PS questiona Governo sobre serviço de ginecologia e obstetrícia de Aveiro
“Tendo em conta a demissão do diretor do serviço de ginecologia/obstetrícia do Hospital de Aveiro e a consequente probabilidade de terem de encerrar a urgência de obstetrícia, os deputados socialistas questionam a ministra da Saúde sobre que medidas foram adotadas, ou vão ser imediatamente adotadas, para obstar ao encerramento da urgência de ginecologia/obstetrícia”, diz o comunicado. Salientando que tal encerramento “se traduzirá numa situação extremamente gravosa para a população”, os deputados do Partido Socialista eleitos pelo círculo eleitoral de Aveiro questionam a ministra da Saúde sobre “que medidas está o Governo a tomar para evitar a rutura de tão importante serviço hospitalar na região de Aveiro”. No texto, os deputados do PS “admitem que a situação estará relacionada com a falta de profissionais necessários para colmatar as escalas de serviço”. Afirmam também que, “do que foi possível saber, a escala submetida para o mês de julho apresenta um elevado número de encerramentos”. “A par desta escassez de recursos humanos, sabe-se ainda que a maioria das Unidades Locais de Saúde ainda não viram aprovados os seus Planos de Desenvolvimento Organizacional, o que impedirá a abertura de novos concursos para a contratação de profissionais em falta”, criticam. O conselho de administração da Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro confirmou terça-feira à Lusa que recebeu o pedido de demissão do diretor Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Aveiro. O pedido de demissão, segundo a administração hospitalar, surgiu na sequência “da escala de Urgência submetida para o mês de julho apresentar um elevado número de encerramentos”. Os encerramentos, de acordo com a administração, são “justificados pela total recusa dos médicos especialistas em realizar horas extraordinárias”, garantindo que “envidou todos os esforços, ao seu nível de decisão, para ultrapassar a situação”.
Escândalos, ética e qualidade: Luís Souto e Alberto Souto trocam visões em apresentação de livro
Durante a iniciativa, Luís Souto, candidato da ‘Aliança Mais Aveiro’, quis surpreender os presentes com duas medidas que pretende implementar para o futuro. O candidato da coligação PSD/CDS/PPM começou por afirmar que a sua “primeira prioridade” será “tornar a máquina [autarquia] mais eficiente”, implementando “um Sistema de Garantia de Qualidade, como existe em várias instituições”, de forma que os serviços comecem a ser “mais eficientes”. “Muita da pequena corrupção que existe na administração pública tem a ver com a ineficiência dos serviços”, repara Luís Souto. Note-se que um Sistema de Garantia de Qualidade trata-se da criação e implementação de um conjunto de mecanismos de planeamento, monitorização e avaliação que permitam a uma dada instituição ou organização melhorar continuamente os seus serviços, garantindo o cumprimento dos compromissos com os cidadãos, a transparência na gestão dos recursos públicos e a devida prestação de contas. Logo de seguida, o candidato recordou o exemplo do “Código de Ética e Conduta da Câmara Municipal de Aveiro” em vigor, aprovado em reunião camarária no dia 19 de dezembro de 2024, dando nota que, “com algumas adaptações naturais”, pretende que o documento seja também assinado pelos elementos que integrarão as suas listas autárquicas. “Os meus candidatos também vão assinar este Código de Ética e Conduta Municipal, com algumas adaptações naturais. Desafio o candidato Alberto a fazer o mesmo e os outros partidos. Vamos todos assinar. Não é preciso inventar nada, está lá tudo”, afirmou Luís Souto. Segundo o documento que Luís Souto refere – e que está disponível no site da autarquia – o Código de Ética e Conduta da CMA já se aplica também aos eleitos locais. No seu artigo 4.º é referido que “O presente Código aplica-se também aos eleitos locais, em tudo o que não seja incompatível com o estatuto normativo a que se encontram especialmente vinculados, e aos membros dos respetivos gabinetes”. Significa isto que todos os candidatos que serão eleitos por todos os partidos políticos ficarão automaticamente vinculados a este documento. Desta forma, falta saber quais as "adaptações" que o candidato da coligação ‘Aliança Mais Aveiro’ pretende levar a cabo especificamente para os membros das suas listas. Estas medidas foram apresentadas na sequência daquilo que Luís Souto acredita ser o caminho para que Aveiro se mantenha afastada de “situações que acabem por ser escândalos”. “Em 50 anos nós não temos praticamente grandes casos de corrupção - estou a falar, portanto, a nível das instituições públicas e municipais”, aponta. Em declarações à Ria, Luís aponta que o futuro passa precisamente, na sua perspetiva, por “fazer sempre um esforço para aumentar a eficiência dos serviços públicos, de forma a diminuir também, muitas vezes, aquela tentação de formas [de conduta] que entram na classificação de corrupção”. Frisa ainda que, no contexto da autarquia aveirense, não se recorda de “nenhum caso (…) que tenha figurado com condenações, prisões, notícias nos jornais, capas” e que “devemos continuar assim”. À Ria, Alberto Souto afirmou, por sua vez, que na sua perspetiva a aposta para que Aveiro se mantenha afastada de escândalos passa por “desenvolver e aprofundar muito todos os instrumentos de democracia digital ao serviço dos cidadãos e, do outro lado, tem de estar muito presente na utilização das redes sociais”. Questionado sobre o desafio deixado pelo candidato da AD, o socialista frisou que “não é desafio nenhum”. “Isso [Código de Ética e Conduta] para mim faz parte do normal de uma instituição pública e, por maioria de razão, de uma autarquia: não há nenhuma ideia nova, portanto, é só cumprir a lei”, atestou. A apresentação do livro ficou ainda marcada por questões levantadas pelo autor quanto à coragem necessária para assumir cargos políticos, sobre os desafios com que a política se defronta relativamente ao escrutínio, em especial tendo em conta o imediatismo que a internet e as redes sociais promovem e relativamente à existência de um contrato social entre eleitos e eleitores. Para Alberto Souto, face ao cenário de escrutínio, existem valores que se devem manter, nomeadamente “de transparência, prestação de contas e de respeito pelos eleitores”. A propósito do contrato social entre eleitos e eleitores o candidato socialista repara que é o programa eleitoral que desempenha esse papel e que há necessidade de “envolver cada vez mais” as pessoas na definição desse contrato. “As pessoas têm mais sentido crítico, estão mais atentas às promessas, à viabilidade das promessas e querem julgar os candidatos pelas suas qualidades pessoais, certamente, mas também pelas propostas que apresentam para o seu município e eu (…) acho que é mesmo um dever ético dos candidatos apresentarem as suas propostas”, atenta Alberto Souto. Luís Souto entende, por sua vez, que esse contrato com os eleitores deve ser feito, mas repara que “as propostas a fazer não precisam de ser muitas, mas têm de ser propostas que (…) eu possa andar na rua de cabeça erguida”. “É com base nesse contrato de confiança com o eleitor que deve ser feito, mas deve ser muito bem pensado e ponderado”, defendendo ainda que esse “livro” deve estar “em branco”, no início, para acolher os contributos dos cidadãos. O candidato garante ainda que “vai surgir um contrato fantástico com os aveirenses, mas não de ficção científica, porque são propostas a serem cumpridas e eu vou-me atravessar por elas: não vão ser muitas, mas vou-me atravessar por elas”. Luís Souto considera, ainda, “uma arrogância intelectual para com os eleitores” o processo de apresentação do programa “ser assim: eu tenho 500 propostas (…) e agora vocês acomodem-se”. As ideias defendidas na apresentação do livro já chegaram às redes sociais dos dois candidatos. Esta quarta-feira, Alberto Souto de Miranda, numa publicação na sua página de Facebook, criticou a proposta apresentada por Luís Souto. “Vai fazer assinar um Código de Conduta na autarquia e certificar a qualidade do serviço. Azar dos azares: a Câmara de Aveiro já tem um Código de Conduta aprovado desde 2020, alterado em 2024”, aponta. Alberto aponta, no entanto, concordar que “a qualidade tem de melhorar muito”, salientando que o “mais importante é a norma de certificação de qualidade relativa à conciliação entre a vida profissional e familiar”, medida que o candidato socialista admite que irá tentar implementar. Em resposta, Luís Souto Miranda esclarece que apenas citou “instrumentos já existentes” e que anunciou que na sua candidatura “os candidatos ficarão também vinculados a um Código de Conduta, inspirado precisamente no já existente no Município de Aveiro”. “Afirmei também que devemos fazer um Contrato com o eleitor, que não seja um amontoado de ideias grande parte utópicas, mas um programa em que os aveirenses poderão confiar e que será divulgado bem a tempo das decisões a tomar nas urnas”, atenta ainda o candidato social-democrata. ‘Isto é um escândalo’ é a mais recente obra de Bruno Paixão, que compila os maiores escândalos políticos em Portugal desde o 25 de Abril de 1974. À Ria, o autor atenta que em Portugal e para a “tipologia de sociedade” da Europa do Sul, “vale muito mais a reputação e a capacidade de fazer obra, do que a reputação ética e moral” dos atores políticos. “Isto diz muito da nossa sociedade e da aceitação que temos relativamente aos escândalos, mas também nos diz que as pessoas, depois de tantos casos de escândalos, já desvalorizam: como se estivessem anestesiadas- já não se incomodam”, frisa. “O mais perigoso nos escândalos é que já não nos escandalizemos com eles”, sublinha ainda o autor. Acredita, no entanto, que já “estamos nessa fase”. “Nós já tivemos políticos presos e que, quando regressam à vida política, voltam a ser eleitos, com maioria absolutamente expressivas”, exemplifica Bruno Paixão. Bruno Paixão repara ainda que “não haver escândalos significa que os média não pegaram num caso, que ele não propagou e não causou uma reação pública”, apontando, no entanto, que essas reações públicas estão na base do impacto que esse escândalo pode ter. Ainda nesse sentido, o escândalo pode ser considerado, em parte, um medidor da qualidade de uma democracia. “Pode parecer estranho isto que eu vou dizer, mas algo de muito podre numa democracia haverá se ela não tiver escândalos: ela tem de ter escândalos porque é um sinónimo de que há um escrutínio e de que os media estão a atuar”, finaliza.
Revisão da lei autárquica em debate: Docente da UA destaca riscos e vantagens
A revisão da “lei que regula a eleição dos titulares dos órgãos das autarquias locais, após as próximas eleições autárquicas” é um dos pontos referidos no documento apresentado no passado dia 21 de junho. Embora não seja adiantada nenhuma ideia em concreto, a referência volta a trazer para a ordem do dia o tema da alteração da lei eleitoral para as autarquias. Comecemos por falar do modelo atual. Apesar da eleição das Câmaras Municipais basear-se num sistema proporcional – isto é, na distribuição dos lugares de vereadores consoante os votos que cada candidatura recebe - há uma exceção importante: o presidente da Câmara é sempre o cabeça de lista da força política mais votada. A investigadora Patrícia Silva chama a atenção para esta particularidade, considerando-a um “sistema um pouco estranho”. Isto porque, apesar da lógica proporcional que pretende garantir representatividade, a presidência é automaticamente atribuída ao líder da lista mais votada, mesmo que esse partido não tenha a maioria dos vereadores. No entendimento da investigadora Patrícia Silva, há um forte peso colocado na figura do presidente da Câmara, que caracteriza como um “efeito de personalização e quase um sistema First Pass The Post”. Ou seja, apesar da eleição ser proporcional, acaba por haver um efeito semelhante a um sistema maioritário: isto porque o cabeça de lista mais votado torna-se automaticamente presidente da Câmara, concentrando em si grande parte do poder político local. Embora a eleição para a Câmara Municipal seja proporcional - o que permite a entrada de representantes de vários partidos no órgão -, isso nem sempre se traduz numa gestão partilhada do município. Como sublinha a investigadora Patrícia Silva, o presidente da Câmara, eleito automaticamente como cabeça de lista mais votado, tende a concentrar nas suas mãos a maioria das competências executivas. Na prática, mesmo que a composição da Câmara Municipal inclua vereadores de diferentes partidos, a distribuição de pelouros (ou seja, de responsabilidades executivas) é habitualmente feita apenas entre os eleitos do partido do presidente. Os restantes vereadores, apesar de fazerem formalmente parte do órgão, ficam muitas vezes sem funções concretas na gestão diária da autarquia. Isto apesar de raras exceções, como é o caso de Isaltino Morais, atual presidente da Câmara Municipal de Oeiras, que, mesmo tendo maioria no órgão, atribuiu pastas a vereadores da oposição. Desta forma, o sistema atual permite diversidade partidária no papel, mas acaba por reforçar uma lógica de concentração de poder, em que o presidente e os seus vereadores de confiança detêm quase toda a capacidade de decisão. Embora ainda não haja uma proposta concreta de revisão da lei eleitoral autárquica, a docente Patrícia Silva admite que há cenários possíveis que podem vir a ser discutidos. Entre eles, destaca-se a criação de “um sistema maioritário (…) ou então permitir o reforço do parlamentarismo à escala municipal”. A hipótese de um sistema maioritário não é nova. Em 2008, segundo avançou o Público, PS e PSD chegaram a um acordo para apresentar um projeto de lei nesse sentido. A proposta previa que a força mais votada em cada autarquia tivesse automaticamente a maioria absoluta no Executivo Municipal - o que romperia com o atual sistema proporcional. No entanto, o projeto acabou por não ser aprovado. Em 2012, houve uma nova tentativa de reformar o sistema, mas também sem sucesso. Caso se avançasse para esse modelo maioritário, explica a investigadora, “o partido que vencer aquelas eleições vence todas as vereações”, ou seja, deixaria de haver “distribuição proporcional”. Essa mudança garantiria maior estabilidade política local, algo que, para já, não parece urgente. “Não temos propriamente muitos casos de executivos camarários que tenham caído e que tenha sido necessária a reeleição”, nota Patrícia Silva. Ainda assim, alerta para o futuro: o surgimento de novos partidos pode gerar executivos mais fragmentados, o que dificultaria os processos de decisão. Por outro lado, um sistema maioritário traria desvantagens ao nível da representatividade. “Ter aqui algumas vereações nas câmaras municipais também são sinais importantes para os partidos [mais pequenos e da oposição]”, destaca a investigadora. Além disso, a exclusão da oposição do órgão da Câmara Municipal pode comprometer o escrutínio político. No atual modelo, mesmo que sem pelouros atribuídos, os vereadores da oposição “podem participar nas reuniões, podem discutir e permite-lhes também ter informação que muitas vezes é difícil de obter nas assembleias municipais”, observa. Num cenário alternativo, o “reforço do parlamentarismo à escala municipal” poderia passar por uma reorganização do sistema em que os executivos deixariam de ser eleitos diretamente. Em vez disso, seriam formados com base na composição da Assembleia Municipal - à semelhança do que acontece nas eleições legislativas, em que o Governo depende do apoio da maioria parlamentar. Apesar de não existirem medidas concretas no Programa do Governo, o programa eleitoral da Aliança Democrática (AD) – que forma atualmente o Governo - defende que “no domínio das autarquias locais verifica-se a necessidade de revistar o modelo de governação, em especial dos Municípios”. Apontam, nesse sentido, a reavaliação do “equilíbrio de competências da Câmara Municipal e da Assembleia Municipal”, assim como do “modelo de constituição do governo municipal e da fiscalização da Assembleia Municipal”. Repare-se, no entanto, que para existir esta alteração da lei eleitoral, é necessário que a mesma seja aprovada por maioria de dois terços no Parlamento, o que equivale a 149 deputados. Na composição atual, AD e PS não são suficientes para aprovar a medida, uma vez que entre si reúnem apenas um total de 144 deputados eleitos. A AD, para avançar com a revisão da lei, teria de chegar a acordo com o Chega e a Iniciativa Liberal, ou com o PS e o Chega. Há ainda uma possibilidade com o Livre a entrar na equação. Perante este cenário, Patrícia Silva antevê desde já que “os pequenos partidos tenham alguma resistência em relação a esta mudança”. Especialmente se as medidas forem “no sentido de impedir governos fragmentados ou de gerar maiorias claras”, repara. O Chega e a Iniciativa Liberal não apresentam, nos seus programas eleitorais, quaisquer referências a alterações da lei eleitoral para as autarquias. O Livre, por sua vez, aponta no seu programa uma proposta para uma revisão do “quadro legal das autarquias locais promovendo uma reforma institucional, orgânica e de competências, reforçando o papel das Assembleias na definição das políticas autárquicas”. O programa eleitoral do Partido Socialista (PS) também não faz referência a reavaliações a nível do modelo dos governos locais, referindo apenas pretender “rever” a lei das finanças locais, o Estatuto dos Eleitos Locais, o Estatuto do Direito de Oposição e o regime jurídico dos Conselhos Municipais de Juventude. No entanto, José Luís Carneiro, candidato a líder do PS, aponta na moção de liderança ao partido que “o PS defende uma reforma eleitoral a começar pelas autarquias, reforçando o seu parlamentarismo e permitindo executivos mais funcionais, a par do aprofundamento da descentralização e da municipalização de serviços do Estado”. O líder socialista abre, assim, a porta para que sejam discutidas propostas no que toca à alteração da lei eleitoral das autarquias, mas mais focadas no cenário do reforço parlamentar (Assembleia Municipal). Independentemente do rumo que possa vir a ser seguido, Patrícia Silva frisa que terá de existir um “diálogo muito amplo com entidades, associações e com a academia”, no sentido de olhar “com cautela para aquilo que está em cima da mesa”. “A proposta está colocada no Programa de Governo de uma forma suficientemente ampla para ser manobrável”, repara ainda, notando que, além das propostas que têm vindo a ser discutidas ao longo dos anos, existem inúmeras outras que podem vir a ser colocadas. A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) já se mostrou disponível para discutir a revisão da lei eleitoral das autarquias. Luísa Salgueiro, presidente da ANMP, apontou recentemente à Lusa que a associação pretende auscultar os seus membros de forma a poder emitir um parecer. Também José Ribau Esteves, vice-presidente da ANMP apontou, em declarações ao Público, que a associação aguarda pelas propostas do Governo. O autarca lembra, no entanto, que “com o XXIV Governo, que tinha o mesmo ministro [Manuel Castro Almeida], nunca houve conversas sobre essa matéria”, com a diferença a recair na menção do tema no programa do atual Governo, contrariamente ao que acontecia no anterior. Importa referir que esta alteração só será definida após a realização das eleições autárquicas, que vão decorrer em setembro ou outubro.
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UNIVERSIDADE
7ª edição do “Fórum de Ensino e Aprendizagem” reforçou aposta da UA na inovação pedagógica
O programa desta manhã contou, entre outros pontos, com a apresentação da “Estratégia@UA”. Na sua intervenção, Sandra Soares, vice-reitora para matérias atinentes ao ensino e formação na UA, aproveitou o momento para abordar a oferta formativa, destacando a aposta da Universidade de Aveiro na formação ao longo da vida. “Há uma série de transformações (…) na sociedade, nomeadamente a automação, a inovação tecnológica, a transição ecológica e digital, novas formas de trabalhar (…) que nos faz ter a necessidade de implementar uma estratégia (…) que permita a educação ao longo da vida e (…) o upskilling e o reskilling da nossa população”, apontou. Neste seguimento, a vice-reitora aproveitou a ocasião para dar nota de que o “funcionamento em concreto” dos cursos não conferentes de grau já se encontra implementado no Regulamento de Criação dos Cursos Não Conferentes de Grau. “O crescimento tem sido muito significativo nesta área”, afirmou. Quanto à aposta nas microcredenciais, a vice-reitora sublinhou que desde 2022 foram emitidos quase mil certificados, número que continua “a aumentar a cada dia”. A vice-reitora apontou que há ainda, no entanto, melhorias a fazer no que toca à qualidade do ensino, tendo apontado “o desenho dos cursos e a inovação curricular em função da inteligência artificial” como um dos desafios para o futuro. Sandra frisou também o crescimento registado pela Universidade quanto ao número de estudantes inscritos em cursos conferentes de grau e apontou que a instituição tem recebido também cada vez mais estudantes de fora da Região. Atentou, ainda, que os estudantes internacionais têm sido também uma tendência crescente na UA. “Os dados relativamente aos ciclos de estudo mostram um grau de internacionalização maior nos programas doutorais, seguidos dos mestrados e depois das licenciaturas, mas com números que se vêm a consolidar e mesmo a aumentar e diversificando os países de origem dos nossos estudantes internacionais”, revelou. Joana Regadas, presidente da direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) sublinhou, na sua intervenção, a importância da adaptação dos métodos de ensino aos tempos atuais. Realçou que o modelo de ensino “em muitas partes, mesmo dentro desta universidade” permanece igual ao que se fazia há 50 anos, com aulas maioritariamente expositivas. No entanto, a estudante aponta que a fórmula não funciona: “[há 50 anos] era o ensino que resultava porque tínhamos dez estudantes numa sala de aula (…) atualmente temos salas com 200 alunos”. A representante dos estudantes alertou ainda para a “evolução cada vez maior”, com as novas gerações expostas cada vez a mais e diferentes estímulos. Para Joana “é necessário existirem técnicas e metodologias” que captem a atenção dos jovens estudantes. A presidente da AAUAv atentou também para a importância da reflexão interna para as realidades existentes na academia aveirense. Frisou que, se por um lado há docentes “que querem que uma aula não seja só uma aula, mas que seja um processo de construção de pensamento em conjunto”, por outro, há estudantes que continuam a ter “uma hora e meia, três horas às vezes, de débito constante daquilo que é a informação que, atualmente, qualquer estudante consegue procurar se for pesquisar online”, considerou. Por sua vez, Sandra Vieira, professora e investigadora no Departamento de Ciências Médicas da UA e vencedora do prémio Boas Práticas Inovação Pedagógica 2023/2024 sublinhou a adoção das metodologias ativas como o caminho que tem seguido precisamente para fazer face aos novos desafios sentidos. Na sua intervenção, a docente destacou algumas iniciativas que tem seguido para implementar este tipo de ensino, apontando que a recetividade dos estudantes tem sido boa, no geral, mas que o processo pode não ser linear com todas as turmas. As aulas de Sandra são realizadas em volta de uma aprendizagem baseada em problemas (problem-based learning [PBL]), com os estudantes a serem desafiados a resolver questões de forma crítica, apesar de existirem na mesma algumas aulas mais centradas na exposição de matéria. Os estudantes são ainda envolvidos em atividades de síntese de papers da área, e contam com seminários ao cargo de especialistas. Parte da avaliação dos estudantes é ainda feita com quizzes e atividades colaborativas realizadas de forma periódica. A abertura da sessão desta manhã esteve ainda a cargo de Paulo Jorge Ferreira, reitor da UA. A programação, que terminou esta tarde com a apresentação de práticas institucionais que promovem o sucesso escolar e previnem o abandono, contou ainda com a realização de sessões de incentivo a projetos de inovação pedagógica e com a realização de um workshop voltado para os desafios nas áreas de intervenção estratégica no ensino e aprendizagem.
