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Glória e Vera Cruz: Fernando Marques quebra silêncio e diz que não tomará partido nas eleições

Pela primeira vez desde o início do processo eleitoral autárquico, Fernando Marques, atual presidente da União das Freguesias de Glória e Vera Cruz, quebrou o silêncio e assegurou que não tomará partido nesta campanha. Em declarações à Ria, o autarca explicou os motivos da sua ausência nos eventos da coligação ‘Aliança Mais Aveiro’ (PSD/CDS-PP/PPM), incluindo a recente apresentação da candidatura de Glória Leite, sublinhando que a sua decisão é intencional e visa assegurar a total isenção no processo eleitoral.

Glória e Vera Cruz: Fernando Marques quebra silêncio e diz que não tomará partido nas eleições
Redação

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31 jul 2025, 18:12

“Decidi não me envolver no apoio aquem quer que fosse. Não quero aparecer em qualquer ação pública de apresentação ou a outra iniciativa qualquer, porque quero que os aveirenses decidam pela sua própria consciência”, afirmou o autarca à Ria, esta quinta-feira, 31 de julho, à margem da inauguração do novo edifício multiusos da Junta.

No seguimento da conversa destacou ainda a sua preocupação em não melindrar antigos apoiantes de diversas áreas ideológicas. “Sei, com certeza aboluta, que as minhas oito eleições, sete com maioria absoluta, não vieram só da ideologia do meu partido. Vieram de várias ideologias. Por isso, não quero que, ao apoiar uma das fações, os outros se sintam traídos”, justificou.

Recorde-se que Fernando Marques, tal como noticiado pela Ria, é um autarca histórico do Município de Aveiro, tendo liderado a União de Freguesias de Glória e Vera Cruz ao longo dos últimos 12 anos. Não poderá recandidatar-se nestas eleições por ter atingido o limite legal de mandatos consecutivos.

Apesar disso, a sua ausência na apresentação de Glória Leite como candidata à Junta de Freguesia pela ‘Aliança’ não passou despercebida, contrariando o padrão habitual, onde os autarcas cessantes estiveram sempre presentes. Além disso, o seu nome não foi referido nos discursos de Luís Souto de Miranda, candidato da coligação ‘Aliança Mais Aveiro’ ou da própria Glória Leite. Confrontado com esta omissão, Fernando Marques respondeu: “Não estou absolutamente preocupado com isso. Tenho a minha maneira de ser, considero-me uma pessoa humilde e não dou importância a esses pormenores”, comentou.

Apesar de não tomar partido, Fernando Marques fez questão de demonstrar respeito pela candidata da coligação. “Tenho muito respeito por ela, conheço-a desde criança. Tive uma conversa com ela na devida altura e disse claramente que não estaria disponível para apoiar qualquer campanha, fosse de quem fosse”, revelou.

O presidente cessante assegura que a sua decisão é definitiva e manterá a neutralidade até ao final do processo eleitoral. “Estou com todos, disponível para todos, mas não participo, não apoio, não tenho qualquer intervenção, quer verbal, quer escrita, em relação aos candidatos à Glória e Vera Cruz”, concluiu.

Recorde-se que durante a apresentação da candidatura e confrontado com a ausência de Fernando Marques, Luís Souto de Miranda referiu que este era um momento dedicado ao “futuro “e à apresentação da nova candidata.

Já Glória Leite, em entrevista à Ria, mostrou-se consciente de uma certa discordância, ao afirmar que gostaria que o autarca estivesse “ao nosso lado”, mas que “tal não é possível, pois todos temos as nossas idiossincrasias e são opções pessoais”.

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CDU Aveiro apresenta programa eleitoral com foco em habitação, cultura, transportes e desporto
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CDU Aveiro apresenta programa eleitoral com foco em habitação, cultura, transportes e desporto

