana que oferece condições mais modernas à polícia e transformar. Ainda no tema da habitação, que foi claramente o principal visado do candidato, Luís Souto indica que o caminho que a coligação quer seguir é aquele que foi indicado pela Estratégia Local de Habitação: “estaremos abertos à implementação de todas as medidas previstas no quadro da lei. Inclusive, entendemos que chegou a altura de começar a construir. É necessário”. Da habitação, o candidato da coligação saltou para o tema da Economia e Inovação. Aqui, a medida principal volta a ser a descida dos impostos, nomeadamente a devolução de, “em princípio”, 0,25% do IRS aos munícipes. De acordo com a estimativa, a medida representará uma quebra de 400 mil euros por ano nas contas da Câmara. No entanto, o candidato garante que “as contas serão feitas” de forma que, no Orçamento Municipal, o prejuízo da medida seja zero. Apesar de reconhecer que o alívio não é muito significativo, Luís Souto realça que se trata de um “sinal”. Ainda na senda do que tem vindo a ser feito no atual mandato presidido por José Ribau Esteves, Luís Souto pretende continuar também a reduzir gradualmente o IMI. Outra prioridade a que o candidato deu muito destaque foi à criação de uma Agência Municipal de Investimento e Inovação e de um Conselho Municipal de Estratégia e Inovação. O objetivo é que a Agência, que deve funcionar de forma autónoma em relação à Câmara Municipal, seja uma espécie de Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) na captação de investimento para Aveiro. Aí, Luís Souto pretende também envolver uma série de outras entidades, entre as quais a Universidade de Aveiro (UA). Fechada a primeira apresentação do programa, o candidato convidou os jornalistas presentes a colocarem questões sobre o documento. Depois de questionado sobre que grandes propostas tinham ficado por referir, Luís Souto disse não ter mencionado, no eixo da Economia e Inovação, a vontade de qualificar as áreas de acolhimento empresarial. No campo da sustentabilidade, Luís Souto deu ênfase à proposta de apostar no desenvolvimento e captação de investimento em áreas como a aeronáutica ou a biotecnologia azul. A ideia da coligação é criar um espaço denominado de “Silicon Valley” no Município para que se fixem empresas das “tecnologias avançadas”. Na mobilidade, Luís Souto Miranda reconhece que “nós temos aqui um problema, mas que também não é só de Aveiro”. A medida mais sonante foi o pedido de uma avaliação externa à Câmara e às empresas concessionárias ao Serviço de Transportes Públicos. Para “reconhecer as disfuncionalidades da oferta” é necessário um “estudo rigoroso”, no entender do candidato. Da parte dos jornalistas, foi notado que o atual executivo camarário terá todos os dados relativos ao serviço e, por isso, foi perguntado a Luís Souto se não confiava nos dados. Diz o candidato que “é só andar na rua e olhar para os autocarros. Como é que eles vêm? Com uma pessoa, com duas pessoas… Acha isto razoável? Eu não acho. Eu não estou a dizer que os dados estão falseados ou deixam de estar”. Na mesma senda, Luís Souto continuou a explicar que apesar de se pautar por ser uma candidatura de continuidade, “não é um clone de Ribau Esteves”. Nesse sentido, por entender que chegou o momento de uma avaliação diferente, que não seja a aferição e a monitorização. Também no âmbito da mobilidade, o candidato da “Aliança” defendeu um maior investimento nos meios de transporte suaves e na continuação da construção das vias cicláveis, bem como a criação de parques de estacionamento periféricos apoiados por uma rede de minibus de alta frequência. Dois dos pontos onde Luís Souto acredita existir a necessidade de construir parques de estacionamento são no Largo Capitão Maia Magalhães – onde é preciso fazer uma avaliação de custo-benefício para entender se se deve construir o parque subterrâneo ou à superfície – e em Esgueira, cuja solução não está ainda definida. Apesar de, segundo afirma, as outras candidaturas já estarem a garantir a localização do parque, Luís Souto garante que não estar na campanha “para favorecer a especulação de terrenos de ninguém”. É também