UA promove esta semana 7ª edição do “Fórum de Ensino e Aprendizagem”
O primeiro dia do Fórum, entre as 9h30 e as 12h30, será dedicado à apresentação das práticas pedagógicas desenvolvidas por docentes da UA. Ao longo das três sessões, docentes das várias unidades orgânicas apresentarão os resultados dos projetos de inovação pedagógica financiados desde 2020. Todas as sessões ocorrerão na sala do Senado. A partir das 13h45, na sala de Atos Académicos, haverá ainda uma sessão dedicada à apresentação das práticas pedagógicas distinguidas com o “Prémio de Boas Práticas Pedagógicas da Universidade de Aveiro”, bem como a atribuição de menções honrosas. O prémio visa reconhecer o mérito, a qualidade e a inovação pedagógica de docentes ou equipas docentes no contexto das unidades curriculares da UA e foi instituído no âmbito do “Regulamento para a Valorização e Desenvolvimento de Boas Práticas e Inovação Pedagógica”. Na sala do Senado, pelas 14h00, estarão ainda a decorrer três sessões de comunicações orais, dinamizadas por docentes e outros membros da comunidade académica da UA, cujas propostas foram selecionadas no âmbito da submissão de trabalhos da 7.ª edição do “Fórum de Ensino e Aprendizagem – Teaching & Learning Forum”. No dia seguinte, 3 de julho, na sala de Atos Académicos, a abertura do evento estará a cargo de Paulo Jorge Ferreira, reitor da UA, seguindo-se, pelas 9h30, uma apresentação do responsável institucional, com prestação de contas sobre o trabalho realizado e ações para o futuro e partilha de contributo de um membro da comunidade UA. O painel contará com a intervenção de Sandra Soares, vice-reitora para o Ensino e Formação da UA, Joana Regadas, presidente da direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) e de Sandra Vieira, vencedora do Prémio de Boas Práticas Pedagógicas 2023/2024. Após o coffee-break, pelas 10h15, seguir-se-á um momento de disseminação de boas práticas da comunidade UA, seguindo-se a partilha de William Carey, desenvolvedor educacional sénior na Universidade Nottingham Trent. Pelas 14h30 haverá ainda workshops sobre os desafios mais imediatos em áreas de intervenção estratégica no ensino e aprendizagem. Já na sala de Atos Académicos, a partir das 16h00, decorrerá uma sessão de posters digitais e a “Estratégias@UO” com a apresentação de uma seleção de práticas institucionais das unidades orgânicas que promovam o sucesso escolar e previnam o abandono. O encerramento acontecerá pelas 17h30. O programa na íntegra pode ser consultado aqui. As inscrições para os diferentes momentos do Fórum de Ensino e Aprendizagem - Teaching & Learning Forum podem ser efetuadas aqui.
AAUAv celebra 47º aniversário com reflexões para o futuro
O 47º aniversário da AAUAv ficou marcado pela formalização de um protocolo entre a estrutura estudantil e a Câmara Municipal de Aveiro (CMA). Na sua intervenção, José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro salientou o momento como “importante” e “relevante”. A formalização do protocolo é, para o autarca, a consolidação da “relação das instituições”. “A palavra dos Homens é sempre mais importante do que os documentos, mas os documentos consolidam a relação das instituições: porque os homens passam e as instituições sempre ficarão”, frisou Ribau Esteves. O protocolo formalizado na cerimónia, no valor global de 44.500 euros, foi aprovado na última reunião camarária. O autarca saudou ainda a associação pelo seu 47º aniversário, “por tudo aquilo que marca o seu passado e, existindo, estimula e aposta no seu futuro”. Joana Regadas, presidente da direção da AAUAv, sublinhou no discurso comemorativo do 47º aniversário que “todas as celebrações de aniversário pressupõem a existência de momentos de reflexão”, tendo sublinhado que a sua reflexão “começa no futuro”. “Infelizmente, muitas das lutas [dos estudantes] permanecem as mesmas, e outras tantas avizinham-se a ressurgir mesmo ao virar da curva”, começou por refletir a dirigente. A representante dos estudantes da academia aveirense deu então nota de cinco notícias recentes relativas ao ensino superior, alertando, em primeiro lugar, para a saúde mental dos estudantes. “Mais de metade dos universitários está em burnout e 40% consomem psicotrópicos (…) esta não é uma urgência de agora, é uma verdade que (…) se tornou uma banalidade, uma urgência que carece de atuação há quase uma década”, enfatizou. O abandono e insucesso escolar, as práticas de ensino serem “as mesmas há 20 anos” e a incapacidade de retenção do talento foram também temas abordados no discurso da dirigente. Joana alertou ainda para o descongelamento das propinas, uma preocupação dos estudantes que volta a estar em cima da mesa devido a declarações da nova secretária do Ensino Superior. "O ensino superior não pode nunca ser reservado apenas para alguns. A aquisição de conhecimento deve ser um fator de nivelação social, nunca de distanciamento", defendeu a presidente da direção da AAUAv. Para Paulo Jorge Ferreira, reitor da UA, a Associação Académica “é simultaneamente história, presente e é também futuro”. No seu discurso, o reitor sublinhou que o trabalho desenvolvido pelo movimento estudantil “é imprescindível para que hoje sejamos aquilo que somos, enquanto universidade, enquanto instituição, enquanto associação académica”, apontando ainda o papel da associação na atração e fixação de jovens em Aveiro e na região. “Hoje em dia, desses cerca de 2.400 novos estudantes que veem para a Universidade de Aveiro e dos quais saem também os dirigentes futuros da associação académica, dois em cada três veem de fora da região de Aveiro e muitos ficam nesta região”, atentou. O reitor frisa ainda a ambição da universidade em “mais do que técnicos competentes, formar cidadãos”, destacando o papel da AAUAv nesse processo. “Aprenderem na Associação Académica faz de vós melhores cidadãos, faz da Universidade de Aveiro uma instituição mais bem preparada para assegurar o futuro, mais atrativa para aqueles que a procuram”, reiterou. O discurso de comemoração ficou ainda pautado pela menção à independência, autonomia e irreverência do movimento estudantil em Aveiro. “Nunca se curvou perante nenhum reitor. Nunca se curvou perante nenhum governante. E todos aqueles que o tentaram fazer, falharam miseravelmente na tentativa: é necessário que assim continue. Nunca como hoje foi tão necessário. Tenho a fé, tenho a certeza, que convosco não corro esse risco”, frisou Paulo Jorge Ferreira. A tomada de posse dos núcleos da AAUAv foi o primeiro momento da celebração. Inês Filipe, presidente da Mesa da Assembleia Geral da AAUAv deu posse aos novos órgãos dos Núcleos, afirmando que o aniversário da AAUAV assinala também “o início de um novo ciclo, um momento de continuidade, de renovação e acima de tudo de compromisso com o associativismo estudantil, que tanto caracteriza a nossa academia”. No seu discurso, Inês Filipe sublinhou que “os núcleos são sem dúvida uma das bases mais sólida deste projeto coletivo que é a AAUAv: são eles que aproximam os estudantes do movimento associativo, que fazem ecoar as suas necessidades, as suas ideias e os seus sonhos”. A dirigente aproveitou ainda a oportunidade para agradecer aos núcleos cessantes e para desejar “aos que agora iniciam este desafio (…) um mandato de crescimento, coragem e celebração”. “Esta associação e academia contam convosco, com a vossa energia, com a vossa visão e sobretudo com o vosso compromisso”, concluiu. O processo eleitoral para os núcleos da AAUAv para o mandato de 2025/2026 decorreu no dia 5 de junho, tendo ficado marcado por irregularidades que levaram à convocação da repetição, em setembro, das eleições do Núcleo Associativo de Estudantes do Instituto Superior de Contabilidade e Administração (NAE-ISCA). Por sua vez, Joana Regadas sublinhou a tomada de posse de “516 novos dirigentes” dos núcleos como uma “personificação” da renovação da AAUAv. “[São] 516 novos estudantes que querem discutir o ensino superior, o desporto, a cultura (…), discutir a UA, Aveiro, Águeda, Oliveira de Azeméis, a região, o país, a Europa, o mundo”, enfatizou a representante dos estudantes. No seu discurso, a dirigente associativa aproveitou ainda para criticar a falta de valorização dos estudantes que participam no movimento associativo. “Escolher fazer parte desta história é grandioso, mas também ingrato”, reparou. “A falta de reconhecimentos e apoios inicia-se muitas vezes neste mesmo local onde nos encontramos: o local que por um lado quer privilegiar os que vão mais além (…) os que, para além de procurarem ser bons profissionais, procuram na universidade encontrar um percurso para se tornarem melhores cidadãos, mas que por outro lado, pouca valorização dá ao percurso integral”, atira. Por sua vez, Paulo Jorge Ferreira agradeceu também aos dirigentes cessantes dos núcleos da Associação, deixando uma palavra também em relação aos novos dirigentes. “Fico satisfeito por ver mais do que nunca mais núcleos, mais estudantes, mais compromissos com esse futuro, porque sei que é daqui que sairão as sementes para uma sociedade melhor, mais pacífica”, refletiu. Também Ribau Esteves deixou uma palavra de “estímulo” aos dirigentes dos núcleos que tomaram posse. “Que sejam um importante contributo continuado nesse processo (…) em que sempre podemos fazer mais e melhor em cada uma das funções que temos para cumprir”, aponta o autarca, destacando a cidadania como uma dessas funções. A AAUAv entregou ainda cinco distinções aos núcleos: Núcleo Mais Solidário, Núcleo Mais Desportivo, Núcleo Mais Setorial, Núcleo Mais Núcleo e o Núcleo Revelação. As distinções foram entregues, respetivamente, ao Núcleo de Estudantes de Ciências Biomédicas, Núcleo de Estudantes de Engenharia Mecânica, Núcleo de Cinema e Fotografia, Núcleo de Estudantes de Multimédia e Tecnologias da Comunicação e ao Núcleo de Estudantes de Gestão. O 47º aniversário contou ainda com a atribuição do galardão Renato Araújo. A iniciativa, que arrancou no ano passado, distinguiu este ano a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), por atuar “diariamente em todo o território nacional, garantindo proteção, apoio emocional e psicológico a quem sofreu o impacto da violência”.
AAUAv promove encontro com estudantes de doutoramento para debater desafios
Em entrevista à Ria, Joana Regadas, presidente da direção da AAUAv, explicou que o evento nasceu de uma necessidade sentida no terreno. “A ideia surge um bocadinho por aquilo que foi uma necessidade que foi reconhecida não só por nós, mas também pelos estudantes que vieram ao nosso encontro. De facto, a realidade dos estudantes de doutoramento é muito diferente da realidade de mestrado e de licenciatura”, alertou. Segundo esta, o encontro teve como objetivo “perceber a realidade dos estudantes de doutoramento que têm uma faixa etária muito grande e formas de trabalho completamente diferentes”. “O que nós fizemos neste primeiro momento foi discutir algumas das temáticas que identificamos que afetam mais o dia a dia deles”, contou. Entre os temas abordados estiveram o financiamento da investigação, as oportunidades do pós-doutoramento e a saúde mental. “Nós sabemos e chegou mesmo até nós (…) alguns alertas devido ao isolamento dos estudantes de doutoramento. É um trabalho muito individual, às vezes competitivo entre as áreas e acaba por ser muito difícil acompanhar estes estudantes no seu dia a dia”, atentou. Com "mais de dois mil estudantes" de doutoramento a entrar na UA, "anualmente", a presidente da direção da AAUAv sublinhou a importância de olhar com atenção para esta comunidade. “A UA tem recebido cada vez mais alunos de doutoramento e nós, enquanto AAUAv, não fazia sentido continuarmos de olhos fechados para esta comunidade que tem um peso cada vez maior e que necessita também de ter uma aproximação deste lado que é de advogo por eles, quer seja internamente ou nacionalmente”, defendeu, acrescentando ainda que “há cada vez menos oportunidades dentro da academia para estes estudantes ficarem”. Com um olhar crítico sobre a proposta de lei para a revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES), que prevê, entre outras medidas, o combate à endogamia académica, Joana Regadas destacou que esta é uma das questões que mais preocupa a AAUAv. “Não acreditamos que a forma proposta seja a solução para esta problemática. Há de facto um problema que tem de ser reconhecido com a endogamia, no entanto, a solução não passa por proibir ou não permitir a contratação destes estudantes”, afirmou. Recorde-se que segundo a proposta de lei do novo RJIES, tal como noticiado pela Ria, “nos três anos subsequentes à obtenção do grau de doutor, um doutorado não pode ser contratado como docente ou investigador, nem exercer funções docentes ou de investigação, na instituição que lhe conferiu esse grau”. Além da presidente da direção da AAUAv, o primeiro encontro contou ainda com a presença de António Gil, diretor da Escola Doutoral da UA (EDUA) e de Artur Silva, vice-reitor para as matérias atinentes à investigação, inovação e formação na UA. Segundo Joana Regadas, a intenção da AAUAv é dar continuidade a estes encontros, com uma nova edição prevista já para “outubro”.
SASUA abre candidaturas ao alojamento para o próximo ano letivo com previsão de até “800 camas”
Estão oficialmente abertas as candidaturas ao alojamento nas residências universitárias da Universidade de Aveiro (UA) para o ano letivo 2025/2026. Os estudantes que já se encontram alojados em 2024/2025 e pretendem renovar o seu lugar devem submeter a candidatura até “31 de julho de 2025”. Os resultados serão comunicados por email institucional até “30 de agosto”, conforme se lê no site da UA. A candidatura é realizada através de formulário próprio, disponível online. Os estudantes que apresentem o pedido depois da data-limite serão colocados em lista de espera, ficando sujeitos à existência de vagas. Os estudantes realojados manterão o quarto ou residência, desde que não haja impedimentos ou pedido de mudança indicado no formulário. Em entrevista à Ria, João Ribeiro, diretor delegado dos Serviços de Ação Social da UA (SASUA), admite que a procura pelo alojamento poderá ser ainda “maior” este ano, acompanhando o aumento geral dos pedidos de apoio social. “Este ano, ultrapassámos os 4600 pedidos. (…) A universidade está cada vez mais a ser procurada por estudantes deslocados (…) e, com isso, é expectável que haja também um aumento do número de pedido de apoios sociais, onde se inclui o alojamento”, afirmou. Do total de pedidos recebidos, cerca de “1500 estudantes” solicitaram alojamento para este ano letivo. Questionado sobre a possibilidade de haver mais camas disponíveis no ano letivo de 2025/2026, João Ribeiro explica que “há várias variáveis” envolvidas, mas a expectativa é de que a redução na oferta “não seja significativa” em relação à atual, que conta com “cerca de 800 camas disponíveis”. “O campus de Santiago está em renovação com vários edifícios. Nós neste momento já temos a libertação de um edifício concluído que é o Bloco A1 e há três blocos que é expectável que sejam libertados porque estão a ser intervencionados (…) até ao início do ano letivo. No entanto, há outros quatro que vão ser intervencionados a partir de agora e, portanto, é admissível que não estejam disponíveis no início do ano letivo”, explicou. Ainda assim, João Ribeiro partilhou que a expectativa é que no próximo ano estejam disponíveis entre “700 e 800 camas”. “É também expectável — embora sem garantias — que pelo menos um dos edifícios das novas residências no Crasto esteja concluído e disponível no último trimestre do ano”, acrescentou. A possibilidade de recorrer novamente à Pousada da Juventude para reforço da oferta também está em cima da mesa. “Esse mecanismo, a manter-se, iremos recorrer a ele, seguramente”, garantiu o diretor delegado dos SASUA. Recorde-se que este ano, de forma excecional, foram disponibilizadas 22 camas adicionais em Aveiro no âmbito do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior, através de protocolos com a Movijovem e o INATEL. No total, esse plano disponibilizou 706 camas, sendo 603 em pousadas da juventude. O diretor delegado dos SASUA lembrou ainda que os estudantes que não obtenham vaga em residência universitária poderão recorrer ao complemento de alojamento, apresentando contrato e recibos de arrendamento aos SASUA. A UA espera ainda poder firmar acordos com o setor privado, no chamado “eixo 2” da linha de financiamento para as Instituições de Ensino Superior, embora ainda sem confirmações definitivas. Recorde-se ainda que para os novos estudantes, a candidatura ao alojamento só deverá ser feita após a publicação dos resultados do concurso nacional de acesso e matrícula na UA. Já os estudantes internacionais e de mobilidade (Erasmus) que pretendam alojamento devem contactar a Divisão Internacional da UA: [email protected].
Conselho Geral da UA já tomou posse e decidiu quanto à cooptação dos membros externos
Os membros eleitos para o CG no passado dia 3 de junho tomaram posse esta segunda-feira e reuniram pela primeira vez, cumprindo com o Regulamento da Eleição, para proceder à cooptação dos membros do Conselho Geral da UA. Luís Castro, conselheiro eleito pela Lista ‘UA2030’, foi quem presidiu à primeira assembleia, conforme consta no regulamento. À Ria, Luís Castro apontou o caráter sigiloso da reunião, frisando, no entanto, que a mesma decorreu com “normalidade”. O ponto único – a apresentação de propostas para os cinco membros externos a cooptar – foi discutido e “terminou de maneira efetiva: digamos que até de forma diferente de anos anteriores, em que houve necessidade de vários dias para chegar à conclusão”, indica Luís Castro. Note-se que a presidência do CG será assumida por um dos membros cooptados, assim que os convites forem aceites. Caso algum dos membros não aceite o convite, o CG terá de voltar a reunir para apresentar e votar novas propostas. A cerimónia de tomada de posse contou com o discurso de Paulo Jorge Ferreira, reitor da UA, que enalteceu e agradeceu ao CG cessante, frisando as “provas” que este deixou. “Como reitor sinto que não poderia alcançar tanto nem ir tão longe se não fosse com o apoio, com o discernimento e com a ajuda do Conselho Geral”. Neste seguimento, o reitor destacou ainda “os membros externos” pelo “ato de generosidade, de altruísmo e de abnegação” ao ajudarem a universidade “a pensar no seu futuro”, bem como a conhecê-la e a recomendá-la. Sobre o presidente cessante do CG, Paulo Jorge Ferreira deixou também um “agradecimento especial”. “Perante todos os momentos, (…) demonstrou altruísmo, paciência, dedicação e generosidade com o seu tempo que eu considero inexcedível”, refletiu. Por sua vez, António Oliveira, presidente cessante do CG, dirigiu uma palavra aos novos membros realçando que “farão o melhor e contribuirão para o desenvolvimento, progresso e afirmação da Universidade de Aveiro, não só no âmbito das instituições de ensino superior, mas também na interação com os outros órgãos da universidade e com a região”. Numa nota final, Paulo Jorge Ferreira aproveitou ainda a ocasião para agradecer a todos os que colaboraram na realização do ato eleitoral, sublinhando o CG entretanto eleito como “uma mudança boa”. “É também o momento para nós pensarmos um bocadinho acerca da trajetória passada e do que conseguimos fazer juntos”, exprimiu.
UA e Ordem dos Engenheiros assinam protocolo para alinhar ensino e mercado de trabalho
O protocolo visa estreitar sinergias entre o ensino superior e o setor da engenharia, promovendo uma maior articulação entre a academia e as exigências do mercado. Na ocasião, Fernando de Almeida Santos, bastonário da Ordem dos Engenheiros, destacou o alinhamento estratégico entre as duas instituições. "Cabe-nos dizer que estamos inteiramente sintonizados com a perspetiva do ensino superior na engenharia em Portugal e particularmente com as escolas deste consórcio”, afirmou. Embora tenha reconhecido que ainda há "muito trabalho a fazer", destacou a importância de um progresso contínuo: "É bom que o conhecimento vá aumentando” e que se intensifique a criação de “pontes e o reconhecimento mútuo” entre ambas as partes. Entre os objetivos centrais do protocolo, destaca-se o compromisso com o alinhamento da formação em engenharia aos mais exigentes padrões europeus. A Ordem dos Engenheiros é, atualmente, a única entidade em Portugal acreditada para atribuir o selo EUR-ACE®, no âmbito da ENAEE (European Network for Accreditation of Engineering Education). Este selo, reconhecido internacionalmente, atesta a qualidade dos cursos de engenharia e assegura que os diplomados estão preparados para competir num mercado de trabalho global e exigente. O bastonário agradeceu ainda à UA pela assinatura do protocolo, considerando-o “mais um motivo de orgulho e mais um passo importante para a Universidade de Aveiro”. Além da assinatura do protocolo, o evento contou ainda com uma sessão que integrou também dois painéis de debate no âmbito do tema “As Microcredenciais e o Ensino ao Longo da Vida”, reunindo dirigentes académicos, especialistas e representantes de empresas. O primeiro painel abordou “A Formação ao Longo da Vida e a Atualização de Competências dos Engenheiros em resposta aos desafios do Sector Industrial” e contou com intervenções de Ana Santana, responsável do departamento de recursos humanos do Grupo Grestel; Pedro Ribeiro, diretor de R&D da Bosch Aveiro e Élio Cardoso, diretor geral da Embeiral Construction. Já o segundo painel debateu “Os Novos Modelos de Ensino e as Novas Tecnologias, as propostas da Academia”, com a participação de Paulo Jorge Ferreira, reitor da UA, António Gouveia, presidente da Escola Superior de Tecnologia e Gestão - Politécnico de Viseu e Isabel Lança, presidente da Região Centro da Ordem dos Engenheiros. Ambas as sessões tiveram como objetivo central debater a importância das microcredenciais como “instrumentos de certificação de aprendizagens obtidas em formações curtas e específicas, permitindo que os engenheiros adquiram e comprovem competências de forma ágil e ajustada às necessidades do mercado”, tal como noticiado, anteriormente, pela Ria.