“Há toda uma panóplia de medidas que podem e devem ser postas em marcha. Claro que não é de um dia para o outro, tudo leva o seu tempo e nós temos compromisso e assumindo o compromisso que queremos cumprir, tem de ser dado o tempo necessário para que todas estas medidas possam ser implementadas”, frisou Isabel Tavares. Segundo a cabeça de lista, o projeto está “alicerçado num conjunto de medidas necessárias à população”. Questionada pelos jornalistas sobre o que distingue a CDU dos restantes partidos, a cabeça de lista foi clara: “A carência habitacional que se vive no concelho, a questão dos transportes públicos que não dão resposta às necessidades da população, o desporto que está deixado de parte e a cultura nem se fala… Uma cidade viva tem de ter cultura e nós queremos que Aveiro tenha resposta também nestas vertentes”, exprimiu. Ao longo de 23 páginas do seu programa eleitoral, a CDU propõe para enfrentar o problema da habitação, entre outras propostas, um reforço da habitação social e cooperativa, a criação de novas cooperativas de moradores e o combate aos imóveis devolutos. A coligação quer ainda que 20% dos fogos em novos empreendimentos sejam destinados a custos controlados, além de programas de habitação jovem nos centros urbanos e históricos. No campo da cultura, a CDU defende um Teatro Aveirense mais aberto às produções locais, a criação de ateliers municipais coletivos para artistas e uma aposta forte na valorização do património histórico, cultural e industrial da cidade. No campo da mobilidade, a CDU compromete-se a municipalizar os transportes rodoviários, reduzir tarifas e caminhar para a gratuitidade progressiva. O programa inclui ainda a requalificação da Linha do Vouga, a expansão das ciclovias e o reforço das ligações fluviais a São Jacinto. O desporto é outra das áreas em destaque. A CDU propõe a construção de um pavilhão multiusos com capacidade para 3000 pessoas (no mínimo) e de um complexo de piscinas municipais, incluindo uma piscina olímpica. Quer ainda apoiar o desporto escolar e de formação, criar um parque para desportos radicais e valorizar o CAR-Surf de São Jacinto. Quanto às acessibilidades, o programa insiste na conclusão da ligação sul à A1, na valorização da Linha do Vouga e na recuperação das estradas e passeios degradados. A CDU quer também mais percursos pedonais e cicláveis e uma gestão do estacionamento que dê prioridade aos residentes. Para além das propostas, o programa eleitoral da CDU aponta também críticas à atual gestão camarária, acusando-a de manter uma “dívida relevante, fruto de décadas de irresponsabilidade política na gestão do património e das finanças municipais, com projeção no presente e futuro”. “Mantemos hoje uma câmara à deriva, que foi abdicando ao longo das últimas décadas das suas principais competências, privatizando serviços, na maior parte dos casos de forma ruinosa, desde os resíduos sólidos urbanos à água, do saneamento aos transportes”, lê-se no documento. Confrontada com estas críticas, Isabel Tavares explicou que este tipo de afirmações tem a ver com o tipo de investimento que foi feito no município, “que foi sempre em prol dos privados e em prol da obra que não traz benefícios para os aveirenses”. Como exemplos apontou a obra do Rossio ou da Avenida Lourenço Peixinho. “Há um conjunto de obra feita no Município que não veio reforçar, nem dar aos aveirenses aquilo que era necessário. Veio descaraterizar. É betão em cima de betão”, atentou, insistindo que houve dinheiro “mal investido”. “Os aveirenses não estão libertos de continuar a pagar a dívida que veio no passado. Ribau Esteves a sair da Câmara Municipal propõe honorar Aveiro com mais um empréstimo para a construção do pavilhão municipal”, continuou Nuno Teixeira. Sobre a dispersão de votos à esquerda com a entrada do LIVRE Aveiro nas eleições autárquicas, Isabel Tavares recordou que a CDU tem um projeto “próprio, virado para aquilo que são as necessidades de Aveiro, dos aveirenses e daqueles que cá querem viver”. “Estamos disponíveis para trabalhar com todos desde que tenhamos voz e que nos deem essa voz para podermos fazer esse trabalho”, afirmou. Recorde-se que nas eleições autárquicas de 2021, a CDU obteve 3,34% dos votos, contra os 51,26% alcançados pela coligação PSD/CDS/PPM, que conquistou a liderança da Câmara. Questionados ainda sobre a possibilidade de o Partido Socialista (PS) chegar ao poder e se seria mais fácil para a CDU estar “alinhada”, Nuno Teixeira explicou que, no caso da revogação do Plano de Pormenor do Cais do Paraíso, o partido estará ao lado da proposta. Ainda assim, recordou que, em outras ocasiões, como nas votações [em Assembleia Municipal] sobre as portagens da A25 ou sobre os artistas de rua, o PS votou “contra”. “Sempre dissemos: todas as propostas que sejam em prol da população, a CDU lá estará”, sublinhou. “Não nos fechamos ao diálogo com ninguém, estamos abertos ao diálogo, mas sempre nesta perspetiva”, completou Isabel Tavares.

Autárquicas: IL Aveiro apresenta programa eleitoral esta quarta-feira
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Autárquicas: IL Aveiro apresenta programa eleitoral esta quarta-feira

Segundo uma nota de imprensa enviada à Ria, a sessão será conduzida por Miguel Gomes, candidato da IL à Câmara Municipal de Aveiro, que apresentará as principais propostas do partido para as áreas de: “Educação; Segurança e Proteção Civil; Serviços Urbanos e Gestão do Espaço Publico; Mobilidade e Transportes; Obras Particulares; Ambiente e Sustentabilidade; Cidadania Juventude e Seniores; Cultura; Saúde; Toponímia e História Urbana; Economia, Turismo e Habitação; Habitação Social; Multiculturalismo; Mercados e Feiras; Obras Municipais; Planeamento e Ordenamento e Desporto”. “A Iniciativa Liberal acredita que Aveiro merece mais ambição e mais liberdade. Este programa é o resultado de um trabalho sério, com propostas concretas e realistas, pensadas para responder às necessidades das famílias, dos jovens, das empresas e das freguesias”, realça. O evento contará ainda com a presença de Hugo Condesa, gestor e empreendedor comprometido com a transformação do país. Licenciado em Economia e mestre em Gestão de Empresas, Hugo Condesa “é uma voz ativa na defesa de uma verdadeira descentralização de funções e competências do Estado central para os Municípios, alinhada com a visão da Iniciativa Liberal de uma governação mais próxima, eficaz e livre”, esclarece a nota.

PS-Aveiro responde à ‘Aliança’ sobre Bruno Ferreira e lança questões sobre Catarina Barreto
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PS-Aveiro responde à ‘Aliança’ sobre Bruno Ferreira e lança questões sobre Catarina Barreto