objetivo da coligação “Aliança com Aveiro” criar mais zonas pedonais. De acordo com o candidato, muitas vezes a solução não funcionou porque entrave em conflito com as atividades económicas e com a vida normal dos moradores. Luís Souto garante o recurso a uma “solução tecnológica adequada” que garanta uma maior harmonia. Ainda a pensar nos autocarros, o cabeça-de-lista sugere um sistema de pontos para quem frequente os transportes públicos. Seria, na sua opinião, uma forma de angariar clientes para um serviço que diz ser pouco utilizado pelos aveirenses. Se durante a primeira intervenção, Luís Souto não falou em espaços verdes por, afirma, não ter tido tempo de abordar todos os tópicos, o candidato da “Aliança” considera que o seu projeto é a “candidatura verde”. Recordando uma frase do ex-primeiro-ministro José Sócrates – que, em 2009, se dirigia à bancada parlamentar do Partido Ecologista “Os Verdes”, que nunca foram a eleições sem estarem coligados com o PCP -, Luís Souto apontou à esquerda para dizer que “há aí umas melancias. Verdes por fora, vermelhos por dentro”. De resto, Luís Souto afirma que o domínio dos parques verdes é mesmo aquele que mais páginas ocupa do seu programa eleitoral. Entre as propostas, o candidato fala na requalificação do Parque Infante D. Pedro, na construção do Parque das Barrocas, de um parque na zona do Pavilhão do Galitos e garante que, com a construção do Eixo Aveiro-Águeda, vai nascer o maior parque do Município. As ideias não ficam por aqui. Luís Souto afirma que vai criar pequenos espaços verdes em todos os bairros do concelho, sempre juntos a espaços para a prática desportiva informal. Já no que ao desporto diz respeito, o candidato destaca que vai ser criada um Carta Municipal do Desporto que permita aferir quais os equipamentos desportivos existentes. Contra as ideias do PS, que “quer bloquear”, Luís Souto pretende avançar com o novo Pavilhão Municipal – Oficina do Desporto. Também no âmbito da continuidade, o candidato à governação da Câmara Municipal de Aveiro quer continuar o investimento em piscinas municipais. A principal proposta de Luís Souto para a cultura é a criação do já previsto “Centro de Arte Contemporânea”. No entendimento do candidato, o equipamento deve passar a ser uma referência e atrair o turismo que chega ao Porto para conhecer Serralves. Se tiver uma grande oferta, diz Luís Souto, vai revolucionar o panorama cultura aveirense. Ainda entre as propostas culturais, o candidato não esquece o “Centro Interpretativo do Sal”, a área dos festivais das artes de rua ou a continuidade do Festival dos Canais como apostas a seguir durante o mandato. Sobre a educação falou ainda Rui Vieira. Primeiro, o candidato destaca a necessidade rever a Carta para a Educação. No seu entender, o documento não deve passar apenas por uma formulação, deve mesmo ser analisado com o apoio de outras entidades, como a Universidade de Aveiro ou as associações de pais. Preocupação da candidatura é também o processo de formação dos assistentes operacionais que operam na Câmara de Aveiro. Segundo Rui Vieira, o trabalho deve passar por aprimorar o processo de avaliação dos profissionais. Outra prioridade destacada foi a melhoria dos parques infantis, que deve passar por diversificar e amplificar a experiência que é oferecida às crianças. Fugindo ao programa eleitoral, Luís Souto foi obrigado a escolher quem, entre Alberto Souto e Diogo Soares Machado, seria o seu principal adversário político na corrida à Câmara. O candidato respondeu com uma terceira opção ao dizer que o seu principal adversário é a desinformação: “As fake news chegaram a Aveiro. Eu dizer uma coisa e sair outra na comunicação social, para não falar das redes sociais. […] Esse para mim tem sido o nosso grande adversário. É a desinformação, a deturpação, a manipulação daquilo que temos dito”. A campanha, garante, está a ser construída na luta pela maioria absoluta. Caso não aconteça, Luís Souto “avisa” que existe o risco de o Município ficar “ingovernável, bloqueado, congelado”. “No mínimo, traz dificuldades. No máximo, traz o caos, a ingovernabilidade, e todos vão sofrer”, conclui.