CIDADE
Ciclaveiro critica Câmara por falta de apoios a projetos que promovem mobilidade ativa
O comunicado surge na sequência da comparticipação financeira aprovada e atribuída na última reunião de Câmara (24 de junho), à Federação Portuguesa de Ciclismo para apoio ao programa “O Ciclismo vai à Escola”, que integra a realização da 3.ª Etapa da 5.ª edição da Volta a Portugal Feminina em Bicicleta. A instituição aveirense “felicita o Executivo Municipal pelo seu declarado compromisso com a promoção da mobilidade suave”, mas critica a comunicação da autarquia, apontando que “uma prova de ciclismo — ou mesmo o termo “ciclismo”, enquanto prática desportiva — não deve ser confundida ou promovida como mobilidade suave”. A Ciclaveiro atenta ainda que o ciclismo se trata efetivamente de uma atividade física, “mas com objetivos distintos, centrados na velocidade e num ambiente de competição, e não no uso quotidiano da bicicleta como modo de transporte acessível, seguro e sustentável, inserido num contexto diário de deslocação na cidade”. A nota frisa a promoção “contínua, resiliente e com bastantes desafios orçamentais” levada a cabo pela Ciclaveiro na promoção da mobilidade sustentável e apontam projetos como “a Casa da Bicicleta - com cicloficina comunitária, veloteca e agenda de eventos -, o PéPedal, a Academia Mini Rodas e a KidicalMass” como exemplos de “iniciativas que incentivam a mudança de comportamentos, envolvendo a comunidade local e as comunidades escolares na promoção do uso diário da bicicleta em segurança”. Atentam, ainda, que “o impacto destas ações seria significativamente ampliado se a preocupação da autarquia se traduzisse também no apoio consistente a estas iniciativas e na criação de condições reais de segurança e acessibilidade para os cidadãos que querem, mas não conseguem, utilizar a bicicleta como modo de transporte na cidade”. A Ciclaveiro sublinha ainda que as atividades têm sido desenvolvidas “com o apoio institucional do Agrupamento de Escolas de Aveiro, o apoio logístico e de mobilização das 4 Associações de Pais e Encarregados de Educação das escolas de ensino pré-escolar e básico de 1º ciclo, com a disponibilidade inspiradora de cerca de 200 pais e encarregados de educação e os recursos humanos da Ciclaveiro, que trabalham de forma totalmente voluntária para gerir, coordenar, operacionalizar e articular toda a implementação do PéPedal nas 4 escolas” do Agrupamento de Escolas de Aveiro. Reparam, ainda, que as atividades são desenvolvidas sob o compromisso com “uma mudança efetiva de hábitos de mobilidade das famílias” e que o projeto “visa efetivamente promover hábitos de mobilidade ativa das crianças e das famílias nas deslocações para a escola”. Ainda assim, “até à presente data, a autarquia não tem visto neste projeto qualquer mérito que mereça apoio financeiro ou sequer institucional, apesar dos inúmeros contactos e tentativas de envolvimento do Município que a Ciclaveiro tem feito desde o primeiro dia da sua implementação”. “Entendemos que ter o Município como parceiro institucional do PéPedal e apoio financeiro para a sua execução e manutenção ao longo do ano letivo nas escolas básicas do centro da cidade permitiria alavancar o impacto do projeto na comunidade e na real transformação da mobilidade urbana, dando-lhe uma visibilidade e projeção necessárias à captação de fundos nacionais e europeus que permitissem melhorá-lo e até replicá-lo para outras escolas do concelho”, afirmam. A Ciclaveiro termina o seu comunicado lamentando que o executivo municipal não tenha “entendido” e continue “a optar por apoiar iniciativas de carácter desportivo e de competição, traduzidas em eventos pontuais que em nada alteram os hábitos de mobilidade das crianças e jovens do concelho que continuarão a usar a bicicleta em contexto desportivo e/ou de lazer, perpetuando o paradigma de mobilidade assente no uso do automóvel privado com óbvios e sobejamente conhecidos prejuízos para o bem estar, saúde e qualidade de vida dos cidadãos, aumento do congestionamento urbano, poluição e desequilíbrios ambientais”. A Ciclaveiro aponta que “continuará a fazer o seu trabalho de forma convicta, contando com todos os que, de forma extraordinária e notável, acreditam e apoiam uma mudança na forma como nos deslocamos na cidade”.
Projeto de hotel no Cais do Paraíso volta a ser alvo de críticas: BE fala em “mamarracho”
Na última reunião camarária, que decorreu no dia 24 de junho, o Executivo aprovou a proposta do Plano de Pormenor do Cais do Paraíso, que contempla a construção de uma unidade hoteleira de 12 andares. Aprovado foi também o Relatório de Fundamentação que justifica a não sujeição do plano a Avaliação Ambiental Estratégica, em conformidade com a legislação em vigor. Numa nota enviada às redações pelo Município, o plano visa “assegurar a reconversão de um vazio urbano estratégico, localizado numa das principais entradas da cidade de Aveiro, promovendo a qualificação e integração harmoniosa entre os espaços urbanos e os canais da Ria de Aveiro”. Apesar da aprovação, o plano de pormenor contou com os votos contra dos dois vereadores do Partido Socialista (PS) e com a abstenção do vereador Rui Soares Carneiro. Durante o período da ordem do dia, Fernando Nogueira, vereador do PS, acusou o plano de “servir para satisfazer uma pretensão particular de investimento”, questionando ainda José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro, sobre a legalidade dos 12 andares, quando o Plano Diretor Municipal (PDM) prevê um “máximo de seis pisos” para aquele tipo de espaço. Em resposta, Ribau Esteves argumentou que o atual PDM permite excecionar o limite de cércea “para múltiplos equipamentos, nomeadamente unidades hoteleiras”. “Tínhamos condição de licenciar pura e simplesmente. Entendemos que a importância daquele pequeno sítio, a litigância pública (…) exigia que nós densificássemos em termos jurídicos a abordagem de construção, ocupação de solo desta pequena zona. (…) Foi nossa opção”, afirmou. Sobre as críticas de favorecimento ao setor privado, Ribau Esteves foi direto: “É absolutamente verdade”. “Neste plano de pormenor, como em todos os planos de pormenor”, continuou. “A esmagadora maioria daquilo que se constrói (…) é investimento privado. Nós fazemos tanto investimento público para servir o interesse privado dos cidadãos, de empresas investidoras. É assim. É verdade isso? Absolutamente verdade”, atirou. O tema voltou à agenda política esta quinta-feira, 3 de julho, com o BE a emitir um comunicado onde reforça a sua oposição ao projeto. Na nota, enviada à comunicação social, o partido relembra a posição de João Moniz, candidato do BE à Câmara Municipal de Aveiro nas próximas eleições autárquicas, numa publicação através das suas redes sociais: “Mais uma vez, os instrumentos de ordenamento do território são vergados aos interesses da especulação imobiliária e da grande hotelaria”, lê-se. "O projeto de construção de um mamarracho hoteleiro nos antigos terrenos da fábrica Bóia já é antigo e teve sempre a oposição do Bloco de Esquerda", continuou. João Moniz lamentou ainda o que considera ser mais um exemplo de favorecimento à especulação. "Aveiro não pode ser mais o bar aberto da especulação”, atirou. “Foi assim com a venda de terrenos públicos para alimentar a voracidade do mercado, quase sempre com amplo apoio dos partidos do centrão PSD e PS, é assim agora. Em 2025 temos uma oportunidade para dar uma volta a Aveiro por políticas que coloquem o acesso à habitação no centro”, vincou.
Festa da Botadela celebra início da safra do sal este sábado em Aveiro
A Festa da Botadela pretende assinalar o início da safra do sal, num momento simbólico de celebração do trabalho dos marnotos, após meses de preparação das marinhas. “A data marca o arranque de uma nova época de colheita, com momentos de convívio, cultura, gastronomia e tradição”, lê-se numa nota da autarquia enviada às redações. A programação, na Marinha da Troncalhada, arranca pelas 9h30 com a apanha de salicórnia, seguindo-se pelas 10h00 atividades de poesia, danças, cantares, oficinas de plasticina e sabonete destinadas a crianças dos 6 aos 12 anos. Pelas 10h30 haverá ainda transporte tradicional de areia e areamento de solos, prosseguindo-se pelas 11h30 uma visita-experiência botadela com animação, seguindo-se pelas 12h30 o almoço em formato de piquenique. Da parte de tarde, a partir das 15h00, haverá ainda animação com grupos culturais e visita guiada à safra do sal, seguindo-se pelas 16h00 uma performance deambulante pela brass band Farratuga. O encerramento ocorrerá pelas 17h30 com DJ Blytz. Além destas atividades, entre as 9h00 e as 17h00, as marinhas aderentes terão ainda uma programação diversificada, que inclui "apanha e degustação de flor de sal e salicórnia, experiências com pés no sal e na lama, reconstrução de muros, visitas guiadas a culturas de salicórnia e demonstrações com utensílios tradicionais”. O Centro Municipal de Interpretação Ambiental estará ainda de portas abertas com observação de aves entre as 9h00 e as 12h30 e as 13h30 e as 17h00.
Escândalos, ética e qualidade: Luís Souto e Alberto Souto trocam visões em apresentação de livro
Durante a iniciativa, Luís Souto, candidato da ‘Aliança Mais Aveiro’, quis surpreender os presentes com duas medidas que pretende implementar para o futuro. O candidato da coligação PSD/CDS/PPM começou por afirmar que a sua “primeira prioridade” será “tornar a máquina [autarquia] mais eficiente”, implementando “um Sistema de Garantia de Qualidade, como existe em várias instituições”, de forma que os serviços comecem a ser “mais eficientes”. “Muita da pequena corrupção que existe na administração pública tem a ver com a ineficiência dos serviços”, repara Luís Souto. Note-se que um Sistema de Garantia de Qualidade trata-se da criação e implementação de um conjunto de mecanismos de planeamento, monitorização e avaliação que permitam a uma dada instituição ou organização melhorar continuamente os seus serviços, garantindo o cumprimento dos compromissos com os cidadãos, a transparência na gestão dos recursos públicos e a devida prestação de contas. Logo de seguida, o candidato recordou o exemplo do “Código de Ética e Conduta da Câmara Municipal de Aveiro” em vigor, aprovado em reunião camarária no dia 19 de dezembro de 2024, dando nota que, “com algumas adaptações naturais”, pretende que o documento seja também assinado pelos elementos que integrarão as suas listas autárquicas. “Os meus candidatos também vão assinar este Código de Ética e Conduta Municipal, com algumas adaptações naturais. Desafio o candidato Alberto a fazer o mesmo e os outros partidos. Vamos todos assinar. Não é preciso inventar nada, está lá tudo”, afirmou Luís Souto. Segundo o documento que Luís Souto refere – e que está disponível no site da autarquia – o Código de Ética e Conduta da CMA já se aplica também aos eleitos locais. No seu artigo 4.º é referido que “O presente Código aplica-se também aos eleitos locais, em tudo o que não seja incompatível com o estatuto normativo a que se encontram especialmente vinculados, e aos membros dos respetivos gabinetes”. Significa isto que todos os candidatos que serão eleitos por todos os partidos políticos ficarão automaticamente vinculados a este documento. Desta forma, falta saber quais as "adaptações" que o candidato da coligação ‘Aliança Mais Aveiro’ pretende levar a cabo especificamente para os membros das suas listas. Estas medidas foram apresentadas na sequência daquilo que Luís Souto acredita ser o caminho para que Aveiro se mantenha afastada de “situações que acabem por ser escândalos”. “Em 50 anos nós não temos praticamente grandes casos de corrupção - estou a falar, portanto, a nível das instituições públicas e municipais”, aponta. Em declarações à Ria, Luís aponta que o futuro passa precisamente, na sua perspetiva, por “fazer sempre um esforço para aumentar a eficiência dos serviços públicos, de forma a diminuir também, muitas vezes, aquela tentação de formas [de conduta] que entram na classificação de corrupção”. Frisa ainda que, no contexto da autarquia aveirense, não se recorda de “nenhum caso (…) que tenha figurado com condenações, prisões, notícias nos jornais, capas” e que “devemos continuar assim”. À Ria, Alberto Souto afirmou, por sua vez, que na sua perspetiva a aposta para que Aveiro se mantenha afastada de escândalos passa por “desenvolver e aprofundar muito todos os instrumentos de democracia digital ao serviço dos cidadãos e, do outro lado, tem de estar muito presente na utilização das redes sociais”. Questionado sobre o desafio deixado pelo candidato da AD, o socialista frisou que “não é desafio nenhum”. “Isso [Código de Ética e Conduta] para mim faz parte do normal de uma instituição pública e, por maioria de razão, de uma autarquia: não há nenhuma ideia nova, portanto, é só cumprir a lei”, atestou. A apresentação do livro ficou ainda marcada por questões levantadas pelo autor quanto à coragem necessária para assumir cargos políticos, sobre os desafios com que a política se defronta relativamente ao escrutínio, em especial tendo em conta o imediatismo que a internet e as redes sociais promovem e relativamente à existência de um contrato social entre eleitos e eleitores. Para Alberto Souto, face ao cenário de escrutínio, existem valores que se devem manter, nomeadamente “de transparência, prestação de contas e de respeito pelos eleitores”. A propósito do contrato social entre eleitos e eleitores o candidato socialista repara que é o programa eleitoral que desempenha esse papel e que há necessidade de “envolver cada vez mais” as pessoas na definição desse contrato. “As pessoas têm mais sentido crítico, estão mais atentas às promessas, à viabilidade das promessas e querem julgar os candidatos pelas suas qualidades pessoais, certamente, mas também pelas propostas que apresentam para o seu município e eu (…) acho que é mesmo um dever ético dos candidatos apresentarem as suas propostas”, atenta Alberto Souto. Luís Souto entende, por sua vez, que esse contrato com os eleitores deve ser feito, mas repara que “as propostas a fazer não precisam de ser muitas, mas têm de ser propostas que (…) eu possa andar na rua de cabeça erguida”. “É com base nesse contrato de confiança com o eleitor que deve ser feito, mas deve ser muito bem pensado e ponderado”, defendendo ainda que esse “livro” deve estar “em branco”, no início, para acolher os contributos dos cidadãos. O candidato garante ainda que “vai surgir um contrato fantástico com os aveirenses, mas não de ficção científica, porque são propostas a serem cumpridas e eu vou-me atravessar por elas: não vão ser muitas, mas vou-me atravessar por elas”. Luís Souto considera, ainda, “uma arrogância intelectual para com os eleitores” o processo de apresentação do programa “ser assim: eu tenho 500 propostas (…) e agora vocês acomodem-se”. As ideias defendidas na apresentação do livro já chegaram às redes sociais dos dois candidatos. Esta quarta-feira, Alberto Souto de Miranda, numa publicação na sua página de Facebook, criticou a proposta apresentada por Luís Souto. “Vai fazer assinar um Código de Conduta na autarquia e certificar a qualidade do serviço. Azar dos azares: a Câmara de Aveiro já tem um Código de Conduta aprovado desde 2020, alterado em 2024”, aponta. Alberto aponta, no entanto, concordar que “a qualidade tem de melhorar muito”, salientando que o “mais importante é a norma de certificação de qualidade relativa à conciliação entre a vida profissional e familiar”, medida que o candidato socialista admite que irá tentar implementar. Em resposta, Luís Souto Miranda esclarece que apenas citou “instrumentos já existentes” e que anunciou que na sua candidatura “os candidatos ficarão também vinculados a um Código de Conduta, inspirado precisamente no já existente no Município de Aveiro”. “Afirmei também que devemos fazer um Contrato com o eleitor, que não seja um amontoado de ideias grande parte utópicas, mas um programa em que os aveirenses poderão confiar e que será divulgado bem a tempo das decisões a tomar nas urnas”, atenta ainda o candidato social-democrata. ‘Isto é um escândalo’ é a mais recente obra de Bruno Paixão, que compila os maiores escândalos políticos em Portugal desde o 25 de Abril de 1974. À Ria, o autor atenta que em Portugal e para a “tipologia de sociedade” da Europa do Sul, “vale muito mais a reputação e a capacidade de fazer obra, do que a reputação ética e moral” dos atores políticos. “Isto diz muito da nossa sociedade e da aceitação que temos relativamente aos escândalos, mas também nos diz que as pessoas, depois de tantos casos de escândalos, já desvalorizam: como se estivessem anestesiadas- já não se incomodam”, frisa. “O mais perigoso nos escândalos é que já não nos escandalizemos com eles”, sublinha ainda o autor. Acredita, no entanto, que já “estamos nessa fase”. “Nós já tivemos políticos presos e que, quando regressam à vida política, voltam a ser eleitos, com maioria absolutamente expressivas”, exemplifica Bruno Paixão. Bruno Paixão repara ainda que “não haver escândalos significa que os média não pegaram num caso, que ele não propagou e não causou uma reação pública”, apontando, no entanto, que essas reações públicas estão na base do impacto que esse escândalo pode ter. Ainda nesse sentido, o escândalo pode ser considerado, em parte, um medidor da qualidade de uma democracia. “Pode parecer estranho isto que eu vou dizer, mas algo de muito podre numa democracia haverá se ela não tiver escândalos: ela tem de ter escândalos porque é um sinónimo de que há um escrutínio e de que os media estão a atuar”, finaliza.
Demissão de diretor de Ginecologia e Obstetrícia no Hospital de Aveiro encerra serviço
Em comunicado hoje enviado à Lusa, o conselho de administração da Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro confirma que recebeu o pedido de demissão do diretor daquele serviço. “O Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro confirma que recebeu dia 01 de julho o pedido de demissão do diretor do Serviço de Ginecologia/ Obstetrícia”, refere o texto. O pedido de demissão, segundo o comunicado, surge “na sequência da escala de Urgência submetida para o mês de julho, que apresenta um elevado número de encerramentos”. Os encerramentos, prossegue o texto, são “justificados pela total recusa dos médicos especialistas em realizar horas extraordinárias”. O Conselho de Administração garante que “envidou todos os esforços, ao seu nível de decisão, para ultrapassar a situação”. No comunicado, aquele órgão lamenta a situação, “por se revelar extremamente gravosa para a população”.
Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro assinala 21 anos com programa para miúdos e graúdos
Segundo uma nota de imprensa enviada à Ria, das 17h00 às 19h00, decorrerão os workshops na “Cozinha é um Laboratório” e na “Oficina dos Robôs”. Os interessados em participar nos workshops poderão inscrever-se na bilheteira da Fábrica durante o próprio evento. Nesse horário estarão ainda abertas para visitas as exposições “Mãos na Massa” e “E se Mendeleev estivesse aqui?”. A Fábrica revela ainda que, na sexta-feira, os mais pequenos poderão contar com “insufláveis, pinturas faciais e modelagem de balões”. Pelas 18h00, será ainda inaugurada a exposição “Feito de Ciência: Os Materiais do Nosso Futuro” do Instituto de Materiais de Aveiro da Universidade de Aveiro (CICECO). A mostra pretende convidar a conhecer a “história e as linhas de ação deste que é, atualmente, o maior instituto português em matéria de Engenharia e Ciência dos Materiais”, realça a nota. Pelas 18h20, a Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro adianta ainda que será inaugurado o STEAM LAB. “Um laboratório inovador com o qual pretende-se promover uma metodologia de aprendizagem STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática), com forte componente prática e baseada no aprender fazendo”, explica. Segundo a nota, o espaço está equipado com “recursos tecnológicos diversificados”, como “impressora 3D, plotter de corte, gravadora laser, óculos de realidade virtual, kits de robótica, ferramentas e equipamento eletrónico”. A sessão de encerramento ocorrerá pelas 19h00. O momento contará com a presença de Artur Silva, vice-reitor da Universidade de Aveiro; José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro; Pedro Russo, da direção da Ciência Viva e de Pedro Pombo, diretor da Fábrica Centro Ciência Viva. “Em dia de festa, não pode faltar o momento de brindar e cantar os parabéns à Fábrica, previsto para as 19h20”, finaliza a nota. A organização esclarece ainda que a entrada no evento é livre e não necessita de inscrição prévia. A Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro está aberta ao público desde o dia 1 de julho de 2004 e está instalada no edifício da antiga Companhia Aveirense de Moagens. O espaço resulta de uma parceria entre a Universidade de Aveiro e a Ciência Viva –Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, e integra a Rede Nacional de Centros Ciência Viva.
Alberto Souto de Miranda organiza encontro temático sobre ambiente e alterações climáticas
Numa nota enviada às redações, o partido socialista justifica a escolha do tema por este ser um assunto “central em todo o mundo”. “Ano após ano, estas vão colocando perante a sociedade vários e diferentes desafios aos quais é preciso saber dar resposta. Cidade a cidade, rua a rua, pessoa a pessoa, a mudança e a adaptação começa em cada um de nós e em Aveiro queremos saber trabalhar este tema”, afirma. O nono encontro abordará assim o “desenvolvimento sustentável e as políticas públicas para a sustentabilidade urbana e a ação climática; a transição verde e a inovação territorial; a conservação da biodiversidade e o impacto das alterações climáticas em sistemas como a Ria de Aveiro”. A iniciativa contará como palestrantes convidados: Milene Matos, coordenadora do setor de Conservação da Natureza e Educação Ambiental no Município de Lousada; João Miguel Dias, diretor do Departamento de Física da Universidade de Aveiro e Sara Moreno Pires, professora auxiliar de Políticas Públicas no Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da Universidade de Aveiro. A iniciativa é aberta à participação de todos os aveirenses.
REGIÃO
PS questiona Governo sobre serviço de ginecologia e obstetrícia de Aveiro
“Tendo em conta a demissão do diretor do serviço de ginecologia/obstetrícia do Hospital de Aveiro e a consequente probabilidade de terem de encerrar a urgência de obstetrícia, os deputados socialistas questionam a ministra da Saúde sobre que medidas foram adotadas, ou vão ser imediatamente adotadas, para obstar ao encerramento da urgência de ginecologia/obstetrícia”, diz o comunicado. Salientando que tal encerramento “se traduzirá numa situação extremamente gravosa para a população”, os deputados do Partido Socialista eleitos pelo círculo eleitoral de Aveiro questionam a ministra da Saúde sobre “que medidas está o Governo a tomar para evitar a rutura de tão importante serviço hospitalar na região de Aveiro”. No texto, os deputados do PS “admitem que a situação estará relacionada com a falta de profissionais necessários para colmatar as escalas de serviço”. Afirmam também que, “do que foi possível saber, a escala submetida para o mês de julho apresenta um elevado número de encerramentos”. “A par desta escassez de recursos humanos, sabe-se ainda que a maioria das Unidades Locais de Saúde ainda não viram aprovados os seus Planos de Desenvolvimento Organizacional, o que impedirá a abertura de novos concursos para a contratação de profissionais em falta”, criticam. O conselho de administração da Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro confirmou terça-feira à Lusa que recebeu o pedido de demissão do diretor Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Aveiro. O pedido de demissão, segundo a administração hospitalar, surgiu na sequência “da escala de Urgência submetida para o mês de julho apresentar um elevado número de encerramentos”. Os encerramentos, de acordo com a administração, são “justificados pela total recusa dos médicos especialistas em realizar horas extraordinárias”, garantindo que “envidou todos os esforços, ao seu nível de decisão, para ultrapassar a situação”.