No texto, o PS acusa a Aliança com Aveiro de incoerência e de emitir “juízos de valor” infundados. A força política recorda que Bruno Ferreira integra o atual executivo da Junta, eleito pelo PSD/CDS, como tesoureiro, mas sublinha que se trata de um candidato independente, sem lealdades partidárias. “O Partido Socialista reconhece as suas qualidades técnicas, pessoais e políticas. Orgulha-se em tê-lo na candidatura ‘Um Futuro com Todos’”, lê-se no comunicado. Recorde-se que no passado sábado, 13 de setembro, a direção de campanha da coligação ‘Aliança com Aveiro’ acusou Bruno Ferreira de usar “o cargo, os eventos e as instalações da autarquia” para fins eleitorais. Em resposta às acusações de aproveitamento político, os socialistas questionam se “os presidentes de junta e restantes membros dos executivos em funções, eleitos pelo PSD/CDS, que se recandidatam às autárquicas 2025, não o fazem sistemática e diariamente”, apontando exemplos de publicações em redes sociais que, alegadamente, configurariam práticas semelhantes. “Não publicam nas redes sociais das Juntas de Freguesia, atividades , inaugurações, campanhas que não existem? Como fez a presidente e atual candidata à Junta de Freguesia de Aradas com o «Pack Bebé»? A publicação foi apagada mas há prints da mesma”, atira. Sobre o Plano de Pormenor do Cais do Paraíso, o PS reafirma a sua oposição à alteração proposta e assegura que Bruno Ferreira “acompanha essa posição”. O partido sublinha ainda que, caso o candidato tivesse estado presente numa reunião da Assembleia Municipal, “votaria como lhe aprouvesse”, rejeitando a ideia de imposições. O comunicado acusa ainda Luís Souto de Miranda, candidato da ‘Aliança’ à Câmara Municipal e atual presidente da Assembleia Municipal, de incoerência política, por ter recusado demitir-se do cargo quando lhe foi sugerido, ao mesmo tempo que exige a saída de Bruno Ferreira da Junta de Freguesia. Os socialistas vão mais longe e levantam dúvidas sobre a recandidatura de Catarina Barreto, atual presidente da Junta de Freguesia de Aradas, eleita pela coligação da ‘Aliança’. “Desafia os jornalistas a «investigar o caso». Não confia na candidata por si escolhida? Não está seguro de que a mesma não se inscreveu indevidamente na ADSE, Instituto de Proteção e Assistência na Doença, I.P. ? Este assunto é para si um assunto novo do qual nunca tinha ouvido falar? A falta de transparência e de respeito pelo Estatuto da Oposição, nesta Junta de Freguesia, não o incomodam? Não beliscam a ética por si defendida?”, questiona. Relembre-se que, em entrevista à Ria, Luís Souto admitiu que teria de “atuar” caso Catarina Barreto tivesse beneficiado indevidamente de ADSE. A concluir, a Comissão Política Concelhia de Aveiro do PS deixa um aviso ao candidato da Aliança com Aveiro: “Não é por falar mais alto que o ouvem, não é por apontar o dedo aos adversários que passará incólume. Estamos de olhos postos no futuro. Atentos ao presente".

“Aliança com Aveiro” apresenta programa eleitoral com foco na habitação e na coesão territorial
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“Aliança com Aveiro” apresenta programa eleitoral com foco na habitação e na coesão territorial

A abordagem da coligação ao momento de apresentação da campanha eleitoral contrastou com sessão homóloga do Partido Socialista (PS). Ao passo que a candidatura do PS, liderada por Alberto Souto, abriu as portas para dar nota das suas ideias aos apoiantes, o projeto encabeçado por Luís Souto preferiu uma sessão mais contida, na sede do PSD-Aveiro, apenas perante os jornalistas. Durante a apresentação, Luís Souto fez-se acompanhar dos principais nomes da sua candidatura. À sua direita, Rui Santos, Ana Cláudia Oliveira e Pedro Almeida, os seus números dois, três e quatro, respetivamente, na corrida à CMA. À esquerda, Miguel Capão Filipe, candidato à Assembleia Municipal, Rui Vieira, Sílvia Ribau e Teresa Christo, quinto, sétimo e nono candidatos à autarquia, respetivamente. Numa breve apresentação, o cabeça-de-lista repetiu o que já tinha dito no momento de entrega de listas em frente ao Tribunal de Aveiro: a candidatura mistura continuidade, na sua pessoa e dos vereadores Miguel Capão Filipe e Ana Cláudia Oliveira, e inovação, nos restantes candidatos. Entre as notas que deixou, Luís Souto frisou também a importância de ter recrutado pessoas independentes da vida partidária, numa demonstração de que o partido não está desligado da sociedade civil. Neste espaço, o candidato aproveitou para tecer alguns elogios. Luís Souto comenta que “vai começar a fazer lobby” para que Pedro Almeida assine a ficha de militante do PSD e conta que o mérito do professor da Universidade de Aveiro (UA) tem sido reconhecido pelos empresários com quem fala: “Não digo que seja o Cristiano Ronaldo aqui da matéria, mas as pessoas perguntam-nos «Como é que conseguiram?» Foi uma oportunidade”. Da mesma forma, Luís Souto aproveitou os elogios para também mandar uma bicada a Diogo Machado, candidato do Chega. Quando apresentava Teresa Christo, ex-vereadora e militante do CDS, o cabeça-de-lista da “Aliança com Aveiro” comentou: “É militante do CDS e foi sempre militante do CDS. Nunca mudou, Teresa? [risos] Portanto, é CDS e continua a ser CDS porque acredita na democracia-cristã e não vai nas ondas, ao sabor dos ventos, para aqui e para acolá, consoante está a dar”. Recorde-se que Diogo Machado, candidato do Chega, foi presidente da concelhia e da distrital do CDS-PP em Aveiro e chegou a representar o partido como deputado municipal. Mas os ataques não se ficaram pela oposição à direita. Antes de começar a expor as ideias do partido, Luís Souto atirou-se aos críticos que disseram que a coligação não tinha ideias próprias. “Claro que nós tínhamos ideias, sempre tivemos ideias. Só que a nossa estratégia passou por uma maneira diferente de estar na política: ouvir as pessoas, escutar os seus interesses, preocupações e anseios para o nosso Município”, afirmou o candidato. Por isso, atacando o oponente do Partido Socialista, frisou que o programa eleitoral “não é um livro de ideias do Luís Souto Miranda”.  Lembre-se que, há cerca de um ano, Alberto Souto lançou um livro de ideias para Aveiro que acabou por, em muitos aspetos, servir de base ao programa do PS.  Da mesma forma, e porque tem apostado em criticar um alegado despesismo das propostas que têm sido apresentadas por Alberto Souto – uma crítica que vem alinhada com a consideração de que o socialista “endividou” a autarquia durante o seu tempo de governação, entre 1998 e 2005 -, Luís Souto nota que “não foi possível acolher” algumas das propostas sugeridas pelos cidadãos. “Nós somos poder, somos governação e queremos continuar a ser. Portanto, temos um sentido de responsabilidade muito grande e isso obriga-nos a ponderar muito bem também essas propostas”, considerou. Antes de entrar no domínio das propostas, o programa eleitoral enquadra uma série de depoimentos de apoiantes da coligação. Entre eles, destacam-se os nomes de Luís Montenegro, primeiro-ministro, José Ribau Esteves, atual presidente da Câmara Municipal de Aveiro (CMA), e Manuel Assunção, ex-reitor da Universidade de Aveiro e mandatário da candidatura. Na sua breve declaração, o chefe de governo Luís Montenegro escreve que “Aveiro não merece desperdiçar este caminho, este trajeto de desenvolvimento que percorreu nos últimos anos”, mas deve “reanimar” o percurso com a eleição de Luís Souto Miranda. Já Ribau Esteves – que, recorde-se, foi contra a escolha do candidato e disse que Luís Souto não tinha "nenhuma experiência de gestão" nem "perfil" para ser presidente – afirma que “a Câmara Municipal de Aveiro tem de continuar a ser gerida com um projeto que garanta a continuidade do excelente trabalho realizado nos últimos doze anos, com uma resposta positiva, de somar rumo ao futuro, recusando a opção de voltar atrás para a má gestão do PS, o que só pode ser garantido pela Aliança com Aveiro”. No entender do candidato à autarquia, a proximidade política entre as entidades governativas de poder local e nacional é um dos trunfos da sua candidatura: “Ter em sintonia uma Junta de Freguesia, uma Câmara Municipal e até o Governo de um país… obviamente que as coisas andam mais facilmente”. Mas Luís Souto vai mais longe e considera que é por estas “ligações fortes” que pretende começar a trabalhar quando for eleito. A primeira coisa que diz que vai fazer como presidente da CMA é “marcar várias reuniões com o governo para fazer andar vários dossiers”. Luís Souto destaca, no entanto, que o campo dos depoimentos não está só reservado a figuras políticas, mas também a pessoas do povo: “Podem dizer «Mas o que é que está aqui a fazer a senhora que é empregada do bar?» Está aqui porque é o depoimento das pessoas que lidam com o dia-a-dia e que nos transmitem humanismo”. Destes nomes, destacam-se “D. Manuela”, empregada do bar de Biologia da UA, e o atleta João Monteiro. Dos 18 domínios sobre os quais se debruça o programa – Habitação, Ambiente, Desenvolvimento Económico e Inovação, Planeamento e Urbanismo, Mobilidade, Administração Municipal e Aceleração Digital, Freguesias, Saúde, Educação, Inclusão e Solidariedade, Juventude, Associativismo, Cidadania, Desporto e Vida Saudável, Cultura e Criatividade, Turismo Sustentável e Experiencial, Segurança, Proteção Civil e Bombeiros e Bem-estar Animal -, Luís Souto começou por dar destaque às freguesias. “Chegou a horas das freguesias”, começou por dizer. De acordo com o candidato, a aposta na coesão territorial é uma das “linhas mestras” do programa. Para além de dizer que quer que o turismo passe a ir além do centro da cidade, dando como exemplo o potencial do Baixo Vouga no âmbito do turismo ambiental ou a criação do “Pólo da Bairrada”, em Nariz, Luís Souto deu nota daquilo a que chama de “equipamentos âncora”. Já prevista está a integração do Quartel das Artes na Casa da Música, em Aradas, algo que, conforme explica, faz com que uma área grande passe a ser dedicada à arte e à cultura. Depois, o candidato enalteceu que a habitação é a primeira prioridade programa. Neste campo, Luís Souto não deixou de criticar a oposição pela forma como fala da crise da habitação em Aveiro. “É o problema número um em Portugal e na Europa. Num encontro de cidades da União Europeia, todas, mas todas, elencaram a crise habitacional como a preocupação número um. Portanto, não vale a pena – como a oposição às vezes faz – dizer «Em Aveiro, há uma grave…» Claro que em Aveiro há uma crise de habitação, como há em todo o lado”. Para dar resposta ao problema, o candidato defende a criação de uma estrutura dedicada a gerir a habitação nas várias vertentes: social, para a classe média e para a juventude. De acordo com o programa, a proposta inclui também a criação de uma plataforma digital com a informação dos apoios ao investimento em habitação, ao arrendamento e de toda a oferta de arrendamento acessível. Um “desafio muito grande” a que Luís Souto se refere é o novo posicionamento do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU). No entendimento do candidato, a ideia, que explica ter sido avançada pelo primeiro-ministro, vai ter um grande impacto nas autarquias: “Isto obriga as autarquias a capacitarem-se para lidar, de repente, com um parque habitacional muitíssimo maior do que aquele que até aqui geriam”. Não obstante, o candidato da “Aliança com Aveiro” concorda a proposta de Luís Montenegro e afirma que Aveiro vai ter de se preparar para os “meios fortes” que o futuro vai exigir. Segundo explica, foram feitas intervenções de capacitação do parque habitacional existente que contrasta com os bairros a cargo do IHRU. Relatando uma conversa com um habitante, Luís Souto conta que lhe disseram que “isto [os bairros pelos quais o IHRU é responsável] só vai lá de uma maneira, é demolir tudo”. Outra medida em que a candidatura quer continuar é fazer habitação a custos controlados. Dando o exemplo do investimento privado feito no bairro da Quinta da Pinheira, que conta já com 250 habitações, Luís Souto crê que deve ser incentivada a parceria entre o setor público e o privado para poder dar resposta aos problemas. Na senda daquilo que já tinha sido feito no tempo de José Girão Pereira, presidente da Câmara Municipal de Aveiro entre 1976 e 1994, Luís Souto defende a criação de uma Bolsa Municipal de Terrenos Pronto-a-Construir. Por dizer que o processo de licenciamento é onde mais tempo se perde – mesmo com uma Câmara “muito expedita” como considera ser a de Aveiro -, o candidato afirma que a existência de um conjunto de terrenos com o licenciamento pré-aprovado vai transformar o panorama da habitação. Luís Souto quer ainda a revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) para permitir o crescimento da habitação. A título de exemplo, refere que quer que os terrenos que envolvem as estações ferroviárias, onde diz que hoje não é permitido construir, passem a ser áreas privilegiadas de crescimento habitacional “sem restrições”. A problemática das pessoas em situação de sem-abrigo também preocupa o candidato da “Aliança com Aveiro”, que “não tolera” que Aveiro se torne indiferente a quem vive na rua. Nesse sentido, o candidato enaltece a necessidade de, com as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), criar um espaço para as pessoas que vivem como sem-abrigo. Já sobre os “muito” fogos devolutos, Luís Souto considera que têm de ser dados incentivos para que voltem para o mercado. A estratégia deve ser “positiva”, segundo o candidato, que propõe que, em concertação com os proprietários, se estabeleçam protocolos que obriguem a uma contrapartida de arrendamento de “x-anos”. A proposta contrasta, na sua opinião, com a visão “completamente demagógica” do candidato socialista Alberto Souto, que diz propor que a Câmara “chegue e assuma qualquer valor” de uma casa para arrendar numa imobiliária. A ideia, afirma, representa o “Euromilhões para as imobiliárias”. Recorde-se que Alberto Souto, entrevista ao Jornal de Notícias, defendeu como solução imediata para o problema passaria “por a Câmara a ir ao mercado de arrendamento arrendar pelo preço que for […] Se forem 800 euros, paga 800, e depois subarrendamos a quem precisa por 400, suportando o diferencial. Fazemos isto durante os quatro anos de mandato e nesse período pegamos no dinheiro do PRR e nos terrenos que temos e construímos habitação pública”. Nas contas de Luís Souto, se a Câmara arrendar 1000 casas por 500 euros, ao fim de um ano teria de pagar seis milhões de euros. “A Câmara estaria falida no ano seguinte”, aponta. Outra solução, agora tendo em consideração também as “ligações fortes” que Luís Souto pretende ter com o governo, é a utilização do quartel-general da GNR para habitação. Apesar de saber que foi uma solução já tentada por Ribau Esteves, o candidato da “Aliança” refere que as circunstâncias mudaram e que é um sinal positivo de colaboração que o executivo de Luís Montenegro pode dar. Na ótica do cabeça-de-lista, “não faz sentido nenhum ter um quartel da GNR no meio mais central da cidade, no meio urbano, quando a GNR, por vocação, é a nossa polícia, de características mais suburbanas”. Assim, o objetivo é deslocalizar o quartel para uma zona periurbana que oferece condições mais modernas à polícia e transformar. Ainda no tema da habitação, que foi claramente o principal visado do candidato, Luís Souto indica que o caminho que a coligação quer seguir é aquele que foi indicado pela Estratégia Local de Habitação: “estaremos abertos à implementação de todas as medidas previstas no quadro da lei. Inclusive, entendemos que chegou a altura de começar a construir. É necessário”. Da habitação, o candidato da coligação saltou para o tema da Economia e Inovação. Aqui, a medida principal volta a ser a descida dos impostos, nomeadamente a devolução de, “em princípio”, 0,25% do IRS aos munícipes. De acordo com a estimativa, a medida representará uma quebra de 400 mil euros por ano nas contas da Câmara. No entanto, o candidato garante que “as contas serão feitas” de forma que, no Orçamento Municipal, o prejuízo da medida seja zero. Apesar de reconhecer que o alívio não é muito significativo, Luís Souto realça que se trata de um “sinal”. Ainda na senda do que tem vindo a ser feito no atual mandato presidido por José Ribau Esteves, Luís Souto pretende continuar também a reduzir gradualmente o IMI. Outra prioridade a que o candidato deu muito destaque foi à criação de uma Agência Municipal de Investimento e Inovação e de um Conselho Municipal de Estratégia e Inovação. O objetivo é que a Agência, que deve funcionar de forma autónoma em relação à Câmara Municipal, seja uma espécie de Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) na captação de investimento para Aveiro. Aí, Luís Souto pretende também envolver uma série de outras entidades, entre as quais a Universidade de Aveiro (UA). Fechada a primeira apresentação do programa, o candidato convidou os jornalistas presentes a colocarem questões sobre o documento. Depois de questionado sobre que grandes propostas tinham ficado por referir, Luís Souto disse não ter mencionado, no eixo da Economia e Inovação, a vontade de qualificar as áreas de acolhimento empresarial. No campo da sustentabilidade, Luís Souto deu ênfase à proposta de apostar no desenvolvimento e captação de investimento em áreas como a aeronáutica ou a biotecnologia azul. A ideia da coligação é criar um espaço denominado de “Silicon Valley” no Município para que se fixem empresas das “tecnologias avançadas”. Na mobilidade, Luís Souto Miranda reconhece que “nós temos aqui um problema, mas que também não é só de Aveiro”. A medida mais sonante foi o pedido de uma avaliação externa à Câmara e às empresas concessionárias ao Serviço de Transportes Públicos. Para “reconhecer as disfuncionalidades da oferta” é necessário um “estudo rigoroso”, no entender do candidato. Da parte dos jornalistas, foi notado que o atual executivo camarário terá todos os dados relativos ao serviço e, por isso, foi perguntado a Luís Souto se não confiava nos dados. Diz o candidato que “é só andar na rua e olhar para os autocarros. Como é que eles vêm? Com uma pessoa, com duas pessoas… Acha isto razoável? Eu não acho. Eu não estou a dizer que os dados estão falseados ou deixam de estar”. Na mesma senda, Luís Souto continuou a explicar que apesar de se pautar por ser uma candidatura de continuidade, “não é um clone de Ribau Esteves”. Nesse sentido, por entender que chegou o momento de uma avaliação diferente, que não seja a aferição e a monitorização. Também no âmbito da mobilidade, o candidato da “Aliança” defendeu um maior investimento nos meios de transporte suaves e na continuação da construção das vias cicláveis, bem como a criação de parques de estacionamento periféricos apoiados por uma rede de minibus de alta frequência. Dois dos pontos onde Luís Souto acredita existir a necessidade de construir parques de estacionamento são no Largo Capitão Maia Magalhães – onde é preciso fazer uma avaliação de custo-benefício para entender se se deve construir o parque subterrâneo ou à superfície – e em Esgueira, cuja solução não está ainda definida. Apesar de, segundo afirma, as outras candidaturas já estarem a garantir a localização do parque, Luís Souto garante que não estar na campanha “para favorecer a especulação de terrenos de ninguém”. É também objetivo da coligação “Aliança com Aveiro” criar mais zonas pedonais. De acordo com o candidato, muitas vezes a solução não funcionou porque entrave em conflito com as atividades económicas e com a vida normal dos moradores. Luís Souto garante o recurso a uma “solução tecnológica adequada” que garanta uma maior harmonia. Ainda a pensar nos autocarros, o cabeça-de-lista sugere um sistema de pontos para quem frequente os transportes públicos. Seria, na sua opinião, uma forma de angariar clientes para um serviço que diz ser pouco utilizado pelos aveirenses. Se durante a primeira intervenção, Luís Souto não falou em espaços verdes por, afirma, não ter tido tempo de abordar todos os tópicos, o candidato da “Aliança” considera que o seu projeto é a “candidatura verde”. Recordando uma frase do ex-primeiro-ministro José Sócrates – que, em 2009, se dirigia à bancada parlamentar do Partido Ecologista “Os Verdes”, que nunca foram a eleições sem estarem coligados com o PCP -, Luís Souto apontou à esquerda para dizer que “há aí umas melancias. Verdes por fora, vermelhos por dentro”. De resto, Luís Souto afirma que o domínio dos parques verdes é mesmo aquele que mais páginas ocupa do seu programa eleitoral. Entre as propostas, o candidato fala na requalificação do Parque Infante D. Pedro, na construção do Parque das Barrocas, de um parque na zona do Pavilhão do Galitos e garante que, com a construção do Eixo Aveiro-Águeda, vai nascer o maior parque do Município. As ideias não ficam por aqui. Luís Souto afirma que vai criar pequenos espaços verdes em todos os bairros do concelho, sempre juntos a espaços para a prática desportiva informal. Já no que ao desporto diz respeito, o candidato destaca que vai ser criada um Carta Municipal do Desporto que permita aferir quais os equipamentos desportivos existentes. Contra as ideias do PS, que “quer bloquear”, Luís Souto pretende avançar com o novo Pavilhão Municipal – Oficina do Desporto. Também no âmbito da continuidade, o candidato à governação da Câmara Municipal de Aveiro quer continuar o investimento em piscinas municipais. A principal proposta de Luís Souto para a cultura é a criação do já previsto “Centro de Arte Contemporânea”. No entendimento do candidato, o equipamento deve passar a ser uma referência e atrair o turismo que chega ao Porto para conhecer Serralves. Se tiver uma grande oferta, diz Luís Souto, vai revolucionar o panorama cultura aveirense. Ainda entre as propostas culturais, o candidato não esquece o “Centro Interpretativo do Sal”, a área dos festivais das artes de rua ou a continuidade do Festival dos Canais como apostas a seguir durante o mandato. Sobre a educação falou ainda Rui Vieira. Primeiro, o candidato destaca a necessidade rever a Carta para a Educação. No seu entender, o documento não deve passar apenas por uma formulação, deve mesmo ser analisado com o apoio de outras entidades, como a Universidade de Aveiro ou as associações de pais. Preocupação da candidatura é também o processo de formação dos assistentes operacionais que operam na Câmara de Aveiro. Segundo Rui Vieira, o trabalho deve passar por aprimorar o processo de avaliação dos profissionais. Outra prioridade destacada foi a melhoria dos parques infantis, que deve passar por diversificar e amplificar a experiência que é oferecida às crianças. Fugindo ao programa eleitoral, Luís Souto foi obrigado a escolher quem, entre Alberto Souto e Diogo Soares Machado, seria o seu principal adversário político na corrida à Câmara. O candidato respondeu com uma terceira opção ao dizer que o seu principal adversário é a desinformação: “As fake news chegaram a Aveiro. Eu dizer uma coisa e sair outra na comunicação social, para não falar das redes sociais. […] Esse para mim tem sido o nosso grande adversário. É a desinformação, a deturpação, a manipulação daquilo que temos dito”. A campanha, garante, está a ser construída na luta pela maioria absoluta. Caso não aconteça, Luís Souto “avisa” que existe o risco de o Município ficar “ingovernável, bloqueado, congelado”. “No mínimo, traz dificuldades. No máximo, traz o caos, a ingovernabilidade, e todos vão sofrer”, conclui.