Jorge Pinto é o novo treinador da Oliveirense
O novo treinador, de 47 anos, estreia-se nas competições profissionais de futebol, depois de na época passada ter estado, até abril, ao comando do Fafe. Jorge Pinto, que sucede a António Campos, treinou equipas como o Amarante, Lusitânia de Lourosa, Salgueiros e Infesta, deixou uma curta mensagem aos adeptos, garantindo que o seu objetivo é “unir o clube aos adeptos e à cidade”.
Construção modular em Ílhavo é resposta à falta de habitação social
De acordo com uma nota de imprensa da Câmara de Ílhavo, no distrito de Aveiro, tiveram início os trabalhos para a construção de dois blocos de 32 apartamentos, sendo um na Gafanha da Nazaré e o outro na Gafanha da Encarnação. A estes junta-se a reabilitação de um edifício de oito habitações, na Gafanha da Nazaré, totalizando um investimento municipal de 9,3 milhões de euros. A autarquia assegurou o financiamento das obras pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), através de candidaturas submetidas ao Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), ao abrigo do Programa 1.º Direito. A opção pela construção de blocos modulares foi tomada tendo em conta a rapidez da execução, e surgiu devido “à grande dificuldade em encontrar respostas no mercado”, explica a nota de imprensa. “Após um edital em que o Município se disponibilizou para adquirir fogos devolutos, não houve qualquer manifestação de interesse”, refere. A primeira obra a ser iniciada foi a reabilitação de um edifício, adquirido pela autarquia, na Rua Padre Manuel Bernardes, na Gafanha da Nazaré. O prédio, com oito fogos habitacionais, vai ser renovado “de forma a garantir as melhores condições em termos de conforto térmico e acústico, e de eficiência energética”, numa empreitada adjudicada por 798.165,74 euros. Na Gafanha da Nazaré, na zona do Bebedouro, decorrem os trabalhos para a construção de um edifício de 32 fogos, seguindo um modelo de construção modular, adjudicada por 4.474.589,04 euros. O mesmo modelo de construção está em curso na Gafanha da Encarnação, mais precisamente na Rua do Carmo, com um edifício também de 32 fogos, adjudicado por 4.086.906,42 euros. As empreitadas incluem ainda arranjos exteriores, refere a nota de imprensa.
Aberto concurso para requalificação do Centro de Saúde de Sever do Vouga por 1,95 milhões de euros
De acordo com a publicação, o prazo de execução desta empreitada financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) é de um ano. O investimento previsto na candidatura “terá um impacto globalmente positivo no que se refere à gestão da saúde e à qualidade de vida, produtividade e competitividade, também com a instalação de novos equipamentos”, segundo a Câmara Municipal de Sever do Vouga. Em junho de 2024 foi formalizado o contrato no âmbito do PRR relativo à requalificação do Centro de Saúde, numa sessão que contou com a presença da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, e do então ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida. De acordo com fonte municipal, o projeto contempla uma nova ala, com diversos gabinetes médicos, salas de tratamentos, salas de reuniões, secretariado e receção, entre outros serviços. “A ampliação incluirá espaços mais amplos e acolhedores, proporcionando maior conforto aos pacientes e facilitando o trabalho dos profissionais”, refere a autarquia no seu boletim municipal.
Jorge Ratola é o candidato do PSD à Câmara Municipal de Espinho
A escolha de Jorge Ratola retira assim o ex-deputado parlamentar Ricardo Sousa da corrida das autárquicas em Espinho. Em novembro, o nome de Ricardo Sousa foi aprovado por unanimidade na secção local do PSD, a que ainda preside. Mas, no início de março, o coordenador autárquico nacional do PSD, Pedro Alves, comunicou, num plenário de militantes, que a intenção da estrutura nacional do partido era apresentar outro candidato. O PSD nacional propôs agora para cabeça de lista em Espinho o nome do adjunto do primeiro-ministro, que a distrital de Aveiro ratificou na quarta-feira à noite, numa reunião com cerca de 40 votantes. Desses, segundo fonte da distrital, “só o próprio Ricardo Sousa se opôs” à mudança, apresentando “o único voto contra” da sessão. A justificação para o candidato inicialmente indicado pela concelhia de Espinho ter sido rejeitado pelo PSD nacional é o seu resultado nas sondagens, já que, de acordo com declarações da mesma fonte distrital à Lusa, “os estudos de opinião realizados indicaram que Ricardo Sousa não reunia condições para ganhar as eleições”. Quanto a Jorge Ratola, o PSD realça que “exerceu funções durante oito anos no Município de Aveiro, enquanto vereador e vice-presidente, tendo desenvolvido um extraordinário trabalho ao lado de Ribau Esteves”. Recorde-se que tal como noticiado pela Ria, Jorge Ratola foi um dos nomes mais falados para estas eleições autárquicas à Câmara Municipal de Aveiro. “É uma pessoa com grande experiência autárquica, exerceu funções de topo em diversos concelhos do distrito de Aveiro e reúne o perfil indicado para enfrentar o desafio que se coloca a Espinho. O município reclama uma mudança de rumo que só pode ser imprimida por alguém com capacidade e experiência, capaz de reorganizar os serviços, dinamizar os projetos que o concelho exige e devolver aos espinhenses a confiança na gestão autárquica”, disse a mesma fonte. Admitindo que nessa autarquia da Área Metropolitana do Porto é preciso “resgatar a confiança dos cidadãos”, o PSD espera de Jorge Ratola “um projeto sério, que recoloque as pessoas no centro da ação”, e “uma gestão rigorosa e eficiente, que faça jus aos pergaminhos do concelho” e restabeleça a credibilidade do Poder Local. Natural de Aveiro e atualmente com 59 anos, Jorge Ratola tem o 12.º ano de escolaridade e, segundo a sua nota curricular, quase sempre exerceu funções em serviços públicos, iniciando a carreira como vice-presidente da Casa da Cultura da Juventude de Aveiro e adjunto do Instituto Português da Juventude, em ambos os casos aos 23 anos e pelo período de 1989 a 1997. A partir de 2000, trabalhou dois anos como comercial de uma companhia de seguros, após o que foi chefe de gabinete do então Governo Civil de Aveiro, de 2002 a 2005, e adjunto da presidência na Câmara Municipal de Vale de Cambra, nos quatro anos seguintes. Daí passou para a autarquia de Espinho, onde de 2009 a 2013 assumiu a chefia do gabinete da presidência, e para a Câmara de Aveiro, onde foi vereador de 2013 a 2015 e vice-presidente de 2015 até 2021. Foi chefe de gabinete da presidência na Câmara da Feira, de 2021 a 2024, e é adjunto do gabinete do primeiro-ministro, Luís Montenegro, cargo que exerce desde maio de 2024. Além de Jorge Ratola pelo PSD, à Câmara Municipal de Espinho também já foram anunciadas as candidaturas de Pilar Gomes, pela CDU, de Luís Canelas, pelo PS – que foi duas vezes votado localmente devido a divergências procedimentais – e de Maria Manuel Cruz, como independente – já que, embora presidindo à Câmara pelo PS desde a renúncia de Miguel Reis em 2023, no âmbito do caso Vortex, a autarca se desvinculou entretanto do partido por esse ter preferido apoiar o seu vereador Luís Canelas. O executivo municipal de Espinho é atualmente composto por sete elementos: Maria Manuel Cruz, Leonor Lêdo Fonseca e Lurdes Rebelo, pelo PS; Luís Canelas, eleito pelo PS, mas agora sem pelouros, após a presidente lhe retirar a confiança política; e Lurdes Ganicho, João Passos e Hélder Rodrigues, pelo PSD.
Autárquicas: Empresário Olavo Rosa é o candidato do Chega à Câmara de Vagos
“Decidi concorrer, porque Vagos está num estado lastimável e é preciso alguém para mudar as coisas para melhor. A Câmara tem uma dívida monumental e pretendo fazer um acordo com a DGAL [Direção-Geral das Autarquias Locais] para passar as verbas diretamente para as juntas de freguesia, de forma que se consigam governar e fazer obra”, destacou. Em declarações à agência Lusa, o empresário de 44 anos explicou que pretende que a autarquia de Vagos seja uma entidade facilitadora, onde as pessoas consigam ter um bom atendimento e ver os seus problemas resolvidos. “Quero apostar no turismo em Vagos, porque este é um concelho com riquezas naturais belíssimas e que está subaproveitado. Também quero fazer um grupo de trabalho, para conseguir ir buscar fundos europeus no setor do turismo", acrescentou. O candidato, que concorre pela primeira vez à Câmara de Vagos, promete também, caso venha a ser eleito, tornar o concelho mais atrativo para a instalação de novas empresas. “Vagos tem espaço para albergar muitas empresas, na zona industrial de Soza há muitos hectares que ainda estão disponíveis”, sustentou. Para além de Olavo Rosa, pelo Chega, concorrem à liderança da Câmara de Vagos Pedro Neto, pelo PS, Hugo Santos, pelo CDS-PP, e pelo PSD o antigo presidente da Câmara de Vagos Rui Cruz, 12 anos depois de ter “passado o testemunho” a Silvério Regalado, atualmente secretário de Estado da Administração Local. O social-democrata Silvério Regalado foi reeleito presidente da Câmara Municipal de Vagos em 2021 com 60,7% dos votos, enquanto o CDS/PP arrecadou 19,44% dos votos, o PS 8,75%, o Chega 5,41% e a CDU 1,24%. Em janeiro de 2024, a liderança da Câmara de Vagos passou para o até então vice-presidente Paulo Sousa, depois de Silvério Regalado ter sido eleito deputado. O executivo da Câmara de Vagos é formado por seis eleitos do PSD e um do CDS/PP.
Ex-gerente bancário novamente condenado a 12 anos de prisão por burla ao Montepio
Em comunicado, a Procuradoria-Geral Regional do Porto (PGRP) refere que o arguido foi condenado pela prática de 36 crimes de burla qualificada e um crime de branqueamento a 12 anos de prisão, a mesma pena que tinha sido aplicada no primeiro julgamento realizado em 2019. Segundo a PGRP, o acórdão, datado de 13 de junho, manteve também as penas aplicadas a outros dois arguidos. Um deles foi condenado a 10 anos de prisão pela prática de 20 crimes de burla qualificada e um crime de branqueamento, tendo ainda sido condenado a uma pena de 240 dias de multa à taxa diária de oito euros (num total de 1.920 euros), por um crime de detenção de arma proibida. Uma outra arguida foi condenada a seis anos de prisão pela prática de 15 crimes de burla qualificada e um crime de branqueamento. O processo tinha ainda um quarto arguido, que acabou por morrer na prisão, o que levou à extinção do procedimento criminal e da pena que lhe tinha sido aplicada. O tribunal condenou ainda os três arguidos a pagar à instituição bancária, a título de indemnização cível, montantes compreendidos entre 79.070,66 euros e 1.140.978,37 euros. Ainda segundo a Procuradoria, o tribunal declarou perdido a favor do Estado um montante global de mais de 10 milhões de euros dos quatro arguidos (1,3 milhões de euros da perda de vantagens obtidas pela prática dos crimes e mais de nove milhões de euros da perda alargada de bens). Os factos remontam ao período entre 2009 e 2010 e centram-se no balcão da instituição bancária em Santa Maria da Feira, onde um dos arguidos exercia as funções de gerente. O tribunal deu como provado que o antigo gerente, em conluio com os restantes arguidos, que lhe angariavam clientes, concedeu crédito a empresas, aproveitando os poderes que a gerência do balcão lhe facultava, violando as normas e regulamentos internos da entidade bancária para a concessão de crédito, subdividindo, inclusive, os empréstimos em vários montante parcelares de modo a evitar o controlo hierárquico a que estava sujeito. A maioria dos empréstimos foi concedida a "empresas na hora" que os arguidos credibilizaram e justificaram através de documentação falsa. A maioria destas empresas não teve sequer atividade económica. Quando era creditado o valor do empréstimo nas contas das empresas dele beneficiárias, uma parte considerável do mesmo era transferida para contas bancárias pertencentes ao universo dos arguidos.
PAÍS
Governo marca eleições autárquicas para 12 de outubro
A data das eleições autárquicas é marcada por decreto do Governo com, pelo menos, 80 dias de antecedência. De acordo com a lei eleitoral autárquica, estas eleições têm de se realizar entre os dias 22 de setembro e 14 de outubro e num domingo. A 26 de junho, o Governo reuniu-se com todos os partidos no parlamento sobre a escolha da data para as autárquicas, com a maioria a preferir o 12 de outubro. Nessa ocasião, PSD, Chega, PCP, PAN, Livre e CDS-PP indicaram ao executivo considerarem que as próximas eleições autárquicas se deveriam realizar a 12 de outubro, enquanto o PS e a IL apontaram apontou a data de 28 de setembro e o BE comunicou por escrito que preferia o 5 de outubro. O JPP reuniu-se com o Governo mas não prestou declarações no final. De acordo com a lei eleitoral autárquica, estas eleições realizam-se entre os dias 22 de setembro e 14 de outubro e num domingo, pelo que, na prática, só existiam três datas possíveis: 28 de setembro, 5 de outubro (feriado comemorativo da Implantação da República) e 12 de outubro. As últimas eleições autárquicas realizaram-se em 26 de setembro de 2021, em 2017 foram a 01 de outubro, em 2013 a 29 de setembro, em 2009 realizaram-se em 11 de outubro e em em 2005 a 09 de outubro. Antes, as autárquicas realizavam-se em dezembro.
Portugal registou 69 mortes em excesso durante alerta de calor
“Durante o período de alerta de tempo quente que teve início a 28 de junho de 2025 foi detetado um excesso de mortalidade, observando-se 69 óbitos em excesso em Portugal Continental”, indicou a DGS. De acordo com o índice Ícaro (que estima o impacto das temperaturas do ar na mortalidade) de 2 de julho de 2025, a autoridade de saúde alerta ser “previsível que se mantenha um impacto significativo do calor sobre a mortalidade nos próximos três dias, podendo motivar uma revisão em alta do excesso de mortalidade”. A DGS salienta que o calor extremo é um fenómeno conhecido por ter potencial impacto negativo na saúde, como consequência de desidratação e/ou de descompensação de doenças crónicas, entre outros fatores. Antevendo a onda de calor que viria a registar-se, a Direção-Geral de Saúde, de acordo com as informações mais atualizadas do IPMA e dos restantes parceiros, emitiu a 25 de junho de 2025, nas suas diferentes plataformas, várias recomendações à população de proteção contra o calor. A DGS refere que irá manter uma monitorização regular da situação, atualizando a informação sempre que necessário. Cerca de um terço das estações meteorológicas de Portugal continental ultrapassaram ou igualaram, no fim de semana, os seus anteriores máximos históricos de temperatura máxima para o mês de junho, segundo o IPMA. No domingo, foi atingido em Mora, Évora, um novo extremo absoluto para o mês de junho em Portugal continental, com a estação meteorológica a marcar 46,6 graus celsius (ºC). As 31 estações, de um total de 90, em que foram alcançados ou ultrapassados máximos foram, além de Mora, Alvega com 46ºC (último máximo era de 45,4ºC), seguido de Alvalade, Coruche, Tomar, Pegões, Avis, Mértola, Santarém, Amareleja, Reguengos, Beja, Proença a Nova, Zebreira, Alcoutim, Estremoz, nelas, Chaves, Cabeceira de Bastos, Moimenta da Beira, Arouca, cabril, Zambujeira, Vila Real, Viseu, Pampilhosa da Serra, Vinhais, Lamas de Mouro, Foía e Montalegre, que alcançou os 34,4ºC (anterior máximo tinha sido de 34ºC em 20 de junho de 2003. Na estação de Portalegre foi também ultrapassado, no domingo, o anterior máximo absoluto da temperatura mínima do ar, em junho, com 31,5ºC. De acordo com os dados do IPMA, ainda no domingo, cerca de 82% das estações meteorológicas registaram valores de temperatura máxima do ar superiores a 35°C e cerca de 37% das estações meteorológicas alcançaram valores de temperatura máxima do ar superiores a 40°C. O dia 29 foi o mais quente do mês com um valor médio de temperatura máxima de 38,5°C (desvio em relação à média mensal de +11,8°C) e um valor médio de temperatura mínima de 28,7°C (desvio em relação à média mensal de +8,4°C).
Regiões defendem em Bruxelas mais apoios para responder aos desiquilíbrios do turismo
O apelo foi feito durante um debate realizado com o comissário europeu responsável pelos Transportes e Turismo Sustentáveis, Apóstolos Tzitzikostas, no âmbito da reunião plenária do Comité das Regiões da União Europeia. No encontro, no qual intervieram os presidentes da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta, e de Aveiro, José Ribau Esteves, os dirigentes locais e regionais apelaram a um maior reconhecimento do seu papel na gestão dos “impactos do turismo desequilibrado e solicitaram recursos adequados para lhes fazer face”. Entre os principais constrangimentos apontados pelos intervenientes, resultantes do desequilíbrio da atividade turística nos “destinos mais populares”, está a sobrelotação, a pressão sobre as infraestruturas e os recursos naturais, a gentrificação e o aumento dos custos da habitação. Para fazer face a estes problemas, os membros do Comité das Regiões defenderam a “necessidade urgente de apoiar destinos que exigem abordagens diferentes para gerir os fluxos turísticos”, incluindo a sua limitação ou reorientação ou a restrição da oferta de arrendamento de curta duração. Manifestaram ainda preocupação com o impacto das alterações climáticas nos destinos europeus e sublinharam a importância de trabalhar com as comunidades locais em questões como a distribuição de água, a habitação, a mobilidade e o ordenamento do território. Os dirigentes locais e regionais apelaram, igualmente, a um acesso mais facilitado ao financiamento e a dados mais concretos, que permitam um “acompanhamento eficaz do impacto local do turismo”. Nesse sentido, os membros do Comité das Regiões manifestaram a sua expectativa pela nova estratégia da União Europeia para o Turismo Sustentável, que deverá ser apresentada pela Comissão Europeia no primeiro trimestre de 2026. Durante a sessão plenária foram também evocados os 40 anos da adesão de Portugal e Espanha à União Europeia, tendo as delegações dos dois países apresentado uma declaração conjunta, na qual reafirmam o compromisso com as políticas europeias para as regiões e para os cidadãos. Na reunião plenária de hoje do Comité das Regiões decorreu ainda um debate com o comissário para a Agricultura e Desenvolvimento Rural, Christophe Hansen, durante o qual os líderes locais e regionais apelaram a um maior ênfase regional na Política Agrícola Comum (PAC) pós-2027 e a uma maior participação territorial na governação da PAC.
Chefias da guarda prisional convocadas para greve no próximo dia 17
Em comunicado, a associação considera que se chegou “ao estádio de entropia organizacional” e que “o sistema prisional não aguenta” a “desordem e aleatoriedade da gestão” dos serviços. “A desorientação, a inércia e a indecisão, e a ausência de proatividade, vão provocar desgraças”, afirma a ASCCGP, acrescentando que “não será passível de imputar negligência e responsabilidade aos trabalhadores, mas sim ao Estado”. “Chega de invocarem as «costumeiras» violações de deveres e de falta de cuidado, quando são, inequivocamente, os primeiros a não acautelar a existência de recursos, promovendo, de forma consciente, o presente contexto prisional”, refere o sindicato. A ASCCGP apela aos trabalhadores integrados na carreira de chefe da guarda prisional para fazerem greve daqui a duas semanas, adiantando que “serão assegurados os serviços mínimos previstos” na lei. A greve tem como objetivos, além dos referidos, protestar “contra a falta de segurança nos estabelecimentos prisionais”, “a obsessão da DGRSP (Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais) na realização de diligências” e a “inércia governativa de promoção de medidas de atratividade para a profissão”. A ASCCGP pede ainda o “pagamento imediato do suplemento de segurança prisional (sonegado desde Janeiro de 2014) a todos que exercem funções de Chefe de Equipa” e que a profissão seja classificada como de "Desgaste rápido". Desde a fuga de cinco reclusos da cadeia de alta segurança de Vale de Judeus em setembro de 2024 que as questões de segurança nos estabelecimentos prisionais têm estado em discussão, tendo o episódio motivado a demissão do então diretor-geral de reinserção e serviços prisionais e auditorias às prisões por ordem da ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice. Os guardas prisionais têm insistido que a falta de efetivos compromete a segurança dos estabelecimentos prisionais. Em declarações à Lusa no Dia do Corpo da Guarda Prisional, a 27 de junho, o presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, Frederico Morais, expressou preocupação pela situação de insegurança e degradação nas prisões, mas disse ter “total confiança” na ministra da Justiça para as resolver.