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Estudo da Universidade de Aveiro defende reforço da legislação farmacêutica

O trabalho, desenvolvido pelo Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da UA, no âmbito do Projeto ETERNAL, foca-se no reforço da legislação europeia, “promovendo práticas mais sustentáveis e seguras para o ambiente”.  Desenvolvido em colaboração com o UK Centre for Ecology & Hydrology (Centro para a Ecologia e Hidrologia do Reino Unido), o estudo analisa a estratégia e as propostas legislativas da União Europeia relativas a produtos farmacêuticos, face “aos riscos potenciais para os ecossistemas e para a saúde humana”. A análise identifica áreas fundamentais onde persistem necessidades de melhoria, nomeadamente a avaliação de misturas de fármacos em vez de substâncias individuais. São também defendidas “abordagens mais abrangentes para testar e prever efeitos ecológicos, consideração da variabilidade ambiental, e medidas mais rigorosas para reduzir as emissões de fármacos para o ambiente”. “O estudo sublinha a necessidade de uma legislação adaptativa, que evolua em consonância com os avanços científicos, garantindo uma proteção mais robusta da biodiversidade e da saúde pública”, refere o texto sobre o trabalho, publicado na página oficial da UA. A contribuição da Universidade de Aveiro foi descrita num artigo científico publicado na revista Environmental Sciences Europe, disponível para consulta online, em co-autoria de Susana Loureiro, Maria Pavlaki, Patrícia Veríssimo Silva e Madalena Vieira, investigadoras do CESAM, no quadro do projeto Horizon Europe ETERNAL. Com base em conhecimento especializado em modelação de alterações ambientais, sistemas marinhos e terrestres e abordagens One Health (Uma Só Saúde), os autores revisitaram documentos legislativos chave, literatura científica e contributos de várias partes interessadas recolhidos em consultas públicas realizadas entre 2021 e 2023. Os investigadores esperam que as suas conclusões “apoiem o diálogo entre decisores políticos, comunidade científica e setor industrial, promovendo uma regulamentação farmacêutica mais sustentável na Europa”.

CDU Aveiro apresenta programa eleitoral com foco em habitação, cultura, transportes e desporto
Cidade

CDU Aveiro apresenta programa eleitoral com foco em habitação, cultura, transportes e desporto

“Há toda uma panóplia de medidas que podem e devem ser postas em marcha. Claro que não é de um dia para o outro, tudo leva o seu tempo e nós temos compromisso e assumindo o compromisso que queremos cumprir, tem de ser dado o tempo necessário para que todas estas medidas possam ser implementadas”, frisou Isabel Tavares. Segundo a cabeça de lista, o projeto está “alicerçado num conjunto de medidas necessárias à população”. Questionada pelos jornalistas sobre o que distingue a CDU dos restantes partidos, a cabeça de lista foi clara: “A carência habitacional que se vive no concelho, a questão dos transportes públicos que não dão resposta às necessidades da população, o desporto que está deixado de parte e a cultura nem se fala… Uma cidade viva tem de ter cultura e nós queremos que Aveiro tenha resposta também nestas vertentes”, exprimiu. Ao longo de 23 páginas do seu programa eleitoral, a CDU propõe para enfrentar o problema da habitação, entre outras propostas, um reforço da habitação social e cooperativa, a criação de novas cooperativas de moradores e o combate aos imóveis devolutos. A coligação quer ainda que 20% dos fogos em novos empreendimentos sejam destinados a custos controlados, além de programas de habitação jovem nos centros urbanos e históricos. No campo da cultura, a CDU defende um Teatro Aveirense mais aberto às produções locais, a criação de ateliers municipais coletivos para artistas e uma aposta forte na valorização do património histórico, cultural e industrial da cidade. No campo da mobilidade, a CDU compromete-se a municipalizar os transportes rodoviários, reduzir tarifas e caminhar para a gratuitidade progressiva. O programa inclui ainda a requalificação da Linha do Vouga, a expansão das ciclovias e o reforço das ligações fluviais a São Jacinto. O desporto é outra das áreas em destaque. A CDU propõe a construção de um pavilhão multiusos com capacidade para 3000 pessoas (no mínimo) e de um complexo de piscinas municipais, incluindo uma piscina olímpica. Quer ainda apoiar o desporto escolar e de formação, criar um parque para desportos radicais e valorizar o CAR-Surf de São Jacinto. Quanto às acessibilidades, o programa insiste na conclusão da ligação sul à A1, na valorização da Linha do Vouga e na recuperação das estradas e passeios degradados. A CDU quer também mais percursos pedonais e cicláveis e uma gestão do estacionamento que dê prioridade aos residentes. Para além das propostas, o programa eleitoral da CDU aponta também críticas à atual gestão camarária, acusando-a de manter uma “dívida relevante, fruto de décadas de irresponsabilidade política na gestão do património e das finanças municipais, com projeção no presente e futuro”. “Mantemos hoje uma câmara à deriva, que foi abdicando ao longo das últimas décadas das suas principais competências, privatizando serviços, na maior parte dos casos de forma ruinosa, desde os resíduos sólidos urbanos à água, do saneamento aos transportes”, lê-se no documento. Confrontada com estas críticas, Isabel Tavares explicou que este tipo de afirmações tem a ver com o tipo de investimento que foi feito no município, “que foi sempre em prol dos privados e em prol da obra que não traz benefícios para os aveirenses”. Como exemplos apontou a obra do Rossio ou da Avenida Lourenço Peixinho. “Há um conjunto de obra feita no Município que não veio reforçar, nem dar aos aveirenses aquilo que era necessário. Veio descaraterizar. É betão em cima de betão”, atentou, insistindo que houve dinheiro “mal investido”. “Os aveirenses não estão libertos de continuar a pagar a dívida que veio no passado. Ribau Esteves a sair da Câmara Municipal propõe honorar Aveiro com mais um empréstimo para a construção do pavilhão municipal”, continuou Nuno Teixeira. Sobre a dispersão de votos à esquerda com a entrada do LIVRE Aveiro nas eleições autárquicas, Isabel Tavares recordou que a CDU tem um projeto “próprio, virado para aquilo que são as necessidades de Aveiro, dos aveirenses e daqueles que cá querem viver”. “Estamos disponíveis para trabalhar com todos desde que tenhamos voz e que nos deem essa voz para podermos fazer esse trabalho”, afirmou. Recorde-se que nas eleições autárquicas de 2021, a CDU obteve 3,34% dos votos, contra os 51,26% alcançados pela coligação PSD/CDS/PPM, que conquistou a liderança da Câmara. Questionados ainda sobre a possibilidade de o Partido Socialista (PS) chegar ao poder e se seria mais fácil para a CDU estar “alinhada”, Nuno Teixeira explicou que, no caso da revogação do Plano de Pormenor do Cais do Paraíso, o partido estará ao lado da proposta. Ainda assim, recordou que, em outras ocasiões, como nas votações [em Assembleia Municipal] sobre as portagens da A25 ou sobre os artistas de rua, o PS votou “contra”. “Sempre dissemos: todas as propostas que sejam em prol da população, a CDU lá estará”, sublinhou. “Não nos fechamos ao diálogo com ninguém, estamos abertos ao diálogo, mas sempre nesta perspetiva”, completou Isabel Tavares.