Revisão da lei autárquica em debate: Docente da UA destaca riscos e vantagens
A revisão da “lei que regula a eleição dos titulares dos órgãos das autarquias locais, após as próximas eleições autárquicas” é um dos pontos referidos no documento apresentado no passado dia 21 de junho. Embora não seja adiantada nenhuma ideia em concreto, a referência volta a trazer para a ordem do dia o tema da alteração da lei eleitoral para as autarquias. Comecemos por falar do modelo atual. Apesar da eleição das Câmaras Municipais basear-se num sistema proporcional – isto é, na distribuição dos lugares de vereadores consoante os votos que cada candidatura recebe - há uma exceção importante: o presidente da Câmara é sempre o cabeça de lista da força política mais votada. A investigadora Patrícia Silva chama a atenção para esta particularidade, considerando-a um “sistema um pouco estranho”. Isto porque, apesar da lógica proporcional que pretende garantir representatividade, a presidência é automaticamente atribuída ao líder da lista mais votada, mesmo que esse partido não tenha a maioria dos vereadores. No entendimento da investigadora Patrícia Silva, há um forte peso colocado na figura do presidente da Câmara, que caracteriza como um “efeito de personalização e quase um sistema First Pass The Post”. Ou seja, apesar da eleição ser proporcional, acaba por haver um efeito semelhante a um sistema maioritário: isto porque o cabeça de lista mais votado torna-se automaticamente presidente da Câmara, concentrando em si grande parte do poder político local. Embora a eleição para a Câmara Municipal seja proporcional - o que permite a entrada de representantes de vários partidos no órgão -, isso nem sempre se traduz numa gestão partilhada do município. Como sublinha a investigadora Patrícia Silva, o presidente da Câmara, eleito automaticamente como cabeça de lista mais votado, tende a concentrar nas suas mãos a maioria das competências executivas. Na prática, mesmo que a composição da Câmara Municipal inclua vereadores de diferentes partidos, a distribuição de pelouros (ou seja, de responsabilidades executivas) é habitualmente feita apenas entre os eleitos do partido do presidente. Os restantes vereadores, apesar de fazerem formalmente parte do órgão, ficam muitas vezes sem funções concretas na gestão diária da autarquia. Isto apesar de raras exceções, como é o caso de Isaltino Morais, atual presidente da Câmara Municipal de Oeiras, que, mesmo tendo maioria no órgão, atribuiu pastas a vereadores da oposição. Desta forma, o sistema atual permite diversidade partidária no papel, mas acaba por reforçar uma lógica de concentração de poder, em que o presidente e os seus vereadores de confiança detêm quase toda a capacidade de decisão. Embora ainda não haja uma proposta concreta de revisão da lei eleitoral autárquica, a docente Patrícia Silva admite que há cenários possíveis que podem vir a ser discutidos. Entre eles, destaca-se a criação de “um sistema maioritário (…) ou então permitir o reforço do parlamentarismo à escala municipal”. A hipótese de um sistema maioritário não é nova. Em 2008, segundo avançou o Público, PS e PSD chegaram a um acordo para apresentar um projeto de lei nesse sentido. A proposta previa que a força mais votada em cada autarquia tivesse automaticamente a maioria absoluta no Executivo Municipal - o que romperia com o atual sistema proporcional. No entanto, o projeto acabou por não ser aprovado. Em 2012, houve uma nova tentativa de reformar o sistema, mas também sem sucesso. Caso se avançasse para esse modelo maioritário, explica a investigadora, “o partido que vencer aquelas eleições vence todas as vereações”, ou seja, deixaria de haver “distribuição proporcional”. Essa mudança garantiria maior estabilidade política local, algo que, para já, não parece urgente. “Não temos propriamente muitos casos de executivos camarários que tenham caído e que tenha sido necessária a reeleição”, nota Patrícia Silva. Ainda assim, alerta para o futuro: o surgimento de novos partidos pode gerar executivos mais fragmentados, o que dificultaria os processos de decisão. Por outro lado, um sistema maioritário traria desvantagens ao nível da representatividade. “Ter aqui algumas vereações nas câmaras municipais também são sinais importantes para os partidos [mais pequenos e da oposição]”, destaca a investigadora. Além disso, a exclusão da oposição do órgão da Câmara Municipal pode comprometer o escrutínio político. No atual modelo, mesmo que sem pelouros atribuídos, os vereadores da oposição “podem participar nas reuniões, podem discutir e permite-lhes também ter informação que muitas vezes é difícil de obter nas assembleias municipais”, observa. Num cenário alternativo, o “reforço do parlamentarismo à escala municipal” poderia passar por uma reorganização do sistema em que os executivos deixariam de ser eleitos diretamente. Em vez disso, seriam formados com base na composição da Assembleia Municipal - à semelhança do que acontece nas eleições legislativas, em que o Governo depende do apoio da maioria parlamentar. Apesar de não existirem medidas concretas no Programa do Governo, o programa eleitoral da Aliança Democrática (AD) – que forma atualmente o Governo - defende que “no domínio das autarquias locais verifica-se a necessidade de revistar o modelo de governação, em especial dos Municípios”. Apontam, nesse sentido, a reavaliação do “equilíbrio de competências da Câmara Municipal e da Assembleia Municipal”, assim como do “modelo de constituição do governo municipal e da fiscalização da Assembleia Municipal”. Repare-se, no entanto, que para existir esta alteração da lei eleitoral, é necessário que a mesma seja aprovada por maioria de dois terços no Parlamento, o que equivale a 149 deputados. Na composição atual, AD e PS não são suficientes para aprovar a medida, uma vez que entre si reúnem apenas um total de 144 deputados eleitos. A AD, para avançar com a revisão da lei, teria de chegar a acordo com o Chega e a Iniciativa Liberal, ou com o PS e o Chega. Há ainda uma possibilidade com o Livre a entrar na equação. Perante este cenário, Patrícia Silva antevê desde já que “os pequenos partidos tenham alguma resistência em relação a esta mudança”. Especialmente se as medidas forem “no sentido de impedir governos fragmentados ou de gerar maiorias claras”, repara. O Chega e a Iniciativa Liberal não apresentam, nos seus programas eleitorais, quaisquer referências a alterações da lei eleitoral para as autarquias. O Livre, por sua vez, aponta no seu programa uma proposta para uma revisão do “quadro legal das autarquias locais promovendo uma reforma institucional, orgânica e de competências, reforçando o papel das Assembleias na definição das políticas autárquicas”. O programa eleitoral do Partido Socialista (PS) também não faz referência a reavaliações a nível do modelo dos governos locais, referindo apenas pretender “rever” a lei das finanças locais, o Estatuto dos Eleitos Locais, o Estatuto do Direito de Oposição e o regime jurídico dos Conselhos Municipais de Juventude. No entanto, José Luís Carneiro, candidato a líder do PS, aponta na moção de liderança ao partido que “o PS defende uma reforma eleitoral a começar pelas autarquias, reforçando o seu parlamentarismo e permitindo executivos mais funcionais, a par do aprofundamento da descentralização e da municipalização de serviços do Estado”. O líder socialista abre, assim, a porta para que sejam discutidas propostas no que toca à alteração da lei eleitoral das autarquias, mas mais focadas no cenário do reforço parlamentar (Assembleia Municipal). Independentemente do rumo que possa vir a ser seguido, Patrícia Silva frisa que terá de existir um “diálogo muito amplo com entidades, associações e com a academia”, no sentido de olhar “com cautela para aquilo que está em cima da mesa”. “A proposta está colocada no Programa de Governo de uma forma suficientemente ampla para ser manobrável”, repara ainda, notando que, além das propostas que têm vindo a ser discutidas ao longo dos anos, existem inúmeras outras que podem vir a ser colocadas. A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) já se mostrou disponível para discutir a revisão da lei eleitoral das autarquias. Luísa Salgueiro, presidente da ANMP, apontou recentemente à Lusa que a associação pretende auscultar os seus membros de forma a poder emitir um parecer. Também José Ribau Esteves, vice-presidente da ANMP apontou, em declarações ao Público, que a associação aguarda pelas propostas do Governo. O autarca lembra, no entanto, que “com o XXIV Governo, que tinha o mesmo ministro [Manuel Castro Almeida], nunca houve conversas sobre essa matéria”, com a diferença a recair na menção do tema no programa do atual Governo, contrariamente ao que acontecia no anterior. Importa referir que esta alteração só será definida após a realização das eleições autárquicas, que vão decorrer em setembro ou outubro.
Governo disponível para acolher propostas dos partidos na revisão do ensino superior
“Ouvimos os partidos, vamos ouvir novamente as universidades, os politécnicos, as associações de estudantes, e em função dessa auscultação vamos fazer alterações que obviamente não poderão ser muito significativas”, afirmou Fernando Alexandre aos jornalistas na Assembleia da República, onde se reuniudurante o dia de hoje com os partidos com assento parlamentar para discutir a Proposta de Lei do Governo relativa ao RJIES. Em fevereiro, o anterior executivo aprovou uma proposta para levar à Assembleia da República para o novo Regime Jurídico das Instituições de Educação Superior (RJIES), nova designação para o atual Regime Jurídico de Ensino Superior, em vigor desde 2007 e que deveria ter sido revisto em 2013. O diploma nunca chegou, no entanto, a ser discutido no parlamento devido à queda do Governo e é agora recuperado por Fernando Alexandre, que foi reconduzido para liderar apasta. Apesar da disponibilidade para acolher sugestões, o ministro da Educação, Ciência e Inovação (MECI) ressalvou que a proposta anterior “já representava uma visão muito clara" do que o governo quer para o ensino superior. Desde logo, refere o reforço da autonomia das instituições para definirem a sua estratégia, a flexibilidade na definição da oferta formativa e a autonomia na gestão dos recursos, garantindo estabilidade e previsibilidade orçamental. Por outro lado, questionado sobre possíveis alterações, Fernando Alexandre não precisou, mas referiu questões como o sistema binário e o processo eleitoral para os órgãos das instituições, temas que dividem os partidos. “É muito importante que o sistema político – o Governo e depois a Assembleia da República – tenha a capacidade de concluir este processo que desde 2013 as instituições aguardam que seja realizado e que, de facto, dê às instituições um regime jurídico adequado aos tempos que vivemos e aquilo de que o nosso país precisa”, sublinhou. Fernando Alexandre insistiu na “urgência de fazer esta mudança” e apontou para setembro a aprovação do novo regime. Além do reforço da autonomia, o RJIES proposto pelo anterior executivo previa a fusão de universidades e politécnicos e a integração de instituições privadas em públicas, e mantém o modelo binário, mas possibilitava a evolução e flexibilização do sistema.
Cerca de 17% dos jovens dos 15 aos 34 anos abandonam pelo menos 1 nível de escolaridade
Estas conclusões são do módulo de 2024 do Inquérito ao Emprego, sobre “Jovens no mercado de trabalho”, que se focou na identificação dos percursos educativos abandonados e nas razões para a sua não conclusão, assim como na relação entre as exigências do trabalho e a formação académica e as competências que os jovens detêm. Segundo o documento, as principais razões que motivaram a desistência foram “questões financeiras ou de trabalho”, 30,1%, e a perceção de que “o curso era demasiado difícil ou não correspondia às expectativas ou necessidades”, 28,2%. No subgrupo daqueles com ensino superior, 12,4% concluíram, pelo menos, uma qualificação com orientação vocacional ou profissionalizante ao nível do ensino secundário ou pós-secundário, tendo assim tido experiência profissional integrada no curriculum escolar, adianta o INE. Na população dos 16 aos 34 anos empregada ou que, não sendo empregada, tem experiência profissional anterior, um em cada cinco (20,8%) considerou ter um nível de escolaridade superior às exigências do trabalho que desempenha (ou desempenhava) e uma proporção semelhante (22,7%) referiu ter mais competências do que as necessárias ao desempenho das suas funções. Não obstante, no subgrupo dos que concluíram o ensino secundário ou um nível de escolaridade superior, 41,3% consideraram que a sua área de educação e formação corresponde total ou quase totalmente às exigências do seu trabalho.
OPINIÃO
"Porquê orgulho? Porque ainda não é seguro viver sem medo", opinião de Hugo Filipe Nunes
Junho é o mês do Orgulho LGBTQIA+. É um mês de visibilidade, de luta, de memória e de celebração. Mas, ano após ano, há quem insista em perguntar: “E o orgulho hetero, quando é?” Como se fosse comparável. Como se a história fosse igual para todas as pessoas. Como se o orgulho de quem foi silenciado, perseguido, ridicularizado ou agredido fosse um capricho — e não um ato de resistência. É importante dizer o óbvio: ninguém precisa de um “orgulho hetero” porque ninguém foi jamais espancado por ser heterossexual. Ninguém perdeu o emprego, foi expulso de casa ou ameaçado na rua por andar de mão dada com alguém do sexo oposto. Ninguém se viu forçado a esconder quem é — para sobreviver. O orgulho LGBTQIA+ não nasce da arrogância. Nasce da dor e da recusa da vergonha. É o contrário da superioridade; é uma resposta à humilhação imposta. Estamos em 2025. Portugal é, em muitos aspetos, um país progressista. Temos casamento igualitário, possibilidade de adoção por casais do mesmo sexo, reconhecimento legal da identidade de género, e algumas proteções anti-discriminação. Mas quem acha que “está tudo resolvido” vive numa bolha. As agressões homofóbicas continuam a acontecer. O bullying nas escolas é uma realidade. O acesso a cuidados de saúde competentes e respeitadores da identidade de género continua desigual. E há cada vez mais discursos públicos que ridicularizam ou atacam os direitos conquistados. Este ano, o mês do Orgulho acontece num contexto político particularmente preocupante. Com a extrema-direita a almejar cada vez mais poder, os direitos das pessoas LGBTQIA+ voltaram a ser alvo. Com linguagem disfarçada de “liberdade de expressão” ou “defesa da família”, o que se vê é o retorno de preconceitos já combatidos: a ideia de que somos uma ameaça à infância, de que devemo-nos “manter discretos”, de que exigir respeito é impor uma “agenda”. É neste contexto que surgem também os ataques ao chamado “wokismo”. A palavra “woke”, que começou por significar consciência social e atenção às injustiças, foi capturada e transformada num insulto. Sempre que alguém se indigna com o racismo, com a homofobia, com o sexismo ou com a desigualdade, é imediatamente apelidado de “woke”. Como se lutar por direitos fosse uma moda. Como se combater a exclusão fosse uma fraqueza. É uma estratégia velha: gozar com a linguagem para deslegitimar a causa. Mas as causas permanecem. E são justas. Não é coincidência que, em todos os países onde a extrema-direita governa ou tem alta influencia, os direitos LGBTQIA+ estejam entre os primeiros a serem atacados. A lógica é simples: criar inimigos internos, dividir a sociedade, impor uma moral única. Em nome da tradição, retiram-se direitos. Em nome da ordem, persegue-se a diferença. Mas a resposta a este avanço não pode ser o silêncio. Não podemos baixar os braços, nem tratar a igualdade como garantida. O Orgulho existe precisamente porque o perigo ainda existe. Porque, mesmo com avanços legislativos, o preconceito não desapareceu. Porque cada gesto público de afeto entre duas pessoas do mesmo sexo ainda é, muitas vezes, um ato corajoso. Porque os adolescentes LGBTQIA+ continuam a crescer com medo, sem referências, sem apoio. Enquanto existir medo, vergonha, discriminação ou violência, o orgulho é necessário. Não é provocação; é defesa. Não é espetáculo; é sobrevivência. É dizer “estamos aqui” num mundo que tantas vezes nos quis apagar. E sim, este combate é político. Porque a liberdade e a igualdade não se defendem apenas com boas intenções. Exigem leis, políticas públicas, financiamento a organizações de apoio, campanhas de sensibilização. Exigem coragem de quem governa e de quem representa, mesmo em assembleias de freguesia. Neste junho, que ninguém se cale. Que se pinte, que se dance, que se ocupe o espaço público, que se abracem causas e pessoas. Porque o orgulho não é só de quem é LGBTQIA+. É de todas e todos os que acreditam que ninguém deve ser tratado como cidadão de segunda. Se ser woke é defender quem sempre foi silenciado, então que nunca me falte orgulho de o ser.
"Mudar o Paradigma de Gestão e de Governança da UA", opinião de Filipa Brandão
Mudar o Paradigma de Gestão e de Governança da UA: Um Apelo à Liderança Participativa e à Cocriação de Soluções para o Futuro de Todos Ao celebrar mais de cinco décadas de história, a Universidade de Aveiro encontra-se num momento decisivo. Os desafios que hoje se colocam ao Ensino Superior, as restrições orçamentais, o necessário impacto social do ensino e da investigação, a sobrecarga de trabalho e em muitos casos de burnout dos seus recursos humanos, exigem uma profunda reavaliação dos modelos de liderança e gestão das Instituições de Ensino Superior. Urge transitar de modelos tradicionais de “governo” para abordagens de “governança” bottom-up, que se apoiem no ‘chão da universidade’. No centro desta transformação devem estar lideranças democráticas e transformativas assentes numa participação efetiva de Todos! O Conselho Geral da Universidade deve tornar-se o motor desta mudança. Defendemos um Conselho Geral que promova a eleição direta de todos os órgãos unipessoais, logo que legalmente possível. Que exija audições públicas abertas a toda a comunidade dos candidatos a reitor, o escrutínio aberto dos seus programas, o que é o oposto da atual situação de ‘conclave’ que reina no Conselho Geral. Defendemos um Conselho que envolva diretamente todos os segmentos da comunidade universitária, académicos e não académicos, em início de carreira e seniores, com contratos permanentes ou precários. A representação não pode ser simbólica e de cortesia para com as reitorias. O Conselho Geral deve ser a voz da comunidade e atuar como órgão de fiscalização dos órgãos da universidade: deve ser ativo, dinâmico e consequente. A governança participativa, de base, não é um ideal utópico. É uma exigência democrática. No contexto universitário, significa envolver ativamente quem trabalha e estuda na instituição na definição da sua direção, prioridades e cultura. É um modelo que reconhece os saberes diversos, as experiências vividas e as perspetivas críticas de quem está no terreno. Legitimar a governança bottom-up implica saber-se ser inclusivo e saber-se dialogar. A universidade deve refletir a inteligência coletiva da sua comunidade, o que requer dar poder de participação e decisão a Todos e não apenas às elites dos órgãos eleitos ou designados. Saber-se delegar - e não centralizar funções e decisões - é um ato de gestão inteligente. A governança participativa deve ir além da retórica. Deve estar presente nas estruturas e práticas institucionais do dia a dia. O Conselho Geral tem um potencial único para cumprir esse papel, não como mero validador das atividades do reitor, mas como espaço independente, inclusivo e construtivo de reflexão estratégica, debate e responsabilização. Para isso, precisamos de um Conselho Geral que escute, questione e proponha, que funcione como consciência coletiva da instituição. Esta visão exige uma transformação na cultura institucional. Reconstruir a confiança na governança universitária significa empoderar as pessoas. Significa garantir que docentes sobrecarregados com horas letivas excessivas, investigadores em situação de instabilidade e estudantes que procuram uma formação com sentido sintam que a sua voz conta. Governança não é controlo, é corresponsabilização. E só com corresponsabilidade poderemos construir uma universidade resiliente, inclusiva e preparada para os próximos 50 anos. Escolhamos o diálogo e a empatia com as pessoas, em vez da distância e da voz de comando, a transparência em vez da opacidade, a coragem em vez da gestão do dia a dia. Vamos co-construir a Universidade de Aveiro do futuro, em conjunto. Não para alguns, mas para todos!
“O que se segue depois do desastre eleitoral?”, opinião de Bruno Vilhena
No passado dia 18 de maio, o Partido Socialista (PS) sofreu um desastre. Com toda a certeza, contados os votos da emigração, será a terceira força política na Assembleia da República durante a próxima legislatura. Tendo em conta estes dados, mantive, durante estes dias, um silêncio propositado. Preferi esperar uns dias até organizar bem os meus pensamentos, ouvir e ler o que se foi escrevendo, ter algum tempo para ter opinião e para poder mudar de opinião. Passada uma semana e já com a certeza das diretas para o final de junho – com as quais eu concordo, porque o partido não pode ficar preso a uma liderança interina e sem a legitimidade da militância – é agora tempo de olhar para a frente. O slogan “O Futuro É Já”, ao dia de hoje, quase que parece premonitório. O futuro do PS tem mesmo de ser já. A profunda reflexão que o partido precisa de fazer depois destes resultados não pode significar um partido “fechado para balanço” durante tempo indeterminado. Tem de ser feita e conjugada com a ação concreta no dia a dia da política nacional. O período até às diretas, e das diretas até ao Congresso Nacional, mesmo com as autárquicas pelo meio, deve ser um período para trabalho e discussão aberta e franca sobre o PS que queremos. Existem certamente muitos motivos que levaram o Partido Socialista a ter o resultado desastroso que teve. Assinalarei aqui apenas dois, que são os que me parecem ter tido mais peso na formulação do sentido de voto dos portugueses. O PS não conseguiu reganhar a confiança dos cidadãos eleitores para voltarem a votar nele. Em primeiro, quando apenas pouco mais de um ano passou desde as últimas legislativas e os portugueses consideraram que o governo em funções da AD ainda não teve tempo suficiente para demonstrar a sua incompetência – apesar dos sinais que já existem: um SNS pior hoje do que há um ano, uma economia a descrescer no primeiro trimestre deste ano, o preço da habitação que não parou de aumentar com políticas e medidas desastrosas apenas do lado da procura – e, talvez mais importante; Em segundo, os portugueses continuam a responsabilizar o Partido Socialista – e não estão completamente errados – pelo estado e dimensão a que chegaram os principais problemas que o país enfrenta, sejam eles o estado do SNS, a crise na habitação, ou o estado da imigração. E, por isso, naturalmente, fizeram o juízo de que não voltariam a eleger quem consideram que também esteve na origem do problema. A verdade é que, após a estabilização da economia e o alcance do rigor orçamental com crescimento económico que o PS conseguiu – e conseguiu provar que a esquerda é capaz disso – nos seus primeiros anos de governação pós-2015, perdeu-se uma oportunidade histórica para reformar o país e, em consequência, o nosso tecido produtivo. Não por falta de soluções ou de bases lançadas, que as foram: na habitação, na saúde, nos transportes; mas por um sentimento – tão nosso, aliás – de que não é preciso ter pressa, que vamos com calma, vamos gerindo. Errámos. Os problemas agravaram-se e as pessoas responsabilizaram-nos e continuaram a fazê-lo. Esse é o tipo de eleitorado que só se recupera com tempo e seriedade, e não em clima de instabilidade. Nesse aspeto, Pedro Nuno Santos não teve sorte. Eleito secretário-geral em circunstâncias muito difíceis, lidou logo com umas eleições antecipadas, seguidas de umas europeias complicadas. Nem um ano depois, umas novas legislativas antecipadas e, tudo isto, em pouco mais de um ano de liderança do partido. Teve o sentido de Estado que devia no momento em que o país vivia, viabilizando um Governo e um Orçamento do Estado com os quais não concordava e chumbando moções de censura a esse Governo com o qual não concordava. Furtou-se sempre, e bem, à tática política e acabou por ser essa rejeição da tática, aliada a um Governo que criou todas as crises que podia para entalar o maior partido da oposição, que ajudou a provocar eleições e não deu ao PS o tempo suficiente para se renovar e se reapresentar como uma alternativa de governo. Nesse aspeto, foi difícil fazer melhor, e teria sido sempre mais fácil dobrar a espinha e dar o dito por não dito, conservando o Governo. Quanto ao futuro da liderança do partido, que já parece mais ou menos resolvido, há pouco mais de um ano subscrevi e propus a candidatura de Pedro Nuno Santos a secretário-geral do PS, fiz campanha por ele, votei nele, fui delegado ao Congresso do PS numa lista adstrita à sua candidatura. Acho que o PS tem de estar mais próximo da social-democracia – forte defensora do Estado Social e do papel do Estado para a resolução das crises que vivemos, e até de uma raiz mais trabalhista e virada para o mundo trabalho – do que de um centrismo iluminado que deixa ao mercado a resolução de tudo e usa a “esquerda” meramente como um token para sinalização de virtude. Sei que, por motivos históricos, até, a base eleitoral do PS sempre foi mais burguesa do que operária, mas primeiro perdemos os burgueses e agora até os operários. Não foi pelas circunstâncias terem mudado que estes meus princípios também mudaram e é isso que continuarei a defender como a melhor resposta para o país. Os tempos que se vão seguir serão sempre terríveis para o PS tendo em conta que hoje lidamos com uma extrema-direita parlamentar perfeitamente estabelecida. Aí, o PS não pode cometer o erro de querer lutar para liderar a oposição. O PS tem de lutar para liderar o país. Para isso, não só tem de ter uma alternativa de governo bem preparada, mas tem de estar no terreno. As alternativas não se constroem fechadas numa sala, os nossos autarcas e candidatos autárquicos, que dentro de meses vão a jogo por todo o país, sabem isso melhor do que ninguém. O PS tem de sentir os problemas dos portugueses e assumi-los como seus e deixar de falar para nichos que se vão encolhendo à medida que o tempo passa. O PS tem de voltar a ter um projeto aspiracional para o país em que os portugueses se revejam e não uma lista de compras e de medidas para nichos. Caso não o façamos, estas eleições já provaram mais uma vez que quem absorve o descontentamento não correspondido não é o PS. Uma última nota sobre o voto jovem. Já há dois atos eleitorais que o PS não conquista mais de 20% dos votos nos eleitores entre os 18 e os 34 anos. Existem vários motivos para isso, como o facto de uma geração de novos votantes ter crescido e ganhado consciência política durante um longo período de governação do Partido Socialista, em que associam com naturalidade os problemas do país a quem o governou durante esse período. Mas a minha pergunta é: esta tendência não é nova, o que tem feito e para que tem servido a Juventude Socialista?