Autárquicas: IL Aveiro apresenta programa eleitoral esta quarta-feira
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Autárquicas: IL Aveiro apresenta programa eleitoral esta quarta-feira

Segundo uma nota de imprensa enviada à Ria, a sessão será conduzida por Miguel Gomes, candidato da IL à Câmara Municipal de Aveiro, que apresentará as principais propostas do partido para as áreas de: “Educação; Segurança e Proteção Civil; Serviços Urbanos e Gestão do Espaço Publico; Mobilidade e Transportes; Obras Particulares; Ambiente e Sustentabilidade; Cidadania Juventude e Seniores; Cultura; Saúde; Toponímia e História Urbana; Economia, Turismo e Habitação; Habitação Social; Multiculturalismo; Mercados e Feiras; Obras Municipais; Planeamento e Ordenamento e Desporto”. “A Iniciativa Liberal acredita que Aveiro merece mais ambição e mais liberdade. Este programa é o resultado de um trabalho sério, com propostas concretas e realistas, pensadas para responder às necessidades das famílias, dos jovens, das empresas e das freguesias”, realça. O evento contará ainda com a presença de Hugo Condesa, gestor e empreendedor comprometido com a transformação do país. Licenciado em Economia e mestre em Gestão de Empresas, Hugo Condesa “é uma voz ativa na defesa de uma verdadeira descentralização de funções e competências do Estado central para os Municípios, alinhada com a visão da Iniciativa Liberal de uma governação mais próxima, eficaz e livre”, esclarece a nota.

Governo disponibiliza 30 milhões de euros para reforçar reciclagem
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Governo disponibiliza 30 milhões de euros para reforçar reciclagem

Em comunicado o Ministério do Ambiente e Energia avança que, através da Agência para o Clima, lançou hoje o aviso para o aumento da capacidade de reciclagem e valorização de resíduos. É um investimento financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no quadro do regulamento europeu (plano energético) REPowerEU, e destina-se, precisa o comunicado, “a acelerar a economia circular em Portugal e a contribuir para a neutralidade carbónica até 2050”. A instalação e a modernização de linhas de triagem de embalagens, a aquisição de viaturas elétricas e de contentores para recolha seletiva, a criação ou reforço de centrais de compostagem de biorresíduos e a implementação de sistemas de tratamento de águas residuais em instalações de resíduos são alguns dos investimentos que podem ser feitos. Segundo o aviso, a taxa de comparticipação é até 100% e os projetos selecionados devem estar concluídos até 31 de dezembro de 2025. As candidaturas decorrem entre 23 de setembro e 22 de outubro. O objetivo é promover a valorização de resíduos, reduzindo a deposição em aterro, e contribuir para as metas do Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU2030) e da União Europeia. A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, diz, citada no comunicado, que o investimento agora anunciado é “um passo decisivo para acelerar a economia circular em Portugal, garantindo mais reciclagem, menos aterro e maior valorização dos recursos, em linha com as metas europeias e nacionais”. “Portugal tem de transformar os resíduos em oportunidades, reduzindo a dependência de matérias-primas virgens, promovendo a inovação e criando valor económico e ambiental em todo o território”, acrescenta. O Ministério recorda as metas em questão, de reciclar pelo menos 55% dos resíduos urbanos até 2025, 60% até 2030 e 65% até 2035, enquanto se reduz a deposição em aterro para 10% em 2035. O aviso destina-se aos sistemas de gestão de resíduos urbanos (SGRU) concessionados ao abrigo do PERSU2030, que asseguram a gestão de resíduos de milhões de pessoas em todo o país. São a Ambilital – Investimentos Ambientais no Alentejo; LIPOR – Associação de Municípios para a Gestão Sustentável de Resíduos do Grande Porto; Associação de Municípios da Região do Planalto Beirão; Resialentejo – Tratamento e Valorização de Resíduos, e a EGF, através dos seus 11 sistemas associados (Algar, Amarsul, Ersuc, Resiestrela, Resulima, Suldouro, Valnor, Valorlis, Valorminho, Valorsul e Resinorte).