"Depois das eleições: a esquerda combativa continua a fazer falta", opinião de Hugo Filipe Nunes
As eleições legislativas do passado 18 de maio deixaram um país politicamente mais à direita. A AD venceu com folga, o Chega obteve um resultado bastante expressivo e, do lado da esquerda, muitos ficaram com uma sensação de travessia no deserto. O Bloco de Esquerda perdeu representação parlamentar e, na verdade, em todo o país houve uma retração da força política transformadora da esquerda. Em Aveiro — tanto no distrito como no concelho —, e também em Esgueira, os resultados foram igualmente desanimadores. Aqui na freguesia, o Bloco ficou pelos 2,37%, e quase um quarto das pessoas votou num partido de extrema-direita. Tendo participado várias vezes como membro substituto na Assembleia de Freguesia de Esgueira, esses números preocupam-me profundamente. Mas, como cidadão, preocupam-me ainda mais. São reflexo de um descontentamento social real que a direita populista conseguiu explorar, muitas vezes sem apresentar soluções concretas, baseando-se apenas em discursos fáceis e oportunísticos. Não me iludo: o desfecho destas eleições é um sinal claro de que temos muito trabalho pela frente. Ainda assim, não desisto. Não é a primeira vez que lutamos em minoria. É o nosso pior resultado? É! Mas sei bem que a força das ideias não se mede apenas pelo número de cadeiras no Parlamento. Também me preocupa o momento difícil que, internamente, o próprio Bloco de Esquerda atravessa, com críticas públicas à direção e o adiamento da convenção nacional — uma decisão que, mesmo compreensível num ano em que ainda vamos ter eleições autárquicas, não deixa de acentuar a sensação de impasse. Continuo a acreditar — com a mesma firmeza — que a justiça social, a defesa dos serviços públicos, o combate às alterações climáticas e a luta contra todas as formas de discriminação são causas que valem a pena. E que continuam a precisar de vozes, de corpos e de ação política. A democracia não é só votar de quatro em quatro anos. É intervir todos os dias, especialmente aqui, onde vivemos. É também nas pequenas decisões — sobre parque infantil acessível a todas e a todos, a colocação de uma passadeira ou a gestão transparente de um subsídio — que se joga a confiança nas instituições e na democracia. A política local molda diretamente a vida das pessoas. É por isso que continuo presente e ativo em Esgueira porque acredito que a política local pode ser um espaço real de resistência e de construção. Quando exigimos dignidade no tratamento dos espaços públicos, quando lutamos por orçamentos participativos que realmente funcionem, quando questionamos decisões tomadas de forma opaca, estamos a fazer política a sério. E quando defendemos que a ação social deve incluir todas as pessoas — também as LGBTQIA+, as que vivem com baixos rendimentos, as que sentem diariamente o peso da exclusão e as pessoas com deficiência — estamos a defender, na prática, os valores de Abril. Sim, os resultados eleitorais foram duros. Sim, é fácil cair no desânimo e na frustração. Mas nunca foi nos momentos fáceis que as grandes conquistas aconteceram. O salário mínimo, a escola pública, o Serviço Nacional de Saúde, os direitos laborais, as pensões, a ação social — tudo isso foi conquistado com persistência, coragem e, muitas vezes, em clara minoria. Cada uma dessas vitórias teve por trás rostos anónimos: trabalhadoras e trabalhadores, estudantes, cuidadoras e cuidadores, cidadãs e cidadãos comuns que decidiram não se calar. A política não é feita apenas de nomes conhecidos ou figuras públicas — é feita, sobretudo, da persistência diária e das convicções profundas das pessoas comuns. Este é o momento de não baixar os braços. A extrema-direita cresce quando há medo, desilusão e silêncio. A melhor resposta é continuar a agir: manter presença, apresentar propostas concretas, estar sempre ao lado de quem precisa de apoio. Mesmo que sejamos poucos. Mesmo que não seja popular. Mesmo que seja difícil. E se ainda estou aqui é porque me recuso a aceitar como inevitável ou a normalizar o rumo que o nosso país está a tomar. Não aceito que o cinismo, o ódio e a violência gratuita se tornem algo normal e aceitável. E porque continuo a acreditar que a política pode — e deve — melhorar concretamente a vida das pessoas. Mesmo em minoria, continuo a lutar. Como sempre! E a representar tantas outras minorias. Aqui. Em Esgueira. Porque é aqui que a democracia também se defende.
"Os Traidores", opinião de Samuel Dias Xavier
Dizem que aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo. Se fizermos um pequeno exercício de memória, seja ela mais curta ou mais longínqua, temos na nossa memória, enquanto indivíduos, enquanto parte de um grupo ou família, parte de um povo ou de uma nação, a resposta para quase todos os nossos problemas. A natureza humana, por mais solavancos a que possa ser sujeita, está condenada a repetir-se, a criar rotina e a gerar ciclos. O resultado das eleições do passado domingo são surpreendentes, chocantes, mas que em certa parte não são uma novidade. Desta vez, teremos um partido ultrarradical de extrema-direita como líder da oposição. Não é a primeira vez que outros partidos, além do PSD e PS, têm elevadas representações parlamentares. PCP e CDS já tiveram quase 50 deputados cada um e, em finais dos anos 80, PPD, CDS e PRD tinham cerca de 70% da representação parlamentar, o mesmo que hoje AD, IL e Chega representam. O que há aqui de diferente é que o PRD desapareceu, entalado entre PS e PSD, condenado à sua dimensão unipessoal de Eanes, facto este que dificilmente acontecerá com o Chega. A minha reflexão não tem como objetivo discutir e analisar as flutuações percentuais e de representação parlamentar que o povo português sabiamente vai confiando aos partidos. Portugal tem sido condenado a ciclos governativos muito curtos no passado recente, sempre incentivados por dissoluções da Assembleia da República. Estes miniciclos não permitem que se mude rigorosamente nada, além da composição parlamentar. Esta circunstância, a somar à complexidade da geopolítica atual gera frustração e resignação. O país não cresce de acordo com as expectativas, a economia não consegue subir de patamar e a esperança vai caindo. Na Grécia antiga, Platão apontava para o declínio das democracias através dos populismos – gerado através das frustrações pessoais dos cidadãos, da exploração das paixões do povo em contraste com as ideias e a razão. Os ingleses, com uma cultura democrática largamente maior que a nossa não têm embaraços destes. Felizmente para eles, uma maioria parlamentar consegue manter-se e seguir um programa de ideias, independentemente do primeiro-ministro, do governo e dos MP’s (veja-se que a maioria absoluta dos conservadores em 2019 teve 3 primeiros-ministros: Boris, Truss e Sunak). Também na Alemanha há compromissos entre os partidos para garantir uma legislatura completa. Enfim, poderia dar variadíssimos exemplos europeus que se distanciam da nossa circunstância. A situação atual é complexa, muito complexa. Como nos sugeriu Mencken: “para cada problema complexo, há uma resposta simples, clara e errada”. Podemos ver então que nada disto é novo. O ser humano, quando é confrontado com problemas, tem instintivamente uma inclinação para responsabilizar alguém ou uma circunstância e de procurar uma certa ideia messiânica que responda facilmente ao problema. Não existe mais espaço para a razão e para as ideias. Esse espaço é agora ocupado pela purga, pelo simplismo e por modas. Não interessa a governação, a estabilidade, a previsibilidade, nem a discussão. Também os romanos nos advertiam por sermos “um povo que não se governa nem se deixa governar”. É sempre mais simples responsabilizar um grupo (normalmente excluído e em minoria) por um problema mais complexo e antigo. A retórica é sempre a mesma: subsídio-dependentes, ciganos, imigrantes, palestinianos, judeus… As minorias são sempre a válvula de escape para os maiores disparates. A ironia disto tudo é sermos também um povo que tem milhões de emigrantes pelos vários continentes - e que também eles próprios foram responsabilizados por problemas aos quais eram alheios – encontramos as responsabilidades para os nossos problemas nesse grupo tão heterogéneo que são os imigrantes. Nos anos 60, muitos milhares de portugueses emigraram para Paris, ilegalmente, para encontrarem refúgio nos bidonville (bairros de lata), vivendo na lama, em barracas de tijolo e chapa, muitas vezes sem luz ou água canalizada, para fugir a um regime totalitário, à miséria e à guerra. Trabalhando de sol a sol, amealharam o pouco que conseguiam para trazer de volta à sua pátria amada, com um sonho de criar família e de dar um futuro melhor aos seus filhos. Hoje, muitos dos netos destes emigrantes votam no Chega para dar “um abanão” ao país. Porque não querem imigração ilegal, não querem estrangeiros na sua terra. Quando desligamos da nossa identidade o ‘botão do humanismo’, não há esclarecimentos nem pedagogia que nos possam salvar. O mundo pós-1945 permitiu construir sociedades modernas e capazes de criar equilíbrios e consensos. Foi uma época em que imperou a razão, a ideia e o compromisso. Daí triunfaram os catch-all parties. Foi possível estimular a economia, criar estados de direito, equilíbrio de poderes, distribuição de riqueza e consolidação dos welfare state. Em Portugal, com várias crises sucessivas, permitiu-se um certo desgaste das ideias, dos partidos e destes grandes progressos que foram possíveis. Que não haja ilusões, os partidos e o parlamento são o reflexo da sociedade, são o primeiro indício de um certo declínio das ideias. Responsabilizar líderes, partidos ou o parlamento é desonesto e é antidemocrático. Não há democracia sem partidos, ponto. A História tem essa prova, tudo o resto são ilusões e fantasias platónicas de uma sociedade de independentes com ideias simples e luminosas como uma manhã de primavera. Este é um regime de Homens, e portanto, de erros. Se ignorarmos esse facto, estaremos a cavar uma trincheira de ignorância, para ali permanecer, imóveis, e resguardarmo-nos de qualquer bala de responsabilidade. Shakespeare revelou-nos em ‘Júlio César’ a natureza traiçoeira do ser humano. Somos capazes da maior das traições – contra os nossos, contra as nossas ideias, contra nós próprios. Permitir que nos deixemos enganar por soluções simples, para causar “abanões”, para realçar o ódio contra o que é diferente, é trair a nossa História e a nossa experiência coletiva. Seremos os nossos próprios traidores.
"Sobre a eleição do CG-UA: ou a importância das condições iniciais", opinião de Armando Machado
“Então você ousou criticar o seu supervisor?” A pergunta surpreendeu-me. Ao preparar o encontro com o vice-reitor da universidade que acabara de me contratar, esperava uma conversa cordial para esclarecer dúvidas sobre o início de carreira num país estrangeiro. Não contava que tivesse lido um artigo meu e logo aquele em que criticava ideias do meu orientador. Ainda assimilava o choque quando outra pergunta me comoveu: “Como posso ajudá-lo? Queremos que tenha êxito na Universidade de Indiana.” Conversámos sobre a remodelação do laboratório, o financiamento para equipamento, a prioridade na admissão de um doutorando, a carga letiva reduzida no primeiro ano — tudo para viabilizar, desde logo, a investigação que eu pretendia desenvolver. Falámos também das exigências para a nomeação definitiva (tenure), da vida familiar, dos seguros de saúde e de muito mais. Cordialidade? Sim. Mas também um interesse genuíno no sucesso de um jovem cientista, uma atenção redobrada às condições iniciais do seu trabalho e uma rara empatia por quem desorientado com o processo de contratação ficara perplexo com as expectativas da instituição. Ainda hoje, muitos anos depois, recordo o vice-reitor para quem o êxito de um académico era o êxito de toda a academia. * A forma como a universidade portuguesa acolhe jovens docentes e investigadores é, infelizmente, bem diferente — por vezes, o oposto. Há muitas razões, a começar pela escassez crónica de recursos. Mas outras, menos visíveis, são talvez mais importantes: os valores que promovemos e os ambientes que criamos. Quando damos mais importância ao número de artigos ou aos montantes de financiamento do que ao valor das ideias e descobertas, alimentamos o filistinismo em detrimento da curiosidade e da paixão pelo conhecimento. Quando contratamos um investigador sem garantir os meios mínimos para começar, ignoramos as condições iniciais que moldam o seu percurso. Quando sobrecarregamos uma docente recém-chegada com disciplinas fora da sua área, destruímos a sua motivação e revelamos indiferença perante o seu mal-estar. * Uma academia que não responde ao comportamento dos seus membros empobrece os seus repertórios de ação. Quando docentes empenhados ficam com a voz enrouquecida — “não do canto, mas de ver que [vêm] cantar a gente surda e endurecida” — é natural que alguns caiam na desesperança aprendida e se afastem da vida universitária ativa. Do mesmo modo, quando investigadores mantêm vínculos precários apesar do esforço e mérito, não surpreende que alguns (os mais brilhantes?) abandonem a academia. Uma liderança que decide sem explicar, que impõe pelo poder e não pela razão, transforma a academia num ambiente aversivo. Publicamente, promove o silêncio ou o conformismo; em privado, sufoca a imaginação. Em ambos os casos, enfraquece a crença no ideal universitário do primado da razão. O controlo aversivo é, afinal, o oposto do ethos académico. * O que tem isto a ver com o Conselho Geral da Universidade de Aveiro? Tudo. Porque tudo começa pelas condições iniciais. Votar na Lista UA50 – 50 Anos de História, 50 Anos de Ambição é o primeiro passo para uma universidade: • Mais inteligente, que garanta meios a quem chega e invista na sua carreira; • Mais pró-social, que coloque a cooperação interna no centro e a competição externa na periferia; • Mais inclusiva e plural, que valorize argumentos e não silencie vozes dissonantes; • Mais justa, por reconhecer a diversidade das áreas e os seus diferentes critérios de qualidade; • Mais eficiente, onde a administração sirva o trabalho criativo de docentes e investigadores. * Se te revês neste sonho de construir uma universidade diferente, vota na Lista UA50. Estarás a lançar a primeira pedra de uma academia que cultiva o potencial de todos os seus membros, com especial atenção aos mais jovens docentes e investigadores. “Há quem veja o mundo como ele é e pergunte porquê. Eu vejo o mundo como podia ser e pergunto: porque não?”John F. Kennedy
"Uma discussão frontal e transparente sobre o futuro da UA", opinião de Pedro Rodrigues
O aproximar das eleições para o Conselho Geral (CG) da Universidade de Aveiro tem suscitado uma salutar discussão em torno de algumas das funções e atribuições deste órgão. No seio da Circunscrição C - Ciências Sociais, Artes e Humanidades, circunscrição que reúne colegas do DEP, DeCA, DEGEIT, DLC e DCSPT, que integram a lista "UA 2030: Uma Universidade Inovadora, Sustentável e Plural", destacam-se, entre as questões que nos foram mais recentemente colocadas, as seguintes: 1 - Limita-se o CG a eleger um/a reitor/a? 2 - Quais as competências deste órgão? 3 - Pode o CG da UA alterar o sistema de eleição do reitor para um sistema de eleição direta? Para responder às primeiras duas questões, façamos uma rápida consulta à página do Conselho Geral da Universidade de Aveiro que nos permite rapidamente concluir que o CG "É o órgão responsável por eleger o Reitor, aprovar os planos estratégicos de médio prazo e o plano de ação para o quadriénio do mandato do Reitor, bem como as linhas gerais de orientação da Universidade, nos planos científico, pedagógico, financeiro e patrimonial." Naturalmente, esta é uma versão sintética das diversas funções e o elencar detalhado pode ser encontrado na secção "Competências" da mesma página. À terceira questão (alteração para sistema de eleição direta do reitor), não é possível (nem legal) responder afirmativamente. Tal decisão será resultado da discussão referente à revisão do RJIES, atualmente interrompida (em função das eleições legislativas), mas com lugar na Assembleia da República e cuja influência se espraiará nacionalmente. Um dos objetivos dessa revisão é precisamente uma "Eleição mais democrática do Reitor ou Presidente" através de "Eleição direta, de entre dois candidatos a reitor ou presidente selecionados pelo Conselho Geral, aberta à comunidade (…)" . Importa, portanto, a bem da transparência e do rigor que pautam a nossa academia, esclarecer tais questões e assim evitar o capitalizar de desejos universais como visões unilaterais. Na lista UA 2030, acreditamos na transparência e frontalidade da nossa comunicação e, desde o primeiro momento, assumimos responsabilidades e os rostos que as representam. Tal posicionamento multifacetado revelou uma intenção comum: continuar a construir de forma ética e imparcial uma melhor UA, com todos e para todos. Consideramos esse compromisso como princípio basilar para o exercício do Conselho Geral que deverá analisar de modo isento os atos do reitor e do Conselho de Gestão, bem como propor medidas para o bom funcionamento da UA. Isto porque uma universidade não é mais do que o resultado do reconhecimento das suas pessoas, das suas ideias, capacidades e qualidades. É a soma de todos esses percursos, de todas as aprendizagens (com falhas e sucessos) que, tantas vezes, não são possíveis de quantificar em sistemas de referenciação, mas que nos tornam a todos mais humanos, mais próximos e mais fortes.
ESTAGIÁRIO
Páscoa na família Souto: falha de comunicação provoca excesso de cabrito no almoço de domingo
Luís Souto, aproveitou este domingo de Páscoa para lançar um vídeo onde ensina os seguidores a cozinhar chanfana. O vídeo é tão longo e didático que a dada altura fazia lembrar as suas aulas de Genética ainda com Power Point em Comic Sans. Fontes próximas admitem que só a introdução demorou mais do que as promessas de Luís Montenegro para a requalificação do Hospital de Aveiro. O vídeo acumula já 13 visualizações, das quais 11 são da esposa do próprio Luís, que o partilhou em todos os grupos de Facebook onde é admin e comentou “meu presidente <3” em cada publicação. Já Alberto Souto, armado em chef rústico, atirou-se ao tradicional cabrito no forno de lenha. Só que a lenha estava molhada - tal como os olhos dos eleitores aveirenses sempre que se lembram do seu último mandato. O vídeo, filmado ao estilo "como acender um forno com zero dignidade", mostra Alberto a soprar brasas com a mesma convicção com que se defendia das críticas sobre endividamento municipal. A dada altura, ouvimos “isto com a antiga equipa da Câmara não acontecia”, mas o cabrito continuou cru e o almoço parece que vai passar a lanche. Fontes próximas garantem que os irmãos não falaram entre si sobre o menu, o que resultou numa quantidade de carne suficiente para alimentar todas as demissões no PSD-Aveiro. A comida era tanta que tiveram de improvisar um novo convidado: Paulo Jorge Ferreira, reitor da Universidade de Aveiro, que, agora em fim de mandato, anda a aceitar tudo o que seja petiscos e tainadas. Os irmãos Souto, sempre atentos às oportunidades, ponderam agora lançar um outro familiar para reitor da UA. Entretanto, Ribau Esteves, depois de uma semana de recuperação em casa pelas violentas dores de costas que o impediram de sair da cadeira no Hotel Meliá na apresentação de Luís Souto, já foi visto novamente muito irritado com toda a situação. Fontes próximas afirmam que já viu os vídeos e deixou claro que não apoia nenhum dos irmãos. Sobre Alberto diz que “continua igualzinho, a gastar dinheiro em lenha sem critério”. De Luís afirma que “tem mais vocação para chefe de cozinha do que para presidente”. Ribau terá ainda acrescentado: “o Luís foi o único aveirense que acreditou que as obras do Hospital arrancam esta ano… deve pensar que a Câmara é como a Bimby: é carregar num botão e esperar milagres”. O almoço terminou sem intoxicações alimentares, mas não por falta de sorte. Felizmente, como as urgências do Hospital de Aveiro estão encerradas neste domingo de Páscoa, ninguém se atreveu a repetir o prato. “Mais vale prevenir do que precisar de médico”, terá dito um dos convivas, enquanto escondia o tupperware com sobras de cabrito no porta-bagagens.
PCP-Aveiro avança com moção de censura pelo atraso no anúncio do cartaz da Feira de Março 2025
“A maior festividade do concelho está a ser gerida com mais segredo do que a escolha de Luís Souto de Miranda como candidato à Câmara Municipal de Aveiro (CMA)", acusou o partido em comunicado, reforçando que "a Feira de Março deve pertencer ao povo e não ser um privilégio das elites que sabem o cartaz antes do resto da população". Apesar de oficialmente ainda não haver confirmações, o PCP-Aveiro jura a pés juntos que já sabe que Diogo Piçarra, Bárbara Tinoco e Richie Campbell fazem parte do alinhamento. “Se nós já descobrimos, não nos venham com histórias de que ainda estão a fechar contratos”, disparou um dirigente comunista, visivelmente indignado por não haver ainda um anúncio oficial. Quem não perdeu tempo a reagir foi o atual presidente da CMA. Ribau Esteves garantiu que "o cartaz será revelado quando for a altura certa”, mas relembrando os aveirenses que “se fosse pelo PCP, a Feira de Março era animada pelos Cante Alentejano e terminava com um debate sobre a luta sindical”. Fontes internas do município garantem que o grande motivo para o atraso na divulgação do cartaz tem nome: MC Soutinho, a dupla escolhida para cabeça de cartaz. A escolha não terá agradado a todos os elementos do Executivo Municipal. Segundo as mesmas fontes, Ribau Esteves terá mostrado algum desagrado, confessando que a sua escolha para cabeça de cartaz seriam os Irmãos Verdades, pois, segundo ele, "o alinhamento político e musical seria mais consistente". Perante a insistência da sua equipa, Ribau terá admitido: "Se queriam uma dupla de irmãos, ao menos que fosse uma que tivesse êxitos nos tops e não nas jogatanas políticas”. Já Rogério Carlos, atual vice-presidente da autarquia, mostrou-se mais soltinho depois de ter sido afastado da corrida à liderança da CMA. “Se querem animar o cartaz da Feira de Março deste ano, pelo menos que sejam mais originais. Eu sugiro um dia dedicado aos cantares ao desafio com um despique amigável entre Catarina Barreto e Ângela Almeida ou Filipe Neto Brandão e Manuel Sousa”, afirmou no meio de gargalhadas irónicas enquanto se preparava para assistir ao debate parlamentar que poderá ditar novas eleições legislativas em Portugal. Outro momento alto será o show "Banda das Coligações", onde diferentes partidos políticos se juntam em leilão ao som do hit musical “eu estou à venda”. Fontes próximas garantem que será uma atuação curta, porque nem sempre conseguem tocar a mesma música até ao fim. Entretanto, os aveirenses continuam sem cartaz oficial, mas já têm uma certeza: o verdadeiro espetáculo da Feira de Março não está no palco, está mesmo na política local.
Estagiário: Sérgio Ribau Esteves avança com candidatura independente ao Município de Aveiro
Em exclusivo para a página do Estagiário da Ria, Sérgio quis juntar-se ao “verdadeiro espetáculo circense que se assiste na cidade” e declarou que “num momento particularmente difícil para o meu irmão, eu não podia deixar de dizer presente”. “Os Soutos querem mostrar que controlam esta cidade, mas se estamos nessa onda, então vão ter que levar com os Ribaus”, afirmou enquanto apertava um fato axadrezado emprestado pelo seu irmão, relembrando que, tal como Luís Souto, também ele é cronista no Diário de Aveiro. Ribau Esteves também quis prestar declarações ao Estagiário da Ria: "Sim, posso confirmar que o meu mano avisou-me previamente da sua candidatura." Confrontando pelo Estagiário da Ria relativamente ao facto de Luís Souto não ter contactado Alberto Souto antes do anúncio da sua candidatura, Ribau Esteves afirmou no meio de gargalhadas irónicas: "Olhe, essa pergunta tem que fazer ao Luís Souto, não é ele que se apresenta como especialista em genética?" Enquanto isso, o recém-lançado candidato Sérgio Ribau Esteves parece apostado em criar uma “irmandade eleitoral” para melhorar a imagem da cidade, recordando os aveirenses que tem experiência muito útil em gestão de irmandades. “Se sei gerir a irmandade dos ovos moles, acha que será muito diferente gerir um Município? É tudo uma questão de doçura”, afirmou. O candidato independente aproveitou para dizer, com aquele sorriso de quem domina matemática, que, diferentemente do Alberto Souto – "que se contenta com 101 ideias para Aveiro" – ele tem “mil e uma ideias”. “Não acha que as minhas ultrapassam as do candidato socialista? E não são apenas devaneios mirabolantes, são planos de verdade para mudar a cidade", afirmou enquanto olhava para o programa eleitoral desenhado pelo seu irmão com 1001 árvores preparadas para abate. Agora, Aveiro aguarda ansiosamente para ver se esta súbita multiplicação de irmãos candidatos irá resultar numa revolução familiar na política local… ou apenas num almoço de domingo com demasiadas conversas sobre urnas de voto e propostas mirabolantes. O Estagiário da Ria continua atento a mais novidades, enquanto espreita para ver se ainda resta alguma vaga para ser candidato a sobrinho, primo ou cunhado dos Soutos & Ribaus.
Ribau Esteves negoceia com Fábio Coentrão instalação do viveiro de marisco na Ria de Aveiro
"Durante os meus mandatos batemos todos os recordes de turismo. Demos uma nova vida aos nossos canais com os moliceiros elétricos e amigos do ambiente. Agora está na altura de dar o próximo passo: Aveiro precisa de marisco premium e quem melhor que o Fábio Coentrão para ser o rosto desta nova fase?", declarou Ribau Esteves, enquanto tirava uma fotografia ao lado de uma lagosta gigante, com Rogério Carlos a tentar reproduzir o movimento. Entretanto, o reitor da Universidade de Aveiro também já reagiu à mais recente notícia, revelando interesse em localizar o novo viveiro nas marinhas da UA. “Já falei com o presidente da Câmara Municipal de Aveiro e dei-lhe nota da nossa intenção”, declarou Paulo Jorge Ferreira. Confrontado pelos jornalistas sobre a reação de Ribau Esteves, o reitor da UA realçou: “Gostou muito da iniciativa. Afinal de contas, ainda há dias anunciou o início da construção de uma nova residência privada para os estudantes. Ora todos sabemos o tipo de estudantes que procuram estas residências. Colocar o novo viveiro junto à UA pode ser uma excelente oportunidade para atrair ainda mais estudantes deste mercado”. Quem já reagiu a esta nova investida do edil aveirense foi Alberto Souto de Miranda. “Com sinceridade, desta vez tenho que reconhecer que é uma excelente iniciativa de Ribau Esteves. Todos nós vimos a cara avermelhada com que o presidente terminou a arruada de São Gonçalinho. Penso que se continuar a tirar fotos ao lado de lagostas, certamente que o seu tom de pele não irá dar tanto nas vistas” atirou o candidato à CMA, enquanto escrevia a centésima segunda ideia do livro que só ele leu.
Aquecimento na UA: Reitoria a "banhos de calor", enquanto estudantes fazem Erasmus na Sibéria
No restante campus, a realidade é bem mais glacial. Nos departamentos, estudantes, funcionários e docentes testam, involuntariamente, o conceito de "resiliência climática". Cobertores, luvas e até gorros de lã fazem agora parte do novo traje académico da Universidade de Aveiro. “Estamos a trabalhar na técnica do pinguim: encostadinhos uns aos outros para preservar o calor", revelou um estudante de Engenharia Mecânica, enquanto bufava nas mãos. Mas nem todos têm essa sorte. Em alguns departamentos, mesmo que ligassem o aquecimento o efeito seria mais simbólico do que prático, fruto do estado dos equipamentos. “Temos consciência disso, mas mesmo assim o calor na UA escapa mais rápido do que o nosso orçamento anual”, desabafou um funcionário da área da manutenção dos Serviços de Gestão Técnica. Os aquecedores, que não sentem uma revisão desde o tempo do Renato Araújo (primeiro reitor eleito da UA), são hoje peças de museu que só aquecem corações… de saudade. Quando questionada sobre a disparidade climática entre a Reitoria e o resto do campus, uma fonte anónima (que se identificou apenas como "Manuel Mãos Frias") disse: “É uma questão de prioridades. As decisões importantes para a universidade precisam de mentes quentes e corações confortáveis. Os estudantes? Esses que usem cachecol." Entretanto, os estudantes preparam um novo protesto, já batizado de "Marcha dos Pinguins", para exigir "calor para todos" e "mantas polares para cada departamento". “Se isto continuar assim, o meu próximo Erasmus vai ser no Polo Norte. Ao menos lá, sabemos ao que vamos”, afirmou uma estudante de Economia, enquanto tentava escrever com luvas de ski. Enquanto isso, o Estagiário da Ria recomenda: se for para a Reitoria, leve protetor solar. Nos departamentos? Gorros, cachecóis e, se possível, um saco de água quente.
Ribau Esteves avalia compra da SAD do Beira-Mar
“Se já consegui pôr Aveiro no mapa com a ria, os moliceiros e o monumento do Siza, imaginem o que posso fazer com um clube de futebol. Isto é uma oportunidade para internacionalizar a marca Ribau”, terá dito o presidente entre vários apertos de mão ao adeptos do Beira-Mar. Entre as ideias mais arrojadas está a escolha de Rogério Carlos, vice-presidente da Câmara Municipal, para treinador principal. "É a oportunidade perfeita para ele ganhar notoriedade. Eu tenho-lhe dado mais palco, mas com uma época desastrosa no futebol é certo que o nome dele vai estar em todas as capas de jornal. O futebol é o palco ideal para ele aprender a lidar com pressão…”, afirmou Ribau Esteves. “E se falhar?”, perguntaram os jornalistas. “É só dizer que o árbitro estava comprado”, respondeu prontamente Ribau. Rogério, por sua vez, mostrou entusiasmo contido: "Eu adoro futebol… Embora seja mais de ver do que de jogar. Ainda recentemente meti-me em aventuras e fui parar ao bloco operatório”, brincou o provável futuro treinador principal que tem aparecido em público com muletas. Quem já reagiu a esta novidade foi a presidente da concelhia do PS-Aveiro. "Não há palavras para mais uma tentativa de Ribau Esteves secar tudo à sua volta. Mas bem, se ele conseguir manter o Beira-Mar nos nacionais, já é mais do que aquilo que fez na Câmara", ironizou Paula Urbano Antunes. Nuno Quintaneiro, atual presidente do clube, tem resistido ao tradicional “braço longo” de Ribau e insiste em gerir o clube com independência. “Nós queremos um Beira-Mar sustentável, não um palco político”, declarou recentemente. Contudo, segundo rumores, essa postura mais firme pode ter acelerado os planos de Ribau tomar as rédeas da SAD. "O Quintaneiro está sempre a falar de sustentabilidade financeira, mas o que é isso comparado com um plano de expansão mediática? O Beira-Mar precisa de mediatismo e eu sou o único que pode garantir isso", terá dito Ribau numa reunião privada. Enquanto Ribau sonha com o Beira-Mar a brilhar nos palcos internacionais, os aveirenses esperam para ver se este novo projeto será um golaço ou mais um remate ao lado. A única certeza? Com Ribau no jogo, o espetáculo está garantido – com ou sem eucaliptos no relvado.
Paulo Jorge Ferreira anuncia investimento de 600 trotinetes para reforçar a segurança no campus
O reitor da Universidade de Aveiro surpreendeu a comunidade académica ao declarar, sem apresentar qualquer dado concreto, que o aumento da insegurança no campus está ligado ao crescente número de estudantes internacionais. “Nunca tivemos tantos estudantes internacionais. Coincidência? Não acredito em coincidências”, afirmou, com ar sério, enquanto segurava um relatório... em branco. “Não há razões para alarme. Os vigilantes estão a ser treinados para identificarem ‘comportamentos suspeitos’, como por exemplo estudantes que falem idiomas que não sejam português”, afirmou José Russo Ferreira, responsável pela segurança no campus, que ignorou o facto do seu próprio apelido causar insegurança no campus. A comunidade internacional não demorou a reagir. “Cheguei aqui há três meses e a única coisa que aumentei foi a venda de pastéis de nata no CUA. Insegurança? Só sinto quando tenho exames de Cálculo”, comentou uma estudante vinda da Polónia. Esta medida já foi muito elogiada pelo diretor do Departamento de Física da UA que terá agora os seus meios reforçados para percorrer todas as salas do seu departamento à procura de estudantes que estejam a utilizar as salas de estudo para jogar League of Legends. Já Wilson Carmo, presidente da Associação Académica, rapidamente reagiu à declaração do reitor, classificando-a como “criativa, mas desinformada”. “Queremos dados concretos ou, pelo menos, uma explicação plausível para a correlação entre o aumento de insegurança e os estudantes internacionais. Não vamos aceitar que o barulho de um estudante espanhol a pedir uma caña seja considerado ‘ameaça ao bem-estar do campus’.” Entretanto Manuel Assunção, antigo reitor da UA, veio a público afirmar que a compra já estava prevista nos mandatos anteriores, com um sorriso que parecia ensaiado em frente ao espelho. A Ria sabe que os atrasos no processo de compra das trotinetes foram atribuídos à burocracia habitual da contratação pública, com piadas de bastidores a sugerirem que os vigilantes receberão as trotinetes na mesma altura em que terminarem as filas nos almoços da cantina – ou seja, nunca.
RIA-CHECK
Luís Souto atribui a Manuel Assunção a criação da Fábrica Ciência Viva e do PCI. É verdade?
As eleições autárquicas em Aveiro continuam a gerar polémica. Os candidatos Luís Souto (coligação 'Aliança Mais Aveiro') e Alberto Souto (PS) procuram disputar espaço e influência na Universidade de Aveiro, tentando atrair figuras prestigiadas da comunidade académica para reforçar a sua credibilidade junto do eleitorado. O socialista Alberto Souto anunciou, ao longo dos últimos meses, o apoio de dois antigos reitores da Universidade de Aveiro como membros da sua Comissão de Honra: Júlio Pedrosa (reitor entre 1994 e 2001) e Helena Nazaré (reitora entre 2002 e 2010). Em resposta, Luís Souto revelou, numa sessão pública no Teatro Aveirense, que o mandatário da sua candidatura será Manuel Assunção, reitor da UA entre 2010 e 2018. Durante a apresentação, Luís Souto destacou a Fábrica Centro Ciência Viva e o PCI – Parque de Ciência e Inovação como exemplos do “fortíssimo impacto” da “ação governativa” de Manuel Assunção. A mesma ideia foi reforçada na nota de imprensa enviada à comunicação social. “A ação governativa do professor Manuel Assunção teve um fortíssimo impacto em Aveiro e na região. Destacando-se, a título de exemplo, a Fábrica Ciência Viva, o Parque Ciência e Inovação da região de Aveiro.” Luís Souto, 20 de junho de 2025 “O Prof. Manuel Assunção (...) foi vice-reitor (de 1994 a 2009) e reitor da Universidade de Aveiro (de 2010 a 2018), promovendo a criação de estruturas como a Fábrica - Centro Ciência Viva e o PCI - Parque de Ciência e Inovação.” Nota de imprensa da candidatura ‘Aliança Mais Aveiro’. A Fábrica Centro Ciência Viva foi inaugurada a 1 de julho de 2004, como indica uma publicação recente da própria Universidade de Aveiro nas redes sociais. Na altura, a UA era liderada por Helena Nazaré, que foi reitora de 2002 a 2010. Na foto da inauguração - onde se vê a presença de Mariano Gago, então ministro da Ciência - é possível ver Helena Nazaré em lugar de destaque. Ou seja, o projeto nasceu e foi concretizado sob a liderança de Helena Nazaré. Já o PCI - Parque de Ciência e Inovação foi inaugurado em 2018, durante o mandato de Manuel Assunção, mas começou a ser desenvolvido em 2007 e materializado em 2009. A informação consta no suplemento “Especial PCI”, publicado no dia 10 de março de 2021 no Diário de Aveiro, mas também o site da Câmara Municipal de Ílhavo relembra o momento: “No seguimento da aprovação da candidatura liderada pela UA do Parque da Ciência e Inovação foi assinado o contrato de financiamento no dia 15 de dezembro de 2009, entre a Universidade de Aveiro e o Programa Operacional da Região Centro. Trata-se de um investimento de 35 milhões de euros, com o apoio do QREN no valor de 15,5 milhões de euros”. O documento foi assinado por Helena Nazaré que à data era ainda a reitora da Universidade de Aveiro. A candidatura de Luís Souto atribui a Manuel Assunção um protagonismo que não corresponde inteiramente aos factos históricos. A Fábrica Centro Ciência Viva foi criada sob a liderança de Helena Nazaré, que integra atualmente a Comissão de Honra da candidatura adversária, do PS. Quanto ao PCI, Manuel Assunção teve um papel relevante na fase de concretização, mas o projeto nasceu e foi financiado durante o mandato anterior, também de Helena Nazaré. A classificação final é ENGANADOR. As declarações de Luís Souto exageram o papel de Manuel Assunção, omitindo o envolvimento determinante de Helena Nazaré na criação das duas infraestruturas referidas. O enquadramento apresentado serve um objetivo político, mas não respeita o rigor histórico dos processos citados.
Ribau diz que todas as estruturas desportivas precisam de parecer do IPDJ. É verdade?
“Tudo o que são estruturas para a atividade desportiva têm que ter parecer obrigatoriamente de um instituto público, chamado Instituto Português do Desporto e Juventude”. José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro, 17 de junho de 2025, Assembleia Municipal de Aveiro A legislação nacional é clara: não são todas as infraestruturas desportivas que exigem parecer do IPDJ. O Decreto-Lei n.º 141/2009, de 16 de junho, alterado pelo Decreto-Lei n.º 110/2012, de 21 de maio, estabelece o Regime Jurídico das Instalações Desportivas (RJID). Neste documento pode-se ler no artigo 11.º que “compete ao IPDJ exercer as competências especialmente previstas no presente decreto-lei relativamente às instalações desportivas especializadas e especiais para o espetáculo desportivo”. Ora, no mesmo decreto-lei, no seu artigo 5.º são definidas as diferentes tipologias de instalações desportivas: “instalações desportivas de base” (que podem ser “instalações desportivas recreativas” e “instalações formativas”), “instalações desportivas especializadas ou monodisciplinares” e “instalações desportivas especiais para o espetáculo desportivo”. Ou seja, as duas primeiras tipologias de instalações desportivas (recreativas e formativas) não carecem de parecer do IPDJ. Esta informação também é corroborada pelo site do IPDJ que, no separador do licenciamento de instalações desportivas esclarece que são apenas as “instalações desportivas especializadas e especiais para o espetáculo desportivo” que dependem “do parecer favorável do IPDJ”. Também no número 3 do artigo 4.º do RJID é referida uma exclusão importante: “3 - O regime estabelecido no presente decreto-lei não se aplica, igualmente, às instalações desportivas que sejam acessórias ou complementares de estabelecimentos em que a atividade desportiva não constitui a função ou serviço principal, sem prejuízo da necessidade de reunirem as condições técnicas gerais e de segurança exigíveis para a respetiva tipologia, nos seguintes casos: a) Instalações desportivas integradas em estabelecimentos de ensino, público ou privado, de qualquer grau; b) Instalações desportivas integradas nos empreendimentos turísticos referidos no artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 39/2008, de 7 de Março, exceto as que são citadas nas alíneas a), e) e g) do n.º 2 do artigo 15.º do mesmo decreto-lei.” A afirmação de Ribau Esteves é falsa. A lei não exige parecer do IPDJ para todas as estruturas desportivas, apenas para algumas tipologias específicas. A generalização feita pelo presidente da Câmara Municipal de Aveiro não tem base legal e pode induzir em erro o público.
Alberto Souto foi contra uma ponte no Canal Central no passado e agora propõe uma nova?
Já depois de ter deixado a presidência da Câmara Municipal de Aveiro (CMA), Alberto Souto assinou um artigo de opinião no Diário de Aveiro, na edição de 24 de fevereiro 2010, onde começa por recordar que, durante os seus mandatos como presidente da CMA, construiu cinco pontes entre a Antiga Capitania e o Lago da Fonte Nova, três no Canal de S. Roque e uma sobre a eclusa do Canal das Pirâmides. Mas é logo de seguida que o candidato socialista às próximas autárquicas dá nota que construir uma ponte no Canal Central não foi uma opção para não “estragar”. “Mas, quando pensámos no Canal Central não ousámos estragar: estudámos, estudámos, estudámos e optámos por localizá-la no Canal das Pirâmides”, acrescentou. Também numa carta aberta dirigida ao então presidente da CMA, Élio Maia, o candidato socialista voltou a expressar a sua oposição a uma ponte nessa localização, chamando-a de "casmurrice", "funcionalmente desnecessária" e um "aleijão urbanístico gravíssimo". Agora, na campanha para as eleições autárquicas de 2025, Alberto Souto anunciou uma proposta para uma nova ponte pedonal precisamente no Canal Central, a menos de 50 metros da anterior proposta de Élio Maia. Para justificar a sua ideia, Alberto Souto dá nota que o conceito difere ao ser apresentada como uma "ponte-praça", ou seja, não apenas uma estrutura de atravessamento, mas também um espaço público de lazer. Apesar dessa diferença no conceito, a mudança de posição é evidente. Antes, Alberto Souto via uma ponte no Canal Central como um erro urbanístico, uma "fantasia sem sentido" e afirmava que os “estudos” dessa opção tinham-no ajudado a tomar a decisão de não “estragar” este canal; agora, considera que a nova ponte vai "criar mais Aveiro". Conclusão: é VERDADEIRO que Alberto Souto foi contra uma ponte no Canal Central no passado e que agora propõe uma nova. A mudança de posição é clara, ainda que a proposta atual tenha um conceito diferente.
Ria-Check: Constituição do SC Beira-Mar como sociedade desportiva
"Para o SC Beira-Mar participar nas competições profissionais de futebol tem que se constituir, obrigatoriamente, como uma sociedade desportiva." A afirmação é: VERDADEIRA. Com este momento muito importante na vida do clube, acende-se novamente o debate sobre a relevância da criação de uma sociedade desportiva, muitas vezes levando à desinformação dos sócios, simpatizantes ou simples cidadãos. Ora, segundo a Lei n.º 39/2023, de 4 de agosto, que estabelece o novo regime jurídico das sociedades desportivas, “a participação em competições profissionais de modalidades coletivas é reservada a sociedades desportivas”. A par disso, segundo o artigo 9.º do Regulamento das Competições Organizadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional, “os clubes participantes na Liga NOS e na LEDMAN LigaPro devem constituir-se, nos termos da lei, sob a forma de sociedade desportiva”. Deste modo, se o SC Beira-Mar atingir competições como a segunda e primeira liga de futebol – que são ambições conhecidas dos órgãos sociais do clube, bem como dos seus sócios e adeptos – terá que obrigatoriamente estar constituído como sociedade desportiva. Recorde-se, neste ponto, que as imposições legais em vigor no que diz respeito à constituição de sociedades desportivas sofreram alterações durante o ano de 2023, precisamente para evitar situações como aquelas que ocorreram no passado com o SC Beira-Mar. No momento da aprovação do novo regime jurídico das sociedades desportivas, o Governo deu nota que que “cerca de 20% das sociedades anónimas desportivas” constituídas até então foram ou estavam “a caminho da extinção, insolvência ou dissolução”. Para evitar que estes cenários se repitam foram várias as alterações introduzidas nesse sentido, destacando-se as seguintes: os investidores passam a ter de demonstrar capacidade económica para fazer o investimento; os detentores de participações sociais e os órgãos de administração não podem ter sido condenados em processos-crime por uma série de crimes; o administrador nomeado pelo clube tem direito a participar em todas as reuniões da sociedade desportiva (uma coisa que até então não estava clara); a introdução de uma figura de um observador (sem direito de voto) nomeado pelos sócios; a impossibilidade de participação em competições a todas as sociedades desportivas que violem de forma grave e continuada os acordos parassociais que celebraram com o clube; ou ainda o facto relevante de que, se a sociedade desportiva não tiver a situação tributária regularizada, isso não irá prejudicar o direito do clube desportivo obter apoio desportivo para outras modalidades.
Ria lança projeto de fact-check e dedica estreia à polémica das portagens de Aveiro na A25
A afirmação é falsa. “O próprio PSD e o CDS votaram contra porque viram logo na proposta inicial que ela não era justa, porque não contemplava este três pórticos”, afirmou ontem Rogério Carlos, vice-presidente da Câmara Municipal de Aveiro (CMA) e vogal da Comissão Política da Secção do PSD-Aveiro, em declarações à SIC, depois de criticar Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, pela não inclusão da concessão da Costa de Prata da A25 (que liga a Barra a Albergaria-a-Velha e inclui três pórticos com portagens durante o seu troço) na proposta para a abolição das portagens em várias autoestradas do país. Na ata da reunião plenária da Assembleia da República, datada de 2 de maio de 2024, onde se procedeu à discussão do Projeto de Lei n.º 72/XVI do Partido Socialista, com o título “Elimina as taxas de portagem nos lanços e sublanços das autoestradas do Interior (ex-SCUT) ou onde não existam vias alternativas que permitam um uso em qualidade e segurança”, os deputados do PSD Hugo Soares e Cristóvão Norte afirmam que o seu partido defende “um sistema integrado que respeite o princípio do utilizador-pagador” e uma “redução gradual” das portagens. Na mesma ata não é referido, em nenhum momento, que PSD/CDS iriam votar contra a proposta do PS por esta não incluir os pórticos de Aveiro. Recorde-se que, tal como noticiou a Resnascença, Hugo Soares, líder da bancada do PSD, durante uma reunião do seu grupo parlamentar, invocou “disciplina de voto” a todos os deputados do seu partido, argumentado que “o PSD nunca defendeu a eliminação imediata das portagens e que o projeto de lei da AD que irá a votos no debate prevê a redução de 50% e que a abolição significa uma despesa na ordem dos 200 milhões de euros”. A afirmação é verdadeira. A atual deputada do PSD à Assembleia da República que é ainda presidente da Junta de Freguesia de Esgueira e vice-presidente da Comissão Política da Secção do PSD-Aveiro é uma das autoras do Projeto de Resolução nº 61/XVI/1ª com o título “Pela redução gradual e financeiramente responsável de portagens no interior e nas grandes áreas metropolitanas”, datado de 26 de abril de 2024. Neste Projeto de Resolução, os grupos parlamentares do PSD e CDS-PP recomendam ao Governo “uma redução de portagens ambiciosa”, “com respeito pela sustentabilidade das finanças públicas” e que não coloque “em causa os princípios do utilizador-pagador e poluidor-pagador (...) contemplando as vias A22, A23, A24, A25, A28, A4, A13”. A afirmação é verdadeira. No Projeto de Lei n.º 72/XVI, com o título “Elimina as taxas de portagem nos lanços e sublanços das autoestradas do Interior (ex-SCUT) ou onde não existam vias alternativas que permitam um uso em qualidade e segurança”, datado de 22 de abril de 2024, o Partido Socialista (PS) apenas colocou na proposta a abolição das portagens no troço da A25 – Beiras Litoral e Alta que liga Albergaria-a-Velha a Vilar Formoso. Durante a discussão na reunião plenária da Assembleia da República, como se pode ler na ata, o líder da bancada do PSD, Hugo Soares, aproveitou para atacar diretamente Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, por este ser deputado pelo círculo de Aveiro e se ter esquecido de colocar os acessos a Aveiro no projeto de lei do PS para abolição das portagens.
03 JUL 2025
Governo marca eleições autárquicas para 12 de outubro
A data das eleições autárquicas é marcada por decreto do Governo com, pelo menos, 80 dias de antecedência. De acordo com a lei eleitoral autárquica, estas eleições têm de se realizar entre os dias 22 de setembro e 14 de outubro e num domingo. A 26 de junho, o Governo reuniu-se com todos os partidos no parlamento sobre a escolha da data para as autárquicas, com a maioria a preferir o 12 de outubro. Nessa ocasião, PSD, Chega, PCP, PAN, Livre e CDS-PP indicaram ao executivo considerarem que as próximas eleições autárquicas se deveriam realizar a 12 de outubro, enquanto o PS e a IL apontaram apontou a data de 28 de setembro e o BE comunicou por escrito que preferia o 5 de outubro. O JPP reuniu-se com o Governo mas não prestou declarações no final. De acordo com a lei eleitoral autárquica, estas eleições realizam-se entre os dias 22 de setembro e 14 de outubro e num domingo, pelo que, na prática, só existiam três datas possíveis: 28 de setembro, 5 de outubro (feriado comemorativo da Implantação da República) e 12 de outubro. As últimas eleições autárquicas realizaram-se em 26 de setembro de 2021, em 2017 foram a 01 de outubro, em 2013 a 29 de setembro, em 2009 realizaram-se em 11 de outubro e em em 2005 a 09 de outubro. Antes, as autárquicas realizavam-se em dezembro.
Ciclaveiro critica Câmara por falta de apoios a projetos que promovem mobilidade ativa
O comunicado surge na sequência da comparticipação financeira aprovada e atribuída na última reunião de Câmara (24 de junho), à Federação Portuguesa de Ciclismo para apoio ao programa “O Ciclismo vai à Escola”, que integra a realização da 3.ª Etapa da 5.ª edição da Volta a Portugal Feminina em Bicicleta. A instituição aveirense “felicita o Executivo Municipal pelo seu declarado compromisso com a promoção da mobilidade suave”, mas critica a comunicação da autarquia, apontando que “uma prova de ciclismo — ou mesmo o termo “ciclismo”, enquanto prática desportiva — não deve ser confundida ou promovida como mobilidade suave”. A Ciclaveiro atenta ainda que o ciclismo se trata efetivamente de uma atividade física, “mas com objetivos distintos, centrados na velocidade e num ambiente de competição, e não no uso quotidiano da bicicleta como modo de transporte acessível, seguro e sustentável, inserido num contexto diário de deslocação na cidade”. A nota frisa a promoção “contínua, resiliente e com bastantes desafios orçamentais” levada a cabo pela Ciclaveiro na promoção da mobilidade sustentável e apontam projetos como “a Casa da Bicicleta - com cicloficina comunitária, veloteca e agenda de eventos -, o PéPedal, a Academia Mini Rodas e a KidicalMass” como exemplos de “iniciativas que incentivam a mudança de comportamentos, envolvendo a comunidade local e as comunidades escolares na promoção do uso diário da bicicleta em segurança”. Atentam, ainda, que “o impacto destas ações seria significativamente ampliado se a preocupação da autarquia se traduzisse também no apoio consistente a estas iniciativas e na criação de condições reais de segurança e acessibilidade para os cidadãos que querem, mas não conseguem, utilizar a bicicleta como modo de transporte na cidade”. A Ciclaveiro sublinha ainda que as atividades têm sido desenvolvidas “com o apoio institucional do Agrupamento de Escolas de Aveiro, o apoio logístico e de mobilização das 4 Associações de Pais e Encarregados de Educação das escolas de ensino pré-escolar e básico de 1º ciclo, com a disponibilidade inspiradora de cerca de 200 pais e encarregados de educação e os recursos humanos da Ciclaveiro, que trabalham de forma totalmente voluntária para gerir, coordenar, operacionalizar e articular toda a implementação do PéPedal nas 4 escolas” do Agrupamento de Escolas de Aveiro. Reparam, ainda, que as atividades são desenvolvidas sob o compromisso com “uma mudança efetiva de hábitos de mobilidade das famílias” e que o projeto “visa efetivamente promover hábitos de mobilidade ativa das crianças e das famílias nas deslocações para a escola”. Ainda assim, “até à presente data, a autarquia não tem visto neste projeto qualquer mérito que mereça apoio financeiro ou sequer institucional, apesar dos inúmeros contactos e tentativas de envolvimento do Município que a Ciclaveiro tem feito desde o primeiro dia da sua implementação”. “Entendemos que ter o Município como parceiro institucional do PéPedal e apoio financeiro para a sua execução e manutenção ao longo do ano letivo nas escolas básicas do centro da cidade permitiria alavancar o impacto do projeto na comunidade e na real transformação da mobilidade urbana, dando-lhe uma visibilidade e projeção necessárias à captação de fundos nacionais e europeus que permitissem melhorá-lo e até replicá-lo para outras escolas do concelho”, afirmam. A Ciclaveiro termina o seu comunicado lamentando que o executivo municipal não tenha “entendido” e continue “a optar por apoiar iniciativas de carácter desportivo e de competição, traduzidas em eventos pontuais que em nada alteram os hábitos de mobilidade das crianças e jovens do concelho que continuarão a usar a bicicleta em contexto desportivo e/ou de lazer, perpetuando o paradigma de mobilidade assente no uso do automóvel privado com óbvios e sobejamente conhecidos prejuízos para o bem estar, saúde e qualidade de vida dos cidadãos, aumento do congestionamento urbano, poluição e desequilíbrios ambientais”. A Ciclaveiro aponta que “continuará a fazer o seu trabalho de forma convicta, contando com todos os que, de forma extraordinária e notável, acreditam e apoiam uma mudança na forma como nos deslocamos na cidade”.
PS questiona Governo sobre serviço de ginecologia e obstetrícia de Aveiro
“Tendo em conta a demissão do diretor do serviço de ginecologia/obstetrícia do Hospital de Aveiro e a consequente probabilidade de terem de encerrar a urgência de obstetrícia, os deputados socialistas questionam a ministra da Saúde sobre que medidas foram adotadas, ou vão ser imediatamente adotadas, para obstar ao encerramento da urgência de ginecologia/obstetrícia”, diz o comunicado. Salientando que tal encerramento “se traduzirá numa situação extremamente gravosa para a população”, os deputados do Partido Socialista eleitos pelo círculo eleitoral de Aveiro questionam a ministra da Saúde sobre “que medidas está o Governo a tomar para evitar a rutura de tão importante serviço hospitalar na região de Aveiro”. No texto, os deputados do PS “admitem que a situação estará relacionada com a falta de profissionais necessários para colmatar as escalas de serviço”. Afirmam também que, “do que foi possível saber, a escala submetida para o mês de julho apresenta um elevado número de encerramentos”. “A par desta escassez de recursos humanos, sabe-se ainda que a maioria das Unidades Locais de Saúde ainda não viram aprovados os seus Planos de Desenvolvimento Organizacional, o que impedirá a abertura de novos concursos para a contratação de profissionais em falta”, criticam. O conselho de administração da Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro confirmou terça-feira à Lusa que recebeu o pedido de demissão do diretor Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Aveiro. O pedido de demissão, segundo a administração hospitalar, surgiu na sequência “da escala de Urgência submetida para o mês de julho apresentar um elevado número de encerramentos”. Os encerramentos, de acordo com a administração, são “justificados pela total recusa dos médicos especialistas em realizar horas extraordinárias”, garantindo que “envidou todos os esforços, ao seu nível de decisão, para ultrapassar a situação”.
7ª edição do “Fórum de Ensino e Aprendizagem” reforçou aposta da UA na inovação pedagógica
O programa desta manhã contou, entre outros pontos, com a apresentação da “Estratégia@UA”. Na sua intervenção, Sandra Soares, vice-reitora para matérias atinentes ao ensino e formação na UA, aproveitou o momento para abordar a oferta formativa, destacando a aposta da Universidade de Aveiro na formação ao longo da vida. “Há uma série de transformações (…) na sociedade, nomeadamente a automação, a inovação tecnológica, a transição ecológica e digital, novas formas de trabalhar (…) que nos faz ter a necessidade de implementar uma estratégia (…) que permita a educação ao longo da vida e (…) o upskilling e o reskilling da nossa população”, apontou. Neste seguimento, a vice-reitora aproveitou a ocasião para dar nota de que o “funcionamento em concreto” dos cursos não conferentes de grau já se encontra implementado no Regulamento de Criação dos Cursos Não Conferentes de Grau. “O crescimento tem sido muito significativo nesta área”, afirmou. Quanto à aposta nas microcredenciais, a vice-reitora sublinhou que desde 2022 foram emitidos quase mil certificados, número que continua “a aumentar a cada dia”. A vice-reitora apontou que há ainda, no entanto, melhorias a fazer no que toca à qualidade do ensino, tendo apontado “o desenho dos cursos e a inovação curricular em função da inteligência artificial” como um dos desafios para o futuro. Sandra frisou também o crescimento registado pela Universidade quanto ao número de estudantes inscritos em cursos conferentes de grau e apontou que a instituição tem recebido também cada vez mais estudantes de fora da Região. Atentou, ainda, que os estudantes internacionais têm sido também uma tendência crescente na UA. “Os dados relativamente aos ciclos de estudo mostram um grau de internacionalização maior nos programas doutorais, seguidos dos mestrados e depois das licenciaturas, mas com números que se vêm a consolidar e mesmo a aumentar e diversificando os países de origem dos nossos estudantes internacionais”, revelou. Joana Regadas, presidente da direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) sublinhou, na sua intervenção, a importância da adaptação dos métodos de ensino aos tempos atuais. Realçou que o modelo de ensino “em muitas partes, mesmo dentro desta universidade” permanece igual ao que se fazia há 50 anos, com aulas maioritariamente expositivas. No entanto, a estudante aponta que a fórmula não funciona: “[há 50 anos] era o ensino que resultava porque tínhamos dez estudantes numa sala de aula (…) atualmente temos salas com 200 alunos”. A representante dos estudantes alertou ainda para a “evolução cada vez maior”, com as novas gerações expostas cada vez a mais e diferentes estímulos. Para Joana “é necessário existirem técnicas e metodologias” que captem a atenção dos jovens estudantes. A presidente da AAUAv atentou também para a importância da reflexão interna para as realidades existentes na academia aveirense. Frisou que, se por um lado há docentes “que querem que uma aula não seja só uma aula, mas que seja um processo de construção de pensamento em conjunto”, por outro, há estudantes que continuam a ter “uma hora e meia, três horas às vezes, de débito constante daquilo que é a informação que, atualmente, qualquer estudante consegue procurar se for pesquisar online”, considerou. Por sua vez, Sandra Vieira, professora e investigadora no Departamento de Ciências Médicas da UA e vencedora do prémio Boas Práticas Inovação Pedagógica 2023/2024 sublinhou a adoção das metodologias ativas como o caminho que tem seguido precisamente para fazer face aos novos desafios sentidos. Na sua intervenção, a docente destacou algumas iniciativas que tem seguido para implementar este tipo de ensino, apontando que a recetividade dos estudantes tem sido boa, no geral, mas que o processo pode não ser linear com todas as turmas. As aulas de Sandra são realizadas em volta de uma aprendizagem baseada em problemas (problem-based learning [PBL]), com os estudantes a serem desafiados a resolver questões de forma crítica, apesar de existirem na mesma algumas aulas mais centradas na exposição de matéria. Os estudantes são ainda envolvidos em atividades de síntese de papers da área, e contam com seminários ao cargo de especialistas. Parte da avaliação dos estudantes é ainda feita com quizzes e atividades colaborativas realizadas de forma periódica. A abertura da sessão desta manhã esteve ainda a cargo de Paulo Jorge Ferreira, reitor da UA. A programação, que terminou esta tarde com a apresentação de práticas institucionais que promovem o sucesso escolar e previnem o abandono, contou ainda com a realização de sessões de incentivo a projetos de inovação pedagógica e com a realização de um workshop voltado para os desafios nas áreas de intervenção estratégica no ensino e aprendizagem.
Jorge Pinto é o novo treinador da Oliveirense
O novo treinador, de 47 anos, estreia-se nas competições profissionais de futebol, depois de na época passada ter estado, até abril, ao comando do Fafe. Jorge Pinto, que sucede a António Campos, treinou equipas como o Amarante, Lusitânia de Lourosa, Salgueiros e Infesta, deixou uma curta mensagem aos adeptos, garantindo que o seu objetivo é “unir o clube aos adeptos e à cidade”.
Projeto de hotel no Cais do Paraíso volta a ser alvo de críticas: BE fala em “mamarracho”
Na última reunião camarária, que decorreu no dia 24 de junho, o Executivo aprovou a proposta do Plano de Pormenor do Cais do Paraíso, que contempla a construção de uma unidade hoteleira de 12 andares. Aprovado foi também o Relatório de Fundamentação que justifica a não sujeição do plano a Avaliação Ambiental Estratégica, em conformidade com a legislação em vigor. Numa nota enviada às redações pelo Município, o plano visa “assegurar a reconversão de um vazio urbano estratégico, localizado numa das principais entradas da cidade de Aveiro, promovendo a qualificação e integração harmoniosa entre os espaços urbanos e os canais da Ria de Aveiro”. Apesar da aprovação, o plano de pormenor contou com os votos contra dos dois vereadores do Partido Socialista (PS) e com a abstenção do vereador Rui Soares Carneiro. Durante o período da ordem do dia, Fernando Nogueira, vereador do PS, acusou o plano de “servir para satisfazer uma pretensão particular de investimento”, questionando ainda José Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro, sobre a legalidade dos 12 andares, quando o Plano Diretor Municipal (PDM) prevê um “máximo de seis pisos” para aquele tipo de espaço. Em resposta, Ribau Esteves argumentou que o atual PDM permite excecionar o limite de cércea “para múltiplos equipamentos, nomeadamente unidades hoteleiras”. “Tínhamos condição de licenciar pura e simplesmente. Entendemos que a importância daquele pequeno sítio, a litigância pública (…) exigia que nós densificássemos em termos jurídicos a abordagem de construção, ocupação de solo desta pequena zona. (…) Foi nossa opção”, afirmou. Sobre as críticas de favorecimento ao setor privado, Ribau Esteves foi direto: “É absolutamente verdade”. “Neste plano de pormenor, como em todos os planos de pormenor”, continuou. “A esmagadora maioria daquilo que se constrói (…) é investimento privado. Nós fazemos tanto investimento público para servir o interesse privado dos cidadãos, de empresas investidoras. É assim. É verdade isso? Absolutamente verdade”, atirou. O tema voltou à agenda política esta quinta-feira, 3 de julho, com o BE a emitir um comunicado onde reforça a sua oposição ao projeto. Na nota, enviada à comunicação social, o partido relembra a posição de João Moniz, candidato do BE à Câmara Municipal de Aveiro nas próximas eleições autárquicas, numa publicação através das suas redes sociais: “Mais uma vez, os instrumentos de ordenamento do território são vergados aos interesses da especulação imobiliária e da grande hotelaria”, lê-se. "O projeto de construção de um mamarracho hoteleiro nos antigos terrenos da fábrica Bóia já é antigo e teve sempre a oposição do Bloco de Esquerda", continuou. João Moniz lamentou ainda o que considera ser mais um exemplo de favorecimento à especulação. "Aveiro não pode ser mais o bar aberto da especulação”, atirou. “Foi assim com a venda de terrenos públicos para alimentar a voracidade do mercado, quase sempre com amplo apoio dos partidos do centrão PSD e PS, é assim agora. Em 2025 temos uma oportunidade para dar uma volta a Aveiro por políticas que coloquem o acesso à habitação no centro”, vincou.
Portugal registou 69 mortes em excesso durante alerta de calor
“Durante o período de alerta de tempo quente que teve início a 28 de junho de 2025 foi detetado um excesso de mortalidade, observando-se 69 óbitos em excesso em Portugal Continental”, indicou a DGS. De acordo com o índice Ícaro (que estima o impacto das temperaturas do ar na mortalidade) de 2 de julho de 2025, a autoridade de saúde alerta ser “previsível que se mantenha um impacto significativo do calor sobre a mortalidade nos próximos três dias, podendo motivar uma revisão em alta do excesso de mortalidade”. A DGS salienta que o calor extremo é um fenómeno conhecido por ter potencial impacto negativo na saúde, como consequência de desidratação e/ou de descompensação de doenças crónicas, entre outros fatores. Antevendo a onda de calor que viria a registar-se, a Direção-Geral de Saúde, de acordo com as informações mais atualizadas do IPMA e dos restantes parceiros, emitiu a 25 de junho de 2025, nas suas diferentes plataformas, várias recomendações à população de proteção contra o calor. A DGS refere que irá manter uma monitorização regular da situação, atualizando a informação sempre que necessário. Cerca de um terço das estações meteorológicas de Portugal continental ultrapassaram ou igualaram, no fim de semana, os seus anteriores máximos históricos de temperatura máxima para o mês de junho, segundo o IPMA. No domingo, foi atingido em Mora, Évora, um novo extremo absoluto para o mês de junho em Portugal continental, com a estação meteorológica a marcar 46,6 graus celsius (ºC). As 31 estações, de um total de 90, em que foram alcançados ou ultrapassados máximos foram, além de Mora, Alvega com 46ºC (último máximo era de 45,4ºC), seguido de Alvalade, Coruche, Tomar, Pegões, Avis, Mértola, Santarém, Amareleja, Reguengos, Beja, Proença a Nova, Zebreira, Alcoutim, Estremoz, nelas, Chaves, Cabeceira de Bastos, Moimenta da Beira, Arouca, cabril, Zambujeira, Vila Real, Viseu, Pampilhosa da Serra, Vinhais, Lamas de Mouro, Foía e Montalegre, que alcançou os 34,4ºC (anterior máximo tinha sido de 34ºC em 20 de junho de 2003. Na estação de Portalegre foi também ultrapassado, no domingo, o anterior máximo absoluto da temperatura mínima do ar, em junho, com 31,5ºC. De acordo com os dados do IPMA, ainda no domingo, cerca de 82% das estações meteorológicas registaram valores de temperatura máxima do ar superiores a 35°C e cerca de 37% das estações meteorológicas alcançaram valores de temperatura máxima do ar superiores a 40°C. O dia 29 foi o mais quente do mês com um valor médio de temperatura máxima de 38,5°C (desvio em relação à média mensal de +11,8°C) e um valor médio de temperatura mínima de 28,7°C (desvio em relação à média mensal de +8,4°C).